Cem Anos Depois escrita por Adson Kamps


Capítulo 9
IX - A Oráculo


Notas iniciais do capítulo

OE MEU POLVO!
Então pessoas, esse capítulo saiu atrasado (GOMEM T_T) mas acho que foi o capítulo mais legal que eu já escrevi *--* (eu acho que sempre digo isso não?)
CAPÍTULO ESPECIAL COM SOUNDTRACK!
Lembrem-se, comecem a escutar a partir do número ¹ ok?
Link: https://www.youtube.com/watch?v=4pwdv4QdckA
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Boa leitura seus liendos! :3
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­– É aqui – disse a mulher mantendo a face escondida pelo manto azul, o espelho em suas mãos sendo guardado em meio às dobras do vestido na esperança de que a pessoa que estivesse prestes a ameaçar não soubesse como fora encontrada. Fitou a entrada decorada de uma pequena caverna a sua frente; apanhadores de sonho de todas as cores se mantinham pendurados na “porta” balançando com o vento.

  No topo, inscrito em uma pedra estava o símbolo da Estrela Negra, que era a representação naquele mundo de Nox e seus seguidores. Estava no local certo, ali era a entrada para o covil do Oráculo.

  Adentrou a caverna e logo sua percepção de tempo e espaço ficou diluída como em água, assim conforme que avançava em direção as profundezas do recinto as cores iam ficando confusas e misturando-se entre si, tornando cada vez mais difícil a compreensão do que estava a sua volta.

  Uma sombra negra – o único tom que era distinguível – girava no ar em espirais como tentáculos feitos de pura noite que incentivavam a mulher a continuar andando para perto de seu objetivo. Os apanhadores de sonhos pendurados em cada parede pareciam algas ao se movimentar, o que despertou uma nova fobia na moça.

­– Francamente – murmurou para si mesma – Não é como se estivesse entrando na caverna de Úrsula - e continuou a andar.

  Quando finalmente atravessou o “Hall de Entrada” e chegou ao seu objetivo, encontrou uma feiticeira loira caída no chão – Não... – murmurou se aproximando e segurando a mulher pelos ombros – Não! Sua traidora! Você foi avisada que não deveria ter contado nada para elas!

  O Oráculo, ou melhor, a Oráculo abriu os seus olhos que irradiavam agora uma fraca luz esverdeada, mas que foi o suficiente para afastar a mulher – Eu prefiro morrer como eu mesma a uma serva de Nox – sua voz saia fraca e longa, como mil cobras sibilando.

  A moça abriu um pequeno sorriso nos lábios e retirou a toca, mostrando os olhos verde-amendoados ficando roxos – Se esse é o seu desejo, que assim seja! – com um gesto de mão o pescoço do Oráculo se quebrou com um estalo, liberando o espírito mágico que ali residia.

  Retomando o controle que tinha sobre si, a mulher cobriu o rosto novamente com o capuz e se virou, indo em direção à saída enquanto sacava o espelho.

— Mostre-me o que aconteceu – o espelho brilhou em verde e a cena começou.

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  Sempre atentas a qualquer eventual criatura que pudesse aparecer, Cinderela e Aurora caminhavam pela floresta seguindo um dos últimos concelhos que Charlotte havia lhes dado: Procurar o Oráculo de Nox, ela diria por onde começar a busca pelos príncipes.

— Deveríamos mesmo confiar naquela bruxa? – perguntou Aurora pela terceira vez desde que partiram.

— Aurora – Cinderela estava perdendo a paciência com a sua companheira de viagem. Parecia que a mais nova não entendia nada ao seu redor – Se Charlotte nos quisesse mortas, ela teria feito durante essa noite. E estamos mortas? Eu acho que não.

  Com um suspiro, Aurora continuou seguindo a mais velha que ia à frente iluminando o caminho com a luz da varinha. De vez em quando olhava para a espada embainhada ao lado do corpo pensando se viria mesmo a usar algo dado por uma carpinteira com poderes mágicos.

— Mas e o Oráculo de Nox? Ele é confiável? – perguntou enquanto andava fitando o chão. Sem perceber que Cinderela havia parado acabou esbarrando nela – Ai! Por que parou?

— Porque estamos prestes a descobrir – disse apontando para uma caverna a sua frente.

  As duas princesas se aproximaram do local permanecendo atentas a tudo. A entrada da caverna ficava em uma clareira a vista de qualquer um que passasse, o que seria um ótimo local para uma emboscada.

— Parece exatamente o tipo de lugar em que um Oráculo moraria – comentou Aurora olhando para o interior da caverna que se mantinha “obscurecido” por uma névoa negra – E esses Apanhadores de Sonhos? Será que o Oráculo tem pesadelos?

