Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 14
A Volta Dos Que Foram


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas :) Então, alguém ouviu minhas preces e me deixou comentários hehehe Vocês deviam se inspirar com a pessoa maravilhosa, Trollface, e me deixarem recadinhos também *-* Amo vocês, bjs :3



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  Não dava mais para fugir. Eu ia acabar enlouquecendo daquele jeito. Eu tinha começado a armar meu despertador para tocar mais cedo, assim eu saia de casa sem ver minha mãe e ficava treinando até mais tarde para voltar quando ela estivesse ocupada.

  Naquele dia em especial, o único que tinha parado de falar daquilo comigo era Armin. No início ele mal falava com qualquer um, mas um dia eu o ajudei a vencer um chefão no seu jogo e só faltou ele me pedir em casamento.

  Ele estava dentro da sala de aula durante o almoço, concentrado no video game. Tanto que nem me viu entrando e ficando parada atrás dele. Só quando eu respirei fundo.

  – Oh, ei. Gostando da perfomance de mestre?

  – É, estou surpresa. – Dei um sorriso fraco, olhando ao longe. Ele desligou o jogo depois de salvar sue progresso e tirou os pés de cima da mesa. Me sentei no tampo agora vazio, em silêncio.

  – Alexy continua te irritando com o baile?

  – Todo mundo. Até minha mãe não para de falar. – Deitei as costas na mesa, deixando o cabelo cair numa cortina para fora da madeira. Armin apoiou o queixo ao lado do meu rosto na mesa. – Menos você.

  – Hum, é o sonho de toda menina, mas se você não quer, não quis. Não sei pra que tanto escândalo.

  – Eu até gostaria, antigamente...mas agora eu não me vejo mais dançando com um par.

  – Hum, nem fale nisso. E na frente de um monte de gente.

  – Só...não seria como eu sonhava.

  – Bom, devia falar de uma vez com sua mãe e fim.

  – É. Armin, não parece, mas você é sensato. Ou prático. – Sorri para ele, pegando o PSP de suas mãos. – Vejamos...

  Passar um tempo com o gêmeo alienado era bom para o humor. Até quando ele falava sem pensar era divertido. Pelo menos eu consegui não pensar naquela droga de festa por um momento.

  Depois do horário de almoço, eu prestei atenção em todas as aulas. O exercício de concentração que eu estava me impondo. No último horário, os garotos iam ter uma partida de basquete pontuada. Só meninos.

  – Eu queria ir. – Comentei com Nathaniel, mas ele nem olhou para mim direito quando me respondeu.

  – Não pode. – Ele estava estranho. Não perguntei o que era porque sabia que ele ia falar que não era, mas fiquei incomodada. – Licença.

  – Tchau. Nossa. – Sai do grêmio, quase esbarrando numa Rosalya distraída ao telefone. – Opa.

  – Já cansou de me evitar? Não vou mais falar nada. – Ela bloqueou o celular e o guardou na bolsa. Sorri, sem graça. Claro que eu imaginei que ela ia notar, mas não achei que fosse ouvir tão diretamente. – Que foi?

  – Nathaniel estava estranho. Começou depois do almoço, e eu nem sei o que aconteceu.

  – Não deve ser sério, certo? Vai ver o jogo? Começa em meia hora.

  – Nem sei se eu quero. Você vai? – Estranhei, já que ela não gostava muito de esportes.

  – Vou, Lys-fofo vai jogar. Aliás, eu já devia ter ido. Queria tirar uma foto dele de uniforme.

  – Vendendo fotos de novo?

  – É um negócio lucrativo. Eu vou indo, você vem?

  A ideia imbecil surgiu. Não foi nenhuma palavra específica que a desencadeou, só apareceu feito um desenho na minha cabeça. Concordei em acompanhá-la, ainda bolando o plano. Eu ia ver aquela tatuagem bem cedo. Certeza.

