Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 79
Finalmente Conhecendo


Notas iniciais do capítulo

Alou, pessoas. To animada pra escrever esses dias, tem que aproveitar a chance ♥ Boa leitura.



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Depois do meu jantar com meus pais, eu me organizei para o dia seguinte. Já tinha algum tempo que eu não me pegava vasculhando meu armário, querendo achar uma roupa para um encontro. E aquilo me animava para meu passeio com Rosa. Sorri, finalmente indo dormir, pronta para o dia seguinte.

Abri os olhos de novo, ouvindo minha porta se abrindo. Alguns minutos já tinham se passado, pelo menos eu achava. Não conseguia ouvir meus pais mais, então eles já deviam ter se recolhido também.

— Evan? – Perguntei, mas a mão quente dele cobriu minha boca, enquanto pedia silêncio. – Como você entrou?

— Eu só esperei como você me pediu. – Sorri, sentindo a mão dele quem descia pelo meu pescoço e meu braço até segurar minha mão. – Eu nem podia esperar mais.

Evan me beijava, com força. Eu retribuía, até então nas nuvens. Vi alguns artigos de roupa sumindo da equação e no exato momento em que eu sentiria aquela sensação estranha…

Meu despertador.

Acordei, paralisada. Eu nem conseguia piscar, revivendo o sonho. Era estranho como eu tinha agido normalmente com a presença de Evan, mas o que fizemos depois...Bem, nada, nada era real, mas ainda me deixava com a consciência pesada. Finalmente tomei coragem para começar o dia, lavando o rosto umas dez vezes.

— O que...por que? – Eu falei para o espelho, como se meu subconsciente fosse me explicar a fonte daquele sonho. Tomei um banho, tentando tirar aquele peso de cima de mim. Ou de dentro.

Assim que eu sai do banho, Rosalya me mandou mensagem. Combinamos de nos encontrar no shopping e, depois que eu me enfiei no primeiro par de calças jeans e numa camiseta, eu tomei meu rumo para o ponto de ônibus.

— Bom dia, Anna.

— Oi, Iris, bom dia.

— Dando um passeio de manhã?

— É, combinei de fazer umas compras com a Rosa. Você?

— Vou comprar roupas de esporte com o Thomas. – Ela falou, sorridente. Só então eu percebi o garoto sentado no ponto de ônibus.

— Belo dia, Anna. Como vai?

— Ei, Thomas, não tinha te visto ai. Tudo bem e você?

Acabamos indo juntos para o shopping, mas me despedi dos dois assim que cheguei, dizendo que lancharia com eles mais tarde, se ainda estivessem por lá. Encontrei Rosa dentro de uma das lojas, olhando algumas camisetas.

— Ei, achei que tinha desistido. – Ela sorriu, devolvendo o cabide para a arara.

— Encontrei Iris e Thomas, estava combinando de lanchar com eles depois.

— Oh, vamos sim. Aliás, ela está bem? Sabe, depois da saída da Charlotte. – Rosa perguntou. Claro que depois que tudo tinha se resolvido, eu acabei explicando superficialmente o que tinha acontecido entre as duas.

— É, nossa boa e velha Iris está de volta. Claro que o emocional dela sempre vai ter essa marca, mas pelo menos agora ela consegue respirar. Eu só queria ter dado uma esculhambada a mais naquela garota.

— Você parece mais vingativa do que eu imaginava. Não que ela não merecesse. Depois do que eu ouvi, eu mesma queria esfregar a cara dela no asfalto. Bem, mudando de assunto, podemos começar em vestidos de verão? Estou louca atrás de um.

Assim que saímos da loja, Rosalya foi correndo ver a vitrine da loja de lingerie. Aquilo me lembrou da minha necessidade de roupas íntimas novas, mas ela estava encantada. Principalmente pelos modelitos mais sexies.

— Vamos sair daqui, eu não consigo me controlar.

— Isso é obsessão, Rosa. Eu ainda preciso voltar aqui, só para te lembrar.

