Mia

A maratona acabou, eu estava dormindo. Sim, eu caí no sono nos últimos minutos.
— Psiu... Ei bela adormecida. - Ouço uma voz e alguém acariciando meu cabelo. - Acorda.
— Waaaaaah... O q...? - Minha voz saí bem sonolenta, eu abro os olhos e vejo o loiro me olhando. - Ah, oi anjinho. - Eu sorrio para ele.
— Oi bela adormecida. - Ele se inclina e me dá um selando.
— O que houve? Cadê todo mundo? - Pergunto confusa. Nathaniel ri de leve.
— Já acabou dorminhoca, faz meia hora que acabou.
— Que droga, eu dormi. - Esfregou os olhos e me levanto. - Agora eu preciso ir pra cama.
— Mas já? - Ele reclama.
— Sim... - Digo no meio de um bocejo. - Estou morrendo de sono aqui. - Explico apontando para mim.
— Tá os então. Vamos? - Ele fica em pé e estende a mão.
— Pra onde?
— Vou te levar até seu quarto.
— Ah mas está tãão longe. - Reclamo e me jogo no sofá.
Logo sinto algo passando por debaixo das minhas pernas e costas.
— Mas o q...? - Pergunto confusa enquanto sou levantada.
— Se você não quer ir a pé, eu te levo. - Ele beija meu cabelo.
Eu encosto minha cabeça em seu peito e respiro fundo. Quando me deparo ele já estava me colocando na cama. Eu olho para o lado, Castiel revira os olhos e os volta para seu livro. Nathaniel se inclina e beija minha testa.
— Boa noite. - Ele fala e sorri.
— Boa noite. - Retribuo.
Nathaniel sai do quarto e ouço o livro de Castiel fechar bruscamente. Eu olho para o lado.
— O que foi agora? - Pergunto.
— Nada, só nojo mesmo. - Ele coloca o livro no criado mudo. - Queria te perguntar algo sobre hoje.
— Hum, eu quero te falar algo sobre hoje. - Eu disparo.
— Então fale primeiro.
— Esqueça o que ocorreu no porão tá?
—Hã? Por quê? - Ele pergunta surpreso.
— Isso mesmo que você ouviu. Não quero problemas e não quero falar sobre o assunto. - Eu explico e me viro bruscamente para o outro lado. - Isso ficará apenas entre nós, você namora e eu também. E aliás, por que você se importa?
Ele permanece calado.
— Eu sempre soube. - Falo e me viro.

Eu aperto os olhos com força e acabo dormindo.

~X~

Acordo com a luz abstrata batendo em meu rosto. Eu pego meu celular é olho a hora, ainda era cedo, era por volta de 06:00, eu olho para o lado e vejo que Castiel ainda dorme. Eu o olho por uns 15 minutos sorrindo, depois balanço minha cabeça e vou tomar um banho. Eu sabia que devia estar frio, então coloquei um moletom vermelho e uma calça jeans, calço um tênis e desço. No momento que eu abro a porta eu sinto a brisa fria bater em meu cabelo.

— Sabia... - Falo a mim mesma.

Eu começo a andar pela praia calmamente, e eu fico mais tranquila. Parece até que essa brisa me deixa mais calma. Eu ando mais um pouco e encontro um rochedo na beira do mar, eu instantaneamente subo nele e me sento, as ondas batiam no rochedo e me acalmaram mais. Não parece, mas o que aconteceu comigo e o Castiel, me afeta muito. Eu gosto de estar com o Nathaniel, ele me faz bem. Porém eu gosto de Castiel, mas pressinto que nós ficarmos juntos nunca irá acontecer... Eu balanço minha cabeça de novo para parar de pensar em tudo. Eu coloco meus fones e a música começa a tocar, estou calma, mas sei que logo voltarei a ficar aflita, são muitas coisas ocorrendo, é difícil para mim, eu não consigo falar tudo para alguém, mas sei que uma hora isso irá explodir e eu irei falar tudo. Não quero machucar ninguém... Não quero. Eu abraço meus joelhos e enfio minha cara lá.

— N-Não solte a minha mão... Jamais... - Canto um trecho de Direção da Manu Gavassi.

— Hey... Está tudo bem aí? - Ouço uma voz familiar.

— H-H-Hein? - Eu gaguejo.

Olho para cima a esquerda e vejo Kentin. Ele logo se senta ao meu lado e me olha.

— Pelo o que vejo, não está. - Ele responde.

— Como sabe? - Minha voz sai meio abafada por conta de minha cara estar no joelho.

— Te conheço desde sempre Mia. - Ele passa uma mecha minha para de trás da orelha. - Agora me fala, o que te deixa assim? - Ele pergunta e se aproxima. Ele fica bem ao meu lado e eu o abraço.

— Muita coisa anda acontecendo ao mesmo tempo. Estou confusa. - Eu acabo apertando sua blusa com força.

— Hey, calma. - Ele tenta me acalmar e acaricia meu cabelo. - Pode falar Mi, você pode contar comigo sempre, lembra? - Ele segura meu rosto fazendo eu o encarar.

— T-Tá. - Eu me sento e começo a explicar. - Primeiro que meu pai noivou, segundo meu irmão e minha "irmã" tão se pegando. - Faço aspas no irmã. - É terceiro eu ando confusa sentimentalmente.

— Ah. - Ele me olha surpreso. - Se acalme, tudo vai se acertar, e se não, eu estarei aqui sempre para te defender. - Ele volta a acariciar meu cabelo.

— Obrigada...

— Pelo o quê? - Ele pergunta.

— Por simplesmente existir. - Eu repondo e ele sorri sem jeito.