Aquela noite a três anos atrás... escrita por Just Bella


Capítulo 1
Aquela formatura, oitava série...


Notas iniciais do capítulo

Wow finalmente eu termino uma one-shot e sabe o que isso quer dizer? MILAGRES EXITEM MINHA GENTE.
Tive a ideia enquanto pesquisava por usuk no pixiv e encontrei essa que está como capa ♥ amo ela.
Ficou simples, mas eu espero que gostem mesmo assim ♥3



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“Vamos dançar!”

Arthur ainda se lembrava daquela frasesinha que escutou a três anos atrás naquele mesmo salão. Bom, não lembrava da frase em si, mas havia guardado o conceito.

Foi na formatura da oitava série. Não foi lá muito diferente da que o pobre Arthur estava agora, se não fosse pelo terno, que antes era preto e simples e agora era branco e tão detalhado e engomado que o bom e velho Arthur se sentia desconfortável em usar. Ah, é claro, antes estava com singelos 14 aninhos de idade, e agora com seus tão entediantes 17.

A vida do desatento Arthur poderia ser um mar de mediocridade, se não fosse pela maldita formatura da Oitava Séria (letras maiúsculas, pois foi um momento importante), quando ouviu aquela frase. A festa estava por fim acabando, mas havia ainda uma última música. Poucos segundos depois te ter começado, alguém passou correndo na frente da cadeira onde o quieto Arthur passou a festa inteira sentado.

Não pode deixar de ficar ao menos um pouquinho surpreso ao perceber (não querido leitor, ele não se moveu para olhar o que estava acontecendo pois estava ocupado olhando… o nada) que aquela figura deu ré e parou a sua frente, e com um sorriso infantil que ia de orelha a orelha, estendeu sua mão e disse a tal frase.

O surpreso Arthur teve seus pensamentos (os quais ele não lembra sobre o que eram) interrompidos por duas palavrinhas que imploraram para serem ditas.

"Que babaca."

O ávido Arthur queria, e como queria, dize-las, mas o bom senso o impediu.

Acontece meu caro leitor, que o tímido Arthur recusara todas as “tiradas para dançar” de todas as pessoas que a ofereceram. O nada simpático Arthur pode ser um porre, mas ninguém conseguia negar que o rapazinho era belo e atraente, nem mesmo alguns meninos, e muito menos as doces (e iludidas, diga-se de passagem) garotinhas. Recusou todas educadamente (ou pelo menos tentou, pois o impaciente Arthur não era um grande exemplo de serenidade quando pressionado).

Até hoje o sonhador Arthur não consegue explicar o porquê, mas não conseguiu simplesmente dizer “não”. Não sabia se era pelo sorriso (que ele não conseguiu negar, era bem... bonito). Não sabia se era pelo fato de que ele já estava cansado de ficar apenas sentado, a pista de dança estava vazia e ninguém começaria e encher o saco do sensível Arthur por ter escolhido um loirinho chato e animado demais ao invés da francesinha pé de valsa. Ou até mesmo por não ser uma pergunta e sim quase uma ordem (você notou que não coloquei ponto de interrogação no “vamos dançar!”, não é?) e o arisco Arthur se sentiu intimidado com aquilo.

O encabulado Arthur não disse um “sim” concreto, apenas ficou em silêncio, encarando com um olhar meio vazio o carinha que nunca tinha visto na vida. Bom, “nuunca na vida” é exagero, tinha visto de relance, mas nunca se importou com o fato de o tal “carinha” estudar na sala ao lado, e talvez por isso não lembrou quem era. Mas como dizem, “Quem cala consente”, e por isso o ainda mais surpreso Arthur foi puxado para pista de dança.

O despreparado Arthur não sabia dançar, ou melhor, nunca dançara na vida, e eu não irei me segurar e vou dizer que o desajeitado Arthur era péssimo, mas com toda certeza, o fato de o infeliz Arthur ter achado alguém que conseguia a proeza de ser pior que ele era inacreditável. Isso, no entanto, fez o perturbado Arthur bufar e implicar com o loirinho, que apenas fazia uma ou outra careta intercalada com um “foi mal” ou “desculpa”. Mas mesmo assim, o aflito Arthur continuou não só até o final da última música, mas também alguns silenciosos minutos, os quais o distraído Arthur só se deu conta quando o colega francês cujo o pai havia lhe dado um carona, chamou por ele dizendo que o transporte havia chegado, e infelizmente, nunca pode conversar com o primeiro que havia o tirado para dançar em toda a sua patética vida.

