—Bem vindos ao treino com dragões!

Bocão abre o portão da arena deixando os mais novos aprendizes entrar e admirarem lá dentro.

—Como se vocês nunca tivessem passado pela arena antes disso...

—Agora é pra valer –Diz Astrid. 

—Quero ficar com queimaduras alucinantes – Cabeça-Dura se empolga.

—E eu com umas dentadas. Tipo, no ombro e nas costas – Cabeça-Quente fala.

Alguns vikings suspiraram inconformados com os gêmeos.

— O pior de tudo é que eles continuam assim. - Comentou Bocão.

—É. Só tem graça se rolar cicatriz – Astrid concorda.

— Até tu Astrid?!

—Falou e disse –Soluço entra no lugar arrastando o marchado que seu pai lhe dera nem um pouco animado e todos se viram pra ele – Dor. Me amarro – Diz irônico.

—Ah. Ótimo. Quem convidou ele? – Reclama Cabeça-Dura.

— Ninguém me disse até hoje quem foi que convidou ele! - Reclamou Cabeça-Dura revoltado.

— Fica quieto aí!!

—Vamos começar! – Bocão anuncia – O recruta que se sair melhor vai ter a honra de matar o seu primeiro dragão na frente de toda a nossa aldeia.

— Esse era o insentivo que vocês davam aos jovens? - Valka perguntou séria.

— Desculpe, querida. - Stoico sorriu nervosamente.

—O Soluço já matou um Fúria da Noite. Isso não desclassifica ele não? – Zomba Melequento e os outros riem.

— Como você se sente sabendo que o Soluço realmente derrubou o Banguela, Melequento? - Perguntou Astrid.

— Cala a boca Astrid... - Melequento resmungou cruzando os braços.

—Não esquenta. Você é pequeno e fraco. Vai ser um alvo menos apetitoso – Bocão tenta consolar Soluço colocando seu braço ao redor do menor – Vão achar que você tá dodói ou doidinho e irão atrás daqueles que tem mais jeitão de viking.

— Obrigado, Bocão. Sua sinceridade é comovente. - Disse Soluço.

 Ele se separa de Soluço e começa a rodear a arena apresentando os dragões – Atrás desses portões estão algumas espécies que irão aprender a combater: O Nadder Mortal!...

—Velocidade: 8. Força: 13 – Perna de Peixe interrompe Bocão.

—...o Ziperarrepiante!

—Invisibilidade: +11 vezes 2.

—... o Pesadelo Monstruoso!

—Poder de Fogo: 15.

—...o Terror Terrível!

—Ataque: 8. Veneno: 12.

—Cala a boca, moleque! – Bocão grita – E... o Gronkle – Ele agarra a alavanca que abre a jaula.

—Mandíbula força: 8 –Sussura para Soluço.

— Já deu né?!

— Bocão, você não vai treinar a gente primeiro? – Melequento se pronuncia.

—Eu acredito que só se aprende fazendo – Ele libera o dragão que sai voando.

— Bocão! - Exclamaram os pais da gangue.

— Hehehe. Esse é o meu jeito!

— Hoje, é a aula de sobrevivência. Rapido! Do que precisam?

— Um escudo. - Comentou Eret de braços cruzados.

—De um médico? – Palpita Solcuço.

— Cof cof sarcasmo cof cof.

—Velocidade: +5? – Sugere Perna de Peixe.

—Um escudo  - Astrid fala.

—Isso! Peguem logo – Bocão manda e todos correm paga pegar a sua proteção – A peça mais importante para o seu equipamento é  escudo! – Soluço começa a ter dificuldades para vestir o escudo e Bocão vai até ele para ajuda – Se tiverem que escolher entre uma espada e um escudo, escolham o escudo! – Ele ajuda o menino e o empurra para que volte ao exercício.

— Vikings=Violência a qualquer momento.

—Tira a mão do meu escudo! – Cabeça-Dura começa a brigar com a cabeça quente pelo escudo.

— Até pelo escudo vocês brigam?! - Perguntou Eret.

— Ei! Nós não brigamos por tudo! - Cabeça-Dura respondeu.

— Sim! - Concordou sua irmã. - E você é a prova disso.

Eret se arrastou para mais longe dela.

—Escolhe outro, garoto!

—Pega aquele com a flor. É bem de mulherzinha – Cabeça-Dura zomba e sua irão puxa o escudo batendo-o na cabeça do irmão logo e seguida.

—Opa! Esse ta com sangue agora.

Os vikings riram.

— Essa foi boa!

Eles voltam a brigar até que o escudo deles é atingido por uma bola de fogo lançado pelo gronkle.

—Cabeça-Dura e Cabeça-Quente! Fora! – Anuncia Bocão – Seus escudos servem para mais uma coisa. Barulho. Façam bastante barulho para confundir o dragão – Ele dá a dica e todos começam a bater suas armas em seus escudos criando barulho suficiente para deixar o dragão atordoado – Todo dragão tem um número limitado de tiros. Quantos tem um gronkle?

