Hailstorm escrita por Black


Capítulo 1
As Desventuras do Caos


Notas iniciais do capítulo

Então... Como a Pan já sabe, eu tirei a Clah ♥
Essa história foi totalmente idealizada e escrita pra ela, mas eu vou compartilhar com vocês porque eu achei uma fofura.
Tem bastante drama (o que seria de mim sem isso?) e provavelmente vai fugir aos padrões, ou não, fica a seu critério.

Para Clah: Hey oh Clah...
Bom eu espero que você goste da fanfic, apesar de que eu nem sei se você gosta desse casal, mas eu chutei que sim. Não estava conseguindo fazer uma original, por isso vou ficar devendo ta?
Fique sabendo que eu gosto muito de você, sua presença é muito importante no Bad e mais uma vez obrigada por tudo garota!
Feliz Natal.

— Babi



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Não era como se Ebony nunca tivesse me avisando sobre James Potter, oh não, ela de fato havia me contado algo sobre ele. Algo que provavelmente eu só viria a me lembrar quando já era suficientemente tarde, tanto para mim, quanto para os meus sentimentos.

Tenho certeza de que toda essa maldita confusão começou quando Ebony caiu da escada. Era final de Outubro e ela estava arrumando uma das lâmpadas para mamãe, visto que Petúnia estava na casa do noivo – aquele odiado baiacu ambulante – e eu estava muito ocupada fazendo algo totalmente idiota ligado a bolhas de sabão. É eu sei, para uma garota de vinte e três anos, eu era muito idiota.

Se falasse que me lembro de mais alguma coisa, que não do barulho de ossos se partindo, eu estaria mentindo. Lembro-me que depois de ter saído como uma louca do banheiro, quase ter tropeçado no meu gato idiota e ter, consequentemente, derrubado um dos vasos de porcelana chinesa da mamãe, só após isso eu finalmente fui atender minha gêmea estirada no chão.

É, caso eu não tenha mencionado, ou tenha - isso realmente não é tão relevante assim - Ebony é minha irmã gêmea. Mais nova por exatos sete segundos e olhos verdes um pouco mais escuros que os meus. Somos praticamente idênticas, desde o cabelo grande, até as bochechas com sardas e o cabelo ruivo, só que Ebony é um clone muito melhorado meu.

Porque vamos por as cartas na mesa, eu, Lily Evans não tinha perspectiva de vida alguma. Não ia à faculdade, não tinha um namorado ou sequer um plano de metas para seguir, ter terminado o ensino médio fora um grande feito. Já Ebony era inteligente, lógica, estava finalizando sua faculdade de medicina e, em menos de um ano, já estaria fazendo residência no hospital local. Um verdadeiro prodígio.

Acho que o fato dela ter um futuro tão brilhante pela frente foi o que verdadeiramente a impulsionou a concordar com uma atitude tão... idiota e desesperada. Da minha parte aceitar, foi mais uma maneira de satisfazer suas vontades, afinal era assim desde que éramos crianças e nossos pais nos vestiam com vestidos rendados iguais. Eu simplesmente não conseguia dizer não à Ebony.

O plano parecia simples, pelo menos na mente da minha gêmea e devo-me sentir culpada por ter aceitado-o facilmente. Com a perna quebrada em dois lugares diferentes e uma torção no tornozelo, Ebony não conseguiria levantar da cama pelos próximos sessenta dias e era ai que eu entrava. Suas aulas voltavam em apenas dois dias, ela já estava com as malas prontas para retorna a Londres, quando a infelicidade aconteceu e assim eu deveria me passar por Ebony pelos próximos dois meses. As notas não eram tão importantes, afinal, era final de módulo e Ebony tinha uma infinidade de pontos extras guardados.

Em tese, eu só precisaria acordar de manhã, me dirigir para a faculdade e passar as próximas cinco horas e meia sentada em uma sala de aula. Fácil não? E bem, posso dizer que por essa ideia ser algo tão relativamente simples, que dois dias depois eu estava partindo para Londres como Ebony Evans e não Lílian Evans, a pessoa que eu realmente era.

