Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 5
Capitulo Quatro - Zoey


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei. Sinto muito queridos leitores, as físicas (física e educação física) querem me engoli.



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Antes de sair de casa para ver a causa da gritaria eu estava simplesmente fazendo o meu treinamento diário. Para ser mais especifica, com o arco e a flecha. Prefiro as armas de fogo, são bem mais fáceis de manejar. Apontar e atirar principalmente. Com o arco e a flecha precisa-se mirar, puxar e esperar o momento certo. No meu caso, pelo menos, por que se for a Arya é algo humilhante de se ver. A Arya pensa com muita rapidez então ela nem olha. Simplesmente atira e segura outras flechas no ar. E está treinando do meu lado com robôs arqueiros. Bem, é uma distração. Ela parece dançar com o arco. Da cambalhota para o lado enquanto atira, a mão pequena e delicada vai direto à aljava para pegar outra e automaticamente coloca a flecha na corda e atira novamente, dribla um robô e enfia uma flecha entre suas junções o desmanchando e quando as flechas acabam sua mão desce diretamente para as costas, pega dois revolves e acerta os vinte últimos robôs os derrubando. Enquanto isso, eu estava tentando acertar o alvo. Depois de muito tempo eu estresso também, pego o revolve preso em minha perna (só por preocupação) e atiro no alvo corretamente como eu sempre faço.

—Isso é trapaça, Zoey.

Adverti Bryan, amolando as facas atrás de mim. Reviro os olhos e o encaro, quase perguntando se ele estava falando sério. Em uma guerra trapaça ganha outros contornos. Afinal, guerra é um jogo sem regras, onde o mais forte sobrevive. Somente o mais forte ou o mais esperto. Afinal, o que é força sem inteligência?

—Como se...

Sou interrompida por um tremor de terra. O silencio é absoluto e Bryan pergunta sem falar: O que foi isso? Dou de ombros, torcendo internamente para ser apenas um abalo sísmico. Arya cruza os dedos e começa sussurrar repetidamente um pouco alto para o silencio completo: Que não seja um ataque... Outro abalo balança nossos pés e logo se podia ouvir os gritos e o som do desespero brotando do lado de fora. Era um ataque. Não pensamos muito e corremos para o vestuário que tem perto de todo campo de treinamento. Corro para o meu armário. Calço os coturnos militares com bolsos rapidamente e visto uma blusa por cima da camiseta branca que estou usando. Coloco os cintos com suportes para arma de fogo. Em casos assim é sempre um na cintura, dois na coxa direita e munição nos bolsos da calça. Em outros lugares coloco facas, como adagas e punhais. E pego uma metralhadora que ganhei de presente de aniversario do Aspen e que foi feita especialmente para mim e é muito leve. Depois corremos para a porta. Tradicions se posicionava com armas bem grandes, as parafusando no solo por conta do repuxo, e Worfs evacuava a população. Eram duas grandes naves prateadas. E quando digo grandes, são muito grandes mesmo. Sadics são megalomaníacos. Quando querem fazer o insuperável, fazem o insuperável. E eu não quero nem saber que coisa vai sair daquelas naves.

Uma das coisas que mais odeio na guerra é o ataque as cidadelas. No caso, um bombardeio Genesis. A guerra de hoje em dia é basicamente genética. Um país lança no outro país naves com criaturas geneticamente modificadas feitas em laboratório e sem predadores naturais em tal país. E vice versa. Assim a população é “poupada” de ter que sair de sua terra natal, de perto da sua família para ir lutar em outro lugar. Mas, como os cientistas não estão de brincadeiras, todos recebem treinamento militar, com armas de fogo, artes marciais e as nevoas. E por isso que existe a Central de Comando, Resposta, Controle e Criação de Criaturas Geneticamente Modificadas e Desenvolvimento de Armas, a CRGMA( uma sigla para a sigla, ) ou muito conhecida como Central de Comando. E é por isso que toda a população recebe treinamento desde criança e é por isso que temos duas matérias que nunca muda na escola: Tratamento de feridos por Genales (o nome dos bichinhos modificados geneticamente) e Genales, em que aprendemos a lutar contra os conhecidos. Onyx tem também seus Genales, mas raramente os vemos por aqui. Os únicos que víamos, no caso quem tem mais de dezoito anos, foram os Lizards e eles se alimentavam de todo tipo de criatura, então eram controlados pela tia Beverly que sumiu.

