Cem Anos Depois escrita por Adson Kamps


Capítulo 11
XI – O Castelo Abandonado


Notas iniciais do capítulo

ONE MOMENTO OF YOU ATENÇÃO! ( sim, manjo dos english :v )
Eu escrevi esse capítulo que ficou um pouquinho graaaande demais e por isso ele acabou sendo dividido em dois! SIM! EM DOIS!
O próximo será postado sábado que vem e eu espero de coração que vocês estejam curiosos sobre eles :3
Boa Leitura.



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  Aurora não conseguia parar de imaginar o corpo da Oráculo caído na sua frente. Sempre que via uma sombra deformada no chão um arrepio passava por todo seu corpo, era como se aquilo fizesse alusão ao corpo sem vida da mulher. A brisa gelada parecia entoar cânticos aos mortos, o que não ajudava em nada a mente conturbada da princesa.

  Cinderuby por sua vez não parava de imaginar que a morte da Oráculo não tivera apenas interferência da sorte ou destino, mas sim que a mesma estaria esperando há anos por uma oportunidade de pôr um fim a sua vida. Loucura? Talvez; mas para Cinderela a sua teoria parecia cada vez mais verdadeira.

  As duas garotas continuaram sua jornada em direção ao oeste da Floresta Encantada em direção aos mares pacíficos do Rei Tritão. Aurora ouvira desde pequena as histórias sobre o rei daqueles mares e estranhou um fato: Quando soube do nascimento da filha de Ariel – filha caçula do rei – Aurora tinha cinco anos, e mesmo após tantos anos Tritão continuava no poder?

  Cinderela por outro lado já temia o pior. Os domínios de Tritão se estendiam por toda a costa dos Estados Unidos de Auradon até os mares mais gelados após Arendelle, mesmo assim nunca tinha ouvido falar de um mar onde o Rei de Atlântida não possuísse poder. Seria lá o domínio de algum dos deuses antigos? Ou de um monstro desacordado? Ruby não estava gostando nada do local para onde estavam indo, mas se era para salvar seus príncipes que assim fosse feito.

— Ruby... – chamou Aurora, baixinho enquanto se apressava na direção da saída da floresta – Veja – disse apontando para além do mato.

  Cinderuby se aproximou e quão grande foi sua surpresa ao ver no horizonte um castelo em ruínas à beira de um penhasco que dava ao mar. O mármore branco desgastado parecia coberto de poeira, quase como cinzas após um incêndio. As vidraças estavam estilhaçadas e as cortinas rasgadas de cor vermelha flutuavam fantasmagoricamente para fora.

  Um trovão rimbombou no céu anunciando a chegada de uma tempestade que vinha dos confins do Bosque da Noite Eterna. Fazia dias que não viam chuva, e tão pouco queriam ser atingidas por uma que vinha do lado negro daquela floresta. Com um Bibidi-Bóbidi-Bu, Cinderela transformou uma maçã que estava caída no chão em uma carruagem puxada por duas formigas que foram transformadas em cavalos – Que tal? – perguntou olhando o “veiculo” com orgulho.

  Espantada, Aurora deu uma volta em torno da carruagem e abriu uma das portas para entrar – Você poderia ter feito isso antes, não? – disse ajeitando-se no acento.

— Quando você arranjar um modo disso aqui passar entre as árvores da floresta eu faço – mostrou a língua para a garota que devolveu do mesmo modo. Super maduro da parte delas – Podem ir; Bibidi-Bóbidi-Bu! – dois raios fracos saíram da varinha e atingiram os dois cavalos que começaram a correr em direção ao palácio.

— Ruby, olhe! – disse a princesa de azul apontando janela a fora, na direção da tempestade.

— Pelos deuses, garota! Não sabe ver nada sem mim? – perguntou sem paciência.

  Aurora olhou irritada para a jovem ao seu lado e apontou novamente – Olhe logo! – disse brava.

  Bufando, Cinderuby voltou-se para sua janela e olhou em direção as nuvens de tempestade que começavam a se tingir de um tom roxo-escuro com raios cinza desbotado piscando entre elas. Uma mulher estava parada a beira da floresta com um vestido claro balançando ao vento; nas mãos trazia algo que reluzia a cada relâmpago.

