“Guess I don't know where to draw the line. the line, the line

We're playing the same game every night

Up in the clouds, yeah you know how to make me want you

When we come down, I know, yeah I know it's over

You don't know how to love me when you're sober”

(Sober - Selena Gomez)

Percy POV

Eu ainda me perguntava porque tinha aceitado o plano de Annabeth. Meu plano de afastá-la na festa tinha funcionado, mas eu sinceramente não sabia porque vê-la chorando mexera comigo. Claro, eu não gostava de fazer ninguém chorar, mas nesse caso, era necessário, pois eu pressentia problemas cada vez que estava perto dela.

— Uau, Perseu. - pelo espelho vi o reflexo de Annabeth, encostada na minha parede do quarto, usando uma saia florida e uma blusa branca com manga comprida, infelizmente, decotada. - Não achei que você pudesse me surpreender.

— Eu sempre posso, Annie. - respondi, terminando de abotoar minha camisa social. - Ainda não sei como aceitei essa sua loucura. - ela sorriu e esticou a mão, a qual peguei e entrelacei meus dedos nos dela.

— Também não. E não sei como te agradecer. - seguimos para o andar de baixo, onde estavam todos na Sala de Jantar.  Dei de ombros e congelei ao lado de Annabeth ao ver os rostos conhecidos.

Nós tínhamos combinado de contar a poucas pessoas, os adolescentes nem pensar, apenas alguns adultos. Mas naquela sala, eu via Afrodite, Atena, Frederick (pai de Annabeth), minha mãe, Anfitrite, meu pai, Apolo, Ártemis, Zeus, Hera, Luke. Todos calaram-se ao nos ver e desviaram os olhos para nossos dedos entrelaçados. Nunca senti tanta vergonha na vida, mas por conta do fingimento, sorri acompanhando minha nova namorada.

— Bem, eu e o Percy… Chamamos vocês aqui para anunciarmos que estamos começando um namoro. - Annabeth falou sorrindo, mas pude sentir sua mão gelada apertando a minha.

— SEMPRE SOUBE! - Hera se exaltou e franzi o cenho. Nunca tinha visto ela se animar por algo assim. Luke veio falar conosco, enquanto os outros começaram a comer.

— Cuida dela ein Percy. - ele sorriu e abraçou Annabeth, a tirando do chão.

— Pode deixar, Luke. - pisquei e a abracei de lado, trazendo-a para perto de mim. - Mas assim… A gente não queria que a galera soubesse não. Pelo menos não por enquanto.

— Você podia bem esconder né, Luke? - Annie pediu e ele assentiu. - Obrigada. Até trouxemos poucas pessoas para deixar começar sem pressão das pessoas. E bem… Como nossos amigos são diferentes, nosso relacionamento pode ser complicado. Estamos evitando estresse agora. - fiquei impressionado com a desculpa de Annabeth, porque sabia que tinha um fundo de verdade escondida.

— Fiquem tranquilos. Quanto aos amigos diferentes, rolou muita coisa naquele baile, praticamente todo mundo se fala agora. Não como melhores amigos da vida toda, mas o suficiente. E hoje a tarde marcamos de nos encontrar na Quadra de Jogos. Querem vir?

Olhei para Annabeth e dei de ombros, já ela, aceitou na hora, me arrancando um sorriso. Fomos almoçar e sentamos juntos, no final de tudo, quando íamos para a Quadra, notei como eu não queria largá-la.

Annabeth POV

Depois daquele almoço, eu tinha certeza que meu plano funcionara muito bem. Apesar do climão, que eu não sabia porque estava rolando, tudo saiu muito bem. Percy era um ótimo ator, tão bom, que doía por dentro a cada coisa que ele falava de mim. Todos acreditavam e supreendiam-se, até mesmo eu. Ele dizia enxergar coisas em mim, que sinceramente, eu via como grandes mentiras. Chegavam a incomodar a idiota egoísta do meu interior.

— Eu acho que… hmm… tá na hora da gente se soltar. - comentei enquanto caminhávamos para a Quadra de Jogos e ele sorriu sem graça.

— Hm. É-é claro. - seu braço saiu da minha cintura e ignorei a sensação ruim dentro de mim. Cade a maldita atriz que você é, Annabeth Chase?

— Acho que seria legal vocês se odiarem um pouco por aqui. - Luke sugeriu. - Com aquele trabalho, vocês andam muito juntos e bem… Isso gera suspeitas. Pelo menos implicâncias.

— Ok. - dissemos em uníssono e nos afastamos, avistando nossos amigos.

— Olha quem apareceeeeeu! - Thalia gritou e foi correndo abraçar meu “namorado”. Fui cumprimentar o resto do pessoal, tentando não ser babaca, ou seja, falando com todos. Jason, Piper, Nico, Bianca, Will, Silena, Drew, Butch, Frank, Hazel, Beckendorf, Clarisse, Chris, Connor, Travis, Grover, Juníper, Leo, Calipso, Katie, Reyna (que se agarrava com Octavian, sabia que tinha motivo para ela não ir ao almoço), Zoë e por fim, Rachel.