Depois de cinco minutos grande parte da população já tinha sido evacuada para floresta, onde os Elementary, damas da luz e os Darks deveriam trabalhar pesado para proteger os mais fracos, as naves começaram a fazer um barulhinho absurdamente irritante. Enquanto ainda abria um tentáculo furou a barreira, furando o aço como se fosse isopor e o jogando longe. Ah, meu Deus! O pedaço de metal que foi jogado longe começa a corroer até se transformar em nada.

—Ótimo! Great Master só faz bicho venenoso.

Resmungo firmando minha arma no chão só por garantia. Arya rir de desdém quase engasgando. Digamos que temos um histórico ruim com bichos venenosos. Ano passado quase morremos por conta de veneno. Arya com veneno de Jylizard, uma criatura terrivelmente espinhosa do qual lutamos ano passado e eu, bem, digamos que meu namorado tentou matar meu pai (longuíssima historia, a propósito) e quase me matou por que eu pulei na frente e até que minha regeneração funcionária, mas a tal adaga estava envenenada.

—Venenoso para esses dois que vem aí é eufemismo!

Retruca Arya, tirando a mira da arma dela. A mira para a Arya é como óculos para quem não precisa. Embaça a visão dela e não ajuda em nada. Então já se tornou comum vê a Arya tirando as miras das armas. A propósito não tem nada mais normal no mundo. E isso é mais por que esse mundo é estranho mesmo do que qualquer outra coisa. Por exemplo, agora eu estou sentindo o cheiro maravilhoso do meu namorado. E está tão perto que até abaixo o olhar para conferir se peguei uma camisa que ele usou sem querer. A verdade é que não e a camisa é do meu pai. Coisa mais triste. Acho que isso significa que minha abstinência do Cyrus pode me enlouquecer a qualquer momento.

—Verdade!

Concorda uma voz familiar que me faz dar um pulo. Olho para onde veio a voz e vejo o sadic dono dela ganhando socos repetidos de uma Arya cheia de raiva. E algo me dizia que não era apenas por conta do baita susto que aquela bela criatura de olhos cinzentos acabou de lhe dar. Esse deve ser ladrão. Quer dizer, o embaixador de Onyx que está se hospedando na casa da Arya e deixando ela com os cabelos em pé. Se depender da Arya todos vamos chamá-lo de ladrão, por que ela nunca diz o nome dele, sempre se refere como o Ladrão, o idiota, aquele estúpido... Sabe esses apelidos super carinhosos que só poderia vim da Arya, mas nunca o nome dele. Mas, eventualmente, por ser filha de dois lideres dessa coisa que chamamos de Resistência, eu sei que o nome dele é Stephan.

—Ei, ei, ei, para aí sua selvagem!

Reclama Stephan segurando os pequenos pulsos de Arya. Ela rosna para ele que entende o recado e a solta imediatamente. Arya esfrega os pulsos como se tivessem queimando. As pulgas que vivem atrás da minha orelha começam a pular. Sabe o que a Arya fazia quando o Aspen tocava nela e depois se afastava principalmente no pulso? Bem, ela esfregava onde ele tocava para equilibrar a temperatura, por que segundo ela, formigava a pele inteira. E sadics que se sentem atraídos um pelo o outro sentem calor quando suas peles se tocam. Não o calor normal da pele, mas um calor como se tivesse perto de uma fogueira e o resto do mundo estivesse muito frio, ou quando se está enrolado em um cobertor em dia de frio. Um calor tão reconfortante que faz as pessoas quererem ficar perto uma das outras. Mas como as pulgas da minha orelha estão fumando uns baseados ultimamente, então as ignoro. Com a Arya não tem receita pronta.

—Vai chamá-la de selvagem com uma arma por perto?

Pergunta realmente a minha voz familiar preferida no mundo todo.  Meu coração começa a bater tão rápido que tenho medo que crie vida própria e saia do meu peito fazendo serenatas. Por que, pelo amor de Deus! Não há nada mais constrangedor do que seu próprio corpo te trair e te entregar. Então eu não olho para ele, até por que sinto que está me observando e isso me deixa particularmente nervosa. Acho que estou ficando vermelha. Eu espero que não, mas normalmente quando penso que estou ficando vermelha, eu fico vermelha. È a vida e suas doidices.

