O Curioso Caso de Daniel Boone escrita por Lola Cricket, Heitor Lobo


Capítulo 36
EPISÓDIO BÔNUS - Start Over


Notas iniciais do capítulo

GUESS WHO'S BACK AGAIN?

Essa atualização é muito importante para a história. Em respeito às mais de 20 MIL visualizações que conseguimos aqui na fic desde 2016 - e ao fato de que os leitores-fantasma não aguentam esperar mais por isso -, e em homenagem ao aniversário da minha querida coautora Lola Cricket, que foi nessa semana, eu escrevi essa one-shot em terceira pessoa contando um pouquinho da vida da Melanie Schmidt alguns anos após o epílogo. Se vocês lembram do final, sabem que ela foi morar perto dos amigos e começou a namorar Peter Zaslavski.
Só que, aqui, eles terminaram.
O porquê?
Vão descobrir agora.
E fiquem ligados nas notas finais. Tem coisa lá ;)



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“Maybe we reached the mountain peak

And there's no more left to climb

And maybe we lost the magic piece

And we're both too blind to find

 

Let's start over, let's give love their wings

Let's start over, stop fighting about the same old thing

Let's start over, we can't let our good love die

Maybe we can start all over, give love another life

 

I know that this will hurt you, I know you'll cry

I know I called you selfish, but that's a lie

I feel I know what's the best for us”

— Beyoncé, “Start Over”



☸☸☸



— Eu sou a pior pessoa do mundo.

Melanie Schmidt simplesmente joga as palavras, deitada em sua cama, encarando o teto para não ter de olhar diretamente para um já exausto Daniel Boone ao seu lado.

— Exagerada — ele responde, ainda sentado no chão, com as costas encostadas no pé da cama.

— Que tipo de pessoa não convida o próprio amigo para a formatura da faculdade?

— Você — a resposta ácida do jovem a assusta — desculpe, mas eu trabalho com fatos.

— Você é péssimo. Não está me animando.

— Eu tenho cara de cheerleader, por acaso? — Ela ri do comentário de Daniel, mais por força do hábito do que por qualquer outra coisa — E não sei se Peter pode ser considerado mais um amigo seu.

— Por quê?

— Você o trata como se ele não fosse mais nada para você, Mel.

— Não é verdade.

— Prove — o Boone finalmente fica de pé — prove para mim, aqui e agora.

— Eu ainda o sigo no Instagram.

Ele revira os olhos. É claro que ela usaria esse argumento, ele pensa.

— Eu ainda o tenho como amigo no Facebook, eu ainda curto as publicações dele, ainda faço tudo o que pessoas normais fazem.

— Melanie.

— Oi.

— Melanie, olha pra mim.

A jovem graduanda em Letras se senta na cama, encarando Daniel diretamente os olhos… e se arrependendo dois segundos depois.

— Você é a ex-namorada dele. Deixou de ser amiga há muito tempo.

— Não precisa esfregar na minha cara, Danny.

— Sim, eu preciso — sua expressão se torna mais séria — sabe por quê? Porque em todos esses anos de indústria vital, desde que eu me tornei seu amigo virtual, desde que finalmente nos vimos pessoalmente, desde que nos mudamos para o mesmo apartamento após o fim do ensino médio, você nunca agiu de forma tão infantil.

— Não vou deixar que você fale comigo dessa forma.

— Tudo bem. Serei mais gentil, então. Deixe-me reformular a frase — Daniel força um pigarro, como se estivesse preparando um discurso inteiro em sua mente — Peter Zaslavski é somente seu ex-namorado. Vocês terminaram, Deus sabe por que terminaram, já que os dois se recusam a falar sobre isso comigo com medo de que eu vá correndo pro outro lado da relação contar tudo. Talvez eu já tenha sido assim um dia--

— Você foi, Boone — Melanie o interrompeu, fazendo-o arregalar os olhos.

— Vai esfregar na minha cara também? Enfim… o que eu estou tentando dizer é que, você querendo ou não, ele fez parte da sua vida. E se vocês ficaram tão mal assim depois do término a ponto de você não o colocar como convidado da sua própria festa de formatura da faculdade, o que não é algo no que eu posso opinar por não saber nada por trás desse rolê, então eu acho que você pode ser madura o suficiente para olhar para si mesma no espelho e se perguntar por que está fazendo isso.

— Isso o quê?

— Se culpando por algo que você mesma fez.