— É um pouco, concordo. Bem, vamos logo. – E eu fui arrastada até outra loja. Andamos muito, olhamos algumas vitrines. Acabei comprando um par de brincos para Rosalya, já que ela não se decidia nunca sobre a bijuteria. E até então, não tinha nenhum vestido que a agradasse ainda.

Acabamos passando na loja de lingerie, não antes que Rosa me entregasse sua carteira. De acordo ela, era a única pessoa em quem ela podia confiar para a impedir de gastar. Ri, escolhendo uns três modelos com as alças reforçadas e um novo top. Ela não parecia muito feliz com os modelos simples, mas ela aceitou que sutiãs com reforços não costumam ser os mais bonitos.

— Bem, pronto? – Ela perguntou assim que saímos da loja. – É uma pena que eu não tenha achado nenhum vestido que eu gostasse.

— É, provavelmente ainda está muito cedo para a coleção nova. Voltamos quando sair.

— Oh, obrigada. E obrigada pelos brincos.

Finalmente concordamos em irmos lanchar, então mandei uma mensagem para Iris e fomos até a lanchonete. Os dois já estavam lá, nos esperando. Deixei a minha sacola no pé da mesa, ao lado da de Thomas.

— Conseguiram o que queriam?

— Sim, consegui quase tudo para minhas aulas de tênis. – Ele respondeu, simpático como sempre. Sorri.

— Eu não sabia que treinava. Você gosta?

— Eu adoro.

— E ele é ótimo, sempre vamos assisti-lo. – Iris completou, sorrindo pro irmão. Sorri, empolgada com a animação do garoto.

— É, eu entendo. Apesar de eu não participar em nada, eu adoro o boxe. Mesmo estando meio parada nos últimos tempos. – Confessei, me repreendendo um pouco. Eu realmente não deveria me deixar ficar sedentária tendo uma conta na academia.

Finalmente pedimos nossa comida e nos sentamos de novo. Bem, eu e Thomas só estávamos tomando um refrigerante, mas Rosa parecia uma criança com seu sorvete. Aliás, ela estava em êxtase com o tal sorvete.

— Eu amo sorvete de limão. – Ela falou mais uma vez, mas dessa vez teve uma resposta.

— Dá pra imaginar, com esse calor. – Evan. Ele estava acompanhado de Kentin, que parecia ter uma postura diferente da normal. Evan se abaixou perto do meu ouvido, apontando Rosa com o queixo. – Sua amiga é uma beldade.

— Eu tenho nome. – Rosa ficou irritada, e eu reparei em como ela descruzou suas pernas e tentou puxar a barra da sua saia sutilmente.

— E temperamento também.

— Evan, essa é a Rosalya, minha melhor amiga. – Falei rápido, tentando interromper aquele tom estranho na voz dela. Eu sentia um desconforto evidente com aquilo, para Rosa era dez vezes pior.

— Você precisa de mais algum amigo, Rosalya? – Ele literalmente tentou abraçar Rosa, que na mesma hora o empurrou, sem nem pensar.

— Não encosta em mim sem autorização.

— Evan, mesmo se a Rosa estivesse interessada em você e não tivesse um belo namorado, você ainda sairia como um otário por essa abordagem. – Falei, também sem pensar. Eu não ia deixar um cara que eu mal conhecia ficar segurando minha amiga, claramente desconfortável com a situação.

— Calma, Rosa, o Evan só te elogiou. – Kentin finalmente interviu, e pela primeira vez eu considerei socar o nariz dele.

— Sair segurando uma pessoa não é elogio, Kentin. – Ele resmungou em resposta, com um olhar que triplicou minha vontade de esmurrá-lo. Aquela cara fechada não era um Kentin que eu conhecia, pelo menos não com aquele contexto.

— Desculpem. Eu...não sei o que deu em mim. Desculpa. Eu fui um idiota.

— Vamos, Evan. Elas gostam é de um carinha mais novo, por assim dizer. – Eu nem soube reagir com o comentário de Kentin. Foi Iris quem tentou jogar um guardanapo nele, defendendo o irmão. Os dois foram embora, sem nem olhar para a gente mais.

— Tudo bem, Rosa? – Perguntei, ao que ela deu de ombros, ajeitando os cabelos e a roupa no corpo. Thomas suspirou.