Obviamente, a boa ação do ano estava feita: cumprimentar gente que eu não suportava. Me sentei na roda que todos estavam, entre Silena e Drew, que não falavam comigo há um bom tempo, mas agora estavam completamente normais.

— E aí gente? Que tal um jogo de Verdade ou Consequência? - Drew propôs e ouvimos vaias e algumas palmas. Até Perseu pedir que todos calassem a boca.

— Eu não concordo. Joguinho de criança. - reclamou e sorri maliciosa, erguendo a sobrancelha.

— Me engana que você não quer beijar umas bocas, nerdzinho! - provoquei e ele fechou a cara, levantando ao mesmo tempo que eu. Várias vozes fizeram “Ui”, alimentando nossa briguinha infantil, que confesso, senti falta.

— Então tá, Annabeth Chase. - ele falou duro e pude sentir meu corpo estremecer com a frieza dele. - Vamos jogar. E quem beijar primeiro, perde.

— Como quiser. - mordi os lábios e pisquei pra ele, voltando a sentar no chão, com a garrafa já no meio, começando a girar.

Este jogo seria fantástico.

Atena POV

Estar na casa dele era péssimo. Mesmo em um almoço que me satisfazia e me desapontava ao mesmo tempo, olhar para Poseidon doía. Agora que Annabeth sabia de tudo, por conta do maldito Baile, eu me condenava, por exigir da menina que se apaixonasse quando eu era assim. No entanto, ao receber a notícia do namoro dela com o filho do homem que eu amei a vida toda, vi que ela não era igual a mãe e que o menino não tinha culpa disso, então meu ódio ficou só em Poseidon mesmo.

Saía da casa dele, no final daquele almoço, quando senti alguém me puxando para um cômodo esquisito. Eu estava na dispensa de Poseidon, com adivinhem quem? POSEIDON! Suspirei e revirei os olhos, desejando ter explodido aquele Baile de Máscaras quando pude.

— Nós precisamos conversar. - ele disse.

— Você podia ter dito isso, me chamado como um cavalheiro. MAS NÃO! - gritei e ele tapou minha boca.

— Anfitrite está no andar de cima. Fale baixo. - pediu e eu cumpri, só porque odiava aquela mulher.

— Você simplesmente me puxou para dentro de uma dispensa e disse depois que queria falar comigo. Agora você perdeu pontos, o que significa que eu não vou te levar a sério, mesmo que você fale que alguém morreu ou que você vai se separar de Anfitrite, ou que o seu filho transou com a minha fi… - Poseidon me puxou e me beijou, com tamanha agressividade que provocou um arrepio pelo meu corpo, me fazendo gemer baixo de frustração e prazer.

Ele me encostou na parede da dispensa escura e puxou minha coxa, fazendo-me enlaçar sua cintura com as pernas. E então parou, me sustentando contra a parede.

— Agora vai me levar a sério. - declarou ele, ofegante. Assenti involuntariamente, perdendo toda a minha marra ao lembrar da última vez que estive próximo assim dele. Ele foi meu primeiro. Estremeci com o pensamento e foquei no que ele falaria. - Eu vou.

— Vai o que, criatura?

— Vou me divorciar.

— COMO? - quase gritei, mas me controlei. Ele sorriu e me colocou no chão, mas sem se afastar de mim.

— Vou me separar de Anfitrite.

— Olha.. Poseidon. Se você vai terminar com ela por mim… Por aquilo que aconteceu no Baile. - abaixei a cabeça e ele levantou meu queixo.

— O mundo não gira em torno de você, Atena. - suas palavras frias me atingiram. Engoli em seco e ele continuou. - Vou me divorciar por mim. Não posso ficar com ela, infeliz. Porque eu amo você.

Congelei e o encarei, mordiscando peles do lábio. Ele segurou meu rosto e tentei o enxergar naquele breu. Mas antes que conseguisse, ele me beijou delicadamente. Bem devagar. Eu o amava, mas ele não merecia saber.

Percy POV

O jogo estava tranquilo por enquanto. Ninguém havia me desafiado, ou feito algo que me prejudicasse, apenas perguntas sobre eu e a Rachel, que eu respondia sem problemas. Annabeth estava entediada pelas caras que ela fazia. Até Silena resolver animar as coisas. A garrafa parou em Silena X Leo.

— Verdade. - Leo pediu e ela sorriu.

— É verdade que você está apaixonado pela Calipso desde que se beijaram no Baile?

— Não. A… A Calipso não quer nada sério comigo. Então desisti de tentar algo com ela. Ela é muito Annabeth pra mim. - Annie fechou a cara e eu respirei fundo. Você a odeia Percy. Fique calmo.

