Lá estava ele, no meio do deserto ártico, uma paisagem terrivelmente bela e solitária, via se facilmente uma aurora boreal no céu estrelado do ártico, gigantescas, não, colossais montanhas geladas ao fundo que ultrapassavam as nuvens, uma vez ou outra via se um lago congelado que nunca descongelaria, a neve era de um branco simplesmente cegante, a noite seria assombrosa se não houvessem tantas estrelas no céu, um par de luas grandes e brilhantes.

Mas diante de toda essa imensidão, havia um misero e pálido ponto preto na neve...

Ele havia acordado assustado, desnorteado e por um vago momento achou que tudo havia sido apenas um misero pesadelo, mas não era... Ele estava no meio do nada, seu coração acelerou como nunca, ele sabia que jamais faria tal loucura, mas, ele fez, ou não era ele ? Estava se sentindo tonto e mal se lembrava do que havia feito.

Se levantou com dificuldades e se espantou com um grandioso cristal, isso era um cristal certo ? Uma pedra colossal presa ao chão, pontuda e brilhando de forma sombria, estava do seu lado e ele simplesmente não sabia como havia ido parar ali, ele sabia que quando desmaiou isso não estava lá, bem, ele achava que não, mas em sã lógica, como aquilo teria ido parar ali de repente, era uma pedra... "Não, espera..." ele pensou com si mesmo, ele tinha escutado contos sobre isso.
De volta aos contos...
Tinha escutado que havia um guardião, um guardião que prometeu proteger o mundo de todo o mal. Esse guardião morreu um dia, mas sua influência foi tão grande que todos os grandes lideres realizaram o seu desejo, o desejo de combater o mal mesmo depois de morto, foi lapidado de um gigante cristal, a forma perfeita, a sua essência e mente foram transferidos para esse cristal, esse guardião de cristal começou a absorver as sombras que assombravam esse mundo, tanto aprisionou as sombras quanto começou a se apoderar dela, com o tempo começou a ficar descontrolado. Logo precisaram tomar uma providencia. Uma das líderes, uma jovem rainha, deu sua própria vida para criar uma estrela de cristal, uma estrela de cristal que afastasse todo o mal, ela usava um poder diferente dos já usados, ela usava a coragem e compaixão, diferente das sombras que usavam o medo ou o guardião que apoderava da dor para combater o mal. Quando a estrela foi colocada no centro da cidade, todos os cidadãos tiveram compaixão pelo último ato de coragem de uma das mais jovens princesas do reino, a estrela brilhou fortemente e manteu o reino seguro, seguro enquanto a celebração ainda for feita... Isso só podia significar que o cristal do guardião, tinha sido jogado para longe pelo poder da estrela.
Muito longe... Mas ele estava do seu lado, como ele foi parar ali ? Ou como ele chegou até lá ?

O nosso dragão sentia medo do cristal, mas simplesmente queria tocar ele. O dragão aproximou suas patas, depois recuou tremendo... fechou os olhos e se deixou guiar, encostando no cristal, com a dua pata direita, nesse mesmo momento suas garras o prenderam no cristal.

Flashes de luz passaram diante de seus olhos, flashes de luz dolorosos, rápidos e longos flashes de luz... Sua cabeça doía, seu focinho estava arranhado, sua longa e fina língua estava seca, seus chifres doiam como se tivessem sido arrancados e colocados de novo no lugar, suas asas pareciam ter sido arrancadas mas ainda estavam lá, suas pernas não tinham força, sua longa cauda estava com um imenso corte, ele sentia o corte, embora não tivesse forças para abrir seus olhos, soltava leve resmungos.

"Uh... Onde estou ?" Nosso dragão pensou enquanto abria vagarosamente seus olhos.

Ele simplesmente abriu um sorriso bobo em seu rosto ao ver a luz do sol como se fosse a primeira vez, se levantou num piscar de olhos, e como fosse começa a pular por um instante. Ele simplesmente caiu, caiu e sentiu muita dor, suas pernas estavam doendo aos absurdos, ele olhou apavorado para suas pernas e viu diversos cortes, hematomas e machucados, assim estava a maior parte de seu corpo, mais um uma imensa cicatriz no meio do seu peito entre escamas arrancadas. Ele simplesmente despencou de volta ao chão, sentindo a dura superfície na beira da saída, da pequena caverna. Ele soltou um suspiro de dor abafado, tinha a tristeza em seus olhos, não precisava saber de seus pensamentos para notar isso, sentia dor e medo, não sabia onde estava, tanto que sequer fez questão de olhar ao redor, ficava encarando suas patas deitado no chão... Como se tivesse esquecido de algo...

— onde eu estou ? Espere... Onde eu estava antes de estar aqui ? - questionava em um tom quase que silencioso, apenas para ele ouvir.

Ele entrou em prantos de desespero - Por que tudo parece tão vazio aqui dentro ? - resmungava enquanto aumentava cada vez mais o seu tom de voz.

Uma última vez gritou - O que está faltando... O que?! - no topo dos seus pulmões e logo depois viraram resmungos exaustos.

Ele botou calmamente sua cabeça no chão, fechou seus olhos, respirou fundo uma última vez , desmaiou profundamente devido suas poucas energias.

As rodas de uma provável carroça faziam barulho, ele sentia o leve balançar da estrada, abriu com muito esforço seus olhos e soltou um leve gemido ao impacto da luz direta do sol neles, estava na garupa de carga de uma carroça simples de madeira clara, estava passando por uma estrada de terra que seguia uma linha reta em direção ao horizonte onde o sol se punha num vermelho maravilhoso, a grama é alta e de um verde brilhante, isso é simplesmente muito belo aos seus olhos sem força que logo se fecham novamente.

Ele não se lembrava de nada, estava perdido. Ele perdeu suas memorias, vai ser difícil um dragão como ele viver como se fosse a primeira vez, ele não sabe oque o aguarda ou oque já passou, sua mente quase vazia apenas descansa exausta enquanto um novo mistério aparece em seu sub-consciente, como ele chegou aqui ?

—-------FIM DO SEGUNDO CAPÍTULO--------