Horóscopo do Amor escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 3
Ela Áries, Ele Peixes


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dedicar esse capítulo a Gabi, que além de ter me ajudado muito com dicas e sugestões passou os últimos dias esperando por ela.

Gabi até batizou o nome do ship do casal de Mabi (Foi isso mesmo ne? Espero não ter errado).

Leiam as notas finais please



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– Barraqueira, mandona, mimada. Pentelha, birrenta, chata. Você pode ser a líder do nosso grupo, Gabi, mas só no título. Não percebe que pelas suas costas, a gente faz o que quer? É fácil te fazer de boba, basta fingir que você conseguiu o que queria.

Fiquei imóvel por alguns segundos, enquanto ouvia ele dizer tudo aquilo de mim. Piscando os olhos, experimentei na pele passar por um momento em que não se sabe como prosseguir. Tudo isso porque eu tinha dito que a parte dele estava errada?

Pensei um pouco, e boas respostas apareceram na ponta da minha língua, mas Yuri encarava Marco. Que babaquice, ele esperava que o Marco fosse me defender? Como se eu não pudesse fazer isso sozinha.

Okay, eu iria agir como a garota indefesa. Esperei Marco dizer alguma coisa, mas o infeliz permanecia calado, absorto em sua leitura. Estreitei os olhos, não acreditando na cena. A vontade era de puxar aquele garoto pela cabeça e dar uns bons tablefes nele, pra ver se acordava. Se estávamos encenando um papel, era importante que fóssemos com tudo.

– Marcos, diga alguma coisa! - dei um tapinha nele, tentando ver se ele fazia alguma coisa. -Yuri acabou de me ofender, não vai fazer nada?

Marco tirou os olhos da página que lia e ficou me olhando, com aquela cara de confusão dele.

– Me chamou?

De todas as pessoas que eu poderia ter escolhido pra fingir ser meu namorado, Marco a cada dia que passava me mostrava o motivo de ter sido o pior candidato. Era uma pena ele ter sido o único.

– Você não viu, Marcos? - perguntei, dando ênfase no nome dele. - Yuri me ofendeu.

– Pensei que fosse capaz de se cuidar sozinha. - Marco disse, voltando a olhar para o livro. - E sabe muito bem que está pronunciando meu nome errado.

Marco realmente tinha me ignorado dessa forma, na frente de todo o nosso grupo? Olhei pra ele, mostrando meu olhar mais zangado, mas ele nem ligou. Voltei minhas atenções a Yuri, que mostrava seu sorrisinho de escárnio.

– É por isso que sua parte está um lixo. Ouviu bem? Um. Lixoo. LIXO. L-I-X-O. Se tivesse feito o que eu pedi, a gente não teria se metido nessa merda. - O acusei, batendo a mão na mesa.

– Que merda? O trabalho ta bom, sua louca. - Yuri retrucou. - Se passasse mais tempo trabalhando do que abrindo essa sua boca, talvez rendesse. Sabe o que sai dela? Isso mesmo, lixo. O lixo aqui é você, Gabi.

Me preparei pra dar um soco nele, mas antes que eu conseguisse pular pela mesa, senti alguém me segurando. Marco me agarrava pela cintura, me impedindo de fazer o que eu tinha em mente.

– Me solta, seu idiota, me solta! - gritei, inconformada. - Vou fazer com a cara dele o que você devia ter feito!

Marco me arrastou a força pra fora da sala, enquanto os alunos riam, só me soltou quando fechou a porta. Meus óculos caíram no chão, e o tempo que levei pra pegá-los Marco usou para se prostar na porta. Ele bloqueava minha passagem, e isso fez com que minha raiva aumentasse mais ainda.

– Marcos, saia da minha frente agora, ou não me responsabilizo pelos meus atos.

Ele me encarou, e senti um certo desconforto por ter aqueles olhos nos meus. Não, eu não iria deixar que sentimentos afetassem minhas ações. Resolveria meu problema eu mesma, e nada ficaria no meu caminho.

– Gabi, precisamos...

– Preciso que saia da minha frente. - pedi, fechando as mãos em punhos. - Isso não vai ficar assim.

Marco me olhou de cima a baixo, como se me analisando. Senti um formigamento pelo meu corpo todo, e isso fez com que a raiva aumentasse. Já não sabia de quem eu sentia mais ódio, de mim ou dele.

– Saia da frente. - pedi mais uma vez, dando um passo pra mais perto dele. - Estou avisando, eu sou capaz de te dar um bom murro e você sabe disso.

Marco suspirou, andando pra mais perto de mim. Ele estava tão próximo que seus olhos estavam a centímetros de distância, olhos que um dia fizeram parte dos meus contos de fada. Uma pena que o príncipe encantado das minhas fantasias vivia em outro mundo, literalmente.