Minha irmã dividia o apartamento com duas outras garotas, Marlene McKinnon e Dorcas Meadowes, com as quais pude perceber Ebony não tinha um bom relacionamento. Afinal, quando cheguei ao endereço rabiscado em um simples guardanapo, minhas mãos suavam quando abri a porta, uma loira e outra garota morena estavam estiradas no sofá vendo Arrow e não, nenhuma delas notou a minha presença. Enquanto seguia pela sala, eu lutava internamente para não deixar que minhas pernas moles me deixassem cair. Porra, eu nunca tinha estado na faculdade, nunca, e isso me aterrorizava.

No lugar de gastar dinheiro com inscrições para vestibulares ou concorrer a bolsas que eu sabia jamais seriam minhas, eu havia escolhido trabalhar de atendente em uma rede de prevenção ao suicídio. Devo ressaltar que toda essa inspiração para salvar vidas não era o meu “verdadeiro eu” querendo competir com Ebony ou nada do tipo. Oh não, eu tinha um histórico um tanto quanto traumático com suicídios e isso de devia ao meu vizinho Severus Snape, porque, olha, se existisse uma pessoa que gostasse muito de tomar antidepressivos com vodka, esse alguém era ele. O dinheiro não era muito, mas trabalhando no Viva La Vida desde os dezesseis anos, meus fundos me permitiram ao menos comprar uma moto. Fora que eu ainda tinha duas horas de almoço todos os dias e folgas no Natal.

Marlene e Dorcas não olharam para a minha cara, acho que nem notaram minha jaqueta preta ou meu cabelo preso em um rabo, coisas essas que Ebony jamais usaria. Ela tinha um jeito princesinha demais para se permitir isso. Subi as escadas com minha mala e a mochila pendendo no ombro, a terceira porta me parecia a menos agradável, mas no fundo eu sabia que era a certa. Tudo era rosa ali, como se o quarto fosse vivo e peidasse purpurina.

Inferno, esses seriam dois longos meses.

* * *

Como se a vida necessitasse tirar uma com a minha cara, mais do que ela já vinha fazendo desde o dia em que eu nasci ou o dia em que quase beijei Amus Diggory, meu crush aos oito anos – quase, porque Amus tinha se revelado muito mais interessado nas pontas duplas do meu cabelo que em meus lábios – em uma semana eu já estava pedindo para ser atingida por um raio.

Não que a faculdade fosse horrível, oh não, aquilo era o inferno! Cheio de gente que só ligava para a roupa que estava usando, garotos tentando se passar por homens e correndo atrás da primeira que abriria as pernas com mais facilidade, professores transtornados e com sérios problemas de TOC. Fora as garotas saídas de revistas de moda, com seus cabelos devidamente escovados e a conversa fútil de “qual a próxima bolsa da Chanel eu devo comprar”.

Urgh, eu já estava enojada disso.

E claro, como toda a desgraça era pouca pra minha vida, ele ainda tinha que aparecer. Se você ainda não sabe quem é ele, espere. Ele é aquele tipo de cara que você só encontra em filmes de romance adolescente, ele não é o capitão do time da faculdade ou fica exibindo seus dotes no tatame do clube de judô. Mas, ele na certa exala testosterona e tem aquela aura, aquela sabe? Estilo “vou te foder em dois tempos, se você me der espaço suficiente”.

James Potter era assim. Vinte e três anos e cursando arquitetura, fora que era o cara do apartamento ao lado do meu, meu não, de Ebony. Até onde eu sabia, ele era filho único, mas dividia seu apartamento com outros dois caras, fã do Red Sox e naturalmente nascido em Londres e bem, como eu sabia tudo isso? É simples, carreguei sua bunda bêbada até o elevador num sábado à noite.

Eu partia do principio que a bebida muda as pessoas, sei disso por experiência própria depois de ver Petúnia transando com Valter uma vez, não era uma coisa que eu gostasse de lembrar, mas realmente o álcool deixava as pessoas loucas e era por isso que eu não bebia.

