Playing Dangerous escrita por WeekendWarrior


Capítulo 22
Fucking Crazy but Free


Notas iniciais do capítulo

Foi realmente difícil dar um nome a esse capítulo, pois baseio-me nas letras das músicas da Lana num modo geral.
Enfim, esse é o último capítulo, logo após vem o epílogo e um bônus.
xx♥



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Tiro minha roupa e entro no chuveiro. Aqui, sozinha e cheia de pensamentos, é como se um filme passasse pela minha mente.

Quem me tornei nesse meio tempo? Aquela Carmen vívida já não respira mais. Eu a matei no momento que toquei o que nunca deveria ter tocado, minha teimosia e loucura me trouxeram até aqui. Sim, meu amor também.

Apaixonei-me como nunca um dia pensei ser possível e quase morri por isso. Dei minha alma a esse homem e como um grande lobo mau ele a devorou. Eu nunca o prometi nada, mas ele tirou-me tudo mesmo assim.

Não, não pensem que não o amo mais, eu o amo, acho que sempre irei amá-lo. Jake vive em mim, habita meu ser vinte e quatro horas por dia, me ocupa os pensamentos e tempo. Isso me assusta mais que tudo.

Não sei o que me trouxe aqui, mas sinto que não foi amor, em parte sim, mas e o resto? No que estou pensando? Não faço a miníma ideia, apenas sinto um medo inexplicável.

Mais um mês se foi e hoje é o dia da formatura. Hoje é o dia, é hoje que pretendemos ir embora. Jake já não é mais o Sheriff da cidade e eu já sou maior de idade, nada nos impede. 

Será que não?

E se eu disser que estou fraquejando? E se eu disser que estou com medo de seguir em frente? Sou humana, temo aquilo que a minha frente está. Então por que deixei-me vir até aqui? Não estamos enganando ninguém esses dias.

Saio do banho e adentro meu quarto, meu vestido de formatura está ali sobre a cama. Um vestido longo azul-claro de seda, scarpins brancos e joias pratas. Vesti-me e parti para a maquiagem, em instantes Carmen estava viva novamente.

Encaro-me no espelho com a face neutra.

Estou morrendo. Estou mentindo.

Logo escuto a buzina de meu acompanhante, um garoto qualquer do colégio, não fazia diferença mesmo. Desço as escadas e ao pé dela está minha avó e Paul – o garoto qualquer –, ambos sorriem. Forço meu rosto a sorrir também, depois de algumas fotos finalmente deixamos a casa. Entramos na limousine e lá dentro estava Mari e seu namorado Andy.

Olho para Mari e a morena joga-me um olhar cúmplice, ela sabe o que aconteceria hoje. Meu semblante deveria transparecer tristeza, disso tenho certeza, forço um sorriso.

Enquanto nos direcionávamos para a festa, bebi tudo de alcoólico que havia naquela limousine. Carmen brilharia hoje, já que era a última vez, seria memorável.

Entramos no salão e os jovens agitados e com hormônios a flor da pele quase se matam de dançar. Eu centro-me nos ponches batizados – sem o consentimento dos diretores – e afasto-me de todos.

— Carmen! – Mari aparece entre a pequena multidão, eu estava sentada em uma mesa sozinha, bebendo – Coloquei seu nome para Rainha do Baile! Está concorrendo!

— Quê?

— Sim, sim! Isso mesmo! Você vai ganhar, com certeza. As outras são umas panacas – ela virou os olhos cômica.

Bom, já que era para fechar com chave de ouro… Por que não? Larguei meu copo de ponche e preparei-me, logo a votação começaria. Eu realmente estava animada com isso, porém desacreditada, sabia que não ganharia.

Os concorrentes estavam ansiosos, eu não era diferente.

— O Rei do Baile desse ano é… Marcus Thompson!

Ah, essa era fácil. O garoto mais popular do colégio, conseguiu uma bolsa de estudos apenas por fazer parte do time de futebol.

Precisava de outro ponche, porém o álcool ainda fazia efeito em meu organismo.

— E a Rainha do Baile desse ano é… – silêncio – Carmen Grant!

Arregalei meus olhos e todos me encararam, ouvi burburinhos pelo salão todo:

— Mas como?

— Eu que deveria ter ganhado! Não essa sem sal.

— Fala sério. Quem é essa garota?

Engoli minha raiva, Marina sorria-me. A morena fazia parte do grêmio do colégio, deveria ter aprontado uma das suas.

— Não vai subir aqui, Carmen? – indagou-me a diretora.

Sorri e movimentei minhas pernas em direção ao palco, tentava sorrir para todos, mas somente via olhares incrédulos. Não pareciam felizes com meu ganho. Foda-se! Mal sabiam essas ridículas que eu fodia com o cara dos sonhos delas.