— Eles parecem ser um poço de inteligência. – O sarcasmo não foi suficiente para me fazer rir, mas era sempre ver um garoto daqueles ser mais sensato do que dois marmanjos.

— Eu conheci o Evan há pouco tempo, mas ele sempre foi um cara tranquilo comigo. E respeitoso também. Agora, que diabos foi aquilo com o Kentin? Porque eu não conheço aquele sujeito que estava aqui agora.

— Ainda bem que eu já tinha acabado de comer, porque eu perdi o apetite depois disso. – Iris resmungou, cruzando os braços. Rosalya concordou, jogando o resto da sua casquinha fora.

Os dois irmãos ruivos se despediram, e eu estava pronta para ir embora também, até ver Rosalya ainda incomodada. Segurei sua mão, sorrindo fraco.

— Tem certeza de que está bem?

— Não foi agradável, mas eu vou ficar bem. Ainda bem que você estava aqui, eu estava pronta para dar um tapa naquele garoto.

— Se eu soubesse eu teria deixado. E eu teria dando um soco bem dado no nariz do Kentin. – Resmunguei, ao que ela deu uma risadinha. Finalmente nos despedimos, e eu tomei meu rumo para meu próximo encontro. Um belo cavalheiro interessado em moda vitoriana e música.

Entrei no ônibus, revivendo nossa última hora. O comportamento daqueles dois tinha sido deplorável. Era como se além de tudo os dois estivessem tramando algo. Suspirei. Aquele Kentin era diferente do garoto que eu conheci um dia. E Evan, tentando se desculpar como se ele tivesse sido possuído quando agarrou Rosalya, simplesmente me deixava nervosa.

Cheguei com alguns minutos a mais até encontrar Lysandre, então aproveitei e caminhei um pouco para espairecer. Não queria que aquilo arruinasse um dos raros momentos que eu passaria com meu namorado a sós.

Não fiquei feliz em encontrar Ambre, ainda mais no fim de semana. Ela estava ainda mais arrumada que o costumeiro, com saltos altos e roupas justas, além da maquiagem marcante e o perfume doce. Ela resmungou algo sobre não ter tempo para mim e estar indo para seu casting. Desejei boa sorte, sabe-se lá por qual motivo, e voltei a andar.

Assim que virei a esquina para entrar na rua das lojas, encontrei Priya. Ela usava uma das suas camisas coloridas e as calças bordadas de sempre, com uma expressão leve no rosto. Ela sorriu para mim.

— Ei, Priya. Dando uma volta?

— Pode-se dizer que sim.

— Esperando alguém?

— A senhorita está bem indiscreta.

— Desculpa, só não queria ficar te segurando ou te atrapalhar.

— Relaxa, é brincadeira. – Soltei o ar. Priya ainda conseguia me pegar com essas brincadeiras dela. – Eu tenho tipo um encontro.

— Ah, legal. Espero que corra bem. Vou indo. – Ela sorriu de novo, e eu reparei em quão relaxada ela estava com a situação. Eu ainda sentia meu estômago afundar de ansiedade para encontrar Lysandre, e já estávamos juntos.

Andei mais um pouco, até ver Lysandre olhando uma vitrine de uma loja de cds. Sorri, segurando sua mão. Ele tomou um breve susto, mas logo sorriu também. Depois de um beijo rápido, ele finalmente me levou na tal loja de discos. Era um lugar minúsculo, com caixas e mais caixas cheias de vinis. E tinha uma atendente com um avental preto, na mesma cor dos seus óculos, e um dos sorrisos mais bonitos que eu já vi.

— Ei, Lysandre, você de novo. E acompanhado, como posso notar. Quem é?

— Ah, essa é a Anna. Ela é minha namorada.

— Oi, é um prazer. – Falei sorrindo, ao que ela sorriu em resposta.

— Vou deixar vocês a vontade. – E voltou para seu lugar no balcão. Lys me arrastou para o fundo da loja, sorrindo.

— Ela parece muito legal.

— A Olivia? É, ela é ótima. Ela me ajudou muito quando meu pai adoeceu.