Na segunda de manhã, eu esperava continuar com o plano como Ebony havia proposto; falando nisso, ela tinha me ligado dizendo que se passar por Lily Evans em casa estava sendo deveras divertido. Acho que nem papai ou mamãe sabiam distinguir as diferenças entre nós, o que era um alívio como também algo preocupante. Ebony estava levando meu trabalho como auxiliar de “pensar duas vezes antes de fazer uma merda” bem a sério. Tão a sério que Cherry, minha chefe baixinha que não tinha nada de adorável, havia acabado de promovê-la ou me promover – isso realmente era confuso – para o cargo de fiscal de linhas, o que era ótimo.

Eu me sentia horrível por Ebony estar mantendo minha imagem com tanto zelo, enquanto eu morria de tédio em sua faculdade e torcia a cada minuto para que um dos seus professores faltasse ou que morresse por inanição de vitamina C, ou qualquer coisa que isso pudesse significar. Mas, vamos continuar.

Era segunda de manhã e tudo que eu não precisava era encontrar com certo senhor testosterona, sem antes ter uma boa dose de café e uma rosquinha no meu estômago. Porém, em um timing perfeito, James Potter abriu a porta no momento em que eu acabava de sair do meu apartamento. Foi impossível não sentir o cheiro de seu perfume ou reparar nos seus cabelos despenteados, fora os óculos que se apoiavam preguiçosamente naquele nariz arrebitado. Eu sei que deveria ter saído correndo dali, mas meus pés não queriam me obedecer e para terminar de ferrar com tudo James sorriu, não aquele sorriso de “venha para minha cama já”, não esse não, era algo mais “obrigado por ter me arrastado bêbado para casa”.

– Oi, Ebony. – Sabe aqueles momentos em que o príncipe encantado vem falar com a princesa e ele tropeça? Pois é, eu estava tão sem graça quando o Encantado agora.

Porque Ebony não era o meu nome.

– Ah, oi, Potter. – Murmurei, torcendo para que ele percebesse que eu realmente não estava interessada em manter uma conversa.

– James. Você pode me chamar de James. – Ele me corrigiu. – Eu só queria agradecer pelo outro dia, Remus me disse que se não fosse por você, provavelmente eu teria ficado congelando no frio. – Enquanto James me explicava com afinco o resultado de misturar refrigerante, suco de guaraná e uma dose de tequila era extremante prejudicial para a saúde, eu só me perguntava quem diabos era Remus?

– De nada, eu teria feito isso por qualquer um. – Soltei não necessariamente tendo que dizer a verdade. Eu não costumava ajudar bêbados estranhos que estavam jogados na porta do prédio, por mais que eles pudessem ser extremamente fofos.

– É, eu sei. – Ele sorriu novamente e eu me retorci por dentro com vontade de perguntar o porquê de James sorrir tanto. Eu sabia que ele tinha trinta e dois dentes brancos e perfeitamente alinhados, ele não precisava jogar isso na minha cara. – Essa parada de médica e tal. – É exatamente essa parada ai. – Então, até mais, Ebony.

Lily, o meu nome é Lily. Enquanto James Potter me dava as costas, desfilando com aquela sua bunda maravilhosa dentro de um jeans, juro que fiquei tentada a lhe corrigir também. Logo dispensei essa ideia idiota da mente, pelos próximos dois meses eu seria Ebony Evans e para que isso desse certo, eu tinha que matar Lily Evans ou a melhor parte de mim.

* * *

A minha vida em Londres foi miserável até a terceira semana que eu estava estabelecida por ali. O clima frio não parecia contribuir com a minha rinite, nem com o fato de eu odiar dormir de meias; sério, aquelas bostas agarram nas pontas quebradas das minhas unhas e ficam incomodando, um saco. Mas, pior do que o clima, a pressão do ar e outros fatores naturais e não naturais, que contribuíam fortemente para o meu estado de puro stress, ainda havia ele.

Ele mesmo, o bastardo, filho da mãe, vizinho gostoso e que sabia cozinhar muito bem. Sim, James Potter sabia cozinhar, porque não bastava ele ter um sorriso melhor que o meu, um nariz mais bonito que o meu e até mesmo um cabelo mais sedoso que o meu, esse cretino ainda tinha que cozinhar maravilhosamente bem.

