Dentre todas as flores, foi pelo lírio que o cervo se apaixonou.

Tão pequeno aos olhos, tão frágil ao toque. Representante da inocência. Mas o lírio não correspondeu de início aos sorrisos presunçosos do cervo, não se dignava a se quer lhe prestar a devida atenção. O cervo não era digno de receber a verdadeira essência do lírio. A ele era dado somente desprezo e asco. Ao lírio também não foi permitido o conhecimento do real cervo. Tão arrogante aos olhos, tão frio ao toque. Representante da liberdade. À flor era dado apenas a pior máscara daquele peculiar animal.

Quando o cervo se contaminou pela inocência do lírio e quando o lírio se encheu de liberdade do cervo, um complementou o que faltava no outro. Eles se encontraram no mais puro âmago de cada um. O lírio descobriu que o cervo não era tão ruim quanto aparentava, era quente e bondoso. E o cervo percebeu que o lírio era tão forte e grande por dentro quanto uma sequoia por fora.O cervo desejou passar o restante de seus dias ao lado do lírio.

O lírio realizou a vontade do cervo.