The Queen escrita por Lola


Capítulo 3
Capítulo 2 — Winter Equinox


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo, pupilos. Quero pedir perdão pela demora (dei uma travada nesse capítulo e também teve as festas de fim de ano, então né) e também perdão pelo desenvolvimento do baile. Como vocês sabem, as festividades medievais não eram muito animadas e se baseavam nas mesmas coisas, então acabei travando e ficou algo simples e curto.

Feliz ano novo pra todas! O próximo capítulo começa as confusões ♥



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Navarre podia ser considerado um país pequeno, mas não havia dúvidas de que suas festividades eram grandiosas. Quando a notícia de que o baile do equinócio iria ser complementado com a comemoração da primeira flor, não demorou para que os corredores de pedra do castelo se enchessem com nobres das vilas próximas, servos e até mesmo alguns convidados desconhecidos. O salão principal, também conhecido como sala do trono, estava inteiramente decorado com tecidos e artefatos de cor branca, estátuas de gelo eram posicionadas e até mesmo neve artificial fora jogada pelo chão, cobrindo parte da madeira clara.

Marie-Claire adentrou a sala junto com sua mãe, ambas seguidas por suas respectivas damas de companhia — alguns viam isso como uma fraqueza, um reinado constituído apenas por poderosas mulheres e homens como seus subordinados, mas a sabedoria contida por elas era quase inigualável. Como dizia Henrietta, mulheres precisam lutar por seu lugar na sociedade desde que são trazidas ao mundo, o que as torna fortes e prontas para situações que a maioria dos homens não tem nenhum conhecimento. Todos os servos se curvaram ao vê-las, mas nenhum parecia sorrir. Sabiam que mais ordens e trabalho chegavam junto com a visita de suas Rainhas.

— Claude? — A Rainha mãe chamou por sua dama, puxando pelo braço uma das criadas próximas. — Por favor, indique para esta moça quais serão os lugares onde as flores de papel deverão ficar. Pendure-as nas colunas e enfeite as mesas. Use muito vermelho, sim?

Quando as duas saíram o trabalho para juntar as duas comemorações teve início. As damas de Marie e de sua mãe ouviam as opiniões de suas majestades, acatavam suas ordens e as repassavam para os servos que faziam o trabalho pesado. Marie-Claire sentou-se no único trono, tendo sua mãe em pé ao seu lado, olhando-a com repúdio. Desde que a atual rainha ordenara que o segundo trono, pertencente a seu pai, fosse retirado, o desgosto de se prostar como uma inferior havia tornado Henrietta ainda mais amargurada. Pouco a pouco o salão tomou uma nova forma, misturando a frieza do inverno com a coloração animada da primavera.

— Avisem a todos que o baile terá início assim que o sol se por. — Marie disse em voz alta, para que todos que se encontrassem no salão ouvissem. — Como comemoraremos a primeira flor, avisem os servos para que busquem seus uniformes com Erin na lavanderia.

A Rainha se levantou, pedindo para que apenas suas damas a acompanhassem, deixando a mãe assumir a responsabilidade da organização do evento. Não confiava em Henrietta para quase nada, mas sabia que suas habilidades para transformar uma simples data comemorativa em uma festa grandiosa e espetacular eram indiscutíveis.

A caminhada para seus aposentos fora interrompida por um convidado inesperado, mas não indesejado. O irmão bastardo, fruto de um relacionamento entre sua mãe e um nobre católico, o qual estava perdido em suas viagens a Paris por longos meses. Também considerado um bom amigo por Marie-Claire, mas uma ameaça para o trono de Navarre. Para alguns nobres, qualquer chance de legitimá-lo levaria o país a falência e destruição.

— Antoine. — A mulher de cabelos longos e pretos deixou toda a formalidade de lado, correndo em direção ao irmão em passos largos. — Eu não acredito, você está aqui!

O jovem se virou, mostrando um sorriso sereno ao ver a irmã. Seus braços se abriram, recebendo-a em um abraço apertado e carinhoso, quase forte demais.

— Eu senti sua falta, Majestade. — Ele beijou a testa da irmã mais velha, dando um passo para trás e colocando ambas as mãos atrás das costas. — Como está lidando com a crise e com nossa mãe?

— Estou entrando em desespero, literalmente. Henrietta está descontrolada, sedenta por poder e tentando governar em meu lugar. — Marie-Claire começou a caminhar, encaixando seu braço no do irmão e o puxando para acompanhá-la. — Acredito que sua visita irá acalmá-la, sempre foi o filho favorito. Sempre que você parte para uma de suas aventuras ela parece enlouquecer.

O garoto riu, olhando indiscretamente para as quatro damas de companhia que os seguiam em uma distância respeitosa. O jovem bastardo sempre fora conhecido como "cafajeste" e outros nomes por suas indiscrições em várias áreas, desde jovens nobres até baronesas, duquesas e até mesmo princesas que vinham a Navarre em visitas politicas com seus pais.

— Acredito que tenha voltado em uma boa hora, então. — Ele sorriu, parando de andar e fazendo uma pequena reverência. — Te encontrarei mais tarde, irmã. Se tiver sorte encontrarei uma de suas damas sozinha no caminho.

Marie-Claire riu, despendindo-se do irmão e entrando em seus aposentos, seguida pelas quatro damas que riam entre si de seus comentários sobre Antoine Gengembre Castelliare, o galanteador que tantas mulheres desejavam. Assim que as portas se fecharam atrás das garotas, deixando-as sozinhas, os sussurros tornaram-se comentários indevidos e extremamente explícitos.