— Ela sempre teve a deficiência? Ou foi doença?

— Doença. Começou quando ela era criança. De todo jeito, eu venho muito aqui, então acabamos nos conhecendo. Eu adoro esse lugar.

Eu com certeza tinha notado aquilo. Não tinha cinco minutos que estávamos ali, e ele parecia nem saber por onde começar de tão empolgado. Sorri, olhando alguns vinis nas caixas.

— Eu gosto de estar no meio desse monte de discos, vários de grupos que já nem existem mais, outros que até hoje se sustentam. É como um jardim secreto.

— Com certeza se parece muito com você. É calmo e quieto, mas não deixa de ser fascinante.

— Você é adorável, sabia? – Lysandre parecia envergonhado com os elogios, o que me fez alargar o sorriso. Era bom ser quem afetava alguma vez. – De toda forma, é um lugar onde eu me sinto bem. A Olivia me deixa usar o toca-discos. Escolhe um.

— Eu? – Ele concordou, sorridente. Concordei, analisando as caixas. Eu tinha muitas opções. Muitas mesmo. – Okay, vejamos.

Tinha todo tipo de disco ali. Música de todos os países imagináveis, todos os estilos, divididos em diversas categorias. Ponderei escolher um disco do Radiohead, já que eu sabia que Lysandre gostava do estilo, mas acabei olhando uma outra caixa de rock e não me contive.

— Ah, esse. – Estiquei o disco para ele, que sorriu com minha empolgação.

— Elvis Presley?

— É um dos meus artistas favoritos. Provavelmente o favorito. E é o “Love collection” – Sorri, dando de ombros. – Eu sei que você preferiria o do Radiohead, mas esse disco é tudo para mim.

— Bom, Radiohead é um dos meus grupos favoritos, mas eu criei um interesse em Elvis depois de uma certa aula. – Ele sorriu, pegando o disco da minha mão. Lembrava da nossa apresentação de Now or Never, que eu sabia estar nesse disco. – Eu gosto dessa troca de gostos entre nós.

Now or Never era a primeira faixa do disco, o que nos fez sorrir mais uma vez um pro outro. Ele me puxou com carinho, quase ao ritmo da música, até um sofá ali do lado. Estávamos sentados, abraçados um ao outro, simplesmente ouvindo um disco de vinil de Elvis Presley em uma loja no sábado a tarde. Os dedos dele deslizando suavemente sobre meu ombro, por baixo da gola da camiseta, relaxava meu corpo e me prendia ali com ele.

Ouvimos todo o disco, a maior parte do tempo em silêncio. Simplesmente não era necessário dizer nada. Por fim, na hora de ir embora, agradeci pelas horas com ele e ele sorriu, me dando mais um abraço.

— Estou feliz que tenha descoberto esse lugar comigo. Pode contar comigo sempre. O prazer foi todo meu. – Com um último beijo carinhoso, ele me soltou. – Avise quando chegar em casa.

Sorri e tomei meu rumo, sabendo que ele só iria depois que eu sumisse do seu campo de visão. Não estava tarde ainda, mas eu preferi chegar em casa logo e descansar. Eu queria acabar meu dia com aquela sensação confortável da pele dele na minha e o calor no meu coração. Disse pros meus pais que minha cabeça doía e subi direto pro quarto.

Depois de um domingo na companhia dos meus pais, sem grandes eventos, a segunda chegou e eu tive de voltar para a escola. Pelo menos não teríamos mais educação sexual, tudo voltaria ao normal.

Eu estava meio destrambelhada, tentando andar e conferir meu horário ao mesmo tempo, quando os gêmeos me interceptaram. E os dois pareciam péssimos.

— Oi gente, o que foi?

— A gente queria te contar sobre...bom, nosso sábado. – Alexy falava um pouco mais cabisbaixo, mas Armin estava irritado.

— Foi péssimo, horrível. Aliás, tinha que melhorar pra essas palavras servirem.

— Bem, foi mesmo. – Armin resmungou, mas Alexy retomou a narrativa. – Bem, ele nos levou até a tal Moondance, a boate, mas ele esqueceu de mencionar o detalhe de que era proibido para menores.