  Gotas de chuva ácida começaram a cair queimando a pele das garotas – Ai! – gritaram em uníssono voltando para dentro da carruagem. Com sua magica, Cinderela conseguiu curar as duas antes que os ferimentos se transformassem em algo pior e logo após voltou sua visão para a janela traseira do veiculo – Por Lumus...

  Além das árvores, bem no centro da floresta, um feixe de luz amarela atingia as nuvens vindas direto do pico de uma montanha. Enquanto a corrida até o castelo continuava, a garota percebeu que os raios tinham uma sincronia para atingir o solo, caindo sempre nos pinheiros por onde as princesas haviam passado.

— Aurora, tem algo vindo atrás da gente – avisou – E não esta muito longe.

  A outra garota que também acompanhava o fato com bastante atenção se pronunciou – E seja o que for não é amigo. – a mais velha revirou os olhos diante da informação obvia – Não tem como você nos teletransportar direto para a porta do castelo?

— Finalmente algo que presta saiu da sua boca – sorriu irônica fazendo Aurora bufar irritada. Cinderela começou a “desenhar” o símbolo de infinito no ar entoando novamente as palavras mágicas. Uma miniexplosão de magia prata fez as garotas sumirem da carruagem e reaparecerem nas portas do castelo a tempo de ver um raio atingindo o veículo que fora utilizado por elas mesmas. As nuvens roxas continuaram se espalhando em todas as direções cobrindo a costa oeste e sul de Auradon.

— Vou fazer um feitiço de proteção – Cinderuby deu um passo à frente, mas logo sentiu-se tonta e foi aparada por Aurora antes que caísse no chão.

— Você vai entrar comigo aqui e usaremos esse castelo para nos proteger da chuva – disse pondo a mais velha de pé e encaminhando-se com ela para o interior do local.

  Mal sabiam elas que ao longe, atrás da primeira linha de pinheiros uma jovem as observava através do espelho mágico.

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— Aqui – disse a mais nova ajudando Cinderela a sentar em uma banqueta ­– A partir de agora eu usarei sua varinha e você ficará com a espada; pelo menos esta não deve lhe cansar tanto caso precise usa-la. – estendeu a lamina esperando que a outra fizesse a troca. Meio relutante, a mais velha aceitou ficar sem “seus” poderes durante algum tempo.

  Aurora pegou a varinha nas mãos como se segurasse a força mais poderosa do universo – o que provavelmente era verdade – e guardou-a em meio às suas vestes achando que estaria fazendo a melhor escolha.

— Vou explorar o lugar – disse indo para o lado oeste do castelo – Você fique ai que eu já volto.

  Algum tempo depois da princesa mais nova sumir em meio às cortinas Cinderela bufou indignada – Fique ai que eu já volto — imitou a voz da garota dez vezes mais fina – Hunf, como se eu precisasse de proteção.

  Levantou-se do banco e com a espada em mãos foi até uma das janelas quebradas e observou a tempestade que já encobrira o céu inteiro. Uma névoa azul sinistra pairava em volta do castelo enquanto relâmpagos amarelos atingiam todo o terreno em torno do palácio.

  Um raio estourou a pouco mais de cinco metros de distância arrepiando a pele de Cinderela que sentiu uma presença muito poderosa logo atrás de si.

— Acho que não foi uma boa ideia ter protegido esse castelo com magia, não acha? – perguntou uma voz vinda das sombras que fez a garota virar-se de frente para a escadaria onde uma moça que aparentava dezesseis anos apoiava-se sobre o corrimão – Mas sabe como é; uma princesa não podia se manter desprotegida. Principalmente quando seu marido é assassinado.

— Quem é você? O que quer comigo?! – perguntou a mulher erguendo a espada e se posicionando desajeitadamente como se fosse lutar.

— Com você? Ora minha querida, o que eu queria de você eu já consegui. Ou pensas que foi fácil sumir com o filho do assassino do meu marido? – disse balançando as mãos onde surgiu um par de sapatos e um cartão – Claro que eu tive que forjar algumas coisas, mas não foi tão difícil quanto pensei que seria – um sorriso sínico que se tornou uma marca registrada no decorrer dos anos brotou nos lábios da moça.

