Insurgent escrita por GG


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!



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Pouco antes do horário do jantar, Caleb bate apressadamente na porta do meu quarto provisório. Abro a porta e forço um sorriso tentando ser gentil com ele.

— É… — eu não sei o que dizer então digo a única coisa em que penso. — Boa noite, Caleb.

— Bo…boa noite, Lena. —  ele diz nervosamente enquanto eu o encaro atentamente. — É que eu queria saber se…se você quer fazer um passeio comigo nos pomares.

Eu sinto vontade de dizer "Ah, eu estou com dor na perna e preciso descansar. Mas quem sabe outro dia, não é?" mas eu não consigo dizer, eu faço o favor de dizer outra coisa.

— Mas é claro. —  eu minto descaradamente.

+++

A vantagem de aceitar é poder sair um pouco do confinamento do quarto e sentir essa brisa fresca no meu rosto mais uma vez.

— Então você também é Divergente? — Caleb indaga quebrando o silêncio do passeio, reprimo o desejo de fazer uma cara de irritação para ele e mordo os lábio inferiores como se estivesse pensando bastante.

— E realmente importa? — respondo-lhe irritadamente.

— Se não importasse você acha que eu perderia tempo lhe fazendo essa pergunta? — ele devolve-me mas não é em tom de grosseria, irritação ou indignação, é apenas sua curiosidade de sempre.

— Talvez a verdade seja que você não deva se meter nisso então. — digo automaticamente.

— Me desculpe, é que vocês são tão interessantes. — ele diz e eu franzo o cenho, mas que diabos ele está fazendo?

— Fala como se Divergentes fossem experimentos, ou então brinquedos. — digo soando indignada.

— É quase isso, é que são diferentes de tudo. Não se encaixam em lugar nenhum e…

— Na verdade é em mais de um. — eu o corto.

— Mas provavelmente isso faça com que se sintam parte de mais de uma coisa e ao mesmo tempo de nada. — ele diz e é verdade pois muitas vezes me senti distante de qualquer facção existente, contudo não vou simplesmente deixá-lo assim.

Você nunca saberá a resposta verdadeira, não é Divergente então não pode afirmar nada com tanta convicção.

— Para quais facções você foi indicada? — ele questiona como se não estivéssemos tendo uma maldita discussão.

— Cale a boca! —  eu praticamente grito e saio de perto de Caleb, acho que não aguento mais ficar perto dele, nem que seja por um minuto.

+++

Não sinto vontade de voltar para dentro mas também não sinto vontade de ficar perto de Caleb, ele é tão idiota que me irrita. Estou andando sem rumo quando escuto vozes conhecidas, escondo-me automaticamente, como uma criança que foge dos pais quando faz besteiras.

Desisto de ficar no meu quarto e saio para o pomar mais uma vez, o vento fresco me recompensa pela minha escolha, espero não encontrar Caleb por aqui. Vejo um movimento no meu campo de visão e vejo-os em frente ao pomar das maçãs: Johanna e Marcus.

Eu decido segui-los, talvez seja pura curiosidade mas pode ser algo importante. Eles caminham lado a lado e parecem estar no meio de uma conversa, param no jardim de ervas e eu me escondo atrás de uma macieira.

—  ... tenho estado confusa é com o momento do ataque, — diz Johanna — É só que Jeanine finalmente terminou de planejar, e agiu, ou houve um incidente de algum tipo?

Posso enxergar o rosto de Marcus Eaton através de um tronco de árvore, ele aperta os lábios firmemente.

— Hmm. — ele diz tentando manter-se calado em meio as divagações de Johanna Reyes, como se escondesse um segredo, e é exatamente o que ele está fazendo.

— Eu suponho que nós nunca saberemos. — Diz Johanna tentando fazer com que Marcus solte alguma pista para ela. — Nós saberemos?

— Não, talvez não. — diz Marcus tentando pôr fim ao assunto que tanto lhe deixa desconfortável.

Johanna pousa a mão no braço de Marcus cuidadosamente, e olha em sua direção como se encarasse um velho e bom amigo de longa data. É um ato de rendição, praticamente uma súplica silenciosa.

— Mas você sabe, — ela diz, eu posso sentir o leve tom acusador, não é uma pergunta, é uma afirmação simples. — Você sabe por que ela atacou naquele momento. Eu posso não ser mais da Sinceridade, mas ainda posso dizer quando alguém está escondendo a verdade de mim.

— A curiosidade é interesseira, Johanna.

— Minha facção confia em mim para aconselhá-los, e se você sabe informações tão cruciais como esta, é importante que eu também saiba para que possa dividir com eles. Tenho certeza que você pode entender, Marcus.

— Existe uma razão para você não saber todas as coisas que eu sei. Um longo tempo atrás, foram confiadas à Abnegação algumas informações delicadas — diz Marcus. — Jeanine nos atacou para roubá-las. E se eu não for cuidadoso, ela vai destruí-las, de modo que isso é tudo que eu posso dizer.

— Mas, certamente...

— Não, — diz Marcus friamente — Essa informação é muito mais importante do que você pode imaginar. A maioria dos líderes desta cidade arriscaram suas vidas para protegê-la de Jeanine e morreram, e eu não vou comprometê-la agora para saciar a sua curiosidade egoísta.

Posso perceber o silêncio de Johanna, ele dura alguns instantes.

— Eu sinto muito, — diz Johanna. — Eu devo ter feito alguma coisa para fazer você acreditar que não sou digna de confiança.

— A última vez que eu confiei em um representante de facção com estas informações, todos os meus amigos foram assassinados, — ele responde. — Eu não confio em mais ninguém.

— Para ter paz, nós devemos primeiro ter confiança, — diz Johanna. — Então eu espero que você mude de ideia. Lembre que eu sempre fui sua amiga, Marcus, mesmo quando você não tinha muitos.

Johanna se inclina e beija levemente sua bochecha, então vai para o final do pomar. Marcus fica por alguns segundos, aparentemente estupefato, e vai em direção do complexo.

Volto logo para o meu quarto, assim que tenho certeza de que é segura sair sem que seja notada. Deito em minha cama e a conversa passa várias vezes em minha mente como um filme repetido.

A maioria dos líderes desta cidade arriscaram suas vidas por ele.

Preciso descobrir, eu preciso saber, tenho que entender o que é tão importante para que a Abnegação dê sua vida e que faça com que a Erudição mate desenfreadamente.     


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