  Rosalya se sentou na arquibancada não muito cheia. Eu deixei a mochila ao seu lado e disse que ia ao banheiro. O ginásio tinha um banheiro e, adivinhe só, era bem ao lado do vestiário masculino.

  Normalmente eu não faria aquilo, mas como eu parecia que não estava pensando direito. Depois de trilhar um caminho, fui sorrateira até um armário destrancado e me fechei lá dentro.

  Lysandre entrou no cômodo com Castiel, o guitarrista sem a camisa. E Lysandre já de uniforme. Que merda. Esforço à toa. E agora eu tinha que esperar para poder sair dali. Nathaniel apareceu na porta, esperando Castiel sair para ir ao próprio armário.

  Meus dedos gelaram quando, agora sozinho no vestiário, Nathaniel tirou a camiseta e foi vestir a blusa do time. O que acontecera? Não sei se foi automático ou não, mas a porta do armário se abriu para que eu saísse e esperasse Nathaniel se explicar.

  – Anna? O que você estava fazendo?

  – Nathaniel, o que te aconteceu?

  – Anna, sai daqui, agora!

  – Não vou sair até me dizer que marcas são essas. – E eu falei tão séria que ele sabia que eu não me mexeria um milímetro que fosse. Ele suspirou e vestiu a camiseta.

  – Esquece isso, por favor.

  – Só me deixa saber.

  – Anna, não me força a te colocar em problema. Eu estou te pedindo, esquece disso.

  – Vou sair porque vão estranhar se você demorar. – Ele estava evitando olhar para mim. – Mas vai ter quer me contar depois.

  Deixei o vestiário depois de checar se ninguém ia me ver e voltei para meu lugar ao lado da Rosa. Ela ficou irritada com minha demora, mas eu disse que tinha me distraído com Nathaniel na porta.

  – Então, ele voltou ao normal?

  – É, ele só estava meio distraído. – Sorri, abraçando a mochila e observando o início do jogo.

  Eu sai correndo atrás dele depois que me despedi de Rosa. Ele nem tentava fugir, só parou na entrada do parque e ficou de costas, me esperando alcançá-lo.

  – Decidiu falar? – Perguntei, caminhando na direção da academia. Ele me seguiu, calado. Só quando já estávamos sentados na beira do ringue ele começou a me responder, olhando para o chão.

  – Aquelas marcas, elas...

  – Quem fez isso? – Questionei, encarando-o. Ele respirou fundo, hesitando na resposta. – Prometo não contar nada para ninguém. Só estou preocupada.

  – Foi sem querer.

  – O que?

  – Eu te conheço. Não vai querer guardar esse. Desculpa. – Ele sorriu para mim, sem graça. Quis berrar com ele e mandar ele desembuchar, mas eu não precisava muito. Eu imaginava o que podia ser.

  – Foi em casa, não é? – Ele ficou calado, sem concordar. E sem negar. Deixei a pergunta no ar, suspirando. – Não vou me esquecer disso e você sabe. Vem, vamos treinar.

  Nunca vi Nathaniel olhar para ninguém com tanta gratidão. Fiz um esforço para sorrir para ele e deixar a questão de lado. Ele aproveitou a chance para desviar o assunto.

  – Então, o que exatamente você estava fazendo no vestiário masculino?

  – Ah, eu...eu fui tentar ver a tatuagem nas costas do Lysandre. – Ele me olhou, esperando eu contar outra desculpa. – É sério. Olha, esquece isso. Vem.

  Ele riu e subiu no ringue comigo, respirando fundo. Apesar do esforço anterior no jogo, ele estava bem empolgado para socar e chutar, descarregar as preocupações.

  Eu só estava meio distraída, mas ficava feliz em ajudá-lo. Fui embora sabendo que, pelo menos por agora, a situação estaria sob controle.

  Na manhã seguinte, depois de uma noite mal dormida rabiscando frases soltas num caderno velho, eu continuava com as marcas roxas queimadas na minha memória.

  Eu estava tão desesperada por uma confirmação que eu cheguei a considerar tentar abordar o assunto com Ambre. Não cedi à tentação. Promessa era dívida e eu prometera a Nathaniel.

