Lovely Skye. escrita por wonderland


Capítulo 2
Dois.


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pelo atraso!!
Ai está mais um cap ♥



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Coulson e May voltaram dois dias depois e me visitaram assim que chegaram ao bus. A missão era resgatar uma agente da S.H.I.E.L.D que tinha sido sequestrado em uma missão na Espanha e que estava sendo torturado. Felizmente, A.C e A Cavalaria tinham chegado a tempo de resgata-lo com vida.

Após isso, havia uma rotina no "bus". Enquanto não havia missão, todas estavam responsáveis por passar duas horas comigo, para que eu não ficasse entediada. Jemma tinha me liberado para que eu pudesse andar no "bus", por que segundo ela, Ward tinha insistido muito e aquilo me fez sorrir que nem uma idiota, mas Simmons não percebeu.

As 8hrs, eu via May treinar Hate-Fu com o Ward e aquilo era incrível. Ward tinha a melhor nota em espionagem da S.H.I.E.L.D desde Natasha Romanoff e era incrível ver como May conseguia derruba-lo. Mas não era tão fácil, o treino demorava duas horas e May sempre vencia no final e Ward deixava bem claro o quanto ficava irritado com isso.

As 10hrs, eu ficava no laboratório com FitzSimmons que me faziam tentar entender biologia, química e física e não se importavam quando eu dizia que tinha desistido no ensino médio. Mas ver como os dois sempre estavam discutindo era engraçado e apesar de não entender nada, eu passava horas rindo com os dois.

Após o almoço, eu ia para o escritório do A.C e era como ter uma aula de história. Coulson amava história e possuía vários objetos históricos. Era como visitar um museu, com coisas velhas e todas as explicações sobre. Mas era diferente com o A.C, pois eu tinha certeza que aqueles objetos eram únicos, até por que a maioria deles eram as primeiras armas da S.H.I.E.L.D. Tinha até armas que Howard Stark tinha projetado antes da fundação da S.H.I.E.L.D e que tinham sido roubadas.  Coulson me explicava sobre a criação da S.H.I.E.L.D, me explicava como a agente Peggy Carter era uma mulher avançada para a sua geração e me falava sobre seu herói Capitão América.

Após as aulas de história da S.H.I.E.L.D com o A.C, Ward me buscava e aquela era uma das melhores partes do meu dia. Jogávamos jogos de tabuleiro e na maioria das vezes, eu ganhava. Fitz desconfiava que Ward me deixava ganhar por que eu estava doente, mas era possível ver que isso não era verdade, pois sempre ficava muito irritado. E depois de perder na maioria dos jogos, ele me dava um Notebook e assistíamos séries e filmes. Ele estava ficando viciado em CSI (Las Vegas) e ficávamos até a hora de ir dormir assistindo. Na maioria das vezes, o time todo se juntava ao sofá e assistimos juntos.

E eu ainda estava proibida de hackear qualquer coisa por causa da maldita pulseira. E isso me fazia odiar Milles com todas as minhas forças. Mas aquilo não era só culpa dele. Eu tinha resolvido trair a S.H.I.E.L.D quando "dormi" com Milles.

Eu estava terminando de me vestir e Jemma entrou no quarto. Estranhei, pois agora era a vez de Ward de não me deixar entediada. Fechei os botões da blusa azul escuro e enrolei o cachecol bege no pescoço.

Na maioria das vezes, fazia frio no "bus", mas hoje estava mais frio do que o normal. Talvez May tivesse apertado em algum botão errado e que estava causando isso ou o sistema de ventilação tenha quebrado. É mais provável que a segunda opção esteja correta.

— Cade o Ward? – perguntei e sentei-me a cama.

Jemma sorriu e sentou-se ao meu lado, ajudando-me a amarrar os cadarços do all star branco.

— Agente Garret o pediu emprestado para uma missão. O quinjet partiu há duas horas. - ela explicou.

E agora toda a minha "alegria" tinha sumido. As horas com o Ward eram as melhores, apesar dele ser um maldito robô egocêntrico que odiava perder. E agora ele tinha saído para uma missão e não tinha me avisado nada, nem tinha se despedido.