— Hunf – a mais velha revirou os olhos – Sendo um alguém que é servo de Nox, logicamente não irá sonhar com uma princesa deitada em um campo de Dentes de Leão – se virou para a mais nova vendo que a mesma a encarava com raiva – Vamos.

  Entraram no interior do recinto e começaram a ter vertigens com as cores. Era como se alguém tivesse passando um pincel molhado sobre uma pintura ainda fresca, misturando as cores e trocando elas de posição.

— Mas o que é isso? – murmurou Aurora retirando a espada da bainha e colocando-a no chão para servir de apoio – Armadilha?

— Não. – murmurou Ruby acenando a varinha tentando em vão parar com qualquer coisa que estivesse ocorrendo – Nox é a deusa da Escuridão, não é de admirar que as cores fiquem mais confusas aqui dentro – parou – A junção de todas as cores provoca o branco quando se fala em luz, mas em questão de tinta seria o completo negro.

— Então devemos seguir aqueles tentáculos negros? – perguntou a mais nova olhando para frente – Eles não parecem nada amigáveis.

— Vamos logo, quanto mais cedo sairmos daqui, mais sã estaremos. – disse Cinderuby tomando a frente.

  Andando pelo corredor de entrada começaram a notar que a teoria de Cinderela era verdadeira, as cores se misturavam entre si tornando tudo mais e mais negro conforme a caverna ia se aprofundando, menos os Apanhadores de Sonhos que continuavam coloridos.

  Chegaram então em uma nova entrada. Esta por sua vez era coberta por fios dourados que balançavam com uma brisa inexistente – É aqui – disse Cinderela guardando a varinha e indicou Aurora para que guardasse a espada – Vamos...

  Antes que pudessem entrar as cortinas se abriram sozinhas – Entrem garotas – uma voz feminina veio das profundezas. Assustadas, as duas princesas se encararam e entraram no quarto escuro.

  A princípio as garotas imaginaram que estavam entrando em outra dimensão. Chão, paredes e teto eram feitos de pedras lisas tão escuras quanto à noite, pequenos cristais brilhavam sobre elas polidas como pequenas estrelas mudando de posição. Viram ao vivo quando dois pequenos pontos de luz se chocaram explodindo em fumaça cor de sangue com fragmentos na cor de hematomas.

  Assustada, Ruby quase sacou a varinha para defendê-las, mas notou que aquelas pedrinhas escuras que saiam do centro da explosão eram como imagens animadas nas paredes. Pura magia pensou, maravilhada.

  Já Aurora notou algo estranho nas paredes ao redor. Parecia que os fios dourados que pendiam na porta corriam pelo cômodo inteiro, partindo de trás do que seria o Oráculo.

— Aproximem-se – disse a voz vinda de uma mulher coberta por um manto preto, sentada sobre uma almofada negra. Um tapete feito de nuvens de tempestade surgiu sobre os pés das garotas, como uma ponte indicando o caminho. Enquanto caminhavam sobre ele, um raio partiu de baixo de seus pés e se dividiu em dois, iluminando duas almofadas azuis celestes.

  Sentaram-se nas almofadas indicadas, Cinderela à direita e Aurora à esquerda. Um silêncio pairou sobre as três mulheres.

— Bem... – Aurora engoliu em seco – Viemos aqui para...

— Eu sei por que vieram. Minhas constelações me mostraram. Agora algo que elas não me disseram é se vocês tem certeza do que querem – A mulher que permanecia com os olhos fechados os abriu, mostrando íris tomadas por uma luz esmeralda – Então?

  As duas princesas se entreolharam – Sim, temos certeza – disse Cinderela.

— Muito bem – disse a mulher que abriu um sorriso – Se este é o seu desejo, que faça-se a sua magia! – erguendo os braços, as “estrelas” ao redor das três se mostraram mais brilhantes, e a explosão de sangue tornou-se rosa e logo após branca – A magia do Sol que me foi concedida; aos poderes da Noite que me foram impregnados; eu invoco-te! APAREÇA!

  As luzes das pedrinhas preciosas começaram a serem sugadas para um globo de cristal entre as três mulheres, que ao tomar energia suficiente se abriu em pétalas douradas de um Lótus.

  ¹ Um som instrumental leve tomou conta do ambiente, preenchendo toda a sala como se o próprio ar cantasse para elas. Então algo inesperado – e pode se dizer impossível até para as princesas – aconteceu: O cabelo da Oráculo começou a se iluminar, dourado como a luz do Sol, partindo da raiz até as pontas do mesmo.

  E como se não bastasse, o cabelo parecia nunca ter fim. A luz percorria os fios louros que davam voltas por todo o salão sobrepondo a luz dos diamantes. E para a conclusão de Aurora, as cortinas realmente davam a volta nas paredes e vinham de trás da mulher por que eram os cabelos dela!