  O dia tinha acabado quando eu vi a cena mais horrenda da minha vida. Eu achava que zoofilia era mito, até ver um cara beijando a vaca, vulgo Ambre. Empaquei no meio do corredor vazio, piscando.

  – Um dia você consegue, querida. – Ela debochou de mim, soltando o doido com ela.

  – Você já teve prova que eu consigo mesmo. – Respondi, esfregando Dake na cara dela. Ela fez a egípcia e se virou para o menino. – Quem é o lunático?

  – Ótima pergunta. Qual seu nome? – Ela nem se deu ao trabalho de perguntar o nome do sujeito. Gente, ela era alucinada. O menino deu uma risada seca e ficou fitando-a, sério.

  – Você é mais burra do que parece. – Ai, que coice. Sorri, mas tentei disfarçar. – E beija mal também.

  – Com licença?

  – É Ambre, você não é nem metade do que você achava que era. E aliás, vai ser ótimo te ver rastejando por mim.

  Só faltava a pipoca. Ele meteu a mão na bolsa dela e tirou o celular de lá, um aparelho novo. Sorriu, olhou o próprio reflexo e, dando um sorriso torto, arremessou o celular na parede.

  Abri a boca, chocada. Ambre estava vermelha até no cabelo, quase pegando fogo. O menino olhou bem na cara dela e sorriu, respondendo a curiosidade de nós duas.

  – Kentin. – Fiquei estática, ainda chocada demais para reagir. – Deve se lembrar do menino de óculos fundo de garrafa. Foi um desprazer te rever. Oi, Anna. Tudo bem?

  Ele passou por mim, com um sorriso genuíno e foi para o pátio. Eu comecei a rir da expressão de desespero de Ambre para seu celular. Um Iphone novinho. Ai, que sofrimento. Ainda rindo, fui embora.

  Kentin tinha saído do colégio, assobiando. Corri atrás dele, finalmente entendendo o que estava acontecendo. Kentin tinha voltado. Maior, mais bonito, ao que parecia mais confiante. Sorri para ele.

  – Nossa. – Ele sorriu de volta, bagunçando o cabelo. Dei um abraço nele, retribuído com força. – Que saudade. Você mudou bastante. Fico feliz de te ver.

  – É, eu também. Como andam as coisas?

  – Ah, nada de muito espetacular. Quer dizer, alguns novatos, nada muito sério. – Dei de ombros. – Você voltou?

  – Ainda não. Preciso de mais um tempo para a transferência sair. – Ele murmurou, colocando as mãos nos bolsos. – Mas estarei de volta logo. Mais ou menos uma semana.

  – Legal. Vai ser bom te ter de volta. – Sorri mais uma vez. – Bom, eu vou embora. Tchau.

  – Ei, sentiu mesmo minha falta?

  – É. Bom, eu olhava o ursinho e pensava como você estava. Ai eu me convencia de que você estava bem e passava. – Dei de ombros. – Estou feliz que tenha voltado. Tchau.

  Ele acenou, satisfeito. Sorri e fui para casa. Dormi a tarde toda. Não era muito costume meu dormir assim, mas até que não foi ruim. Acordei com minha mãe, rindo da minha cara amassada.

  – Bem vinda de volta, bela adormecida. Vem jantar. Eu trouxe sushi.

  Ela sabia minha paixão por comida japonesa. Empurrei as cobertas e calcei as pantufas, descendo atrás dela. Meu pai me deu um beijo na testa, puxando a cadeira para mim.

  – Filha, sobre a festa...

  – Mãe, quer saber de uma coisa? – Segurei o sushi na frente da boca, respirando fundo. – Eu aceito participar. Pode me incluir.

  – De verdade? – Ela me olhava, chocada. Confirmei, quase deixando-a roxa de alegria. Se eu soubesse que ela ficaria tão feliz, teria aceitado há tempos. Sorri.

  – Pode me colocar lá no meio.