Senti que poderia chorar e não queria que Simmons percebesse o quanto eu tinha ficado chateada por ele não ter se despedido de mim. Alguma maldita voz na minha cabeça disse "tenho certeza que se despediu da May".

— Skye? – Jemma me chamou. – Você está bem?

Não, não estou.

— Jemma, você pode pegar o notebook? Acho que quero ficar no quarto hoje.

Todos ficavam muito preocupados e nunca me deixavam sozinha. E isso nunca tinha me irritado, mas agora estava. Eu não precisava de ninguém, nunca precisei. Sempre fui sozinha e estava acostumada a ter privacidade e agora todos estavam me perseguindo e me irritando.

No orfanato onde vivi, as freiras eram muito rígidas. Tínhamos horário para dormir, comer e até brincar. E eu sempre fui essa garota impulsiva e ninguém gostava de brincar comigo. Nas três tentativas de adoção, eu não sabia o que tinha feito de errado pra ter sido devolvida. Tentei chamar uma mulher de mamãe uma vez e mesma assim foi devolvida. Eu era a piada daquele orfanato e uma vez me disseram que ninguém nunca me amaria, por que eu não era nada. Depois disso, passei a mexer em computadores e aprendi a hackear com Milles, que era a única pessoa que falava comigo no orfanato. Ele era quatro anos mais velho e quando saiu do orfanato, não tive mais ninguém.

— Skye, você está bem? – Simmons perguntou novamente,  preocupada.

E eu não conseguia para de pensar no que essa menina que não lembro o nome tinha me dito. Ninguém nunca vai me amar. Eu não sou nada. Eu sou apenas uma hacker que tenta ser uma agente de uma corporação enorme. Eu sou apenas uma hacker e eles apenas usam meu serviço para isso, para que possam resolver casos. Não sou inteligente como FitzSimmons, não sei lutar como Ward e May e não sei de história como A.C. Eu só sou uma maldita garota perdida de 22 anos que entrou na S.H.I.E.L.D pra tentar descobrir alguma coisa sobre seus pais. Talvez eles tenham sido agentes que não queriam acabar com a carreira tendo um filho.

— Jemma, por favor, me deixe só. – Pedi, quase chorando. – Eu estou bem, ok? Não sinto dor. - Não física, pelo menos.

— Ok, Skye, eu vou pegar o noteebok. - Ela se levantou em um pulo. – Mas antes, quero que me prometa que se não se sentir bem, vai me chamar. Promete? – Simmons mordeu o lábio inferior, insegura.

— Prometo. Juro que se não me sentir eu vou gritar tão alto que até da central irão me ouvir, ok?

Jemma riu e bagunçou meu cabelo. Quando saiu do quarto, deitei lentamente na cama hospitalar. Apesar de não sentir dor – pelo menos não para deitar –, não podia me mover muito rápido, por que os pontos poderiam romper e isso não seria saudável para o tratamento.

Olhar para o teto e contar as estrelas de néon não me ajudavam mais. Pensar no orfanato, em ser abandonada pelos meus pais, pensar em nunca ser parte de algo estava me deixando péssima. E isso era um dos motivos para Ward nunca olhar pra mim, como mulher. Eu não era nada, eu era uma adolescente rebelde que sabia hackear. Nada mais. Por isso ele estava com May, que era uma mulher que tem uma história misteriosa, que sabe lutar, que é mais velha e que é mil vezes mais bonita que eu.

Antes que Simmons com o notebook, eu já estava dormindo.

 

Estava tarde, mas eu não sabia que horas eram. Havia um notebook e um celular na mesinha de cabeceira ao lado da minha cama hospitalar. Jemma deveria ter comprado um novo celular pra mim, já que tinha perdido o meu na casa de Ian Quinn.

