— QUE TAL ESSA aqui? — questionou Brandish, mostrando um modelo de vestido em uma revista para Lucy, sua melhor amiga.

— Hum… — murmurou a loira, avaliando detalhadamente a imagem. O colchão da cama afundou um pouco devido a aproximação dela. — É muito bonito, mas não creio que é o vestido que procuro…

Brandish soltou um bufo de exasperação, jogando a revista para o alto.

— Tudo bem, chega! — reclamou, fincando toda sua atenção nos olhos castanhos da amiga. — Estamos vendo revistas há horas! — a frase era comprovada pelas dezenas de revistas jogadas no chão. Algumas até estavam espalhadas pela cama aonde as garotas se encontravam. — Por que precisa tanto achar um vestido novo? É só uma festa com alguns amigos!

Lucy Heartfilia formou um bico.

— Não quero parecer feia… Ainda mais para amigos seus!

Brandish apenas pôde franzir o cenho.

— Geralmente não se preocupa com coisas assim… Aconteceu algo?

A loira inspirou fundo, pensando se não soaria de maneira ridícula por aquilo.

— É só que… Veja bem — apenas por aquela frase, Brandish já imaginou o tipo de situação completamente sem sentido sairia por aqueles lábios rosados —, eu sou bonita, certo?

A pergunta a pegara desprevenida e teve que pigarrear antes de poder responder.

— É claro.

— E sei que tenho um corpo incrível — apenas para ilustrar, a Heartfilia levantou-se e fez uma pose completamente ridícula, mas que deixava suas curvas naturais e atraentes à mostra. — Então por que não consigo arrumar nenhum namorado?

Ah, eu sabia; pensou Brandish, observando a loira jogar-se deitada em sua frente.

— De novo isso? — balbuciou.

— Ah, Bran! Apenas não consigo entender porque continuo sozinha apesar de todos os fatores ao meu favor! Sou bonita, carismática e com um corpo invejável! Então qual o motivo para continuar solteira?

— Talvez seja esse seu ego grande demais — brincou a jovem de cabelo esverdeado, recebendo um tapa como resposta.

— Talvez eu esteja fadada a ficar sozinha pela eternidade…

Brandish observou bem a amiga. Lucy não estava enganada em nenhuma de suas afirmações. Sua energia e personalidade eram contagiantes e foram o principal motivo das duas ficarem tão chegadas. E o corpo de Lucy era realmente algo a se invejar. Os peitos e coxas eram salientes, o cabelo loiro e liso caía bem com o rosto delicado, junto com aqueles grandes e envolventes olhos que lhe encaravam naquele momento. O nariz era pequeno e belo, e seus lábios… Não importava quantas vezes Brandish os olhasse, sempre sentiria-se atraída.

— Você vai achar alguém no tempo certo… — murmurou com um pouco de dificuldade.

— É mesmo? — o canto dos lábios ergueram-se em um sorriso. Naquele sorriso esperançoso que Lucy mostrava apenas para ela.

E antes que percebesse, Brandish estava o tomando para si.

Podia sentir a maciez através daquele toque e tinha certeza que aquele barulho tampando suas orelhas eram os próprios batimentos cardíacos. Não havia tal coisa como medo. Sabia que Lucy não iria impedi-la por conta da maneira como era correspondida tão fervorosamente.

Sentia o cheiro do perfume que a Heartfilia usava e sentiu-se tentada a ir na direção daquele pescoço, tão poucos centímetros de onde estava agora.

Soltou um ofego ao se afastar — relutantemente — da melhor amiga.

Assim como ela, Lucy estava corada.

Aquele não era o primeiro beijo que trocavam, entretanto a sensação ainda era a mesma: as bochechas coradas, o coração acelerado e a enorme vontade de repetir tudo de novo.

Brandish abaixou seu rosto, encostando sua testa na dela.

— Se você arranjar um namorado — a simples ideia de algo como isso acontecer incomodava-a demasiadamente —, não poderemos mais fazer isso…

Lucy abriu os olhos, que anteriormente havia fechado para sentir o calor de Brandish passar para si pela testa e, em meio aos fios de cabelo que acariciavam seu rosto, viu a expressão angustiada daquela pessoa que era tão especial para ela.

— Se… — levantou a mão, tocando o rosto de pele macia — Se houver mais momentos assim… então não me importo de ficar sozinha por quanto tempo for.

— Lucy… — Brandish murmurou, emocionada. Sentiu o coração acelerar e apertou aquela mão.

E novamente os lábios se encontraram. De novo e de novo. Por tempos curtos e demorados.

Pois, enquanto tivessem uma a outra, não precisariam de mais nada.