— Você... Você sequestrou Henry! Maldita! – avançou sobre a princesa de amarelo que sumiu em uma nuvem roxa reaparecendo atrás de Cinderela e derrubando-a com um chute.

— Calminha aí menina, eu já vou dar cabo de você – nisso o tapete que cobria os degraus se desfiou e voltou-se a amarrar em torno do pulso e das pernas de Cinderuby – Mas antes, eu quero a varinha! - e sumiu novamente em uma nuvem roxa.

  Em menos de segundos um grito ecoou pelo castelo fazendo Cinderela pensar alarmada: Aurora!

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  Há muito tempo, em um castelo distante dos outros reinos, um jovem príncipe egoísta fora amaldiçoado a tornar-se fera pela primeira seguidora de Lumus que tinha um coração corrompido. Uma rosa encantada fora entregue a ele para que nunca se esquecesse do que seus sentimentos ruins lhe causaram; e a cada pétala que caísse daquela flor seria mais um ano na forma de besta.

  Até que um dia – no último ano da rosa -, uma jovem donzela aparece em seu castelo em busca do pai desaparecido, e ao descobrir que ele fora feito de refém pelo príncipe monstro resolve propor um acordo: a moça trocaria de local com o pai, pois o idoso estava muito doente. O acordo foi fechado e a jovem Bela viu seu pai ser levado para longe de si até a aldeia mais próxima.

  O tempo corre levando o outono e trazendo o inverno, que chega a tona com um sentimento que antes não era visto nem na primavera mais colorida: o amor. Bela e Fera se enamoraram-se e quebraram o feitiço com um beijo antes que a rosa secasse. As pétalas já caídas dentro da cúpula de vidro onde guardavam a flor voltaram para o lugar de origem servindo como um amuleto para as pessoas que queriam encontrar o seu par perfeito.

  A flor ficou sobre vigilância dos próprios donos para que não fosse roubada; afinal, o príncipe podia ter se desvirado em besta, mas seus sentimentos rancorosos e duvidosos permaneciam consigo.

  Os meses passaram e o casal resolveu evoluir sua relação para um novo patamar: o casamento. Todos os reinos vizinhos foram convidados, mas um dia antes, na véspera da troca de alianças, algo aconteceu.

  Adam – o príncipe – estava fazendo sua caminhada matinal nos jardins como toda manhã comum. Saíra na direção de suas roseiras premiadas vendo como estavam os preparativos para as lembranças do casório.

— Então, Lumier – disse se aproximando de um de seus empregados – Como esta o andamento das pinturas?

Orra, orra meciê— disse com o sotaque herdado do Reino de Prata – Suas rosas brrancas estão ficando lindas com esse brrilho rosa por cima. Se fossem vermelhas irriam parrecer ainda mais com a flor que tens guardada em vosso quarto.

— Sim, sim – respondeu fitando as pétalas de flores que exalavam uma fragrância importada dos reinos do norte com partículas fuchsia flutuando no ar – Mas a ideia de Bela é essa; deixar com que as pessoas pensem ser uma rosa encantada que as fará ficar com o seu verdadeiro amor eternamente. – sorriu imaginando sua noiva naquele exato momento, com a cabeça enfiada nos livros a procura dos melhores modelos e cores para vestidos.

— A garrota Bela é muito crriativa, se me permite dizer – falou enquanto borrifava o perfume sobre as flores – Foi uma boa escolha que o senhor fez.

— Sim, eu sei – olhou para a janela da biblioteca que podia ser vista de onde estavam – Bem Lumier, já vou andando. Ainda tenho que ver como estão os estábulos para as carruagens que chegarão amanhã. Vejo você mais tarde.

— Ok, meu amo. Pode deixar comigo que tudo dará certo – com isso deu uma borrifada de colônia em seu rosto – Mas que diabos..! – esbravejou enquanto Adam se afastava rindo.

  O príncipe continuou sua caminhada lenta indo em direção aos estábulos. Sua verdadeira intenção na visita as flores e ao local dos cavalos era para testar suas antigas habilidades de Fera; ele acreditava que mesmo sendo humano outra vez, aquelas características teriam permanecido consigo durante todo o tempo, só estavam “enferrujadas” pela falta de uso.