Eu me sentia mais leve e um tanto arrependida do que tinha pensado mais cedo. Eu ainda continuava sendo a hacker infantil e sendo uma nada dentro da S.H.I.E.L.D, mas não era nada para esse time. Coulson me trata como uma filha, me ensina coisas sobre seu trabalho – coisas que imagino que pais fazem – e tinha prometido que me ajudaria a encontrar meus pais biológicos. Fitz, era como um irmão, mas não consigo saber se mais velho ou mais novo, mas me protege do mesmo jeito e me ajuda com problemas em computadores quando não consigo resolvê-los. Simmons é a irmã que eu nunca tive, mas sempre quis ter. Ela me protege e cuida de mim e eu tenho vontade de protegê-la. May é como uma tia que finge que não se importa, mas se importa e isso é muito importante para mim. E se não tenho certeza sobre Fitz ser o irmão mais velho ou o mais novo, com Ward eu tenho certeza que ele é o irmão mais velho – tão protetor que me sufoca –, apesar de querer que ele não me visse como uma irmã mais nova.

O celular em cima da mesa ao lado da minha cama começou a tocar. Provavelmente era uma brincadeirinha de FitzSimmons, já que ninguém tinha esse número.

— Alô? – perguntei, mesmo desconfiada que era meus amigos.

Mas me surpreendi ao ouvir a voz dele.

— Hey Skye. – Ward disse baixinho, como se estivesse em um comodo com várias pessoas dormindo. – Simmons disse que você estava mal mais cedo.

Grant Ward era um especialista, um espião secreto e um maldito robô, mas eu amava quando ele se importava. E ainda mais comigo. Ele nunca me perguntaria o por que de estar mal, mas eu sabia que falando assim, era uma deixa para que eu continuasse.

— Eu lembrei de umas coisas de quando ainda estava no orfanato – não era totalmente verdade, mas também não era mentira. – Se você quer saber, me sinto uma idiota agora – totalmente verdade.

Ouvi a voz de um homem ao fundo, provavelmente agente Garret, que tinha sido o O.S de Ward e que tinha o pedido "emprestado" a Coulson para uma missão.

— Do que lembrou, Skye? – Ward perguntou sonolento.

Hesitei.

Eu me sentia sufocada. Tinha medo de que aquilo fosse verdade, tinha medo de que ele achasse que eu era mesmo uma idiota ou que ele concordasse com aquela maldita criança que não consigo lembrar o nome.

— Na segunda vez que fui devolvida ao orfanato – respirei fundo –, uma garota me disse que ninguém nunca me amaria.

Eu pude imaginar Ward travando o maxilar e fechado os punhos, pois o fazia quando estava com raiva. E então eu pude imagina-lo, deitado em um colchão, com uma calça moletom cinza e uma blusa branca de mangas curtas, o cabelo molhado, a barba recém feita e seu cheiro de loção de barbear. Respirei fundo.

— E isso faz sentido, Ward – senti o choro preso na garganta, mas não iria chorar. – Por que eu fui devolvida três vezes? Por que ninguém nunca me quis? Qual a porra do meu problema? – Agora estava chorando.

Não queria que ele me ouvisse chorar e pensasse que eu era uma fraca. Ele tinha me contado sobre as coisas horríveis que seu irmão mais velho o fez fazer e como sua família o abusava psicologicamente. E em nenhum desses momentos, ele chorou. Era por isso que eu não podia ser uma agente: eu não sabia esconder e nem controlar meus sentimentos.

— Skye, você é maravilhosa. Você se importa com pessoas que você nem conhece e eu nunca vi ninguém assim como você – ele respondeu sussurrando. – Eu não sei por que te devolveram, mas a culpa não é sua, você não tem problema nenhum. – ele parou de falar por alguns segundos. – Você não está sozinha. Você tem a mim, Skye. – Meu coração acelerou.

— Você não se despediu de mim. – Disse ainda chorando.

— Eu não quis – ele disse como se tivesse a consciência de que faria meu coração parar de bater. – Eu não quis por que eu queria resolver essa missão o mais rápido pra poder voltar pra você. Pra vocês.

Fechei meus olhos e o imaginei novamente. E em todas as minhas imaginações ele usava essa maldita camiseta branca que ficava tão bem nele.

— Sinto sua falta – respondi, não mais chorando. – Assistir CSI com Fitz não é a mesma coisa que assistir com você.

Ele riu do outro lado. Eu gostava de ouvi-lo rir.

— Você assistiu sem mim, Skye? Sério? – Perguntou fingindo irritação. – Você vai ter que assistir de novo comigo. – alguém reclamou do outro lado da linha. – Skye, tenho que desligar agora, ok?

