Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 17
Capitulo Dezesseis - Gwen


Notas iniciais do capítulo

Estamos acabando? Estamos acabando!



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Arrumar a cabana depois do rebuliço que houve aqui ficou por conta minha e de Zoey. Fizemos o nosso possível, já que Xyn e Emma apagaram assim que deitaram na cama. Alaryk, Stephan, seja lá quem for também estava apagado, desmaiado, morto de exaustão aparentemente. Hazazel em Onyx tentando matar Arya. Como isso é possível? Aparentemente Beverly mergulhou nas horas mais profundas de seu sono induzido e involuntário. E tem um Comensal Trevoso por perto. Mais trabalho para nós, pobres herdeiras Blood e Raven. Arya tinha voltado a dormir alguns minutos depois que acordou e estava exausta. Ethan ficou paparicando as mulheres da vida dele antes delas até capotarem e depois apagou também.  Eu deitei e dormir tanto quanto foi possível. Acordamos, batemos um rango de encheu o estômago e nem demoramos muito. Não tínhamos tempo! Com o acampamento sobre ataque qualquer minutinho era contado. Já estávamos dentro da Floresta Branca. Considerando o atalho que tivemos que pegar para um rápido descanso na casa de Xyn, agora, teríamos que andar mais cinco quilômetros até chegar aos pés da montanha Lizard, então até escalar 96 metros de altitude até caverna principal, o que começaria a demandar esforço não só da escalada, mas também do ar rarefeito e desceríamos a 230 de profundidade, o que acarretaria problemas de pressão, viraria a 90 graus acharíamos Beverly e o Lizard rei.

Não agüentávamos mais nada! E ainda tinha tanto a se fazer.

O desanimo oprimia ao grupo, cada passo mais cansado do que o outro. As costas de Cyrus ainda doíam, apesar de não ter mais lacerações, Arya tinha momentos de extrema tontura, com o qual ela encostava-se a Stephan, e Zoey parecia desorientada em alguns momentos. O resto do grupo estava com problemas de tensão pelo que se daria depois que resgatássemos Beverly. Cyrus não queria se separar da Zoey, Ethan e Emma estavam se apegando novamente.  Alaryk estava dando sinais de quem estava se apaixonando por Arya muito visivelmente. O cuidado com ela era tão grande, tão fofinho.

Chegamos à base da montanha sem grandes dificuldades que não fosse o cansaço extremo. Montamos as barracas para um descanso rápido e comemos do pão que Xyn preparou para a viagem. Nevava do lado de fora e o frio começou a abater sobre nós. Todos se aconchegaram em uma única barraca para se esquentar.

—Não vejo uma nevasca dessas desde A Fuga!

Comenta Stephan olhando para o lado de fora. A Fuga foi um dos episódios mais sanguinários que ocorreu na guerra contra os humanos. Não se fala muito sobre ele, a maioria dos governantes sadics participaram e tem vergonha. Minha mãe não participou. Possivelmente estava tendo o quarto filho ou algo do tipo, e meu pai estava cuidando dos outros filhos. Não sei o nome da maioria dos meus irmãos. 

—Estava lá?

Pergunta Arya, que tira a cabeça do ombro de Stephan e o encara. Ele concorda com a cabeça. Cyrus chega mais perto e pergunta:

—Como foi?

—Sanguinário!

—Todos dizem isso!

Resmunga Arya franzindo a testa.

—Os Sadics capturados durante a Pré-Conquista eram levados a laboratórios humanos para fazerem experimentos. Não éramos considerados humanos apesar da drástica semelhança entre ambas as raças, então eles usaram isso como desculpa para toda intolerância e preconceito que sofríamos, e começaram a capturar todos os sadics que encontravam! Crianças eram tiradas de escolas, jovens e velhos de suas casas, e levados a esses laboratórios, onde sofriam torturas inimagináveis, até o limite, muitos vendo seus entes queridos morrerem. Beverly ainda acreditava na bondade dos humanos, afinal ela foi criada como uma humana. Não dava para culpá-la. Até que capturaram o Richard e a namorada. Eles tinham apenas dezesseis anos. Eu já tinha sido capturado há três anos, cheguei ao limite da vida e da morte muitas vezes, mas meu corpo e principalmente minha mente resistiam bravamente. Eu sempre estive consciente de tudo o que passavam! Conhecia cada um daqueles que me tiravam do meu pedestal e me transformavam em um menos que um bicho. Quando li que um Blood fora capturado senti a mesma esperança de anos atrás, quando soube da existência de Beverly. Houve uma pane no sistema elétrico algum tempo depois! Certa Blood de um metro e sessenta queria o filho e a namorada dele longe das mãos daqueles cientistas. Fugiram 1800 sadics que foram tratados piores que animais, e eles revidaram matando todos os humanos que estavam lá. Destruíram toda a base de Fork. Foi um banho de sangue. Saímos enlouquecidos! Matando todos que víamos pela frente. Esse foi o estopim da guerra. Beverly acolheu quantos humanos pode, permitir ao menos as crianças e os adolescentes. Não queria ser como eles que não poupam nem suas próprias crianças. Não contam muito essas historias para não maltratarem os remanescentes humanos.

Conclui Stephan brincando com os dedos de Arya, que estava com a cabeça em seu ombro. Encosto em Caleb! Gente, que horror! As guerras sadics não se comparam as guerras humanas. Até por que, deixamos as torturas para Hazazel e seus seguidores. Ethan pergunta franzindo a testa!

—E quantos sadics morreram?

