Era óbvio que Blade não estava pronto para ajudar. Ele sempre pensou em trair a Agencia, mas não assim, sem planejamento e com uma garota que beirava a loucura por pura solidão. Quem em sã consciência acharia seguro confiar nas instruções dele naquela situação?

Mas lá estavam os dois, dentro do carro e em direção á clinica. Blade era nativo daquele lugar, era onde todos os agentes recebiam e davam informações. Mas Blade literalmente foi criado lá. Ele não se lembrava de um tempo em que não existia ele se dirigindo para lá.

A clinica Fields era vista como um prédio isolado e cinza que tinha sempre os portões fechados. Apenas agentes sabiam como entrar e sair do local. Invasores eram encontrados no dia seguinte mortos em alguma estrada distante.

–-É esse prédio?—Amaya se virou para ele e apontou com a cabeça para o prédio.

–-Sim.—Ele abaixou a cabeça. Ele não tinha muita vontade de se rebelar contra a Agencia, apenas queria a chance de fugir dela.

–-Como entramos?—Ela disse colocando algumas armas no cinto da calça.

–-Aí que está. Você não entra.Apenas agentes entram.—Blade resmungou e se ajustou no banco de passageiro.Amaya suspirou e passou a mão pelo rosto

–-Olha cara,você quer se livrar disso, eu sei que quer. Assim como eu. Então por favor,colabora. Como. Eu. Entro?—Amaya falou as ultimas palavras pausadamente. Como aquele cara poderia ser tão teimoso com uma chance de ouro dessas?

–-Já falei, não tem como...Espera.—Blade se inclinou pra frente.—Tenho um plano.

–-Ótimo, se envolve nós dois entrando e colhendo informações, eu topo.—Amaya disse pulando pra frente.

–-Mas você precisa me soltar.—Blade esticou as mãos para ela, ainda amarradas com a corda e extremamente pálidas pela pouca circulação de sangue.

–-Ok. Qual o plano?—Amaya disse enquanto cortava as cordas.

–15 Minutos depois-

–-ISSO É UM PÉSSIMO PLANO.—Amaya gritou enquanto Blade amarrava as mãos dela.

–-Envolve nós dois entrando e colhendo informações.—Blade comentou em um sussurro.

–-E se der errado? Vou ficar presa dentro dessa merda! E você vai perder sua chance.—Amaya estava cansada, ela sabia que tinha algumas armas escondidas embaixo das mangas, calças e até mesmo em suas botas, mas ela via 57 chances de como aquilo poderia dar errado.

–-Não vai dar errado. Nós entramos, eu te solto, alguns tiros ali, você colhe informações, alguns tiros aqui, eu pego o necessário e caímos fora.—Blade disse dando o ultimo nó.

–-Eu estou pensando seriamente se depois de pegar as informações eu não te dou um tiro.—Amaya resmungou.

–-Acredite, eu prefiro o tiro do que passar mais tempo com você.—Blade disse puxando ela pra fora do carro.—Lembra do plano inteiro?

–-Não, eu tenho Alzheimer.—Amaya disse e revirou os olhos.

–-Quem dera eu tivesse.—Blade disse baixo e levantou a voz.—Você nunca mais vai tentar invadir aqui,nem se quisesse.

Amaya entendeu a deixa e passou a tentar se soltar dele. Ela resmungava e se debatia contra ele

–-Eu já falei, eu não entrei no seu prédio.—Ela disse, colocando seu melhor lado de atriz.

–-Agente 027. Trouxe companhia?—Um homem completamente de preto, exceto por algumas bandagens no braço apareceu nos arredores do prédio.

–-Mais uma criança, o de sempre.—Ele disse, trouxe ela mais perto do seu corpo e riu.

–-Sei como é. Já eliminamos duas só nessa semana. Porque você não termina com ela? Faz tempo que você está em missão.—O agente propôs e tocou levemente nos cabelos da garota. Amaya queria muito a chance de morder a mão daquele cara.