—Uma facada a mais, um tiro a menos não vai me matar.

—Um lastima infelizmente, mas, podemos te usar como isca, pobre Ameba.

Retruca Arya arrumando um novo apelido para Stephan. Ela se concentra no bicho que estava destruindo sua própria nave. Pelo jeito a passagem é só de ida mesmo. De vez em quando eu desejo que alguém mude a rota dessas naves e as faça cair na cabeça dos psicopatas que criaram esses bichos! Eles só podem ser psicopatas mesmo. Para fazer um animal que destrói sua própria casa. Cyrus cansa de ser “ignorado” e pigarreia. Depois desse tempo me preparando psicologicamente olho para ele não serve de nada. Meu cérebro congela a ponto de me fazer balança a cabeça para tirar aquele gelo todo que deve ter se formado. As pessoas deveriam ser proibidas de serem muito bonitas. Ainda mais se a beleza for do tipo, posso olhar-te pelo resto da vida, mas como eu já te beijei então eu vou ter que passar o resto da minha vida me segurando para não te beijar. Ele escora a cabeça na bochecha e levanta uma das sobrancelhas loiras como se a minha confusão o diverti-se.  Reviro os olhos e me belisco apenas para garanti que eu não entre em transe de novo.

—Atirar!

Berra alguém ao longe me trazendo completamente de volta a realidade. Os polvos terrestres venenosos tinham destruído as naves e agora atacavam quem estivesse por perto. Travo a arma no chão para evitar o repuxo e coloco óculos estilo aviador. Começar a atirar foi um a alegria. O som era tão alto, de tantas armas de fogo juntas, que chegava a ser ensurdecedor. Maravilha! Na pressa esqueci os tampa ouvidos. Arya estava com headphones roxos de estrelinha por cima dos dela para abafar mais ainda o som. É bom saber que eu fui a única a esquecer os malditos. Agora meu ouvindo vai zumbi loucamente por muito tempo. Pressiono meu dedo no gatilho e olho de relance para Cyrus que levanta as sobrancelhas. Até ele trouxe os dele. Concentro-me nos animais enlouquecidos nas crateras.  Bem, quanto mais rápido isso terminar, mais rápido eu paro de maltratar meus pobres tímpanos. As munições das armas acabam e o silencio impera, exceto pelos zumbidos dos meus ouvidos. Sei que alguém gritou. Vejo as bocas se movendo, mas o que ouço é tão mínimo que chega a quase nada. Pelo jeito estou surda momentaneamente.

Os animais pareciam que não tinham sido atingidos por balas capazes de perfurar alta blindagem, mas por pedras. E estavam muito irritados por conta. Tiro a poeira da lente dos meus óculos e esqueço a idéia de ficar desesperado por conta da surdez. Não era hora para isso. Pelo menos por enquanto. Os polvos do mal abrem a boca e vejo que são banguelas. Isso me faz rir loucamente! Meu Deus! São banguelas. Não sei se é nojento ou engraçado. Talvez os dois. Então minha graça é roubada pelo sério. Todos estavam se contorcendo. Todos mesmo. Exceto o Stephan. Ele toca nos ouvidos e fala que esqueceu os tampa ouvidos com as mãos. Respondo em libras que eu também que é para ele pegar uma arma e atirar. Parece que os polvos estão gritando em uma frequencia que irrita os ouvidos sadics de tão alta. A não ser que você já tivesse surdo como é meu caso e o caso do Stephan. Ele vai para uma das armas de Arya que parecia choramingar e aponta para uma das próprias bocas. Faço ok com a mão. Era para atirar na boca aberta e sem dentes deles. O problema é que o outro não estava virado para nós. Que dupla de sucesso esses dois polvos. Levanto e começo a correr para o outro lado enquanto Stephan colocava munição na arma que é de Arya. O polvo do mal me vê e tenta me espetar como se eu fosse o petisco do almoço dele com seu tentáculo venenoso. Pulo para o lado e começo a correr. Os tentáculos me perseguiam. Dois ou três de vez. Isso me obrigava a pular por cima dos meus colegas de tropa, dar cambalhotas para longe. Em uma dessas cambalhotas avisto uma arma e a pego. Meu Deus do céu! As pessoas não deveriam passar tanto tempo das vidas delas estudando para criar monstros. É sério! Deveriam proibir mexer em genes. A tecnologia hoje é bem avançada, e por isso mesmo deveria ser obvio ver os perigos que é mexer no que está quieto. No caso, na natureza.