— Pelos deuses – murmurou impressionada.

— Oh, flor de Lumus! Oh, noite de Nox! – entoou a mulher – Mostre-as o que devem procurar!

  Uma imagem surgiu projetada no ar: Uma rosa vermelha apareceu no ar, e no seu caule algo se espiralava. No começo, as garotas pensaram que fosse uma serpente negra, mas logo depois mais uma começou a subir sobre o caule deixando claro que eram na verdade tentáculos.

  A rosa antes vermelha começou a esbranquiçar ficando com uma pétala roxa – Esta é a Rosa que pertenceu ao príncipe Adam, perdida há muitos anos atrás. Se vocês conhecem a lenda sabem que ela foi encantada por uma Feiticeira que era seguidora de Lumus.

  Aurora continuou encarando a rosa e notou que pequenas bolhas de ar passavam em torno da imagem – Espere, ela esta debaixo d’água?

— Exatamente. – respondeu a seguidora de Nox – Quando Belle conseguiu quebrar o feitiço a rosa se reconstituiu com seu poder pleno, mas antes que pudesse ser guardada em um lugar longe de quem a usasse para o mal, as irmãs Polypus usurparam em um dos dias que lhes é permitido andar sobre a Terra.

— Polypus? Teremos que lidar então com Ursula e Morgana, as bruxas do mar?! – Cinderela perguntou alarmada.

— Sim, elas roubaram a flor e levaram para o fundo do mar onde a mantém escondida em águas onde nem o Rei Tritão se atreveria a ir – a Oráculo disse como se não fosse nada – Mas vocês tem um trunfo, as duas velhas não passam mais de cinco minutos sem brigar, se puderem usar isso ao seu favor é capaz de conseguirem a rosa.

  Com isso dito e um aceno de mão, a luz dourada dos cabelos e do Lótus de Cristal se dissipou aos poucos, retornando para os cristais e os cabelos ficaram loiros comuns novamente – Agora o pagamento – ela estendeu a mão – Dê-me um dos frascos e pegue o outro. Decidam entre si quem tomara.

  Cinderela de queixo caído não conseguiu falar nada, e enquanto colocava os frascos no chão Aurora explodiu – O que?! Quer que uma de nós beba veneno?!

  A Oráculo encarou profundamente a princesa de azul, esta por sua vez engoliu em seco temendo o efeito que as suas palavras poderiam ter causado – Apenas um desses frascos é de veneno, o outro aumenta qualquer atributo que tenham em beneficio a si. Mas vou ajudar vocês: se você – apontou para a menina de capa vermelha – Se você beber desse frasco, esquecerá de tudo de mal que lhe aconteceu no passado. Agora se você – apontou para Aurora – Se você tomar, todas as suas dúvidas sobre o passado de sua família se esclarecerá. – olhou para as duas enquanto pegava um dos frascos no chão – Então, quem tomará?

  Cinderela pegou o outro frasco e olhou para ele, pensando um pouco – Tudo que me aconteceu de mal no passado... – murmurou – Seria perfeito esquecer aquelas coisas horríveis. – uma pausa para uma lágrima que escorreu – Mas foi esse passado que me faz ser quem sou, portanto, não aceito tomar – estendeu para Aurora e olhou nos olhos da princesa – Você merece saber as verdades.

  Aurora pegou o frasco e sorriu para mais velha – Obrigada – murmurou. Destampou-o e olhou para a Oráculo – Pronta?

  Com um suspiro e um meneio de cabeça ela concordou – Já! – as duas tomaram ao mesmo tempo.

  A princesa de azul se curvou para frente vendo tudo girar e suas entranhas se contorcer. Achava que teria tomado o errado quando tudo passou. Tomou folego e se levantou rapidamente, olhando para Oráculo que estava caída ao chão. As duas se olharam e Ruby disse – Melhor nós irmos.

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— Então essa desgraçada contou sobre a rosa – sorriu de canto e olhou para frente – Veremos quem encontrará quem primeiro.

  Apontou o vidro do espelho para frente iluminando o chão em luz verde, deixando claro algumas pegadas. Pôs-se a segui-las na esperança de encontrar as duas princesas.

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Notas finais do capítulo

E aí, galera? Conseguem descobrir quem foi a personagem especial de hoje? Ou melhor, aS personageNS especiaIS? e-e
Qualquer dúvida que vocês tiveram sobre esse capítulo será esclarecido no próximo ok? Mas isso com certeza não impedirá vocês de criarem as suas teorias, não é mesmo Nilce? ( Gosto delas ok? Podem criar a vontade :3 )
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Kisses meu polvo e minha polva :*