— Daniel…

— Você sabe que eu te amo e só quero que você seja feliz com suas escolhas de vida, mas ficar se martirizando por isso não vai te levar a nada. Agora levanta essa bunda daí, ainda temos metade desse quarto para empacotar antes do caminhão chegar — Daniel chuta de leve a madeira da cama, fazendo-a tremer e assustar Melanie.

— Mandão.

— Sem esse mandão aqui você nem teria se formado na faculdade sem uma falta no currículo, então pare de reclamar de mim — o tom debochado na voz dele faz sua amiga rir.

— Eu vou sentir sua falta, sabia?

— Claro que sim. E eu vou sentir a sua. Por isso ainda acho errada essa ideia de você sair daqui.

— É o melhor para eu me tornar uma mulher mais independente.

— Mais independente do que morar com o melhor amigo?

— Mais independente do que isso, Boone — ela sorri para Daniel, tentando conter as lágrimas iminentes em si.

Há algumas semanas Melanie Schmidt tomou a difícil decisão de ir morar sozinha. Logo após o fim do relacionamento com Peter, ela passou a se sentir estranha enquanto dividia um apartamento com Daniel e Raven Fields, que apenas são os melhores amigos de seu ex também, e começou a sentir a necessidade de ir atrás do próprio mundo. Ela ama todos eles, claro, e nunca deixará de estar em contato com aqueles que a deram um abrigo no início da fase adulta. 

Mas ela sente que precisa de ar puro no momento.

 

☸☸☸

 

— Melanie!

Raven Fields, com seus cabelos agora tingidos de vermelho, praticamente corre na direção da amiga, que está prestes a entrar no táxi que pediu há alguns minutos.

— Sim?

— Ia embora sem se despedir de mim? — A expressão de falso choro no rosto de Raven faz Mel rir.

— Você não estava aqui a tempo de me ver colocando tudo no caminhão. O que mais eu poderia fazer?

— Você sabe que eu trabalho, linda — as duas se abraçam fortemente — mesmo eu sendo totalmente contra sua saída, espero que você seja feliz. De verdade. Sei o quanto você precisa disso depois do que aconteceu.

— Obrigada por confiar em mim, Raven.

— Eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas se é por ar puro que você procura, então eu confio em você nessa empreitada — as palavras da jovem Fields deixam os olhos de Melanie um tanto quanto marejados.

— Você é perfeita.

— E você é mais ainda — as duas finalmente se desvencilham do contato de antes — nos vemos na sua formatura?

— Claro que sim. Aguardo o casal do ano lá, hein?

— Está falando de quem?

— Do meu casal de padrinhos favoritos, oras.

— Que deveria ser formado pelos seus pais, não pelos seus únicos amigos da cidade. Doida.

— Já discutimos sobre isso, Raven. E eu estou indo embora — dito isso, Mel entra no táxi, sem olhar para trás.

Sem cerimônias muito pomposas. É assim que ela pode descrever os momentos especiais vividos com seus amigos — eles não gostam de fazer alarde por qualquer coisa, e ela agradece aos céus por isso. No fundo do coração, ela sabe que irá sentir muita falta de Daniel, Raven e… 

Peter. 

O nome dele ainda a assombra nos pensamentos, de alguma forma.

Com a cabeça encostada na janela do carro e os fones de ouvido já reproduzindo alguma música triste, Melanie reflete sobre o porquê de ter feito o que ele fez. Seria muito mais fácil de superar os sentimentos se ela ou seu ex-namorado tivessem cometido uma traição — mas não, as coisas terminaram de forma muito mais complicada. Porque, afinal de contas, é a vida de Melanie Schmidt. Nada pode ser tão clichê a esse ponto.

“Não há poder maior do que o poder do adeus”, diz Madonna na música que Melanie se encontra ouvindo no momento. E a jovem formanda de Letras quer acreditar nessas palavras; ela quer que esse mantra seja verdade em sua vida, que ela consiga se libertar das memórias coletadas com Peter antes que as memórias a mantenham presa num looping eterno.

Ela consegue se lembrar do dia em que pediu o homem, na época ainda um garoto de 18 anos, em namoro. Sabia que ele era frouxo demais para tomar uma atitude, e teve a confirmação quando ele aceitou com as palavras “eu pensei que você nunca pediria”. Na época os dois deram risada, mas hoje, pensando naquele dia novamente, a Schmidt não consegue imaginar isso acontecendo mais uma vez.