— Vocês foram barrados? – Finalmente consegui me organizar e prestar total atenção aos dois.

— Não, tivemos que nos passar por maiores e entrar escondidos. – Armin estava quase gritando, mas ainda se controlava. – Até que foi engraçado ver o Alexy, parecia que ele estava indo roubar um banco.

— A minha ficha criminal ainda é limpa, me dá licença. – Ele resmungou em resposta. – É claro que eu fico desconfortável, continua sendo ilegal. E você também estava.

— É claro, aquele lugar era péssimo. Uma música alta demais e sem nenhum conteúdo, e um monte de bêbados por todo lado, agindo igual zumbis.

— É uma pena que vocês tenham detestado assim. – Falei, realmente chateada pelos dois. – E Kentin e Evan, como estavam?

— Ah, no paraíso, ou perto disso. – Armin resmungou.

— O que aconteceu?

— Bem, a gente descobriu um lado deles que a gente não conhecia. – Alexy parecia encabulado, mas Armin estava pronto para jogar os dois na fogueira.

— Em resumo, eles agiram igual dois babacas, isso sim.

— Bem, era a diversão deles, eu imagino. O Evan ficava procurando confusão com qualquer um, sabe? Parece que pra se provar machão, e o Kentin só ria e intervinha quando o Evan precisava de ajuda.

Suspirei, e os dois me copiaram. Era difícil acreditar naquele Kentin, mas eu tinha presenciado algo parecido antes deles, inclusive. Cruzei os braços, pensando em voz alta.

— Esse cara é uma péssima influência pro Kentin.

— Sim. Eu não imaginava que o Evan era o tipo de homem que precisa reafirmar sua virilidade a cada cinco segundos, mas eu não o conhecia direito, mas o Kentin?

— Bom, na verdade… – Eu decidi contar para os dois o incidente do shopping. Armin parecia pronto para dar um soco em alguém, mas Alexy só ficou mais desanimado.

— A gente não tem coragem de falar com ele, sabe? Acabamos de nos reencontrar, por assim dizer, não queremos perder essa oportunidade. Já o Kentin sempre se importa com sua opinião. Poderia falar com ele? – Alexy estava quase implorando.

— Eu posso tentar, mas ele anda bem frio comigo desde que descobriu do meu namoro com o Lys.

— Ainda assim, ele sempre leva sua opinião em conta. Não custa tentar, não é?

— Ok, eu vou tentar, mas sem promessas. Espero que ele ouça.

— Obrigada, meu bem. Nos deixe por dentro da situação. – Os dois me deram um beijo na bochecha ao mesmo tempo e eu ouvi alguns risinhos pelo corredor. Inclusive o de Lysandre. Os dois se afastaram e eu o cumprimentei com um beijo rápido.

— Tudo bem?

— É, por hora sim. Você sabe onde o Kentin está?

— Não o vi desde que cheguei, e já tem alguns minutos.

— Droga. – Resmunguei e ele pareceu ficar preocupado com a reação, porque logo em seguida me deu um abraço e me perguntou se estava tudo bem. – Está, obrigada por perguntar.

— Imagina. Vai procurá-lo?

— Vou tentar. Te vejo mais tarde.

Tive que sair olhando por todas as salas e corredores, além de perguntar para todos. Finalmente vi Nathaniel na escadaria, organizando suas coisas, e aproveitei a chance.

— Bom dia, meu raio de sol. – Ele riu antes mesmo de me olhar. – Alguma chance de você ter visto o Kentin?

— Não, não o vi desde que cheguei, minha linda. Por quê?

— Nath, o que essa garota está fazendo aqui? – Ambre. Desde a saída do irmão de casa, Ambre se mostrava mais e mais carente de atenção.

— Bom, vou continuar procurando, preciso falar com ele. Obrigada, Nath. – Dei um beijinho rápido na bochecha dele e saí, sem nem olhar na direção da irmã dele. Ouvi ele falar boa sorte antes que eu sumisse no andar de cima.

Encontrar Castiel não era meu plano, mas ele percebeu que eu estava procurando alguém. E como sempre, ele não conseguiu guardar a piadinha para si mesmo.