Subi as escadas do palco confiante, eu era a Rainha desse Baile, não democraticamente, mas era. Sorri para os adolescentes incrédulos, senti-me confortável naquela situação, num palco, os olhando de cima, curvei meus lábios num grande sorriso.

Colocaram-me a faixa, a coroa e deram-me o grande buquê de rosas vermelhas.

— Diga algo, Carmen – disse a diretora oferecendo-me o microfone, o peguei de sua mão enrugada.

— Bom, primeiramente do fundo do meu coração eu desejo que todos vocês se ferrem – sorri, as pessoas se chocaram – Não sabem como sinto-me bem sabendo que me mandarei daqui e nunca mais verei nenhum de vocês.

Passeei meus olhos pelo salão e encontrei uma Mari chocada e perto do palco estava Rose, ela ria, parecia aprovar minha atitude. Então lá na porta encontrei uma figura conhecida minha. Ele sorria meneando a cabeça negativamente pela minha atitude.

A diretora tentou pegar o microfone, esquivei-me. Hoje mostraria a todos quem eu era realmente.

— Jake, venha aqui. Vem, amor!

Os adolescentes começaram a se entreolhar: Quem é Jake? Murmuravam.

— Venha aqui. Suba aqui, Jake.

Por um momento achei que ele fosse se mandar e deixar-me ali, mas ele não o fez. Quando meu homem começou a andar entre os espinhentos meu coração bateu forte, todos estavam chocados. Não aguentei-me, desci as escadas do palco e o beijei na frente de todos. Jake não esperava por isso, porém retribuiu o rápido toque de lábios.

Murmúrios, sons de espanto, calúnias, sons de inveja, senti-me bem. Isso tem uma sensação boa, tão incrível.

Nenhum ser ali parecia respirar, se uma agulha no chão caísse, se ouviria.

Deixei os lábios de um surpreso Jake e encarei as vadias ao meu redor. Tirei a merda daquela coroa e joguei na cara de Patricia Steller, a pessoa mais escrota desse mundo. Não que tenha me afetado, mas sempre soube que ela sentia tesão por Jake – bom, todas mulheres nessa cidade.

— Deixo pra você de presente – e sorri sínica.

Peguei Jake pela mão e saímos apressados dali, meu homem não falava nada.

— Me leve pra longe daqui – pedi.

Meu peito subia e descia.

— Aquilo foi loucura, Carmen.

— Não vamos nos mandar daqui mesmo? – sorri incerta.

Ele assentiu e corremos para seu carro.

Não conseguia tirar minhas mãos de Jake. Queria que ele pacificasse esse meu desejo, pois dói muito, isso machuca e corrói.

Adentramos a casa arrancando nossas roupas, numa rapidez Jake livrou-me do vestido, com maestria tirei sua camiseta e calça. Tirei minhas próprias roupas íntimas e de Jake, não havia tempo para enrolação, o queria agora e rápido.

Ali mesmo naquela sala, contra a parede Jake me amou forte. Deu-me todo seu amor e empenho, tudo que eu fazia era sentir e tentar retribuir. Tê-lo chocando-se contra mim era delicioso, corpos que se falavam, corpos que se completavam.

Tendo-me suspensa contra a parede Jake revelou-me todo seu amor, só que sem palavras. O arranhei as costas e comprimi os olhos ao alcançar o ápice, meu homem encontrou seu paraíso depois de mim.

— Te amo, Carmen – ainda o tinha colado a mim – Nunca me deixe.

Suspirei, ainda tentava sair de minha situação torpe e excitada. Umedeci os lábios.

— Amo você, Jake – o olhava nos olhos.

Sorri e o abracei.

Será que ele sabe que estou o deixando?

 

Já virou-me rotina observar Jake dormir, posso parecer uma psicopata, mas não é nada disso, a verdade é que tenho medo. Meses atrás tinha pesadelos com Jake, eram sempre iguais: Enquanto eu dormia ele do nada aparecia e enforcava-me. Será que era essa nossa situação?

Amanhã iremos embora daqui. Será que iremos mesmo? Sorrio triste, uma lágrima cai.

Levanto-me e coloco meu vestido do baile, procuro por papel e caneta, os encontro no andar de baixo.

Pego todas as coisas que levaria embora comigo e as coloco perto da porta, ajeito as mochilas e fico a encará-las. Ainda dá pra desistir e seguir em frente com plano. Suspiro.

Sento-me à mesa e começo a escrever, está feito.

Subo as escadas silenciosamente – não calçava meus saltos – e adentrei o corredor. Entrei no quarto e lá estava Jake dormindo de bruços, ando até enxergar seu rosto passivo, suas costas expostas, tenho vontade de tocá-las.

Será que conseguirei viver sem ele? Nunca mais tocá-lo, vê-lo, senti-lo… Senti-lo dentro de mim, dando-me prazer.

Pense Carmen, você é jovem, tem todo o mundo pela frente, toda uma vida, não a desperdice.