Os dois mudaram assustadoramente em um espaço de tempo de quatro anos. Mudaram tanto que já não se davam mais tão bem juntos.

 

☸☸☸

 

Os homens do caminhão de mudança foram gentis o suficiente para ajudar Melanie a levar tudo para seu novo apartamento. Com mais espaço para si mesma, ela obviamente sabe que terá de comprar muitas coisas novas em pouco tempo, já que, no básico, tudo o que ela trouxe da casa antiga foram seus itens pessoais, que vão todos para o quarto. 

Seria muito mais fácil se ele estivesse aqui, ela pensa. Mesmo com a cabeça avoada, ele saberia como colocar as coisas no lugar.

Melanie pensa em discar seu número. Em ouvir sua voz — um calmante natural para os seus melhores dias até hoje. Um “oi” de Peter Zaslavski seria o suficiente para acabar com as guerras no mundo. Mas só isso não seria o suficiente para trazer toda a magia do amor de volta.

Eles cresceram individualmente enquanto estavam juntos, a ponto de não caberem mais na mesma bolha de antes. Se foi por isso que ela decidiu terminar com ele, é algo que nem a própria jovem sabe responder.

Ela pega seu celular. 

Abre o contato salvo dele. 

Em um vacilo, aperta o botão para discar a chamada. 

Em outro vacilo, cancela a ligação antes que o primeiro bipe soe.

Em mais um impulso, ela telefona para outra pessoa. Um. Dois. Três. Quatro toques são o suficiente para que ela atenda.

— Já sente minha falta?

— Eu queria ele aqui.

Um suspiro pesado toma conta de si e do outro lado da linha.

— Estou indo.

Menos de quinze minutos e Raven Fields está batendo avidamente à porta do novo lar da amiga. Quando a porta se abre e revela o rosto choroso de Melanie, Raven apenas se projeta para dentro do apartamento, fechando a porta antes de abraçá-la.

Mel sabe que a amiga — mais amiga de Daniel do que dela, pode-se dizer por conta do tempo de proximidade — não irá fazer perguntas sem seu consentimento. Ela conta com isso, pelo menos, enquanto deixa as lágrimas rolarem no ombro de Raven. As duas, agora sentadas numa sala de estar sem um pingo de decoração a não ser pelas caixas já bagunçadas por ali, não dizem uma palavra sequer. A Schmidt só consegue depositar suas emoções no choro, como se não houvesse mais nada a fazer, como se ela fosse incapaz de fazer qualquer coisa para remendar o próprio coração partido.

— Melanie.

A voz de Raven aos poucos a acalma, enquanto o anoitecer se torna mais visível pela janela enorme do ambiente. Com as luzes elétricas apagadas, apenas a lua e o poste da rua fazem sua função de iluminar a sala de estar da nova casa, dando a Mel uma sensação de aconchego suficiente para que ela pare de soluçar em poucos minutos.

— Acho que você sabe o que eu irei dizer agora, não é, Mel?

Sim, ela sabe. Até demais. 

— Não precisa falar comigo ou com o Dan sobre isso. Não vivemos esse namoro tanto quanto você. Mas ele viveu. E vocês precisam ter, pelo menos, uma última conversa.

— Vai doer.

— Claro que vai. Nada se conquista nesse mundo sem um pouco de dor. Mas se você continuar se recusando a enfrentar isso, vai apenas atrasar mais o dia do sofrimento principal. O dia em que você vai chorar até não poder mais. Porque aí, gata, depois desse dia é só alegria. Não vai ter mais como chorar pelo leite derramado.

— Você é péssima para finalizar conselhos — Mel se permite sorrir rapidamente.

— Se queria um discurso bom do começo ao fim, que pegasse um livro de Augusto Cury, não é, linda?

— Palhaça.

— Sou.

— Vai pedir alguma coisa para comer? Eles não irão jantar em casa hoje — Raven deixa que a amiga se solte do abraço, e as duas se deitam em cima das caixas de papelão das quais as coisas já foram retiradas.

— Poderia ter ido com eles, Raven. Eu ia ficar bem.

— Não, você não iria, idiota — a Fields revira os olhos — e, além do mais, eu não saberia como lidar com Peter pela primeira vez depois dessa barra toda. Felizmente ele teve o bom senso de passar um mês em outro lugar para dar espaço a você, e a mim também. É melhor que os homens gays se entendam entre si.

