I Bet My Soul escrita por QueenOfVampires


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAS!
Olha quem retornou das profundezas do Mundo Longe da Escrita!!!
Isso aí meu povo, tia Queen está de volta e como prometido, com uma fic nova dessa série maravilhosa!
Tá, vamos lá. Fic nova, personagem nova! E estou super animada com isso, espero que gostem dela tanto quanto eu. Bom, falarei mais lá no final, boa leitura.



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Lentamente.

Um corte profundo feito no peito de alguém. Tem prazer maior que esse? Talvez, mas no momento eu só consigo me concentrar no sangue escorrendo pelo tronco do meu novo amiguinho... Que do nada decidiu desmaiar de dor. Vê se pode? O maior trabalho para arrastar o homem até um galpão vazio, nocauteá-lo, amarrá-lo, torturá-lo e pra quê? Pra ele desmaiar.

- Assim não tem graça... – enfiei a faca na garganta do cara e o matei de vez.

- Realmente, não tem. – a voz de Abaddon surgiu atrás de mim – Olá, Ravenna.

- O que você quer? – a olhei por cima do ombro, tentando não rosnar ao perguntá-la.

- O de sempre, conversar. – a ruiva caminhou até mim com os braços cruzados e um sorriso malicioso.

Revirei os olhos, cansada de toda aquela maldita perseguição só para mexer com meu bom estado mental, era exaustivo demais. E depois de tanto tempo eu ainda não entendia o objetivo dela ali, além de desestruturar o exército de seguidores de Crowley. Abaddon sempre pareceu mais focada em mim, como se eu fosse algo importante, mas todos sabem que não passo de uma simples criatura miserável da escória do submundo. Um demônio, como qualquer outro.

- Eu não estou interessada, mas isso você já sabe. – finalmente virei para encará-la – Não tem outros demônios mais interessantes para tentar persuadir?

- Na verdade não... Finalmente, o que te prende àquele projeto de Rei?

- Lealdade, eu acho. – dei de ombros – Eu não sei, o considero um bom governante, ele deu um jeito no Inferno... E não me tortura como Alastair fazia.

- Alastair devia ser um palerma que não enxergava o que estava bem debaixo do próprio nariz.

- Como assim?

- Ah, querida, dá pra notar que você é uma mocinha perseverante e bem digna, para o nível de um demônio.

- Que sorte a minha. – falei com desdenho – Olha, a conversa está ótima como sempre... Na verdade, não. Eu odeio nossas conversas, enfim, eu tenho que ir causar um pouco de caos por aí. Até mais, Abbie.

- Mais breve do que você imagina... – sua voz foi sumindo à medida que me afastava do local.

Comecei a caminhar mais rápido, precisava voltar ao Inferno logo, antes que ela aprontasse mais alguma coisa e decidisse me fazer mudar de lado de um jeito menos amigável. Assim que alcancei um beco vazio, teletransportei para lá. Chegando exatamente no corredor em que as almas ficavam trancadas, gritando e agonizando. Mimados! Antes não era assim, queria ver se reclamariam tanto se precisassem ficar pendurados por ganchos na própria pele.

As memórias dos meus primeiros anos – mais especificamente, horas – eram as piores. As torturas mais perturbadoras que se poderiam imaginar, as risadas maquiavélicas, a proposta repetida diversas vezes até que eu finalmente aceitasse a corrupção da minha alma... Tudo foi tão horripilante que se eu pudesse dormir, já sabia como seriam meus pesadelos.

Mas apesar de tudo, me tornou a criatura magnífica que eu sou hoje. Quer dizer, eu não sou humana! E isso já é motivo suficiente para comemorar, aqueles vermes ignorantes, fracos e cheios de... Fé! Fé em um Deus que não dá a mínima para eles e que pouco se importa com todo o mal que fazemos.

Todos esses anos como demônio ouvindo suas preces quando estão prestes a morrer, é até engraçado! Eles dizem que Deus os salvará, que a sua ira cairá sobre mim... Mas até então, nada aconteceu comigo. Bom, com exceção de uns encontros incômodos com certos anjos por aí, mas eles são tão idiotas e incrivelmente fracos! Não sei por que os outros se preocupam tanto com eles, não é como se fossem páreos para nós.

- Ravenna, o chefe está querendo falar com você. – Eddie, um dos capachos principais de Crowley, me avisou ao passar por mim.

- Sim, senhor. – bati continência e rumei em direção à “sala do trono”.