E novamente, como você sabe disso, Lily? Ora, era simples. James Potter havia batido a lei de que “somos vizinhos e bons amigos” e todo um blá blá blá, que eu não fiz questão de escutar quando ele me parou na rua como se realmente fôssemos velhos conhecidos.

Desde então, os almoços de domingo não foram os mesmos. Ao fim acabei descobrindo que Remus Lupin era um amor de pessoa, terminando a faculdade de psicologia e com um pé na pós-graduação, ele tinha o sorriso mais gentil que eu já tinha visto. Em contrapartida, existia Sirius Cachorro Black, o outro colega de apartamento de James. Sirius era aquele típico bad boy/roqueiro satânico com predileções para ser sadomasoquista, com os cabelos escuros que lhe tapavam as orelhas, ele era o sonho de consumo de muitas garotas na faculdade e principalmente do curso de direito, o qual ele dizia frequentar.

Marlene mesmo era louca para dar para ele e ela me mataria se pudesse me ouvir agora, mas ela estava muito ocupada com ajudando Dorcas com mais um de seus ataques por “estar perto/sentir o cheiro de Remus Lupin”. É, só existe gente louca a minha volta. Descobri também que McKinnon e Meadowes não eram más pessoas assim, longe disso. Minha querida irmãzinha que era muito fechada e expurgou todas as tentativas delas de se aproximarem.

Realmente, Ebony precisava urgentemente de um descanso. Com isso, acho que já é possível imaginar o quão estranho foi quando eu magicamente consegui explodir um ovo dentro do micro ondas e tive que ser socorrida tanto por Dorcas quanto Marlene. Acabou que elas se mostraram pessoas maravilhosas e deixaram claro que eu pedir anos sem a companhia delas, bem eu não, Ebony, que nesse caso tenho certeza de que jamais colocaria um ovo dentro de um copo com água e levaria por oito minutos no micro ondas.

Como consequência disso ela jamais conheceria verdadeiramente Marlene, a maluca viciada em pizza de abacaxi com pimenta, que cursava Engenharia Química. Ou mesmo Dorcas que parecia mais uma princesa saída de um filme da Disney do que uma estudante de Educação Física, resumindo, Dore era maluca com essas coisas de gorduras trans e todo tipo de esquisitice ligada aos músculos do corpo.

Acho que, pela primeira vez desde que havia pisado com a minha bota por aqui, eu finalmente tinha amigos. Claro que James ficou tirando sarro da minha cara por alguns dias e eu me dizia irritada com isso, enquanto na verdade estava adorando ser o motivo de seu riso. Ele ficava bonito sorrindo e eu gostava de sua covinha na bochecha esquerda, mas acima disso eu gostava do fato que ele sorria só para mim.

Em pouco tempo eu já estava completamente envolvida em uma mentira tão grande, que nem sabia mais o que fazer. Eu tinha amigos, amigos que eram legais comigo e tinha um garoto que, ao menos, parecia se importar comigo, pela primeira vez eu parecia pertencer de fato a um lugar. Porém, todas as noites, quando eu ia marcar no meu calendário quantos dias faltavam para que eu voltasse para casa, a verdade me batia na cara.

Essa não era a minha vida, essa não era eu. Eu era Lily, não Ebony e por mais que eu odiasse pensar nisso, Ebony estaria de volta em três semanas e eu continuaria os infindáveis dias de minha chata e monótona vida atendendo telefone e impedindo, se eu obtivesse êxito, pessoas de se matarem.

Em Dover, eu não teria Remus para me ajudar na escolha de um filme antigo, não teria Dorcas para me convencer a levantar cedo e correr um pouco pelo campus, nem Sirius ou Marlene com suas infindáveis brigas e as maratonas de sexo selvagem depois. Mas, principalmente, eu não teria James para sorrir para mim, contar histórias idiotas e cozinhar maravilhosamente bem, e sabe o que mais me entristecia? Ele jamais viria a conhecer Lily Evans, tudo que ele conhecia era Ebony Evans e ele gostava dela.

