Ela faz isso de proposito comigo! Outra possibilidade é completamente caluniosa! Rose Tyler adora me fazer esperar na sala de controles enquanto ela se apronta depois do café da manhã, isso é fato!

Não me importaria de esperar um tempo justo e normal que qualquer um levaria para ficar pronto pela manhã, eu por exemplo levo 20 minutos para, tomar banho, me vestir, arrumar meu cabelo e chegar até a sala de controles, isso é um tempo justo! 20 minutos é mais do que justo! 20 minutos é o tempo perfeito! Mas ela já está me fazendo esperar há 50! 50 minutos! O que aquela humana está fazendo para demorar tanto?

-Argh! – Baguncei meus cabelos, já bastante desgrenhados, mais uma vez impaciente demais para ficar sentado na cadeira do capitão. – Rose! Vamos logo! Rápido! Por favor! – Gritei novamente, a loira provavelmente já está irritada de me ouvir gritar a mesma coisa há cada cinco minutos, literalmente, mas isso não é culpa minha, ela me fez esperar de qualquer forma!

-Tenha paciência Doutor! Ou quer que eu vá nua? – Respondeu de seu quarto, o qual por ser bem próximo à sala de controles tornava possível que um grito alto o bastante vindo de mim fosse ouvido perfeitamente por ela, e vice-versa.

‘’Eu não me importaria’’ pensei em resposta à sua pergunta, ‘’se bem que se Rose saísse nua outras pessoas poderiam vê-la! Não, não, não, isso é inaceitável, é impensável! Nenhum daqueles macacos humanos machos vai ver minha Rose nua! Quer dizer eu não me importaria com as fêmeas a encarando, mas aqueles machos cheios de hormônios...! ’’ Ponderei cerrando os punhos. ‘’. Não. Ninguém vai ver Rose nua, ninguém além de…’’. Quase instantaneamente senti um imenso calor subir até meu rosto, uma clara represália de meu cérebro a um pensamento tão improprio para um ser superior como eu! É apenas.... Apenas errado para um senhor do tempo imaginar algo tão humano.

Então é isso! Está decidido, não vou mais pensar em Rose Tyler a não ser nos estritos sentidos da amizade e camaradagem. Ela não vai mais mexer com minha superior, incrível, inacreditável e brilhante....

-Uh! O que é isso? – Perguntei a mim mesmo enquanto me ajoelhava para observar um pequeno objeto que refletia a luz. –Hum... – Virei-o de todos os ângulos possíveis e imagináveis. Era uma peça da Tardis, mas o que estava fazendo no chão? Depois de alguns momentos de ponderação sobre teorias da conspiração, ou possíveis piadas da Tardis decidi que era melhor pô-la em seu lugar de origem. Deitei-me no chão desejando sinceramente que não sujasse as costas do meu terno, passei cerca de dois minutos até que finalmente encontrei o lugar certo para encaixa-la, e emiti um sonoro ‘’HA! ’’ Agora só precisava pegar minha.... Minha chave de fenda sônica que não estava em meus bolsos, emiti um alto gemido de frustração.

-Problemas no paraíso? – Ouvi seguido de uma risada irônica.

-Nem imagina. Pode me dar a chave de fenda sônica que está em cima da cadeira?

-Aqui. – Ela disse pondo o instrumento em minha mão, porém quando fechei meus dedos ao redor da chave de fenda sônica Rose a puxou de volta.

-O que? – Exclamei confuso.

-Qual a palavra mágica, Doutor?

-Expelliarmus. Mas por que você está falando de Harry Potter agora? Eu preciso dela para concertar a nave. Me dê. – Estendi mais minha mão na direção de onde estava vindo sua voz.

-Diga ‘’por favor’’.

-Para quê?

-Porque é isso o que as pessoas dizem quando pedem um favor. – Pensei em argumentar, dizer que não sou humano é que por isso não sou moralmente obrigado a seguir seus costumes, mas conhecendo minha companheira tão bem quanto conheço ela não me dará o que preciso até ela ter o que quer. Bufei frustrado novamente.

-Por favor, Rose Tyler, me dê minha chave de fenda sônica.

-Já que você pediu assim. – Ela disse ironicamente enquanto finalmente me entregava o objeto.