Ao entrar lá, me deparei com uma cena incomum... Não havia ninguém além do Rei. Ok, era muito esquisito. Normalmente ele estava cercado de seres chatos falando do número de almas, torturas, burocracia e, enfim, Inferno.

- Mandou me chamar, senhor? – perguntei de cabeça baixa para mostrar temor.

- Ah! Aí está você! – ele levantou-se de seu trono e veio até mim, naquele momento eu tive medo de ser morta – Ravenna, não é?

- Sim.

- Eu soube que falou com Abaddon hoje... Isso é verdade?

- Sim, ela veio até mim...

- E o que ela queria? – foi até a mesa mais próxima e pegou um copo de whisky.

- Não permiti que ela falasse muito dessa vez, mas queria que eu me juntasse ao seu exército. – dei de ombros.

- Espera! – endureceu seu tom de voz – você disse “dessa vez”? Houve outras?

- Ela sempre aparece quando estou sozinha, sempre me falando coisas estranhas...

- Que coisas?

- Que o senhor me reprime, que vai me matar caso eu passe na sua frente em um momento de tédio, que não serei completamente satisfeita se continuar sob seus cuidados e que ela “cuidará” melhor de mim.

- E você acreditou nela?

- Não confio em quem já teve a cabeça cortada e costurada por meros caçadores. – cruzei os braços – Por favor, são só humanos...

- Er... Vamos lembrar de não subestimá-los, ainda mais se tratando dos Winchesters.

- São cães. Cães que comem na minha mão.

Certo, isso não era totalmente verdade. Nós tínhamos um tipo de acordo, do qual eu contarei depois, e nos conhecíamos há um certo tempo. Eles podiam até ser amiguinhos do Crowley, mas para mim eram apenas humanos que cruzaram meu caminho por acaso.

Uma certa noite, Dean Winchester me encontrou num bar qualquer e não notou logo que tipo de criatura eu era, mas digamos que não foi seu encontro mais proveitoso no final das contas. Teria dado certo se eu não tivesse exposto meus olhinhos reais sem querer.

- Você é um demônio? – ele pulou da cama, mexendo em suas roupas atrás de algo que mais tarde descobri ser uma arma.

- É, sou... E você um caçador. – sentei-me na cama – Um demônio e um caçador se encontram em um bar. Parece até o começo de uma piada de mau gosto.

- Eu vou te matar, vadia. - ele apontou a arma para mim.

- Sabe, essa cena é bem sexy... Mas por que você atiraria em mim? Eu nem fiz nada.

- Mas você é um demônio.

- Repetir várias vezes não vai te dar a razão. – levantei e comecei a catar minhas roupas pelo chão, enquanto ele me seguia com o olhar – Podemos fingir que isso nunca aconteceu, essa arma aí não vai causar mais que um estrago momentâneo.

- Eu me sinto sujo... – Dean continuou me olhando com cara de nojo.

- Você é muito dramático – rolei os olhos – Eu preciso ir. Nos vemos na estrada, Winchester.

Com um movimento da mão, joguei sua arma para longe e saí do quarto do motel o mais rápido que pude, evitando que ele atirasse em mim pelas costas. Eu gostava demais desse corpo para deixar que o estragassem.

Crowley ainda me encarava, dessa vez um pouco mais pensativo, batucava os dedos na pequena mesa de bebidas e remexia os lábios.

- Senhor? – o chamei.

- Escute bem, Ravenna, eu quero que você fique por uns dias aqui no Inferno. Vamos ver se Abaddon tem coragem de vir até aqui para te buscar.

- Tudo bem. – assenti, louca para perguntar se ele sabia o motivo de tanto interesse em mim.

- Pode ir. – o Rei se virou e voltou para o seu trono.

Saí caminhando da sala e soltei um suspiro de frustração. O Inferno era muito chato, não havia o que fazer ali além de torturar almas, porém nem isso era animador considerando que hoje em dia elas estão bem mais sujeitas à serem corrompidas e tiravam nossa motivação.

- Que cara é essa, Corvo?

Ergui o olhar para Terence, um “nerdemônio” de Crowley. Ele estava com o nariz enfiado em uma prancheta, provavelmente fazendo análises chatas de coisas irritantes e que não eram da minha conta.

- Já disse para não me chamar assim. – rosnei para ele.

- E eu já disse que esse é o significado do seu nome, então não leve como uma ofensa. – abriu seu melhor sorriso infantil e escancarado.

