Merry Christmas, Lily! escrita por MariGuedes


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Minha amiga secreta é a Ariadne, ou mais precisamente no Nyah!, Angel Rocker. Que seu Natal e Ano Novo sejam cheios de magia - clichê sendo uma fanfic de Harry Potter, mas não pude deixar passar - e que 2016 traga consigo a realização dos seus sonhos. Espero sinceramente que goste.



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Esse com toda certeza será o Natal mais inusitado que eu já tive. Começando pelo fato de que será na casa dos Potter, o que pra mim já é diferente o bastante. Um ano e meio atrás isso jamais passaria pela minha cabeça. “Onde já se viu, ideia mais descabida eu passar o natal na casa dos Potter? Nem morta” eu diria aos risos.

Mas cá estou eu, entrando na casa, ainda não sendo uma mansão, era decorada com o requinte que deixava claro que o Sr. e a Sra. Potter tinham cargos importantes como aurores. Vez ou outra já tinha os visto na estação, mas nunca mais do que algumas palavras. De qualquer forma não estariam aqui, já que estavam presos na Áustria, para uma reunião e só voltam quando nós já tivermos ido.

Bom, por mais entranho que fosse passar o Natal aqui, era aqui ou Hogwarts. Minha mãe e Petúnia passariam o feriado na casa de veraneio dos pais da baleia do meu cunhado. Meu pai morreu há três anos. E eu obviamente não fui convidada. Podia até ouvi-la gritar que não queria que “a aberração da família” estragasse seu feriado perfeito. Minha mãe não me disse diretamente que eu não fui convidada, mas eu notei que eu não estava nos planos. Eu não iria de qualquer forma, mas me incomodava ter sido excluída.

-Lily – minha melhor amiga, Amy, me chamou – Vai ficar olhando pro nada?

-Estava pensando – respondi.

-Os quartos são aqui em cima. Vocês não se importa de ficar no mesmo quarto? – James nos perguntou.

-Claro que não – Amy respondeu por mim – Dividimos o quarto em Hogwarts com varias outras meninas. Ficar só nós duas é quase ter um quarto para cada, né Lily?

-Claro. Não tem problema algum.

O quarto de hóspedes era bem espaçoso e confortável e logo trocamos de roupa para descer e comer alguma coisa. James e Sirius já estavam na sala, quebrando a cabeça com o que eu logo reparei que era uma televisão.

-Com o que vocês estão queimando os poucos neurônios de vocês? – não pude deixar de zombá-los.

-É essa “tevisilão” que meus pais pediram pra eu instalar – ele ignorou a provocação – Mas eu não consigo fazer funcionar de jeito nenhum. Esses trouxas complicam demais.

-Alguma de vocês sabe instalar essa geringonça? – Sirius perguntou.

-Nem olha pra mim – Amy logo falou – Nunca vi nada assim na vida – Amy é de família de sangue puro, mas mesmo assim não tem o preconceito disseminado por Você Sabe Quem.

-Deixa comigo – eu me voluntariei – Essa é bem mais moderna que a minha, mas acho que dou conta.

Não demorou muito para que eu desse conta do recado e logo a televisão e o vídeo cassete estavam devidamente instalados e eu coloquei um filme qualquer para passar.

-Mas esses trouxas pensam em tudo – Sirius disse.

-Eles têm “tevisilão”, mas as fotos não se mexem – James disse – Vai entender.

-É televisão, James – eu corrigi – A proposito, faz pipoca pra assistirmos o filme? – eu pedi, fazendo beicinho.

-O que você não pede chorando que eu não faço sorrindo, lírio? – eu há tempos não ligava que me chamasse de lírio e em certo ponto eu passei a gostar, mesmo não admitindo nem para a minha sombra.

Em algum momento James deixou de ser aquela criatura insuportável e arrogante e se tornou o que é hoje. Amadureceu muito, e apesar de continuar engraçado, deixou de azarar o Snape – com o qual eu não falo desde que ele me chamou de sangue ruim – e nos aproximamos aos poucos e hoje somos amigos.

Sirius e Amy estão com as pernas entrelaçadas e tenho certeza que muito em breve estarão se pegando pelos cantos. Sirius e minha melhor amiga vivem um relacionamento complicado. Não namoram oficialmente e tem casinhos ali e aqui, mas no fim acabam voltando um para o outro – mesmo que nem sob tortura digam que estão namorando -, mas quem sou eu para me meter entre os dois?