— Desculpe assistir sem você – respondi rápido. – Ok, Ward. Volte logo.

Esperei a resposta, mas só veio silêncio. Eu não sabia se ele tinha desligado ou se não sabia o que falar, mas então, ouvi sua respiração do outro lado do telefone. Ele estava hesitando.

— Também sinto sua falta – e antes mesmo que eu pudesse processar o que ele tinha dito, a ligação foi finalizada.

Aquela tinha sido a ligação mais estranha de toda a minha vida. Ward tinha dito que eu era uma pessoa maravilhosa, que queria voltar logo dessa missão, pra mim e pro time e que também sentia minha falta. Ele tinha expressando tanto seus sentimentos que me deixava confusa.

Coloquei o celular de volta a mesa e me deitei, novamente olhando para as pequenas estrelas coladas no teto do compartimento. Eu me sentia mal por me sentir tão bem só por ter conversado com ele. Eu nunca tinha sentido isso por ninguém, nem pelo Milles, que foi o meu relacionamento mais longo. E ainda tinha a May. Ela estava com o Ward e eu não queria magoa-la.

E porra, eu estava apaixonada pelo Ward.

 

Caminhei lentamente pelo bus, ainda doía me movimentar e eu tinha que andar me encostando nas paredes ou em alguém, o que era bastante constrangedor. O treino de May tinha durando menos, já que ela estava treinando sozinha e não com o Ward, e eu estava caminhando para o laboratório pra rir das brigas de Fitz e Simmons.

Quando entrei no laboratório, Simmons estava sentada e olhava alguma amostra no microscópio e Fitz não estava. Talvez estivesse cedo demais para que Léo levantass, mas eu duvidada disso.

— Hey Jemma – disse e a cientista pulou com o susto. – Sinto muito se te assustei, mas é que May terminou mais cedo hoje e foi resolver algo com o A.C.

— Skye você me assustou de verdade –ela riu, enquanto se levantada da cadeira e tirava o jaleco. – Eu estava analisando seu sangue e você parece estar ótima, mas para confirmar, mandarei uma amostra de sangue para o laboratório da central.

Jemma coletava meu sangue todos os dias e isso era a maior tortura que eu poderia sofrer. Eu não entendia por que ela precisava analisar todos os dias o meu sangue, mas eu também não entendia muita coisa sobre biologia.

— Você falou pro Ward que eu estava mal ontem? – perguntei mesmo sabendo a resposta.

Ela engoliu em seco.

— Sim, eu vi que você ficou muito mal quando eu disse que ele tinha ido para uma missão – respondeu sinceramente e sentou-se ao meu lado.

— Obrigada, Jemma – a abracei de lado, lentamente, evitando movimentos bruscos. – Isso foi muito importante pra mim. – e a soltei.

— Você gosta dele, não é? – ela perguntou.

Eu não sabia o que responder e não acreditava que isso estava tão óbvio assim. Eu não conseguia esconder meus sentimentos, mas não era proposital. Sentia raiva por ser tão óbvia assim com uma coisa que deveria ser só minha e além disso, eu nem sabia o que sentia, de fato, por ele.

Simmons era como uma irmã, mas eu não estava pronta para assumir para ela o que sentia por ele. Eu não estava pronta pra assumir, por que não conseguia aceitar o que estava acontecendo. Aquele sentimento era tão forte, que sentia vergonha até de falar sobre.

Não era o momento.

E antes que eu pudesse responder, Fitz veio correndo para o laboratório, com dois coletes no braço e um por cima da sua blusa cor vinho. Seu rosto expressava terror e eu me assustei.

— A missão de Garret deu certo – mas antes que eu pudesse me sentir aliviada, Fitz disse: – mas tiveram um problema na volta.

Meu coração disparou e levantei rapidamente da cadeira, sentindo uma forte puxada no estomago. Não me importei.

— O que aconteceu, Fitz?! – Simmons gritou.

— Ward foi – fez aspas com os dedos – sequestrado por uma asgardiana. E além, disso, estamos descendo, vamos buscar outra asgardiana. Coloquem os cintos e os coletes.

 


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Notas finais do capítulo

até mês que veeeeem!
não esqueçam de comentar