A garrafa girou novamente. Calipso X Beckendorf.

— Consequência. - Charles pediu e Calipso sorriu.

— Ou beija a Silena, ou confessa que gosta da Silena ou fala o que pensa dela. - e sorriu, se vingando da pergunta anterior.

Beckendorf engoliu em seco e todos aguardamos ansiosos pela sua escolha, mas logo ele tomou o rosto de Silena nas mãos e a beijou timidamente. Todos gritaram e aplaudiram. A garrafa girou novamente e parou. Clarisse X Luke.

— Verdade.

— É verdade que você pensa na Thalia em algo mais que amiga?

Ele riu e revirou os olhos. Thalia parecia tensa.

— Não. Ela é uma irmã pra mim. Não viajem. - falou indignado e Thalia sorriu amarelo. Eu sabia que ela gostava dele. Na verdade, todos sabiam, menos ele. Mas eu tinha certeza que Afrodite tinha cuidado disso, muito bem, já que no Baile eles foram juntos e ela tinha as mandingas loucas dela.

Saí dos pensamentos quando vi a garrafa. Luke X EU!  Ele sorriu e escolhi consequência por um velho hábito e piada interna nossa. Até ele abrir a boca, eu estava calmo.

— Aguenta Annabeth sentada no seu colo até o final do jogo, ou beija a Rachel, ou confesse um segredo de alguém daqui.

Congelei e encarei Annabeth, que deu de ombros, mas eu sabia que se importava no fundo. Um segredo, seria vacilo e eu estaria ferrado com uma pessoa dali. Beijar a Rachel não, porque eu perderia a aposta. E a Annie… Em cima de mim… Não rolaria.

— Muda uma alternativa. Não posso ficar com ela no colo. - murmurei e todos riram, menos ela. - Nem contar o segredo dos outros, nem quebrar a aposta e beijar a Rachel.

— Tá me chamando de gorda, Jackson? - grunhiu a minha irritadinha.

— Tô sim. - provoquei e ela se levantou.

— Você está é com medo, de não aguentar não me beijar estando no seu colo. - rebateu Sabidinha, me dando vontade de jogá-la no chão e provocar até fazer aquela garota me beijar.

Revirei os olhos. Pensei e as palavras simplesmente jorraram da minha boca.

— Em meio aos trabalhos de Ética, eu li o Diário de Annabeth e descobri que ela é virgem ainda. Octavian mentiu para todos vocês quando disse que ela não era mais virgem. - olhei para Annie que arregalou os olhos, mordeu os lábios nervosa, constrangida. E saiu correndo.

Luke me olhou quando levantei, levantou junto comigo e me deu um soco, deixando minha visão esquerda toda preta. O pessoal fez barulhos e ele sussurrou para mim.

— Não era isso o que eu queria,Jackson. Agora vai atrás dela, seu babaca. - o que eu sentia por dentro, impedia-me quase de andar.

Meu olho não doía. Minha conscência? Doía horrores. Eu li o Diário sem contar a ninguém e tudo o que li foi sobre isso, depois larguei-o arrependido. Ouvi sussurros e os segui, pelo Salão de Jogos.

— Idiota. Por que você ainda confia nele? - Annabeth repetia, até me encarar. - Por favor. Sai daqui.

— Eu sou seu namorado. Não pode me mandar embora. - murmurei.

— Você não age nunca como tal. Tá, se é tudo só um joguinho para descobrir coisas da Vadia Annabeth e contar, me avisa logo. Para nem amizade nós termos. Porque não aguento mais. Você só vacila comigo, Perseu. Você me troca por tudo, inúmeras vezes. Me xinga pelas costas, conta meus segredos, me beija e no outro segundo considera beijar a Rachel. Se é tudo um jogo pra você, desde que assumiu aquele maldito Trabalho que nos uniu, por favor, diz agora.

Engoli em seco. Eu queria dizê-la que não era um jogo. Que eu estava batalhando a cada dia para não me envolver com ela, nem me apaixonar. Que eu estava nesse namoro de mentira para ajudá-la a provar para a família que podia se apaixonar por alguém. Que os beijos eram reais, porque eu queria fazê-la se sentir segura. Mas tudo o que disse foi…

— Eu vou continuar a ajudar você sendo seu namorado de mentira. Mas sim. é tudo um jogo. - minha voz vacilou e pigarreei para mantê-la firme. - Eu não posso me apaixonar por você, Annabeth.

Seus olhos se encheram de lágrimas e ela se aproximou de mim. Como eu queria segurá-la nos meus braços… Mas nós nunca daríamos certo como casal, quanto maior a distância, melhor.

— Eu só queria saber o que eu fiz para você me odiar tanto. - ela murmurou e saiu andando, me deixando para trás com lembranças ruins do quanto Annabeth Chase pisoteou no meu coração.