– Eu já disse que detesto quando me chama de Marcos. Qual a necessidade de pronunciar meu nome errado? - ele perguntou. - É pra me irritar?

– Você não me defendeu! - o acusei, mudando de assunto. - Um namorado defenderia sua namorada se um idiota a ofendesse!

– Gabriela... - ele disse meu nome, parecendo sem graça. - Sabe que não gosto de interferie nos seus assuntos. Mas já que quer minha opinião, aqui vai. Brigar com o cara só por que ele fez algo diferente do que você pediu?

Senti o olhar dele se perdendo na minha blusa, e olhei pra baixo. Uma parte do meu sutiã estava a mostra, e subi minha camisa. Não que isso fosse  importante, o dia que Marco notasse algo demais no meu corpo um novo titanic afundaria.

– Sim, e por questões de honra. - falei, levantando as mãos pra tentar afastá-lo de perto de mim. - Ele me ofendeu, e disse que me fez de boba, disse que qualquer um me faz de boba.

– Ele não disse que te fez de boba. - Marco pontuou, com aquele tom de voz calmo que me tirava do sério. - Ele só quis dizer que nem tudo precisa ser feito da sua maneira.

– Mas você viu aquilo? - perguntei, implorando pra que ele me desse razão. - Ele destruiu os meus planos! Como ele me traz uma maquete de prédios, quando fui bem clara dizendo que  queria que me trouxesse uma maquete de uma mansão?

Marco apoiou uma mão dele no meu ombro, e o empurrei ele. Não gostava do que o toque dele me fazia sentir, e estava chegando ao nível de ódio.

– Marcos, se ousar encostar em mim outra vez...

– Qual é o seu problema? Já mandei não me chamar assim. - ele disse, parecendo perturbado. - Não sei qual é a sua, Gabi, ou sobre esse seu joguinho. Mas tem que tomar uma decisão.

– Uma decisão? - questionei.

– Sim. Você me pede pra fingir ser seu namorado, e me proíbe de interferir em qualquer coisa sua. Então fico na minha, e você quer que eu faça algo. Não sei ler mentes ainda, sabia?

Olhei pra porta atrás dele, e vi que alguns alunos nos espiavam através da parte de vidro. Teriam ouvido algo?

– Vê se fala baixo. - pedi, tirando os óculos. - Eles não podem saber...

– Da nossa mentira? - Marco interrompeu. - Por que mesmo eu aceitei isso?

– Porque você é meu amigo? - sugeri.

– Porque eu sou o seu único amigo que aceitaria isso, e sabe disso. - Marco respondeu, me dando um ultimato. - Se eu dissesse não, você não teria um namorado de mentira.

– Você nunca diria não. - falei, mais pra mim do que pra ele.

– A questão é, pra que estamos fingindo? Isso é, se estamos fingindo. Que namoro é esse em que você nem me deixa encostar em você?

– Não mude de assunto, Marcos, estávamos falando de você ser um covarde e não ter me defendido.

– Para de me chamar de Marcos. E eu não vou bater nele só porque ele disse algo que você não gostou, se é o que você quer.

Tentei passar por ele, mas não conseguia. Coloquei minhas duas mãos em seu peito, tentando empurrá-lo, mas só consegui senti o coração dele bater.

– Gabi, precisamos conversar. - ele sugeriu, pegando na minha mão.

– Me solta! - pedi, querendo soltar minha mão.

– As pessoas estão nos olhando, Gabi. Finja, pelo menos.

Voltei a olhar para o vidro, Yuri era um dos que estavam com a cara ali, dando risada. Marco me levou pelo corredor, e resisti a tentação de sair correndo. Uma espécie de choquinho passava pelo meu corpo, ele sentia isso? O corpo dele era como uma tomada, era só eu me aproximar pra sentir estática.

Marco parou assim que chegamos ao refeitório, que estava vazio. As tias da limpeza provavelmente já tinham ido embora.

– Senta aí. - Marco mandou, me empurrando.

– Não vou me sentar. - falei, cruzando os braços.

Marco revirou os olhos e se sentou em uma mesa, bem perto de onde eu estava.

– Vamos conversar, Gabi, você queira ou não. Vai responder minhas perguntas ou não vou mais topar fazer isso.

Fiquei de boca aberta, sem acreditar. Agora isso? Qual é, eu tinha pisado numa calçada rachada?

– Tudo isso porque eu disse que você não me defendeu? - perguntei.

– Tudo isso porque eu não sei como agir. - ele começou. - Lembra quando duas semanas atrás o Miguel falou sobre os seus seios e eu fui te defender, e você me deu um tapa dizendo que pode muito bem se virar sozinha?

– Mas eu posso mesmo. - retruquei. - Só não custaria nada você ser homem o suficiente e...

Marco pegou meu cotovelo e me puxou pra ele, enlaçando minha cintura com seus braços. Senti a temperatura subir, e uma vontade incontrolável de beijá-lo.