—Cinco? – Chuta Melequento.

— Idiota! - Cabeça-Dura disse disfarçando como se estivesse tucindo.

—Não, seis! – Perna de Peixe acerta desviando sua atenção do dragão.

— Nerd! - Exclamou Melequento.

—Correto, seis! Um para cada um de vocês – Bocão “parabeniza”. O gronkle percebe o distraído Perna de Peixe e atira em seu escudo – Perna de Peixe está fora. Vai pra lá, Soluço! – Soluço que estava atrás de um pedaço de madeira tenta sair de lá mas ao quase ser atingido, volta com medo.

Os vikings seguraram um riso.

—Eu to me mudando pro porão dos meus pais. Aparece lá pra malhar. Você tem jeito de quem malha – Melequento tenta dar em cima de Astrid que estava na sua frente, mas ela sai assim que vê o tiro indo em sua direção, o qual acerta o Viking.

— Desista Melequento. Você perdeu pró Soluço já faz tempo! - Disse Cabeça-Quente.

—Melequento está fora!

Astrid para ao lado de Soluço que se aproxima tentando puxar assunto.

— É... parece que agora é só você e eu.

— Tentativa de chegar na crush... You faild! - Brincou Bea.

—Não, só você – Astrid recua e o dragão acerta o escudo de Soluço.

—Só resta um tiro! – Bocão anuncia. O pequeno viking começa a correr atrás de seu escudo que saiu rolando e o gronkle voa atrás dele – Soluço!

O mais novo vira mas tropeça encostando na parede. O dragão se aproxima e se prepara para o próximo tiro.  Bocão com o seu gancho desvia a direção dele que acaba acertando a parede

— E com esse, seis. Volta pra cama, seu salsichão metido a besta – O maior prende novamente o réptil – Você vai ter outra chance. Não se preocupe

Bocão se vira para os mais novos que ficaram em uma fileira se recuperando do treino pesado.

—Lembrem-se os dragões sempre – Ele se vira para Soluço ainda sentado perto da parede -  sempre atacam pra matar – Ele levanta o menor e sai da arena.

— E pensar que era assim que nós vivíamos...

***

Soluço vai novamente para a floresta, mais especificamente no lugar onde teve o seu encontro com o Fúria da Noite. Ele se agacha e pega a arma que prendia o dragão antes.

—Mas então por que você não me matou? – Questiona.

— Porque o Banguela te ama! - Exclamou Cabeça-Dura, como Banguela lambeu o rosto de Soluço que riu.

Ele levanta se aprofundando mais na floresta onde quando chega na clareira, ele para e observa o lugar. Ele anda mais pra frente e suspira.

—O que que eu pude esperar?

Ele olha para o chão, vê escamas negras e se agacha pegando-as. Mas logo é surpreendido com o dragão voando perto dele. Na verdade, ele não estava voando, era apenas um pulo já que a clareira era funda. O Fúria da Noite tenta sair de lá mas logo volta ao chão.

— Então é por isso que ele não foi embora! Ele tava preso na clareira! - Concluiu Perna-de-peixe.

Soluço desce mais um pouco pelas pedras para se aproximar e observa mais algumas tentativas falhas do dragão de sair. Ele pega o caderno e começa a desenhar o dragão maravilhado.

—Por que que você não consegue voar? – Ele fala baixo apenas perguntando mais para si mesmo do que para o Fúria da Noite.

— A cauda, dãn!

Ele percebe que o dragão não tinha da parte da cauda e apaga do desenho. Após mais uma tentativa, o réptil cai perto do lago. Ele vê os peixes e tenta pegar um, sem sucesso. Soluço deixa o lápis cair sem querer chamando a atenção do dragão.

— Eita...

— Okay, pessoal. Então o que vocês acharam dessas cenas? - Perguntei aos vikings.

— Por que você tá perguntando isso? - Pediu Soluço.

— Porque esse capítulo tá parado! Eles me olharam confusos, mas eu ignorei. - Então...?

— O Soluço era magricelo, mas agora tá bonitão! - Concluiu Cabeça-Quente.

— Hey! - Exclamou Astrid.

— Você sabe que é verdade!! - Astrid ficou quieta. - Mas ele não é tão bonitão quanto ao Eret filho de Eret.

— Fico lisonjeado com o elogio, mas... Saí do meu pé! - Eret implorou.

Enquanto isso, pude escutar o Soluço e a Astrid conversando em voz baixa.

— Então... - Soluço começou com um sorriso. - Você me acha bonitão?

Astrid cruzou os braços e virou a cara para longe, porém ela corava.

— Astrid?

— Tá legal! - Astrid cedeu. - Sim, eu acho! Você mudou muito desde os quinze anos!

Soluço se aproximou de Astrid.

— Bem, m'lady... Eu posso dizer que não sei como foi possível você ficar mais bonita do que você já era com quinze anos.

Astrid corou mais ainda e socou o braço de seu namorado.

— Ai!