— Você não se cansa de ficar procurando problema?

— Meu lado Mulher Maravilha não deixa.

— E você pelo menos tem a fantasia? Porque ai eu até poderia me interessar.

— Ha ha. Você viu o Kentin?

— O comando em ação não passou por aqui. Por quê?

— Preciso falar com ele. Obrigada, Castiel.

Perguntei pela escola inteira, mas nada. Vi Alexy conversando com Rosa, imaginando que eles estavam discutindo os dois garotos problemáticos da hora. E depois de não encontrá-lo fui para a sala. Sentei com Alexy e repassei o relatório. Ele não estava na escola hoje.

— Eu estou preocupado com ele.

— Eu também, Al. Kentin não tem nada a ver com esse personagem que ele está tentando ser pro Evan.

— Essa história deles de “irmãos de armas” poderia ser sexy se não fosse tão preocupante. Kentin tem que ser delicado também para me conquistar. – Eu ri com ele, baixinho. Eu sabia que era brincadeira, mas que Alexy também nunca negou sua quedinha por Kentin.

— Anna, já é a segunda vez que você fica com a cabeça longe durante as aulas. Não me faça ir até a diretora, sim? – Faraize falou, a ponta de irritação evidente. Eu imaginava que era cansativo ser ignorado sempre. Pedi desculpas e ele retomou a aula.

Quando o sinal tocou, a sala ficou vazia de uma só vez. Tomei meu tempo para juntar minhas coisas antes de sair. Faraize se aproximou da carteira. Engoli em seco.

— Senhorita, peço desculpas. Sabe que não me satisfaço em chamar a atenção de vocês na frente da turma, mas eu preciso constatar que você anda bastante dispersa. Está tudo bem?

— Oh, professor, me desculpe. Eu acho que estou pensando demais sobre a vida, sabe? Desde que eu entrei na escola, as coisas foram bem agitadas, e agora na reta final…

— Entendo, é um momento importante. Você já pensou no que quer fazer?

— Bem, eu pondero fazer engenharia por anos, mas já não estou mais tão certa. Eu gosto muito de literatura, da escrita como arte…

— Sei que é uma situação de tirar o sono, mas não se preocupe tanto. Escolher uma carreira não é algo definitivo. Se precisar de ajuda, ficarei feliz em ajudar.

— Muito obrigada, senhor. Peço desculpas por te atrapalhar em sala.

Eu tinha usado a faculdade como pretexto, mas a dúvida realmente apareceu. Eu guardei minhas coisas no armário e fui para a cantina, finalmente sentindo a fome que fazia meu estômago rugir.

Lysandre me viu entrando e me convidou para almoçar com ele. Concordei e depois de me servir, relatei para ele os momentos desagradáveis que Evan e Kentin vinham proporcionando. Ele ouvia, quieto.

— Deveras, brigar com estranhos não é a ideia mais brilhante do século. Muito menos abordar minha cunhada assim. Ainda mais porque Rosa é mais perigosa do que todos os desconhecidos daquela boate.

— Isso é um fato. Esse cara é um imbecil.

— E você acha que é uma boa ideia você procurar Kentin? Ele parece não ter digerido ainda nos ver juntos, ele pode acabar levando a mau.

— Eu não sei. Eu conheço o Kentin a mais tempo que todo mundo, ele só veio parar aqui por minha causa. Eu espero que ele seja receptivo, nem que seja pouco.

— É muito legal da sua parte se preocupar assim com ele. É preocupante o Evan aliciar um menor para esses joguinhos dele.

— Eu sempre fui a guarda costas do Kentin, não é porque ele cresceu que isso parou. Agora, Evan...Ele pareceu ser legal no nosso primeiro encontro. Ele estava mesmo emocionado por conhecer os gêmeos, dava pra ver. Só que as atitudes dele são ridículas. – Dei de ombros, lembrando da desculpa esfarrapada dele no shopping. Não deixei o assunto dominar nosso almoço e decidi falar sobre nosso passeio de sábado. Ainda tínhamos mais aulas para encarar, era melhor fazer isso com uma leveza a mais.

 


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