Infantil, melhor definição para aquele demônio. Se na terra existia um Trickster, nós tínhamos o Terence que era quase a mesma coisa, só que sem a capacidade de alterar a realidade, mas a inclinação à zoar os outros e ser perfeitamente irritante, isso era idêntico.

- Me deixe em paz, capacho. – segui pelo corredor e ao passar por ele, dei um tapa em sua cabeça.

- Cuidado, princesinha. – ele agarrou meu pulso com força e exibiu seus olhos escuros antes de me largar.

É, não é porque ele tinha todo aquele jeito brincalhão que não deixava de ser um demônio. Todos naquele lugar eram do mesmo jeito, cobras espertas esperando pela melhor oportunidade de dar um bote. Não me surpreenderia se a maioria dos componentes da corte estivesse espionando Crowley à mando de Abaddon.

Na minha tentativa de encontrar o que fazer, acabei no corredor das celas novamente. Dessa vez não havia nenhum demônio ali para torturar as almas e estava consideravelmente silencioso. Provavelmente já era noite na terra e eles foram se divertir com os vivos, fazer pactos, matar, estuprar e tudo que há de bom.

Então escutei um barulho de choro vindo de uma cela no final do corredor, talvez alguém estivesse fazendo uma hora extra. Me aproximei lentamente, mas não vi nenhum demônio no local, apenas uma mulher aparentemente jovem encolhida contra a parede.

- Ei... – abri a cela e a chamei com a voz mais piedosa que tinha – O que houve?

- Fique longe de mim. – ela afastou o cabelo loiro da frente dos olhos, estavam bem vermelhos e inchados – Não se cansam?

- Na verdade, não. – pressionei os lábios e pendi a cabeça de lado.

Antes que ela puxasse o ar para me responder, a joguei contra a parede do lado esquerdo apenas com um movimento da minha cabeça. Eu adoro torturar pessoas desesperadas, é muito prazeroso. Elas ficam tão atordoadas que não pensam direito, não notam que não tem mais salvação.

- Meu Deus... – ela olhou para cima, implorando.

- Ele não vai te ouvir! – mostrei meus olhos negros – Ele nunca escuta! Perca essa fé! Aceite!

- O que está fazendo? – ela tentou olhar para o próprio corpo, visivelmente com dor – Está queimando!

- Eu não estou fazendo nada demais. – franzi o cenho, de certo eu desejei que ela explodisse em chamas, mas não tinha como acontecer de verdade.

- PARE!

Eu a larguei e dei um passo para trás, continuava sem entender nada enquanto a criatura ficava gritando ofegante, seu rosto estava vermelho de tanta pressão com os gritos.

- Eu hein... – dei de ombros e saí rapidamente da cela.

Voltei pelo corredor, torcendo para que Terence ainda estivesse no mesmo lugar, o que por sorte estava.

- Já voltou, Corvo?

- Não comece, eu preciso perguntar uma coisa. – parei de frente para ele e cruzei os braços – É possível que eu possa manipular algo?

- Você diz no sentido de criar ilusões durante as torturas?

- Sim.

- Claro. Mas não acho que demônios como nós possam fazer isso do nada.

- Ah... – olhei para o lado.

- Por quê? – ele me olhou, bem curioso – Você quer tentar?

- Não! Só curiosidade.

- Você é uma péssima mentirosa, considerando que é um demônio.

- Ah, por favor... Esqueça isso. – revirei os olhos e saí de lá o mais rápido que pude.

Seja lá o que quer que eu tenha feito, não era possível. Decidi manter em segredo por um tempo, talvez tivesse sido algo único, que só acontece uma vez... Talvez tenha sido só fingimento para que eu parasse de torturá-la.

Não.

Eu sentia dentro de mim que tinha feito algo diferente e que isso tinha algo relacionado com o interesse de Abaddon em mim. Provavelmente ela sabia de algo que Crowley não sabia e estava tentando tirar proveito disso, proveito de mim.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Realmente espero que tenham gostado.
Coloquei o link do lindo rostinho do Terence lá no meio do capítulo, quem não conseguiu clicar, o imagine com a bela face do Jackson Rathbone.
Enfim, Ravenna... Demônio? Talvez...
Teorias, please.
Bom, por hoje é só isso mesmo, aguardo comentários pois estava morrendo de saudades de postar por aqui.
Beijos.



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