– Homem o suficiente? - ele perguntou, olhando pra minha boca. - Devo ser um dos poucos que te aguenta, Gabi, não é qualquer um que consegue acompanhar esse seu fogo.

Marco aproximava o rosto dele pra mais perto do meu e me desesperei. Não podia deixar que isso acontecesse, de novo não.

Em uma tentativa desesperada, o empurrei com as minhas mãos e saí do refeitório, sem querer olhar pra ele.

– Uma hora você sabe que isso vai acontecer! - ouvi ele gritando lá de trás. - Nós dois sabemos que esse seu namoro falso é só uma desculpa pra você ficar comigo, Gabi.

Acelerei o passo, atravessando o corredor. Senti meus olhos lacrimejando, e me forcei a não chorar.

Quase bati com Yuri, que vinha em alta velocidade.

– Ah, aí está você. - ele disse, sem fôlego. - Vejo que seu namorado te colocou no seu lugar. Escuta, o professor está vindo, é melhor você...

O empurrei, ignorando o palavrão que ele soltou. Entrei na sala e guardei meus materiais, queria ir o mais rápido possível pra bem longe.

Alguns alunos me encaravam, mas o professor nem olhou duas vezes pra mim. Faltava uma hora pra bater o sinal, e era quase férias. Ninguém ligaria se eu saísse mais cedo.

Assim que saí da sala, dei de cara com Marco, que parecia estar me esperar.

– A onde você vai? - ele perguntou, curioso.

– Pra bem longe de você. - respondi, mal humorada.

– Estudamos na mesma sala e somos vizinhos. Isso é ir longe?

Ignorei o sorriso dele, e continuei andando. Pra minha desolação, ele me seguia.

– Gabi, vai realmente ficar fugindo? Justo você, Gabi? Por que não assume logo que sente algo por mim? Eu já assumi várias vezes e você continua me dando um gelo.

– Assumiu? - parei, me virando para encarar o desgraçado - Quando foi que você assumiu, seu pateta desmiolado?

– Então você admite que espera que eu assuma? - ele perguntou, me encarando.

– Não sei do que está falando. - respondi, voltando a andar.

Marco me seguia calado, e fingi que ele não estava atrás de mim. Atravessei o hall que levava a diretoria, pronta pra pedir que me liberassem, e senti alguém puxando minha mochila.

– Ei! - reclamei, tentando pegar ela de volta.

– Eu te deixo ir se pedir desculpas.

– Desculpas pelo quê? - perguntei, batendo o pé no chão.

– Por fazer da minha vida uma bagunça. - ele respondeu, dessa vez sério.

Pensei no que ele tinha dito, esperando o momento em que ele diria que foi brincadeira. Então Marco me deu um selinho, devolveu minha mochila e foi andando.

– Por que você fez isso? - perguntei, em tom de choro.

– Yuri precisava terminar o trabalho sem você em cima dele. - ele respondeu, sem se virar pra me olhar. - Precisei te distrair e te tirar do caminho. É assim que te fazem de boba, Gabi.

Joguei minha mochila nas costas dele, mas ele se abaixou antes que ela acertasse nele.

– Algum problema, mocinha? - a diretora perguntou, olhando pra minha mochila jogada no chão.

Levei um susto, sentindo uma brisa gelada atravessar minha alma. Não queria irritar logo a diretora, faltando tão pouco pra me livrar dela. Só tinha que aguentar mais alguns dias pra terminar o ano letivo, e se nesse tempo eu não levasse um bilhetinho pra casa, mamãe me deixaria passar as férias como eu quissesse.

– Não, nada não, vou voltar pra minha sala. - respondi, recolhendo minha bolsa e dando o fora.

Assim que saí das vistas dela, corri pra alcançar Marco, mas nem precisei ir muito longe. Ele estava com os braços cruzados, me esperando.

– E mais uma vez, você é feita de boba. - debochou. - Voltou por que mesmo? Pensei que fosse ir embora.

– Vou dar uma lição no Yuri. - respondi, deixando que minha irritação viesse a tona. - Ninguém vai tomar de mim o meu trabalho.

Olhei pra ele, esperando ouvir uma reclamação ou queixa. Marco deu de ombro, como se eu não tivesse dito nada demais.

– Só me deixe pegar meu livro antes, okay? - Marco pediu, colocando as mãos no bolso. - Não quero ver mais um da minha coleção rasgando.

– Okay, Marcos.

Ignorei o grunhido dele, ele odiava que eu fizesse isso. Mas eu também odiava que ele brincasse comigo, então pra mim estávamos quites.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, os pedidos estão temporariamente encerrados. Já estou trabalhando nas próximas ones, mas isso não impede que vocês façam sugestões.

Uma hora o signo que você quer vai aparecer, fique no aguardo.

Beijos