Eu já estava ficando sem tempo, o Natal estava chegando e pior que isso, eu me sentia um monstro. O pior tipo de merda por mentir não só para James, mas também para os outros. Sustentar a pele de Ebony agora era algo tão difícil, que, ao me olhar no espelho todas as manhãs, eu tinha nojo do meu reflexo. Eu era uma farsa, uma mentira, uma completa desajustada no meio de um sonho que eu idealizei, mas que, ao fim, outra pessoa iria sonhar.

A bomba veio a estourar literalmente quando Ebony me ligou, as noticias eram boas, ao menos para ela. Sua perna estava milagrosamente curada e ela já poderia voltar para Londres, devo dizer que meu coração se partiu em pedaços ali e se não fosse por James ao meu lado, eu não teria sufocado a súbita vontade de chorar que se alastrou sobre mim.

Isso não é ótimo, Lily? – Ebony tagarelava animada do outro lado da linha.

Senti os olhos de James sobre mim e tentei ao máximo ignorar isso. Ele não precisava saber de nada, em breve ele estaria bem e eu tenho certeza que Ebony se esforçaria ao máximo para conservar os amigos que eu lhe tinha arrumado. Uma voz no fundo da minha mente gritava, dizendo que eu deveria e queria manter meus amigos e não entregá-los de mão beijada para o meu clone melhorado.

– Eby, ta tudo bem? – James perguntou, tocando levemente meu ombro.

Li, quem está ai com você? – Ebony perguntou e eu não pude pensar no quão irritada ela ficara com James se ele a chamasse de Eby. Ela simplesmente odiava apelidos desde nossa infância.

– Só um segundo, Jay. – Pedi e me afastei um pouco. – É só o James, um amigo meu.

James... James Potter, do curso de arquitetura? – Juro que a voz de Ebony subiu uma oitava – Você só pode estar brincando Lily! Sou apaixonada por ele desde o primeiro ano na faculdade. E agora ele está saindo com você... Não! Espere, ele está saindo comigo! Ah isso é tão surreal, acho que posso explodir de felicidade. – E eu queria simplesmente sumir. – Ok, parei. Vou desligar e não faça nada que eu não faria tudo bem? E Lily, eu te amo. Obrigada por tudo realmente.

– Eu... Eu também te amo, irmãzinha. – Me forcei a dizer.

Quando Ebony desligou, meu estômago parecia que tinha sido girado milhões de vezes e o cappuccino que eu estava tomando queria voltar por onde tinha entrado. Lembrei-me que James ainda estava do meu lado e forcei um sorriso, sua expressão não parecia das mais relaxadas e eu sei que ele queria alguma explicação.Só que eu simplesmente não conseguia reunir palavras suficientes para expressar o meu horror.

Agora eu me lembrava de onde conhecia o nome de James ou a breve menção dele, minha irmã gêmea era apaixonada por ele e já havia me falado disso. Estando aqui com James, eu me sentia traindo Ebony e tudo que um dia fora importante para nós duas, ela era minha gêmea, minha irmãzinha que eu sempre tinha protegido e agora isso.

Estava totalmente e completamente fodida. Eu, Lily Evans estava apaixonada por James Potter, bem como Ebony Evans, a minha irmã gêmea.

Minha mente e coração deram saltos ornamentais quando o peso dessas palavras recaiu sobre mim, eu tinha facilitado tudo para Ebony. Desde lhe arrumar pessoas para que não se sentisse tão sozinha, mas acima disso eu tinha me aproximado do cara que ela gostava, agora tudo que ela precisava era manter essa aproximação e ver até onde isso poderia ir.

– Quem era no telefone, Ebony?

Ebony, não Lily. Jamais Lily, jamais.

– Era a minha irmã, estou com saudades dela, sabe? – Soltei um risinho nasal. – Você teria gostado da Lily, James.