James voltou com a pipoca e alguns cobertores. Amy logo se conchegou no Sirius, estando em seu colo, aninhada a ele, que vez ou outra beijava seus cabelos. Em poucos segundos estavam aos beijos e somente eu e James estávamos vendo de fato o filme. Só que o cansaço da viagem começou a se pronunciar e minhas pálpebras pareciam pesar uma tonelada, e sem resistir mais, apoiei a cabeça no ombro de James ao meu lado e antes de apagar, só pude notar como seu perfume era bom.

Quando eu acordei, ainda estava com as roupas do dia anterior e Amy já havia descido, eu me lembrava muito vagamente de alguém me levar para cima. Tomo banho, penteio e prendo minha juba ruiva antes de descer para o café. Remus já havia chegado e pelo que entendi, Peter não viria já que pelo jeito teria de passar o natal com os pais ou algo assim.

No dia seguinte seria véspera de natal e eu e Amy colocamos os meninos para arrumar toda a casa em clima natalino. Mesmo que fossemos só nós, achei importante que tudo ao redor estivesse de acordo com o momento. Já quase na hora do almoço, terminamos exaustos e fomos todos para a cozinha.

A bagunça foi generalizada. Eu fiquei encarregada do macarrão, Amy do molho, Remus das almondegas, James da salada (que sabíamos que quase ninguém comeria) e Sirius de arrumar a mesa (já que ele era tão ruim na cozinha que era capaz de queimar até água).

Sentada a mesa, ainda rindo das palhaçadas dos meninos, agradeci mentalmente por Petúnia e meus pais passarem o feriado na casa dos pais do meu cunhado. Em geral, o Natal na minha casa é bem chato. Vou mesmo é ver minha mãe - e sinto uma imensa falta de meu pai, já que todos os cantos da casa trazem memórias que ao mesmo tempo que são boas, fazem o peito doer de saudade. Minha irmã me odeia com muita intensidade e faz questão de me falar a cada segundo. Eu sei que ela tem inveja por não ser bruxa como eu – sei da carta que mandou a Dumbledore – mas ainda sim é minha irmã e sinto falta de como éramos unidas até antes do meu aniversário de 11 anos. Mesmo já tendo aprendido a relevar as ofensas – depois de muito ficar magoada com elas – eu sinto falta de tê-la como irmã de verdade.

-Não vamos ficar em casa, né gente? – Sirius começou quando anoiteceu – Tanta festa acontecendo e a gente aqui.

-Sossega, almofadinhas – James respondeu – Você foi a cada festa clandestina na sala precisa esse ano.

-Cruzes, Sirius – eu disse – Prefiro ficar.

-Eu também – James concordou comigo.

-Mas as festas fora de Hogwarts são melhores – Sirius fez bico e cruzou os braços como criança.

-Eu vou com você – Amy cedeu e logo Sirius descruzou os braços e beijou Amy, que logo subiu as escadas correndo para se arrumar.

Estranhamente Remus concordou em ir. Provavelmente relacionado com o namoro que terminou há poucas semanas. Pelo que eu sei, ele gostava bastante dela. Logo me toquei que ficaríamos só eu e James. Sozinhos. Senti um frio na barriga. Não tem muito tempo que eu vejo o James de forma diferente. Eu confesso, ele me atrai pra caramba, como um imã, sem contar a confusão de sentimentos que se agita dentro de mim quando ele está próximo.

Quando eles saíram, eu e James ficamos na sala. Ele via a “tevisilão” dele que o encantou e eu fiquei lendo, mesmo com o barulho. Mas eu não conseguia me concentrar em uma única palavra, pois estava hiperconsciente da presença ao meu lado.

-Lily? – ele me chamou, e eu cruzei as pernas, virando para ele.

-Oi.

-O que te fez mudar de ideia sobre mim?

Ô pergunta difícil!

-Não sei, James – tentei enrolar – Você amadureceu e tal...

-E tal não me dá detalhes, Lírio.

-Eu vi que você é uma pessoa leal aos seus amigos, engraçado e uma boa pessoa depois que cresceu e deixou de ser um mala – não pude deixar de alfinetá-lo.

-Acho que não entende o quão feliz eu fico de você ter mudado de ideia, Lírio.