Mas o amo tanto. Não sei o que fazer.

Sim, você sabe pequena Carmen.

Deixo o papel em sua cabeceira, um pedaço de minha alma encontra-se ali, estou deixando um pedaço meu para trás, para sempre.

Encaro Jake com lágrimas nos olhos, nunca amarei alguém como o amo, não serei nada sem ele, mas também não irei longe com ele. Estou certa em agir errado, estou partindo deixando um rastro em seu coração, em sua vida, espero que se recupere Jake.

Um último suspiro, um último toque, um último adeus.

Perdoe-me por estar traindo seu amor.

— Sempre te amarei – sussurro – Adeus, Jake.

E viro-me antes que fraqueje, com lágrimas nos olhos desço as escadas, calço meus sapatos, pego meus pertences e começo tudo de novo.

A Rainha de Nova York está de volta, meu reino em Coney Island me espera.

O que poderia ser de mim presa a esse sentimento, esse relacionamento, essa vida? Carmen precisa viver ou morrer completamente para que alguém novo ocupe seu lugar. Talvez em breve, em breve eu torne-me outro alguém.

Mas hoje a noite Carmen está viva, pelo menos uma parte dela, pois a outra parte ficou naquela carta, com Jake.

 

Carta:

Jake, amor da minha vida…

Não sei se ainda continuarei sendo sua garotinha depois dessa noite, não depois de minha atitude e de toda minha ingratidão… ou talvez consciência.

Não sou nada sem você, porém entenda-me, eu não poderia Jake. Somos apenas dois seres inconsequentes vivendo no lado escuro do sonho americano, quando eu tornar-me uma mulher vivida saberei, nada disso foi como sonhei ou sonhamos. Posso me arrepender disso um dia, com certeza irei e daí será tarde demais.

Seu amor é letal, somos aquele tipo de amor letalmente destrutivo que somente se vive uma vez na vida. Sempre soubemos que acabaria assim, condenado desde o começo, porém continuamos jogando esse jogo perigoso até pegarmos fogo e agora estou aqui, em cinzas.

A vida nem sempre funciona como queremos, nós fazemos planos e Deus ri. Simplesmente não posso entender, pra ser sincera, não entendo muita coisa, então o agradeço por tudo que me ensinou.

Meu coração tem se despedaçado com cada passo ao seu lado, foi um erro certo, não me arrependo, nunca. Nunca me arrependerei de ter estado contigo, de ter te amado.

A caminhada é longa e temos que tentar nos divertir no meio disso tudo. Estive perdida, mas me encontrei, estive tão confusa e amedrontada, agora encontrei todas as respostas, nelas achei meu caminho, minha partida.

Ainda lembro-me da primeira vez que o vi, do jeito que nos conhecemos, seus olhos azuis em mim, talvez tenha me apaixonado naquele momento. Quando o beijei pela primeira vez e quando você deu-me prazer pela primeira vez. Eu apenas posso lhe agradecer por tudo.

Espero que entenda minha partida e se realmente me ama, deixe-me ir. Deixe-me continuar sendo fria, não quero amar, Jake, tenho medo. Me perdoe, mas revelo agora que te temi por muito tempo, temia seu amor.

Enquanto lhe escrevo, lágrimas vertem de meus olhos, quase não posso ver. Seu amor me cegou e quero ver nitidamente novamente. Acho que somos como o fogo e a água, você está queimando e eu esfriando. Nunca poderia te dar o que deseja.

Serei uma garota triste sem você, mas serei uma garota orgulhosa, uma garota má e louca. Sua eterna garotinha, mesmo que me odeie daqui em diante, lembre-me assim ou esqueça totalmente.

Nenhum segundo que passamos juntos esquecerei, cada momento especial que compartilhamos guardarei. Espero que lembre-me sempre assim: Jovem, louca, degenerada, fumando em meus vestidos floridos, sua garotinha.

Quem sabe daqui alguns anos… Chame-me, correrei pra você, porém agora… Sinto medo.

A força da juventude prevalecerá e te amarei pra sempre, meu verdadeiro e único amor. Deixe-me ir, deixe-me tomar meu rumo, deixe-me transformar minha vida num tom azul-escuro.

O que você pode fazer? Nada. Apenas deixar-me ir. A vida é bela, mas eu não tenho a menor ideia. Então deixe-me ir e descobrir por mim mesma. Não poderia viver pra sempre sob suas asas, mesmo que parecesse aconchegante…

Eu te amo, te amo pra sempre, não pode ser errado. Só quero que você saiba que é o melhor. Meu homem, meu paizinho, meu viver e respirar.

Esse é um beijo de adeus ou até breve. Não sabemos, apenas sei que viverei nessa tristeza para sempre.

Você nunca me entendeu, eu sou louca pra caramba, mas eu sou livre.

De sua pequena Carmen.

 


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Notas finais do capítulo

CHORANDO MT AQUI.



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