  Continuou andando com a postura imponente que os membros da realeza esbanjam quando ouviu um som de um gatilho sendo puxado. Saltando para o chão, Adam conseguiu desviar no ultimo segundo de uma flecha que fora atirada em sua direção.

  Pôs-se de pé no modo de combate ala Fera. No mesmo instante viu como estava ridículo, pois aquilo só intimidaria se estivesse ainda como besta o que já não era seu caso. Uma risada ecoou em meio às árvores e de lá saiu a sombra de um grande homem com uma besta.

— Ora essa, se não é o monstro que roubou minha esposa – disse Gaston prepotente.

— Ela não era e nem nunca será sua mulher, Gaston – rosnou Adam – Bela fez sua escolha e não tem nada que você possa fazer para mudar isso!

— É o que veremos – disse o homenzarrão jogando a arma de lado e partindo para o ataque corpo a corpo com o príncipe.

  Ambos saíram rolando pelo chão desferindo socos e chutes um no outro. Agora sem a forma de Fera, Adam estava em desvantagem quando ficava por baixo, e assim que voltava a ficar por cima desferia mais golpes contra o menor. Pondo-se de pé, Adam começou a correr até os estábulos onde sabia que podia ter alguma vantagem. Um plano começava a brotar em sua mente.

— Não fuja covarde! – gritava Gaston que perdera tempo ao parar e pegar sua besta que nem para atrasar o outro servia.

  Adam entrou correndo nos estábulos e abriu a porta de uma das carruagens se escondendo atrás de um monte de feno a espera da entrada do outro.

  Gaston entrou no lugar que estava às escuras parando para ouvir tudo o que pudesse denunciar a posição de seu inimigo; ele permanecia inconsciente do plano do outro. No momento em que se pôs à frente da porta, Adam pulou em cima do mesmo o empurrando para dentro do veículo e logo depois trancando a porta para que o mesmo não saísse.

  Correu para as portinholas e as abriu, liberando a passagem para o cavalo que com um tapa no traseiro saiu em disparada na direção norte, adentrando na Floresta Encantada logo depois.

  Um enorme peso brotou na consciência de Adam, mas o mesmo deixou-a de lado convencido de que havia feito o correto.

  Pobre alma infortunada, mal sabia o que lhe aguardava.

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  Aurora passeou pelo castelo durante uns bons cinco minutos até que achou duas grandes portas de madeira. Abriu-as e maravilhada viu que ambas eram à entrada de uma grande biblioteca; adentrou-a.

  Seguiu até as estantes olhando cada livro a espera que encontrasse algo que lhes pudesse ajudar. Perdeu a concentração após a terceira prateleira, pois os títulos dos livros chamavam-lhe cada vez mais atenção. Eram histórias mirabolantes de terras distantes de Auradon. Contos que iam desde reis de lugares selvagens até sobre mulheres que iam à guerra sem ligar para o que seus superiores – no caso homens – fossem dizer a respeito.

  Eram tantas aventuras descritas nos livros que mal podia conter sua excitação. Resolveu então pegar cada título que lhe parecesse mais atraente e pôs-se a empilha-los em uma mesinha de centro para levar mais tarde.

  Por estar em uma busca, acreditou que cinco livros de histórias e três sobre a magia dos deuses seriam o suficiente. Pegou então os guia Magos de Lumus e a Magia Branca junto com Filhos de Nox e suas Sombras e também Os Seguidores do Author.

— Bibidi-Bóbidi-Bu – um pouco insegura invocou com a varinha uma cesta grande onde guardou seus livros. Mesmo com medo de usar magia, adaptou a alça do cesto para algo que pudesse carregar pendurado no ombro.

  Estava prestes a sair quando ouvi o baque de algo batendo no chão. Olhou para trás de si e viu que um livro havia caído de uma estante escondida nas sombras. Aproximou-se curiosa e agachou examinando a capa do mesmo, nela tinha as inscrições A Bela e a Fera e outros Originais.

  Ainda ajoelhada começou a folhear o livro vendo algumas imagens sobre um conto. Sua excitação voltou a crescer dentro de si e com um sorriso a princesa fechou a obra e se levantou com a mesma em mãos. Guardou-a no cesto e quando olhou para frente um grito brotou no fundo de sua garganta.

  Um par de olhos verdes a encarava na escuridão.

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Notas finais do capítulo

:3
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:3



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