–-Vou fazer isso, só preciso da informação da nova base.—Blade disse e seguiu em frente com Amaya sendo arrastada, deixando o outro agente para trás.

Eles passaram por vários corredores sem trocar uma palavra sequer, demonstrar que se conheciam ali seria muito perigoso. Blade trocava olhares com vários agentes e até comprimentos.

Blade. Agente 027. Um dos mais bem sucedidos da Agencia ADHL e também mais conhecido. Consideravam que sua grande quantidade de assassinatos era impossível para alguém com 23 anos. Mas a ADHL tinha criado o agente perfeito que desde seus primeiros anos foi preparado para servir. Mas Blade nunca foi completamente encorajado apenas pela agência, ele sabia que existia um mundo onde ele poderia ser livre de todos os superiores e de todo aquele sangue que escorria por suas mãos. Ele não se lembrava de quantas mortes ele causou, apenas a Agência sabia.

E ele estava disposto a destruí-la junto com todas as mortes.

–-Agente 027. Achei que não apareceria para pegar as informações.—Uma enfermeira parou ele.—Vejo que tem companhia.

–-Nada para se importar,vou me livrar dela antes de ir para a base.—Ele disse em um tom sério. Fazendo com que a loira perdesse completamente sua postura sexy.

–-Tudo bem, aqui está a papelada. Precisa de cuidado nesses cortes?—Ela passou levemente o dedo indicador pelo rosto dele, seguindo as linhas de corte que Amaya deixou.

–-Nada que um pouco de água não melhore, com licença.—Blade se agarrou nos papéis e arrastou Amaya para a saída mais próxima. Eles pararam do outro lado do prédio, o que significava dar a volta pelo lado de fora até conseguir chegar na van.

–-Não perdoa nem enfermeiras?—Amaya disse enquanto tentava acompanhar os passos dele.

–-Calada.—Ele disse quando outros agentes surgiram na nossa frente.

–-027! Como ainda não se livrou dessa civil?—Um agente claramente mais velho disse firme e parou na frente de Blade.

–-Prefiro fazer isso na estrada, senhor.—Blade tomou uma postura de soldado quase imediatamente, deixando Amaya surpresa.

–-Besteira, melhor fazer isso agora. Não queremos esse rostinho bonito rodando a cidade enquanto podem reconhecê-la.—O outro agente disse e Amaya cuspiu nas botas dele.—Bem bravinha,gostei dela.

–-O rosto dela...Eu reconheço.—O mais velho chegou perto demais e em uma puxada, Blade soltou Amaya, que puxou uma arma da blusa.

Amaya sabia que tudo estava ferrado, ela atirou no rosto do mais velho e no joelho do outro agente, ela e Blade agora corriam com o som dos alarmes disparando. As vozes de agentes correndo atrás deles fazendo com que se apressassem em direção a van e acelerassem para a estrada.

–-BLADE!—Amaya gritou assim que viu outros veículos logo atrás.

–-Eu vou pra cidade!—Blade disse e empurrou ela pro assento de passageiro.

Eles aceleravam pelas ruas lotadas, mas era impossível seu veículo passar despercebido pelos outros, Blade causou um acidente proposital e começou um engarrafamento, prendendo todos os veículos atrás.

–-Tem uma moto atrás, pega a mochila e vai.—Blade disse e Amaya seguiu as instruções,ela sentiu a van fazer curvas perigosas e quando olhou pela janela percebeu que estavam entrando em becos. Blade parou o carro, pegou os papéis e abriu a van. Amaya estava com muito medo dele agora. Toda aquela adrenalina tinha deixado ele com um jeito muito mais soldado do que antes,ela empurrou a moto pra fora e pulou no banco logo atrás de Blade.

A moto acelerou e os dois voaram por várias outras ruas da pequena cidade, prontos para despistarem aqueles que viriam atrás.