— Ele é tão gostoso! — Elleanorah disse, sentando-se confortavelmente na beira da cama perfeitamente arrumada de sua rainha. — Eu arrancaria minhas roupas em um segundo se ele me pedisse...

— Espero que esteja falando de seu futuro marido e não de meu irmão. — Marie riu, sentando-se ao lado dela e puxando suas outras damas para mais para perto. — Lembrem que existem homens irresistíveis que não lhe trarão nenhum título e um desses é meu irmão. Ele não é um príncipe, não é um duque e não possuí nenhum título até que eu dê um a ele.

— Então o que está esperando? — Arabella riu, cruzando suas pernas em um movimento rápido, quase agressivo. — Transforme-o em um duque, lhe dê terras e todos os títulos.

— Se fosse tão fácil eu já teria feito isso, vocês sabem muito bem disso. — Marie-Claire suspirou, tirando seus sapatos e o colete que tanto a apertava, ficando mais confortável. — Mas minha mãe diz que aumentar o poder de meu irmão é o mesmo que desafiar diretamente todos os nobres que o repudiam, que não são poucos. Mas prometo que, caso uma de vocês acabem se casando com ele, farei o possível para deixá-la com a melhor vida possível. — Ela sorriu, tirando sua tiara pesada e colocando uma de flores, a que usaria naquela noite, no lugar. — Todas vocês sabem que eu farei qualquer coisa para que tenham a vida de seus sonhos e consigam aumentar a classe de suas famílias.

As quatro damas andaram até Marie ao mesmo tempo, agarrando-a em um abraço em grupo. A amizade das quatro, mesmo que um tanto forçada no início, quando eram crianças.

— Obrigada por tudo o que faz por nós, majestade. — Disse Genevieve, sendo a última a se soltar do abraço e sentar no chão com as outras. — Eu ainda me lembro perfeitamente do dia que meus pais me trouxeram aqui para me oferecerem como uma dama de companhia. Eu estava tão assustada, mas quando você se sentou ao meu lado, sem se importar em se sujar de terra ou com minhas bonecas simples e diferentes...foi então que percebi que nós éramos destinadas a sermos amigas. Você se tornou uma das pessoas mais importantes para mim.

— Quando nos tornamos tão sentimentais? — Perguntou Fleur, sorrindo tímida, com seus olhos marejados. Ela sempre fora extremamente sentimental, chorando por qualquer motivo, fosse bom ou ruim. — Eu amo vocês, de verdade. Vocês foram as únicas amigas que eu já tive.

As cinco se abraçaram novamente, rindo da forma que a conversa se transformara de algo sexual para algo amigável e meloso. Quando as garotas se separaram novamente, a Rainha pediu para que todas se levantassem, fazendo o mesmo em seguida. Um sorriso sereno se espalhou pela face da jovem governante, observando suas amigas por alguns segundos antes de falar.

— Quando vocês chegarem aos seus quartos encontrarão alguns presentes em suas camas, um conjunto completo para utilizarem esta noite.

. . .

O salão estava perfeitamente equilibrado entre o inverno e a primavera. O branco entrava em contraste com as cores fortes das flores de papel e dos tecidos que cobriam as colunas e estavam pendurados no teto de forma perpendicular.

A barra do vestido vermelho se arrastava ao chão e, quando entrou no salão, todos os olhares foram direcionados a ela e suas damas de companhia. Elas, todas com vestidos vermelhos e joias douradas, de vários modelos e cortes, estavam deslumbrantes. Elas foram até o centro do salão, começando a dançar juntas em unissono. Naquela noite decidiram que iriam se divertir sozinhas, sem depender de convites masculinos para dançarem. Tiraram seus sapatos, dançando em um círculo e logo sendo rodeadas por todos os outros convidados.

A música instrumental tocava de forma alta, mas não alta o suficiente para que impedisse uma boa conversa. Depois de pouco tempo as damas foram tiradas para dançar individualmente, apesar de seu comproomisso de passarem o maior tempo apenas uma com a outra. Elleanorah, apesar dos avisos, dançava com Antoine, Genevieve e Arabella dançavam com irmãos parisienses e apenas Fleur ainda se mantinha ao lado de sua majestade.

— Eu já vi vários homens te cortejando, por que não aceita um convite para dançar? — Perguntou Marie-Claire, observando um nobre Português que parecia estar interessado na garota loira desde que haviam entrado no local. — É apenas uma dança, não um compromisso.

— Marie, você sabe que eu... — Ela suspirou, balançando a própria cabeça em negação. — Tudo bem. Eu sei que preciso me apaixonar por um homem se quiser crescer em minha vida e não ser queimada como uma pagã pecadora. Irei dançar.

A garota pareceu receosa, segurando o próprio o cabelo ao ir em direção ao português que Marie indicou com um gesto de cabeça. Sozinha, a Rainha logo foi abordada por vários nobres, alguns mais velhos, outros que mal haviam saído da infância, todos procurando por atenção de sua majestade, sendo alguns só por diversão e outros por interesses políticos.

Conforme a noite ia chegando as velas eram acesas, trazendo um ar mais calmo e sensual para a noite, mesmo que não fosse o objetivo principal. As músicas tornaram-se lentas, as danças que antes eram entre pulos e corridas, viraram algo entre casais e romances. Pouco a pouco os convidados se esvaíram, assim dando fim ao baile de equinócio.


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