– Ebs, eu tenho certeza que só por ser sua irmã essa tal Lily já é incrível. – Ele murmurou segurando meu braço gentilmente. – Mas, eu não preciso gostar dela, Ebony. Porque eu já gosto de você. Estou apaixonado por você.

E bem, Ebony não precisava de mais nada, apenas estar aqui. Eu já tinha feito tudo por ela e agora ela tiraria James, Sirius, Remus, Marlene e Dorcas de mim, tudo de uma única vez. Enquanto a boca de James rumava para a minha, fechei os olhos amaldiçoando o dia em que aceitei uma coisa tão ridícula quanto essa, porque Ebony podia até ter tido a perna quebrada, mas seu coração estava inteiro.

E quando finalmente senti os lábios de James sobre os meus, foi impossível não chorar.

* * *

Era Natal e, para terminar com isso de uma vez por todas, eu tinha voltado para casa. Tinha limpado todos os vestígios de que um dia Lily Evans havia estado em Londres, ou pelo menos eu tinha tentado limpar tudo. A decoração natalina me deixava enjoada, as músicas felizes e toda aquela quantidade extravagante de vermelho e verde cobrindo as casas me irritava. Maldito seja o meu cabelo e meus olhos.

Até as crianças brincando na neve me irritavam e, pior ainda, eram os comerciais de comida. Ao meu redor, eu via todos felizes e perfeitamente em seus lugares, papai e mamãe ostentavam um belo sorriso, embora por dentro papai na realidade quisesse dar um belo soco em Valter. Ah sim, aquele porco engravidou a minha irmã e repentinamente era o máximo ter um bebê para criar.

Eu já podia imaginar um pestinha com a cara de cavalo de Petúnia e os olhos de peixe morto de Valter engatinhando por aí e me chamando de titia. Bebi mais um gole do vinho barato de supermercado que estava na minha mão e funguei. O vento ricocheteava nos meus cabelos e eu sabia que eles estariam uma bela porcaria dentro de poucos minutos.

Como tradição de Natal, mamãe havia comprado dois vestidos idênticos, rosa para Ebony e preto para Lily. Com um cartão que reluzia mais do que o próprio sol no verão, mamãe deixou claro que aquelas cores nos representavam sem sombra de dúvida. Ebony pulou de felicidade e correu para o banheiro, a fim de por o vestido novo. Eu só agradeci e segui para o supermercado, pela primeira vez na minha vida eu precisava de álcool.

Enquanto eu enchia o rabo, sentada no balanço de madeira do jardim, era quase impossível não pensar no meu tempo em Londres com certa saudade. Não havia sido suficientemente forte para esquecer James, sua memória me machucava e mesmo eu sabendo que tinha que deixá-lo pra lá, eu simplesmente não conseguia.

Acho que passar tempo demais respirando o mesmo ar que o Sirius me deixou tão masoquista quanto ele, acho que foi estranho tanto para ele quanto para Marlene, Dorcas e Remus saber da verdade. Saber que nos últimos meses eles não tinham convivido com Ebony Evans, mas sim com a sua irmã gêmea idêntica foi sem sombra de dúvidas um choque. Não posso esquecer suas expressões quando disse que estava indo embora.

James vai ficar arrasado. – Remus se limitou a dizer.

É, eu sabia que James ficaria arrasado, mas era melhor que ele não soubesse de nada. Não era justo estragar a felicidade dele ou de Ebony pela minha, além de que ele havia dito que gostava de Ebony, não de Lily.

Nada me preparou para contar a verdade para James, nem mesmo as suplicas de Dorcas ou os gritos de fúria de Marlene. por um milagre divino, elas haviam me perdoado, ou pelo menos o diziam. Eu tinha pedido ajuda dos meus amigos para quando Ebony voltasse, logicamente James iria me achar diferente, não... achar Ebony diferente. Então foi por isso que eu pedi ajuda de todos para que ajudassem ela a se situar, também pedi para que nunca falassem nada para o James.