—Enquanto a base funcionava? Dez mil apenas naquele ano! Incluindo a namorada de Richard!

—Então por isso ele é assim todo...

—Beverly teve que tirar o coração dele por que a dor de perder tão jovem uma paixão e de maneira tão traumática o fez paralisar completamente, Emma. Teve depressão! Beverly cuida do coração dele até que a dor tenha diminuído! Por isso o Richard não teve nenhum relacionamento sério. E isso também abalou o relacionamento dele com a mãe! Eram tão apegados!

—Acho que a nevasca passou!

Avisa Zoey. Levantamos e desarrumamos a barraca. Começamos a escalar. Stephan na frente, com Arya e Zoey compartilhando as mesmas cordas e do outro lado Cyrus com Emma e eu atrás. Caleb e Ethan dividiam a corda. A escalada foi rápida, já que Stephan tinha uma facilidade impressionante com neve, mas ainda doía de tanto frio. Acho que estou perdendo minha capacidade térmica. Tivemos que andar calmamente pela trilha estreitinha até a boca da caverna que era imensa. Tão grande quanto a boca de um Lizard! Dentro era profundo e quente, com muitas rochas imensas e coloridas, e pedras que pareciam esculpidas fazendo um imenso labirinto.

—Que pedras lindas!

Exclama Emma, colocando as mãos na cintura. Alaryk suspira e resmunga:

— São ovos de Lizard! Estamos no ninho!

A cara de surpresa foi geral. Aqueles ovos pareciam pedras preciosas de tamanho XGG! Eram muitas espalhadas por toda a caverna e de muitas cores. Algumas eram maiores, outros menores, mas todas impossíveis de carregar. Ligamos as lanternas e descemos com cuidado, deslumbrando cada ovo. Quando a luz os atingia dava até para ver o feto Lizard dentro. As pedras esculpidas pareciam dragões. Se bobear é mesmo! Água corria entre as rochas, e nascem flores coloridas e musgos. 

—A Beverly é dona de todos eles?

Pergunta Emma, tocando em uma cor lilás intenso, que brilhou e a obrigou a tirar a mão!

—Sim, a Beverly é a dona de todos! Ela os criou! Sadics poderosos entregam seu poder a eles e por serem maiores eles os armazenam até que seja preciso usá-los. Essa é a função principal. Com o tempo ela foi criando mais, conforme mais Sadics nascem. E não toquem nos ovos! As mães deles estão por aqui!

Avisa Alaryk me fazendo dá um pulo para o lado.

—Por favor, me diga que não é essa rocha aqui embaixo!

—Arya! Eu tenho uma péssima noticia pra te dar!

—Ah! Meu Deus! Eu vou morrer!

—Eles estão lá em cima!

Diz aquele belo ser de olhos cinza sorrindo preguiçosamente e apontando para cima. Todo mundo olha para cima. Realmente tinha milhares de animais dormindo no teto. Só que eles eram um pouco maiores do que águias comuns, mais troncudos e com rabos longos. Não pareciam os místicos animais imensos que os mais velhos diziam e nem eram grandes o suficiente para colocarem aqueles ovos imensos.

—Estava me zoando, seu filho da mãe!

Exaspera Arya super irritada jogando uma pedra em Alaryk! Estávamos todos rindo da cara de apavorada dela.

—Só um pouquinho! Mas aqueles ali são mesmo Lizards!

—São minúsculos! Quer dizer, se comparar a mim e a Gwen e a mim!

—Estão em modo econômico! Assim como a Beverly!

—Como você sabe de tudo isso?

—Tenho três séculos e algumas décadas!

—Velho!

Comenta Arya, seguindo ao Alaryk mais para dentro da caverna! O lugar ficava cada vez mais bonito para uma caverna! Era como ter uma floresta dentro de outra. Existiam resquícios do que foram estruturas de algum prédio, como arcos, colunas, todos infestados de musgo verde vivo e flores trepadeiras coloridas. Em algum momento vimos imensos cedros verdes, que parecia tocar as nuvens. Por todo canto existiam pássaros, ninhos destes, borboletas das mais diversas cores voavam por nós, algumas pequeninas, outras tão grandes que poderíamos montar nelas, abelhas polinizando campos inteiros das mais diversas flores. Não era possível sentir muito cansaço. Como se toda viagem valesse a pena por aquele canto escondido em Onyx.

—O Guia não tem nenhum comentário sobre este pedaço de paraíso na Terra?

—Só não se deslumbrem muito e esqueça-se do objetivo!

—Difícil! Vou morrer aqui!

Comenta Caleb me arrancando um sorrisinho. Stephan para e anuncia:

—Acho que chegamos aos 260 metros de profundidade! Viremos aos noventa graus à esquerda e... Ali!

O lugar onde ele apontava era um casarão abandonado! A madeira já estava apodrecendo, a grama ao redor tinha morrido e as arvores eram apenas troncos cinzentos sem vida. Isso sem contar a tempestade de raios que existia apenas naquele lugar. Só de olhar batera o desanimo.  

—Vamos de uma vez só ou ficamos esperando aqui de boas?

Pergunto com um pingo de esperança pela segunda opção. Emma toma as rédeas e decidi decidida: 

—Vamos de uma vez! Isso já está perto de acabar!


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Notas finais do capítulo

Chegamos a reta final! Aí que emoção! Depois que eu acabar A Sociedade do Corvo vai demorar um pouco para eu postar o outro livro A Coroa do Corvo por que eu tenho que estudar para o Enem! Comentem! E beijos!



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