— O Peter…

— Piadas internas, Schmidt. Piadas internas.

 

☸☸☸

 

O auditório principal da New York University não poderia estar mais caótico. Organizadores praticamente voando de um lado a outro do salão, alunos desesperados pelas suas becas nas mãos dos familiares, a equipe de som testando microfones e as músicas de fundo, professores e coordenadores conversando entre si enquanto o momento de entregar os diplomas não chega…

E Melanie Schmidt, sentada no seu lugar, encarando o próprio telefone enquanto tenta descobrir por que seus amigos ainda não chegaram. Sua mãe está ao seu lado, mas isso não importa muito no momento sabendo que elas já não têm um relacionamento muito próximo desde que a mais nova se mudou para NY, quatro anos atrás.

Melanie — “SÓ FALTAM VOCÊS”

Danny — “CALMA FOGUENTINHA”

Raven — “Tio Andy resolveu nos dar uma carona de última hora”

Raven — “Ele também quer te ver hoje”

A formanda sorri com a última mensagem. Andrew Boone praticamente adotou os jovens como família quando eles não tinham mais os pais por perto; ele literalmente — ou é nisso que eles acreditam até hoje — se mudou para a cidade apenas para cuidar deles quando fosse preciso, e ela só não contava com sua participação na formatura devido à sua agenda cada vez mais lotada.

Pelo menos mais um motivo para sorrir hoje.

Seu celular treme mais uma vez, e ela desbloqueia a tela pensando ser mais algum infortúnio de Daniel ou Raven. O conteúdo, no entanto, a atinge mais em cheio do que um tsunami.

Peter — “Você pode vir aqui fora, por favor?”

Melanie só não congela em sua posição porque ela resolve virar para todas as direções possíveis, até que encontra a figura física de Peter Zaslavski parado justamente na porta do auditório.

Deus, como eu não bloqueei o número dele antes?, ela pensa, mas já sabendo a resposta.

Ela nunca quis bloqueá-lo.

Devagar, para não causar qualquer dano em sua beca e chapéu, Mel caminha em direção a ele. E, céus, ele continua o mesmo homem externamente fofo de quando eles estavam juntos. Ela se vê obrigada a conter um sorriso tímido antes que ele perceba que está dando a Mel tudo o que ela queria para esse dia — vê-lo uma última vez antes do fim.

— Mel.

Peter sorri com os olhos. O apelido saiu de sua boca sem que ele pensasse muito nisso. Ele não pensa muito, no geral, mas precisou fazer isso duas, três, quatro vezes antes de vestir uma roupa social preta, pegar as chaves do carro que divide com Daniel há dois anos e dirigir loucamente até a NYU só para ver a única mulher que ele teve a audácia de amar até o presente momento. O moreno não sabe muito o que esperar, nem o que fazer.

— Pensei que você não viria me ver.

— Eu não fui convidado — diz Peter, com certa melancolia em seu tom de voz. Um tom que rapidamente muda — mas eu tinha que vir. Eu tinha que te ver na beca. Eu tinha que ver você realizando seu maior sonho antes de te deixar livre para voar.

— Pete…

— Não quero colocar nenhum peso em seus ombros. Só vim te desejar o melhor — o sorriso murcho de seu ex-namorado faz o coração de Melanie sentir como se fosse se quebrar em mil pequenos pedaços de vidro agora mesmo — e eu nunca falei tão sério na minha vida.

— Alguma vez você já falou sério? — Mel faz uma expressão de falso choque, e a frase, que poderia tirar qualquer um de seu juízo perfeito, apenas faz o outro dar risada.

— Você está certa. Como sempre.

Trinta segundos de silêncio entre os dois são necessários para uma chuva de reflexões invadir a cabeça de cada um. 

— Eles deveriam saber por que nós não estamos mais juntos.

— Deveriam? — Indaga Peter — Pelo que eu conheço daqueles dois, vai ser muito pior se nós contarmos, Mel — ele leva as mãos à boca como se tivesse acabado de cometer um erro — Desculpe. Não te chamo mais pelo apelido.

— Acho que já nos enrolamos demais para você se preocupar com uma coisa boba feito meu apelido. Enfim… eles irão continuar dizendo que não precisam saber, mas já querendo saber.

— Eu não conto se você não contar.

 

— Como você me faz uma coisa dessas sem me avisar antes, porra? — O grito estridente de Melanie Schmidt faz bem mais do que assustar Peter: provavelmente algum vizinho deve estar de ouvidos na parede, pronto para ouvir o que mais eles irão discutir aqui e agora.