  – Então, eu meio que já tinha confirmado. – Olhei para ela, abismada. Ela riu, me dando um abraço. Sorri, soltando os hashis sobre o prato. – Você vai ficar linda! Vou procurar uns vestidos, para começar. E ver quando começam as reuniões.

  – Tudo bem, já me meti no buraco mesmo. – Meu pai riu do meu suposto arrependimento, mas ela continuou a ditar a lista de afazeres. Terminei de comer e ajudei meu pai a tirar a mesa, me prontificando para lavar a louça.

  No dia seguinte, quando cheguei na escola, Peggy estava logo na entrada, esperando eu chegar. Franzi o cenho, esperando a bomba.

  – Lembra da pasta secreta que eu falei? – Concordei. A que os professores tinham trancado a sete chaves, para ela não achar. – Eu descobri. Uma corrida de orientação para angariar fundos. Vou falar para todas no almoço. O que achou?

  – Da notícia ou da sua habilidade sobrenatural de espionagem?

  – Dos dois, claro.

  – Acho bem legal, ambos. – Comentei, pegando meu material. Ela sorriu, triunfante e foi embora. Na hora do almoço ela realmente soltou a notícia, pedindo sigilo. Como se ela não fosse espalhar para todos.

  A diretora passou anunciando o evento no fim das aulas. Tínhamos que levar uma autorização e entregar assinada para Faraize até a quinta feira. A tal corrida aconteceria na sexta. Seria em duplas, formadas previamente e informadas a Boris.

  Meu primeiro impulso seria convidar Nathaniel, mas as meninas estavam planejando deixar Melody com ele. E não ia ser eu quem ia atrapalhar. Alexy e Armin falaram que iam conseguir dispensar e Rosalya entrou no esquema. Como já estava todo mundo junto, minha chance era perguntar alguém de fora. Ou seja, Lysandre. Sinalizei para ele dentro de sala, pedindo para ele esperar.

  – Anna, o que foi? – Ele perguntou, tranquilo como sempre. Falei um oi e pedi, meio desengonçada.

  – Hum, é que digamos que eu estava pensando em te pedir para formar dupla comigo. Se você quiser, óbvio. – Completei, fazendo-o sorrir.

  – Claro, não vejo um motivo para negar. Eu falo com Boris?

  – Pode deixar, eu aviso. – Lysandre tinha vários apelidos. Castiel o chamava de velho não só pelo cabelo branco, também pela memória, digamos, pouco confiável. – Ok, obrigada.

  – Por nada. Vai ser bom te ver em outros ambientes. – Ele sorriu. Eu não entendi muito bem, mas sorri também. Guardei minha autorização e me despedi, indo direto para casa.

  Meu pai assinou para mim a autorização, mas minha mãe quase o matou no escritório dela. Da janela do meu quarto dava para ouvir a discussão.

  – Pode ser perigoso, Phillipe. E se ela se machuca? E se acontece algo?

  – Ela está com a escola, Lucia. E outra, até quando acha que podemos deixá-la presa no quarto, fingindo que aquela pintura é o mundo real? Querida, ela vai ficar bem.

  – É bom mesmo. Sabe que eu não...

  – Eu também não. Calma. – Fechei a janela e fui dormir, depois de guardar a folha assinada na mochila.

  Avisei minha dupla para o professor na quinta, depois de entregar minha autorização para Faraize. Quando vi Lysandre, perguntei brincando se ele tinha se lembrado da autorização. Ele sorriu, confirmando.

  – Bom.

  – Eu não esqueceria algo importante e que não é só para mim. Fique tranquila.

  Na sexta, dia da corrida, eu acordei ansiosa. Acho que o medo da minha mãe entrou um pouco na minha cabeça. Respirei fundo, segurando a maçaneta de casa. Nada ia acontecer. Sai de casa, mais tranquila.


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Notas finais do capítulo

É, não é a mesma ordem que no jogo, por isso que é fanfic, sim? Abraços, gatos < 3



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