Londres - 1878.

O barulho das espadas se chocando era ensurdecedor, Jem assistia ao duelo de Will e Sebastian com apreensão, Will e ele estavam tendo uma das conversas mais francas que já tiveram quando foram interrompidos por Sebastian. 

Will estava com muita gana para vingar a morte de Jace, então sem que Jem pudesse ter qualquer reação seu parabatai já havia desafiado o garoto para um duelo com espadas. Jem tinha uma sensação ruim quanto a isso, Sebastian estava se mostrando um exímio espadachim. 

 Sebastian atacava com fúria e movimentos precisos, mas Will também era hábil com a espada e se defendia com maestria, se não estivesse tão nervoso e preocupado com o parabatai, Jem com certeza ficaria encantado com tal luta, era o confronto de dois mestres na arte das espadas.

Will estava dividido entre o encantamento e a fúria, seu oponente era realmente muito bom, tinha um aperto firme na espada, ótimos reflexos e uma sutileza invejável, em dado momento Sebastian tentou um ataque pela lateral esquerda de Will, ele foi rápido mas não o suficiente para impedir que o loiro acertasse seu braço esquerdo. Will soltou uma exclamação de dor, mas logo retomou a sua posição de defesa, Sebastian atacava sem piedade, por todos os lados Will tentou um contra-ataque pela direita e foi bem sucedido, o grito de dor de Sebastian foi sua recompensa.

Jem estava cada vez mais apreensivo, queria interromper a luta e ajudar Will, mas este o fizera ficar de fora, os dois duelistas começaram a se rodear numa dança circular com espadas, hora ou outra podia se ouvir o som das espadas se chocando, mas Jem não conseguia ver com exatidão onde ou quando, pois os movimentos eram tão rápidos que não conseguia acompanhar.

Will sentiu uma fisgada na perna direita e com surpresa viu que a espada de Sebastian o havia acertado outra vez, torceu os lábios em frustração, se continuasse assim as coisas não iriam acabar nada bem para ele, tentou revidar mas foi bloqueado pelo outro, num movimento rápido Sebastian girou a espada e conseguiu acertar um corte de raspão no rosto de Wil, com um grito de dor e surpresa o caçador recuou tonto. 

Levando a mão ao rosto ensanguentado Will olhou para seu oponente raivoso. 

— Sabe, não vou gostar nadinha se isso ficar uma cicatriz. - Disse.

— Você me faz lembrar ele, mesmo humor sarcástico, mesmo auto confiança e ego insuportável. Mas também é tão bom quanto ele, tenho que admitir, nós fomos criados pelo mesmo pai, eu sei exatamente todos os golpes, todos os truques que ele tem. Você é bom, muito bom, mas eu sou melhor. - Disse Sebastian com um sorriso convencido nos lábios.

— Não faço ideia do que esteja falando. - Retrucou Will, mas no fundo ele sabia, sabia que era de Jace que Sebastian falava. Porém o que o deixa surpreso era com o quase afeto com que o outro falava, parecia que de certa forma ele sentisse a morte de Jace.

— Jace, meu irmão, é dele que estou falando, você se parece com ele, no jeito de agir. - Respondeu Sebastian.

Por um momento Will ficou em choque, Jace e Sebastian eram irmãos?! Aproveitando-se da distração do oponente Sebastian lançou-se contra ele num ataque impiedoso, a espada acertou o meio das costelas de Will que berrou de dor. Tropego o caçador sentiu a visão embaçar com a dor e perda de sangue, olhou para Sebastian e viu que este tinha um sorriso vitorioso nos lábios. Uma necessidade selvagem de arrancar aquele sorriso dos lábios do oponente, lhe tomou. Era como se ouvisse Jace em sua cabeça lhe dizendo para não deixar barato, que um Herondale nunca ficava sem uma resposta a altura.

— Estranho você dizer que foram criados pelo mesmo pai, afinal, Jace devia ter sido melhor já que este estava vivo e você apodrecendo no inferno. - Disse com um sorriso de lado.

O sorriso nos lábios de Sebastian morreu na hora, como Will havia imaginado, irado o loiro tentou outro ataque, mas ele estava preparado, com um pequeno passo para o lado e um girar de braços Will conseguiu desarmar Sebastian que o olhava pasmo. 

— C-como v-você conseguiu? - Gaguejou Sebastian. 

— Há uma coisa que você não sabe, Jace era bom, você disse, mas eu sou melhor e só pra constar eu também sou um Herondale e nós não deixamos que a morte de um dos nossos seja em vão!

Dizendo isso Will acertou a espada no pescoço de Sebastian, Jem viu pasmo a cabeça loira cair rolando no chão num baque seco. Levantou a cabeça para o parabatai e viu que este já caía de joelhos no chão. Correu para ampara-lo antes que Will caísse por completo. 

— Willian você está bem? 

— Acho que tenho um arranhão nas costela. - Disse Will fraco e com um fantasma de um sorriso nos lábios. 

Jem começou a rir de alívio ainda com o parabatai nos braços.

— Você é terrível Will! Nem o pobre garoto que comandava um exército de demônios foi páreo para você. - Disse Jem aliviado em ver que o parabatai estava vivo.

                                                  * * * 

 — Certo, mas me prometa que vai ser cuidadoso Alexander. 

— Prometo, mas você me prometa o mesmo, nada de bancar o heróis Magnus.

O bruxo sorriu e assentiu com a cabeça. 

— Ora ora, o que temos aqui?

Magnus e Alec olharam para frente e viram que Lilith os observava.