Olho para o polvo gritando enquanto me perseguia e atiro bem no meio daquela boca nojenta dele. Logo o bicho aparentemente para de gritar e começa a se contrair como se fosse explodir. Jogo-me no chão. Por que esses bichos têm que explodir? Melhor, por que eles têm que existir? A sim. A maldita guerra dos duzentos anos. Sinto um calor súbito enquanto o mundo dava aquela escurecida básica. Não deu tempo de ver a gosma grudar em minha pele e em meu cabelo por que ela estava muito ocupada grudando na pele e no cabelo do meu namorado. Ele levanta e eu abro os olhos para ver algo um tanto hilário. Eu era a única limpa do canto todo. A Arya estava encolhida perto da arma dela, um lado completamente verde, Stephan estava verde por completo, com gosma lilás. E o Cyrus estava se coçando loucamente. A que ótimo! É tóxica! Jogo-me em cima dele e seguro suas mãos o impedindo de se ferir. Ele choraminga.

—Se você coçar vai se ferir!

Digo-lhe baixinho. Provavelmente Cyrus já sabia que era tóxico, afinal ele é o guardião do príncipe de Great Master. E coçava loucamente, quase ardendo. A pele da parte de seu braço que tinha entrado em contato com a gosma estava abrindo feridas. Olho para Arya sendo impedida por Stephan de se coçar, que estava lutando para não resistir ele própria a tentação. Gwen rolava morro abaixo com Emma e Ethan nas costas. Ethan a abraça quando percebem que vão cair em uma poça de gosma venenosa. E ele cai a protegendo de boa parte da gosma.  

—O que aconteceu aqui?

Pergunta Henry, o irmão mais velho de Emma e meu médico, descendo com suas belas asas brancas, grandes e majestosas. Ele evita as poças lilases e vem em minha direção, já que eu sou a única que não está toda gosmenta.

—Atiramos nos polvos e eles explodiram.

Respondo resumindo e usando toda a minha força para evitar que Cyrus se coçar e espalhar mais o veneno pela pele dele. Já vai dar muito trabalho tirar essa gosma toda do seu cabelo, que está muito maior do que da época em que nos conhecemos.

—É venenoso?

—Sou alérgico.

Resmunga Cyrus me encarando como se eu fosse a salvação dele. Agora quem teve vontade de bater nele fui eu. Onde já se viu! E eu não preciso de proteção. Muito menos de uma gosma pó de mico concentrada.

—Então não é só você!

Retruca Henry olhando ao redor dele. A pele de todos que tinham entrado em contato direto com essa gosma estava ficando cheio de ulceras. Em intensidades diferentes na verdade, mais ainda assim criavam feridas. As minhas mãos estavam ardendo. Olho rapidamente para uma delas e tinha uma luta entre minha rápida regeneração e as ulceras. Nascia uma ulcera e fechava com a mesma rapidez. Não posso dizer o mesmo de Cyrus que parecia que as feridas cresciam por minuto. Quando ele disse que tinha alergia a gosma, ele não quis dizer que ela não era tóxica a ponto de ferir, queria dizer que nele seu sistema imunológico não funcionária aponto de fechar as feridas.

—Temos que lavá-lo em água corrente e fria.

Diz Henry olhando para as feridas de Cyrus com um tanto de preocupação. Isso me deixa preocupada também. Olho para a equipe medica que vinha ajudar. Minha tropa era colocada em ambulâncias por que não conseguiam andar. E Nico controlava tudo, mandando um e outro fazer isso e aquilo, como todo bom chefe. Vejo-me gritando seu nome, por que a maneira mais fácil e rápida de levar alguém em estado grave para a enfermaria é o Nico. Ele é um ladino e conhece muito bem Onyx. Afinal, Aspen não o teria escolhido como seu sucessor se ele não conhecesse o lugar onde mandaria. Nico aparece em uma explosão azul perto de nós e levanta as sobrancelhas.

—Eu tenho cara de transporte publico?