Não sei quem se aproximou primeiro. Mas em questão de segundos, estávamos com rostos próximos, nossas respirações se misturavam. James pôs a mão na minha nuca e me puxou para ele. Selando nossos lábios.

Já beijei outras vezes. Quase namorei um garoto da Corvinal, mas nenhum nunca provocou metade das sensações que eu estou sentindo nesse exato momento. É como se existisse a gente. O beijo era calmo, mas ainda intenso.

Fomos nos separando até que ficamos com as testas juntas e nos olhando. Mas então eu o beijei. Um beijo muito mais intenso, carregado de desejo. Num ritmo frenético, eu estava no colo dele, com as pernas uma de cada lado. Ele com as mãos debaixo da minha blusa. Eu já estava dominada pelas sensações e pelo desejo, tomada pela vontade de estar cada vez mais colada a ele, o que no caso seria nos fundir, pois não passaria um formiga entre a gente. Vez ou outra nos separávamos para respirar, mas logo voltávamos. Não havia nada no mundo que me afastasse dele.

Mas então ouvimos um pigarro. Era o Remus. Não havia que diminuísse a vergonha que eu estava sentindo. Eu no colo do James, totalmente descabelada numa posição altamente sugestiva.

-Er, voltei mais cedo por que não estava mais aguentando aquela gente toda e já tinha bebido demais. Mas pelo jeito cheguei em má hora – e subiu as escadas, com um andar meio trôpego.

-É, James, acho que eu vou dormir também – disse sem jeito.

Antes de subir, nos beijamos mais algumas vezes. Agora deitada olhando para o teto, fico relembrando os beijos e todas as sensações. E me deu vontade de ir até ele só para beijá-lo mais uma vez. No entanto, me contive.

Ouvi os passos meio trôpegos de Sirius e Amy no corredor. Mas minha amiga não entrou no quarto e imagino que passará a noite fazendo coisas mais interessantes que dormir no quarto de Sirius. Torci para não ter que ouvir nada, mas cai no sono antes de ouvir qualquer coisa.

Na manhã seguinte tive de vencer a vergonha para encarar James e Remus. Tomei banho e juntei a coragem que tinha para descer. Estavam todos na cozinha fazendo o café. James fazia algo no fogão, Remus parecia preparar panquecas enquanto Sirius estava encostado em uma pilastra com Amy nos braços. Vi o olhar deles e acho que agora eles engatam.

-Estava falando, Lily, que depois de ontem, esses dois não param de risinhos bobos um para o outro – Remus diz.

James ao ouvir meu nome, se virou e me sorriu e eu não pude deixar de sorrir de volta, ainda que tímida.

-James, admira a Lily outra hora senão você vai queimar todo o bacon.

Eu e James ficamos ainda sem graça pelo flagra de ontem e Amy e Sirius estavam compenetrados demais um no outro para ouvir o que Remus disse. Pelo jeito não sabem de nada, já que com toda certeza, seria uma pegação de pé tremenda.

Eu passei o dia todo fugindo do James como o diabo foge da cruz. Não por arrependimento, mas apenas por constrangimento. Algo até meio involuntário.

A tarde começamos a fazendo a ceia de natal. Claro que fizemos a maior bagunça. Amy queimou algumas rabanadas pois se distraiu beijando Sirius. Sujamos-nos de farinha – de proposito – e rimos até doer a barriga.

Quando tudo estava arrumado na mesa – pequena, pois éramos só cinco – e brigando com Sirius de minuto em minuto toda vez que ele queria roubar comida, subimos para tomarmos banho e trocar de roupa e já estava bem tarde. Com certeza teríamos terminado mais cedo se brincássemos menos e cozinhássemos mais. Acho curioso no Natal que nos arrumamos para ficar na sala, mas ainda sim sempre o fazemos.

Sou a primeira a me arrumar, então vou para o quintal olhar as estrelas. Sempre fazia isso com meu pai quando eu era pequena. Ficávamos horas na varanda, ele me dizendo os nomes e eu formando desenhos. Sinto muita falta dele e nossa casa não é mais a mesma sem sua presença. Minha mãe não consegue controlar os chiliques da minha irmã, então as férias em casa se tornam imensamente insuportáveis e sempre tento passar a maior parte do tempo na casa de Amy.

-Não está gostando da comemoração lá dentro? – me assusto com a voz de James ao meu lado.