Um dia quem sabe, depois que eu tivesse adotado uns trinta gatos e comprado uma casa em algum vilarejo perdido na Sibéria, eu até poderia lembrar dessa história trágica e maluca, assim eu iria rir muito disso. Porque era deveras engraçado, não acham? A minha vida toda eu abri mão das coisas pela minha irmã, começando pela faculdade. Eu sabia que meus pais não teriam dinheiro o suficiente para mandar nós duas para Londres, Petúnia já era uma completa inútil na época e Ebony tinha toda a determinação necessária para ter um futuro. Assim, eu acabei por escolher um trabalho qualquer aos dezesseis anos, e quando a época da faculdade chegou, eu simplesmente dei de ombros e menti que estava feliz sendo uma ninguém.

Céus, desde o início eu era uma mentira. Sempre aceitando e buscando colocar as vontades de Ebony acima das minhas e isso sempre tinha dado certo, até ele.

– Maldito seja você, James Potter! – Gritei, aproveitando o meu momento de falta de lucidez.

Caí em prantos depois disso, porque eu era uma babaca que se permitiu ser infeliz pelo resto de sua vida. Eu amava James, era um merda enorme, mas sim, amava-o. E desejar que ele percebesse algo de estranho e viesse atrás de mim, era querer muito, ele nem sabia que eu tinha uma gêmea e que...

– Maldita seja você, Lily Evans, que fica brincando com a porra dos meus sentimentos!

Era o álcool, só podia ser. James não estava aqui, ele nem sabia onde eu morava e acima de tudo, ele não sabia que eu era Lily.

– Eu estou falando com você. – Foi como aquela frase da bíblia “faça-se a luz”, James entrou no meu campo de visão e eu estava tão travada no balanço que nem conseguia piscar.

– D-Do ... que você me chamou?

– Lily Evans, ou esse também não é o seu nome? – A raiva era perfeitamente tangível em suas palavras.

– James, eu...

– Cala a boca, quem vai falar agora sou eu. – Lentamente ele se aproximou de mim e se abaixou até estar na frente dos meus olhos. – Você não pode simplesmente sumir da minha vida assim, não pode decidir as coisas por mim e pior ainda, não pode deixar que a sua irmã gêmea assuma um lugar que é só seu. – Lágrimas salpicavam em meus olhos e eu tinha medo que se piscasse por um momento James poderia subir e se mostrar só mais um devaneio meu.

– Quase bati no Sirius quando vi que tinha algo errado. Porra, Lily, Ebony é chata pra caralho e não tem senso de humor. Como você esperava que eu não fosse notar nada de diferente? – James fechou os olhos e quando voltou a abri-los, eles estavam um pouco mais suaves. – Essa foi a pior semana da minha vida, até que Marlene resolveu que era justo eu saber da verdade.

Eu tinha um milhão de coisas para dizer, mas eu não conseguia fazer outra coisa, que não soluçar e chorar como uma criança boba. James estava aqui, ele veio, ele veio por mim!

– Então, Lily Evans, – Nada de Ebony, só Lily. – Eu espero que você faça a coisa certa dessa vez, porque se você não fizer, eu juro que te arrasto pra Londres comigo contra sua vontade. Entendeu?

– Amo você, James. – Soltei antes que toda a coragem, que não era muita, flutuasse do meu corpo. – M-Me desculpe, por favor.

Eu não precisava ser Ebony agora, eu não precisava fingir para ninguém mais, como também não precisava sentir culpa. James me escolheu, não a ela e por mais que eu amasse minha irmã, não conseguiria abrir mão desse homem novamente. Simplesmente se o fizesse, não adiantaria; em menos de dois meses, James Potter havia conquistado meu coração e não importava onde ele fosse, meu coração iria com ele.

Porque agora nós podíamos ser James e Lily, sem empecilho algum entre nós.

Só James e Lily, sempre.

– Boa resposta, Lily.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Well well well... eu sou a pior pessoa possível para escrever finais, não importa se são românticos ou não.Espero que essa one tenha realmente ficado tão boa quanto eu imagino, mas acima de tudo espero que quem chegou até aqui embaixo realmente tenha gostado. Não deixe de expressar sua opinião okey?Isso é tudo pessoal e Feliz Natal pra todo mundo ♥



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