Pergunta um tantinho irritado com a função extra que demos a ele. Eu sou obrigada a fazer a minha melhor cara de chorona (ninguém me quer chorando, dizem que chega a ser o cumulo do drama, mas a Arya é melhor do que eu nisso e faz com mais frequencia).

—Cuido da Arya nas horas vagas, Zoey!

—Mas a Arya não chora por que o namorado dela pode morrer se você não ajudar!

—Pra onde vocês vão com esse morto vivo?

—Cachoeira dos Três Prazeres.

Responde Henry prontamente. Um segundo depois é onde estamos. A cachoeira tem três quedas d’água da mesma altura e água cristalina, em que conseguimos ver os peixinhos vermelhos nadando e as pedras coloridas do fundo do lago. Tem esse nome por que os apaixonados se encontravam aqui com muita frequencia. E por que a água é bem geladinha. Uma delicia em dias extremamente maçantes. Tiro a blusa e a calça por que eu não quero voltar completamente molhada e ainda grudenta para casa. Por sorte eu estou com o short e top de malhar por baixo, sem maiores risco posso dizer.

—Vão demorar muito?

Pergunta Nico enquanto eu e Henry tiramos a roupa de Cyrus com o máximo de cuidado possível para a gosma não cair na pele limpa. Arrastamos o Cyrus para uma das poças lentamente. A concentração de gosma é muito baixa perto da quantidade de água, então não há perigo de poluição. A água gelada me fez estremecer quando entramos. E Cyrus geme sem forças para gritar. Vamos andando e arrastando o Cyrus para perto da queda água.

—Aguenta firme, cara. Vamos tira isso de você logo, logo.

Encoraja Henry, enquanto colocamos o Cyrus lentamente de baixo d’água. Cyrus me abraça bem forte quando a água bate em suas costas. Eu vou ficar com hematomas, mas ignoro esse detalhe. Ele estava sentindo dor e para não berrar, algo aconselhável por aqui, me abraçou um pouco forte e colocou a cabeça em meu ombro. Eu podia sentir sua respiração quente e rápida em meu pescoço. Aproveito e tiro a gosma de seu sedoso cabelo branco. Ficamos assim por um bom tempo.  Até o abraço afrouxar e eu sair de seus braços. O rodeio e tiro o musgo que sobrou em suas costas musculosas. A parte da água onde estava ficou vermelho por conta das feridas. Depois de alguns minutos tirando qualquer sinal daquela gosma do corpo dele, o tiramos da água. Estava tão fraco que não conseguia andar direito sem a ajuda do Henry. Minhas mãos tinham sarado de vez, mas Cyrus, mesmo sem nenhuma gosma no corpo ainda tinha feridas abertas por todas as costas e nos braços. Agora eu sei o que minha mãe sente quando meu pai chega todo acabado em casa. É de partir o coração. Nico que tinha sentado e parado para observar a cena nos leva para perto da floresta negra, onde a Base provisória foi montada. A primeira pessoa que me vê é a minha mãe, que arregala os olhos e me dar um senhor abraço de urso.

—Ah, meu Deus! Zoey Victoria, onde a senhora estava?

Pergunta quase me matando de tão sufocado o seu abraço. Ela olha para as minhas costelas arroxeadas e a mostra por conta da blusa que deixei na cachoeira por está suja com a gosma maldita. Solto um grito que faz o Cyrus choramingar como se fosse ele que tivesse recebido um abraço.

—O que aconteceu?

Diz preocupada olhando para os hematomas que o abraço de Cyrus me causou. Aponto para ele, quase caindo, com uma cara de menino que quer colo, que Deus do céu!É bom que eu nem comente. Como um homem tão grande pode conseguir fazer esse olhar de cão pidão abandonado. Quando minha mãe olha para o Cyrus e só falta chorar de pena. Ele a cumprimenta com um oi tia Angel (meu namorado chama a minha mãe de tia e ela só falta derreter, é muito amor) enquanto ela o abraça como se fosse seu filho mais amado.

—Tenho que ficar com ciúmes?

Pergunto cruzando os braços e fazendo Arya, deitada em uma rede, quase dormindo, rir fracamente. De vez em quando acho que minha mãe gosta mais de Cyrus do que de mim. Em contrapartida, meu pai o odeia. Deve ser para equilibrar as coisas.