É claro que no ano seguinte, quando estavam ambos começando o ensino médio, o agora inquieto Arthur pôde ver aquele loirinho lépido com o qual havia dançado naquela formatura, porém nunca conseguiu falar com ele outra vez, pois de um jeito ou de outro, ele corria para longe rindo, como se fosse uma grande piada ver o aborrecido Arthur com uma pitada de desagrado no olhar.

Então o amuado Arthur tinha se apaixonado? Nah, estava apenas intrigado. Convenhamos, não é estranho alguém com quem você nunca trocou uma palavra aparecer do nada e o chamar para dançar? Não era até um pouquinho surreal ? Tá, talvez “surreal” seja um baita exagero, mas o curioso Arthur sabia que não era algo comum, não estavam em nenhum filme afinal. É, estava apenas intrigado. Porém felizmente (ou talvez até mesmo infelizmente) essa intrigação do agora indiferente Arthur não durou mais que três ou quatro meses, e então simplesmente se esqueceu do loirinho vivaz.

Talvez “esquecimento” seja forte demais, o estudioso Arthur apenas deixou de tentar desvendar aquele misteriosinho frívolo que em sua cabecinha não faria diferença alguma na sua vida de um modo geral. Os três anos do ensino médio passaram rápidos, sendo que o inteligente Arthur tinha uma pontuação beirando à perfeita em toda e qualquer matéria.

E agora estava ali. Faziam exatos três anos que se formara no ensino fundamental. Tá, tá, “exatos três anos” é um leve exagero. Talvez o dia da formatura da oitava série fosse na mesma semana, na mesma quinzena… enfim, na mesma época. O sensato Arthur procurava não se importar com esse tipo de data, pois para o prático Arthur isso não faria uma grande diferença em sua vidinha medíocre.

A formatura, ou melhor, o final dela, estava parecida com a de três anos atrás se não fosse pelas diferençar que se davam principalmente pela idade dos formandos quanto também por não ser simplesmente do ensino fundamental, mas sim do ensino médio, o que significava que ninguém entraria pelos portões daquele colégio novamente pare estudar, significava que iriam para a faculdade ou trabalhariam, significava que a vida mesmo começava ali. Mas é claro, tinham outras coisas que não haviam naquela Formatura de Três Anos Atrás.

O atento Arthur poderia fazer até uma listinha, mas não se importava com isso o suficiente para se dar ao trabalho então, apenas observava tudo com um olhar vazio. “Não passa de futilidade” pensava. Não entendia a necessidade de um terno completo tão fino e caro, não conseguia engolir aquele pianista nem aquele DJ famosinho, era apenas uma formatura, um pendrive com os hits do momento e uma pessoa para cuidar do som já era o suficiente. Quem sabe podiam até ter convidado aquela bandinha do segundo ano que estava começando a fazer sucesso entre os alunos?

Futilidade”. A única conclusão que o prático Arthur tinha. Mesmo vindo de uma família de classe média-alta, nunca entendera o motivo de tanto luxo e pompa, mas naquele momento, o humilde Arthur procurava não pensar muito naquelas coisas. Tudo o que o sonhador Arthur conseguia pensar era naquela Formatura de Três Anos Atrás. Como naquela noite, estava sentado do lado direito do salão, nas mesas que ficavam no centro. O sonhador Arthur havia virado a cadeira, de modo que ficasse voltado para a pista de dança, como naquela noite…

Esperança que o não-tão-misterioso loirinho aparecesse novamente ? Era difícil, mas não era impossível que ele surgisse do nada de novo. Mas não era esperança de alguém viesse, ou pelo menos o puro Arthur se convencia que não esperava por nada ou ninguém. Estava apenas assim porque queria estar.