-Finalmente. – Resmunguei enquanto começava os reparos, levou apenas alguns momentos para resolver o problema. Quando me levantei do chão vi Rose sentada no banco balançando as pernas para frente e para trás. Ela vestia uma saia, por que ela vestia uma saia? Ela não usa saias desde de que lutamos contra aquele lobisomem, porque agora? Será que essa humana não tem noção do quanto me desconcentra quando usa saias?

-Algo errado? – Perguntou me tirando de meu transe.

-Algo errado? Por que teria algo errado?

-Você está me encarando. – Vociferou desconfiada.

-Nada em particular. Então, para onde gostaria de ir hoje?

-A praia?

-Como minha companheira ordenar. – Disse fazendo uma longa reverencia, a qual me rendeu uma risada e um soquinho no ombro.

-Vamos logo velhote. – Rose disse segurando-se na mesa de controles.

-Allons-y! – Gritei correndo para apertar os botões e travar a localização, Kahenay, antigamente conhecido por Kepler 186f. A Tardis fez seu típico barulho, vi um imenso sorriso estampado no rosto da loira, não pude evitar de sorrir também, mas de súbito tudo ao redor ficou vermelho, a nave cabine de polícia começou a emitir sons estranhos e ensurdecedores os sorrisos transformaram-se em supressa e depois desespero.

-Doutor o que está acontecendo?! – A garota ao meu lado exclamou.

-Eu não sei!

-Como você pode não saber?!

-Temos de discutir o que um senhor do tempo pode ou não saber, agora?

-Desculpa então, estrassadinho!

-Espere!

-O que?!

-Acho que já sei! O planeta no qual eu estava te levando segundo alguns livros possuí uma fenda interdimensional!

-Uma o que?!

-UMA.... – Não consegui terminar a frase, porque nesse momento a nave pousou com um estrondo violento o qual nos jogou para o lado, fazendo assim com que eu caísse no chão frio de metal e Rose caísse com as costas contra meu corpo. Gemi um pouco com o impacto, nada muito grave, ao menos não terei de me preocupar com ela se machucando, isso sim seria um grande problema. Ambos demos um profundo suspiro, e então desatamos a rir da situação.

-Você está bem? – Perguntou a moça levantando-se de cima do meu abdômen e acariciando a cabeça com uma das mãos.

-Fora algumas costelas quebradas tudo no lugar. – Provoquei.

-Dramático. – Rose resmungou revirando os olhos. –Onde estamos?

-Não sei, algum universo paralelo, a julgar pela falta de energia da Tardis.

-Qual deles?

-Impossível saber. A não ser que...

-Você está sugerindo o que eu acho que está?

-Pode apostar que sim.

-Posso ir na frente?

-Eu insisto. – Rose entrelaçou nossas mãos e fomos em direção as portas azuis. Ao abrirmos vi que aparentemente estávamos na Terra, Cardiff, e no natal, pois haviam muitos papais noeis nas fachadas, algumas poucas pessoas ainda comprando presentes e muita, muita neve nas ruas, senti Rose tremer, soltei sua mão e pus meu casaco sobre seus ombros. Ela olhou para mim e deu um sorriso de canto, segurou meu rosto, arregalei meus olhos quando ela pós seus lábios em minha bochecha, acho que é impossível descrever o quão vermelho fiquei no momento. A loira riu de minha reação.

-Vamos Doutor! – A garota exclamou correndo pela calçada, o que foi bem fácil já que as ruas estavam praticamente vazias, corri atrás dela e quando estava próxima a uma esquina ela olhou para trás e sorriu para mim.

-Rose! Olhe para frente! – Ela bateu com um pobre casal de desavisados que vinha virando a rua. – Droga. – Resmunguei. E ao chegar aonde Rose estava fiquei imensamente surpreso, na verdade minha boca abriu tanto que senti que meu maxilar poderia cair a qualquer instante, a reação do casal não foi diferente da minha, a mulher arregalou os olhos, o homem levantou-se para me encarar.

-Quem são vocês? – Perguntei.

-Quem são vocês? – O homem idêntico a mim retrucou, enquanto a expressão das duas mulheres idênticas no chão continuava de pura surpresa e assombro.