— Eu tinha medo de sua reação, tá? Medo de você me largar por causa disso. É muito importante para mim e eu quero muito ir, mas não se você não quiser que eu vá.

— Porra, Peter. Porra. Nós realmente somos um casal clichê.

— Do que você está falando?

— Sabe aqueles casais de filmes onde a pessoa quer realizar um sonho individual e o parceiro simplesmente não a deixa ir porque tem medo de perdê-la, sendo que esse medo é extremamente bobo porque, se essa pessoa o ama de verdade, nunca o deixaria? — Pausa dramática. Peter ama fazer, mas odeia quando Melanie o faz. Como agora — Estamos do mesmo jeito aqui. Porra, Peter Zaslavski, eu te amo pra cacete. E eu só digo isso para um total de quatro pessoas na minha vida: Daniel, Raven, Leonardo DiCaprio e você. Isso aqui não é um filme, é a merda da vida real. Você tem sonhos, eu também. Queremos realizá-los, mas, pelo jeito, estamos nos prendendo aqui. Eu quero escrever sobre o que me der na telha, procurar um lugar para dar aulas e me sustentar para isso. Minha mãe não é a melhor pessoa do mundo, mas ela me ensinou a não ser sustentada pelos outros.

— Mel…

— Você também tem o seu sonho. Se eu estou te prendendo, então é só dizer, que eu voo sozinha. Eu posso voar sozinha, Peter. Só não quero nesse momento, porque eu te amo. O suficiente para fazer qualquer coisa por você. E se você quiser ir fazer esse intercâmbio na França, quem sou eu para te impedir?

— Vai doer como o inferno em mim se eu te deixar.

— E vai doer em mim também — Melanie precisa conter as lágrimas que querem sair de si. Ela precisa ser forte, porque ele não está sendo — mas é o melhor. Crescemos juntos nesses anos, é verdade. Mas chega uma hora em que cada um precisa seguir seu caminho para evoluir ainda mais, Pete. Eu te amo. Mas eu me amo mais, e você deveria fazer o mesmo.

 

— Iremos recomeçar algum dia? — Pergunta a jovem formanda, ainda sem tirar os olhos dos de Peter.

— Gostaria que sim. Mas depois das coisas que você me disse, não acho que isso vá rolar tão cedo… amiga.

— Podemos fazer como Emma e Dexter.

— Podemos?

— Nos vemos em exatamente um ano, e podemos passar o dia juntos, descobrindo mais sobre como a vida um do outro tem se desenrolado. O que acha?

Por fora, Peter Zaslavski sorri timidamente. Por dentro, ele está radiante — não esperava que ela o fosse dar uma chance assim, de forma tão pacífica. Ele jurou que Melanie Schmidt o odiaria até que não houvesse mais um pingo de força do ódio dentro dela. Esconder uma viagem de um ano muito provavelmente machucaria qualquer outro coração — mas ele a conhecia bem, e sabia que, algum dia, ela iria perdoá-lo. 

Só não sabia que seria tão cedo.

— Aceito.

— Temos um trato, amigo.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Espero que tenham gostado. De verdade. A Lola adorou quando mostrei a ela, muito provavelmente ela saiu chorando depois de ler. (Risos.)
Mas há outro motivo pelo qual estou postando aqui.

Eu e ela decidimos repostar "O Curioso Caso de Daniel Boone" em outro formato.

MAS POR QUÊ, GENTE? WHYYYYYYY?
Eu respondo.

As coisas mudam com o tempo. Pessoas mudam com o tempo. Pensamentos mudam com o tempo. A gente mudou também. E queremos dar uma roupagem nova à história. A maioria das coisas serão mantidas, até porque, mesmo que eu cresça e não tenha mais aquela idade, Daniel Boone sempre terá 16 anos. E, portanto, precisa narrar como tal. Mas algumas referências já não cabem mais. Alguns pensamentos já não cabem mais. Alguns erros já não cabem mais.

Por isso, postaremos a história de novo. Com outro nome. E não mais aqui no Nyah, somente no Wattpad - porque sabemos que essa plataforma não está mais em seus dias de glória. Se quiserem saber mais, podem nos seguir no Twitter (@semcevitor e @Luceana_).

É isto. Espero que tenham gostado. Deixem seus comentários. Vou marcar a história como concluída agora.



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