O relógio estava próximo de bater 3:15 da manhã, o horário determinado pelos organizadores para todos os convidados se retirarem. Alguns ainda reclamavam que era cedo, mas para uma confraternização que havia se iniciado às 17:45 da tarde, não era um horário tão ruim, então os alunos mais comportados estavam satisfeitos. O calmo Arthur até gostava de um horário para acabar, mas algo nele parecia se desapontar. Faltavam míseros 13 minutos para tudo se atermar, e a última música já havia começado.

“É claro que ele não viria” o frustado Arthur pensava. Mas nem mesmo Arthur sabia porque estava esperando afinal. Aquela Noite tinha sido apenas uma, um passatempo, uma brincadeira, quem sabe aquele indivíduo estava apenas querendo dançar com alguém qualquer e Arthur fora o primeiro que ele vira. Em sua mentezinha que gostava de criar e imaginar histórias, se ele aparecesse a tempo da última dança, tudo iria virar um filme de romance meia boca.

“Arthur fora o primeiro que ele vira”.

Não, isso não era verdade.

Ainda havia muita gente antes do termino Daquela Formatura. Haviam até pelo menos duas mesas com pessoas que não estavam dançando ou dando amassos pelos cantos, embora Arthur fosse o único que estava sentado sozinho na maior parte do tempo. Mas isso não poderia ser motivo, haviam muitas garotos e garotas interessantes sozinhos pela festa.

Então… por que?

Aqueles 13 minutos passaram mais rápido do que qualquer um esperava e quando menos se deu conta, Arthur já deixava o salão como os organizadores orientaram os alunos restantes. Como combinado, o carro de seus pais já estava no lugar costumeiro e entrou no carro da mesma maneira que entrava enquanto ainda estudava naquele colégio. Seus pais, numa preocupação ensaiada apenas perguntaram como tinha ido a festa, “Estava legal” Arthur respondeu num tom de voz rotineiro e a conversa morreu ali.

Ficar sentado cansava, então quando chegou em casa, Arthur só se deu ao trabalho de preparar e tomar um chá, tomar uma ducha e colocar o pijama limpo que estava em cima da cama, como sempre. Assim que se deitou, dormiu. Um sono aparentemente sem sonhos.

Mas qual não foi sua surpresa ao acordar com o barulho da janela sendo aberta. Uma olhada rápida no relógio. 15:42 da tarde.

Ver o Loirinho (ou melhor, loirão) na janela acendeu uma chama de esperança no peito de Arthur. Se fosse para dançar, estava atrasado, mas ali estava ele. Levantou apressado, era sábado mas seus pais trabalhavam de tarde. Queria fazer perguntas. Arthur estava estranho, talvez até mesmo apaixonado por aquele mistério diante dele, mas qualquer pronunciamento fora impedido pela mão que tapava-lhe a boca. Ficaram naquele lengalenga até que Arthur finalmente se mostrou calmo, e quando menos esperou, se viu abraçado pelo “intruso”.

Arthur até poderia ter começado a falar naquele momento, mas estava surpreso demais para isso, não só surpreso, como um pouco assustando também, e de alguma forma sabia que, se falasse alguma coisa, qualquer um que fosse, estragaria aquele momento único. Talvez por isso, tentou encarar aquele, de certa forma, desconhecido, mas se viu deitado na cama novamente.

“Sonho?” Talvez.

Arthur ficou, pela primeira vez desde que começara o ensino médio, feliz. Por ver aquele cara sentado, adormecido, na beirada da cama. Por ver em suas mãos, um CD, e não qualquer CD, era da banda que havia cantado a última música daquela noite, três anos atrás. Por sua talvez espera não ter sido em vão. Devagar e reunindo toda a delicadeza que ele poderia ter, sentou-se na cama e curvando-se, pousou seus lábios naqueles que pertenciam ao jovem que tinha o tirado para dançar naquela formatura três ano atrás.

E então aquele estranho, sem nem mesmo abrir os olhos...

“Eu me chamo Alfred…” sussurrou para o seu amado Arthur.


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Notas finais do capítulo

EU AMO USUK *¬*



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