-Estou adorando – eu respondo – Mas eu gosto de observar as estrelas.

Fico olhando para ele, como se eu estivesse decorando cada traço do seu rosto. James Potter, o garoto de fases. Começou estudiosso, se tornou o arruaceiro, o prepotente, o galinha, tudo o que era esperado que ele fizesse de errado, ele fez por um bom tempo. Fazia pegadinhas de mau gosto com primeiranistas, azarrava-os sem dó, aprontavam com todos – em especial os sonserinos, e mais frequentemente Snape -, era o capitão do time de quadribol – o que lhe conferia um porte que deixava todas as meninas tontas – e se achava o tal, já que quase todas as garotas se jogavam aos seus pés.

Foi na fase prepotente/galinha que James me chamou pra sair pela primeira vez. Lembro-me com clareza desse dia. Quando respondi um sonoro não, ele piscou e me encarou como se eu falasse outra língua. “Como não?” ele perguntou e eu quase soletrei com gosto que eu não sairia com ele.

Mas de um ano e pouco ele saiu dessa fase. É traquinas com os marotos, mas não azara primeiranistas, não fica com a primeira garota que passa em sua frente e tem se concentrado nos estudos, tentando compensar o tempo que perdeu para conseguir boas notas nos N.I.E.M.s.

-Lily – ele sussurra, acariciando a minha bochecha e fecho os olhos, aproveitando o momento.

-James – sussurro de volta.

-Eu quero desesperadamente te beijar – ele diz olhando fixamente a minha boca e tudo em mim se agita.

Não hesito em beijá-lo. Beijar James Potter é diferente de qualquer outra coisa. Passo as mão pelo seu pescoço, afundando uma das mãos em seus cabelos. Ele me envolve pela cintura, me levando para mais perto dele.

Quando o beijo se torna mais intenso, juro por tudo de mais sagrado que eu vou pegar fogo de dentro pra fora e estar no banco não permite que eu esteja tão próxima a ele quanto eu gostaria, então passo as pernas por cada lado do seu corpo, sentando em seu colo. As mãos de James se tornam mais ousadas e eu ponho as mãos debaixo de sua blusa, sentindo seu tórax e subindo.

-James... – minha voz é quase sôfrega quando ele começa a passear suas mãos debaixo do meu vestido enquanto beija meu pescoço de forma que tenta a minha sanidade. Eu quero me colar a ele mais do que o possível, ansiando por mais contato.

-Lily... – sua voz cheia de desejo me entorpece.

-Acho melhor a gente parar – eu digo, mesmo que desejando continuar.

-Você está certa – ele suspira e dá um ultimo beijo no meu pescoço, me arrepiando por inteiro.

Saio de seu colo e sento ao seu lado, ele põe o meu cabelo atrás da orelha.

-Lily – ele começa – Devo admitir que eu insistia em sair com você por simples orgulho. Mas em algum momento, eu comecei a me encantar por você. Adorava te irritar por que você fica linda irritada – eu cruzo os braços, fingindo raiva e fazendo bico e ele me dá um selinho – Sempre admirei a sua lealdade, coragem, inteligência. Eu sempre amei te deixar sem graça pra te ver corar. Eu sonhava com você noite sim e noite também e todas as garotas se tornaram sem graça por que nenhuma delas era você. Lily, - ele respirou fundo – eu te amo, me dá uma chance?

-James, - parecia um sonho. James Potter me AMA! Se for um sonho, ninguém me belisca por que eu não quero acordar. Depois de tantos meses escondendo os meus sentimentos, sonhei com um momento como esse – É claro que sim.

Ele abriu o maior e mais bonito sorriso e me beijou. Um beijo calmo, cheio de expectativas para o que viria. Quando nos separamos, ouvimos barulho dentro da casa. James confere o relógio e vê que é meia noite.

-Feliz natal, Lily – ele me sorri.

-Feliz natal, James.

-Definitivamente, o melhor natal de todos – e me beija e me gira, enquanto eu rio, feliz com esse natal tão diferente.


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Notas finais do capítulo

Para todos os que lerem, feliz Natal e que todas as coisas boas que todos desejam, mas que convenhamos, é essencial, venham com 2016, incluindo uma melhora no nosso intimo, que ao meu ver - desde que para melhor - é muito bem vinda.
Mil beijos



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