—O que é que está acontecendo aqui?

Pergunta o Sr. Dexter vindo com sua fúria total ao ver a esposa dele abraçando o cunhado preferido dela. Reviro os olhos. Esse dia está extremante agitado e eu estou exausta. Se Dexter começar a brigar com Angel e Cyrus eu vou chorar que nem bebezinho até alguém me dar colo. Por que esse é o nível da coisa. Se eu gritar ninguém me ouve, então eu choro se não resolve , finjo um desmaio na frente deles. Se não resolver... Bem, se um desmaio não resolver já posso preparar meu vestido de luto, por que não tem jeito. Mas, só para quebrar o gelo, me jogo no chão fingindo ter desmaiado. Logo ouço chamando meu nome e batendo de leve no meu rosto. Deixo o corpo mole e conto os minutos. Depois de dois minutos abro os olhos lentamente como uma donzela indefesa.

—O que aconteceu?

Pergunto inocentemente. A resposta para a minha pergunta é: a coisa ia esquentar, e eu sou uma ótima atriz, isso é igual a um falso desmaio.

—Você desmaiou, meu amor.

Diz meu pai todo carinhoso, claramente culpado. Ele me abraça e eu dou uma piscadela para Cyrus e para a minha mãe, para deixar claro que está tudo nos devidos eixos. Eles piscam de volta. Quer dizer, a piscadela de Cyrus nem parecia uma, por que ele estava quase caindo. Enquanto meu pai me paparicava, ela e Henry o levaram para uma das tendas.

—Tio Alef quer falar conosco.

Avisa Arya quando eu me levanto, enquanto andava lentamente para a maior tenda. Sigo-a, por que se tem algo que pode transformar um dia difícil em impossível é a fúria de um Alef estressado.  Gwen e Emma já estavam lá dentro. Emma deitada no chão com o antebraço em cima da face e a Gwen estava deitada em uma poltrona cor de caqui toda largada, quase cochilando de cansaço. Tio Alef estava com um look mais despojado: Um moletom preto e calça jeans toda surrada, provavelmente tirada do fundo do guarda roupa. Ele estava tão cansado que parecia muito mais velho do que normalmente aparentava. Se pareciam ter trinta anos normalmente, agora aparentava os cinqüenta. Ele tinha envelhecido vinte anos em cinco hora.

—Boa noite, Tio Alef.

Cumprimento, sentando em uma das poltronas espalhadas pela grande tenda. Alef me olha por cima dos cílios, o que para ele é bem assustador, e aperta os lábios com força. O Dark pisca um dos olhos como quem tem tique nervoso.

—É só por educação que ela disse isso. E não custa desejar uma boa noite parar um dia péssimo.

Resmunga Emma levantando e sentando no meu colo.

—Eu chamei vocês quatro por que tem a missão mais importante de suas vidas a fazer.

Diz em tom solene me fazendo choramingar. Caramba! Eu nem me recuperei ainda dos sustos de hoje e já querem que eu vá a uma missão. Em dias normais seu ficaria muito, muito feliz, mas depois dos polvos malignos e do meu namorado quase morrendo por ser alérgico á alguma substancia produzida por ele, bem, eu só quero paz. E uma noite de sono divina. Estou merecendo. Alef me ignora e continua no seu discurso solene (discurso é um exagero meu, o Dark não faz discursos, ele é impaciente de mais para tal ato, ainda mais quando precisam de um grau de solenidade que ele não gosta de fazer).

—Não vamos enrolar muito, está bem? Você quatro vão resgatar sua tia Beverly, a minha amada esposa, da floresta negra.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou ( e não gostou) do capitulo comente. E agradeço a quem comentou no ultimo capitulo, em ordem alfabética, a Duda, a Dudaah e a Estela Guedes( Por que, como eu disse leio todos, mas eu não vou sair dizendo quem comentou se tiver muitos comentários, só dos cindo primeiros se as deixam feliz). E comentem pessoas, comentem, por que comentário é bom, e comentário me deixa feliz por que me conecta com vossas pessoas, sabendo suas expectativas e teorias sobre a historia. E é muito gostoso. E a proposito, eu posso ficar muito tempo sem postar, mas é por falta de tempo, não por que eu vá abandonar a historia, então não pense nisso, Ok? Beijos para todas vocês.



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