— Isso acaba de se complicar. - Sussurrou o bruxo.

Alec rapidamente preparou seu arco, enquanto Magnus fazia suas mãos brilharem em azul se colocando numa posição de ataque. 

— Acham mesmo que podem me derrotar? Um pequeno caçador e um mero feiticeiro? - Debochou Lilith.

— Você ficaria surpresa com o que podemos fazer. - Disse Magnus.

Porém era um blefe, ele sabia que não tinham chance alguma contra Lilith, sua maior preocupação no momento era tirar Alec dali. 

— Alec, vá atras dos outros, eles precisam de você. 

Alec o olhou irado. 

— Acha mesmo que vou ter deixar para atras? Que vou te deixar aqui para morrer? Se pensa isso, você não me conhece Magnus! 

— Só quero que fique bem. 

— Eu vou ficar, mas também quero que você fique bem. -  Retrucou o caçador.

— Lindo isso, mas estou sem tempo e entediada. 

Dizendo isso Lilith fez aparecer um chicote negro e com ele acertou o rosto de Alec, este soltou um sibilo de dor e surpresa, mas rapidamente voltando a posição de ataque. 

Um fogo azul brilhou nas mãos de Magnus, ele os disparou em direção a Lilith, mas essa simplesmente levantou a mão e uma força invisível pareceu absorver o ataque.

Magnus a olhou pasmo por um momento, se aproveitando do momento Lilith estalou os dedos e o bruxo voou por pelo menos oito metros, batendo com tudo numa das paredes que ainda queimavam. 

— Magnus! - Gritou Alec atirando uma de suas flechas em Lilith. 

Mais uma vez a mulher demônio se desviou com facilidade, Alec disparou mais duas flechas com uma terceira escondida praticamente na sombra da segunda, Lilith se desviou das duas primeiras mas não conseguiu perceber a terceira que lhe acertou bem no peito. 

A mulher olhou da flecha cavada em seu peito, para Alec com ódio no olhar. Como aquele reles caçador ousava lhe acertar? Irritada Lilith esticou suas mãos em direção a Alec, Magnus viu ainda caído, tonto e horrorizado, que as mãos outrora como de uma mulher normal, agora tinham garras enormes e afiadas, os olhos antes azuis estavam agora vermelhos, suas presas começaram a ficar expostas. Ela estava perdendo o controle, estavas deixando vir a tona sua verdadeira forma e Magnus temia que quando a transformação se completasse, ninguém conseguiria derrota-la.

— Vou mata-lo, pequeno caçador! 

Após dizer isso, lançou mãos em Alec, suas garras perfurando praticamente todo o corpo do rapaz. Alec sentia uma dor terrível no corpo, sentia seu sangue deixando seu corpo numa velocidade incrível.  Se sentia sufocar com o próprio sangue, sua visão estava ficando desfocada e ele sentia que perderia a consciência a qualquer minuto. 

— Alexander! - Gritou Magnus desesperado.

O bruxo correu até seu namorado e o segurou nos braços. 

— Alec, fique comigo. - Pediu.

— M-Magnus, lembre-se que eu te amo. 

Dizendo isso o garoto engasgou com o próprio sangue, para logo em seguida fechar os olhos. Magnus o abraçou  e sentiu as lagrimas correrem pelo rosto enquanto gritava o nome daquele que tanto o tinha conquistado.

 Uma onda de raiva que nunca havia sentido antes, invadiu Magnus, seu corpo começou a tremer e a emanar um brilho avermelhado, os olhos do bruxo, outrora de gatos, agora estavam vermelhos cor de sangue, Magnus estava fora de controle, não podia controlar suas próprias ações. 

Suas mãos criaram garras afiadas e suas presas cresceram, virou-se em direção a Lilith e a mulher pela primeira vez na vida soube o que era o medo, ela não conseguia acreditar no quão forte era esse bruxo, tudo bem que seu pai era o príncipe do inferno, mas mesmo assim era poder demais para um feiticeiro. 

As mãos de Magnus brilharam e ele lançou uma bola enorme de fogo vermelho em direção a Lilith, acertando em cheio a mulher. Esta soltou um grito de dor, impiedoso Magnus começou a soltar um ataque atras do outro, um brilho vermelho iluminava todo o local a cada novo ataque de Magnus, o bruxo estava fora de si, atacava sem piedade, Lilith não tinha tempo de revidar.

Magnus olhou mais uma vez para Alec caído e sentiu o ódio e a ira percorrem mais ainda seu corpo, ódio por aquela que ousara machucar a pessoa que mais amava no mundo, seu corpo brilhou mais ainda, uma bola de fogo vermelho maior que todas as anteriores brilhou em suas mãos, sem exitar o bruxo a mandou em direção a Lilith, uma explosão gigantesca e avermelhada tomou o lugar e a ultima coisa que o feiticeiro ouviu foi o grito inumando de Lilith, porém não deu atenção, correu até Alec e o pegou nos braços, implorando para que o caçador abrisse os olhos.

— E isso foi o que aconteceu. - Terminou de relatar com um suspiro. 

O bruxo estava assustado consigo mesmo, nunca antes perdera o controle dessa forma, sendo filho do príncipe dos infernos ele era mais poderoso que os outros feiticeiros, porém a ira e o ódio que o consumiram antes, assim como aquele poder gigantesco eram novidade para ele.

— Uau! Magnus você é incrível! - Exclamou Gideon.

— Você matou um demônio maior! - Disse Clary pasma.

Magnus não disse nada, apenas apertou Alec um pouco mais em seus braços. Alec correspondeu ao abraço ainda tonto.