Mal entramos na porta e encontramos uma Sra. Simon alegre e sorridente. Estou falando da minha avó, toda serelepe, agitando um monte de folhas que pareciam vir de algum laboratório hospitalar.

Minha avó me agarrou ali, toda feliz, dizendo que eu tinha muita sorte.

Gina e Cee me olhavam incrédulas.

- Vovó, o que houve? Cadê a minha mãe? – Perguntei.

- Ah, queridinha! Sua mãe está no banheiro, colocando os bofes para fora, mas é normal no estado dela!

- E por que cargas d’água estamos comemorando a doença da minha mãe? – Eu não entendia nada. Parecia que minha avó estava louca.

- Vou fazer uns bolinhos de chuva com bastante açúcar e canela! É um grande dia! Um evento! Estes exames não poderiam ter chegado em melhor momento!

- Vó, que exames? Que evento? – Perguntei atordoada.

- Os exames de gravidez, Suze, sua mãe vai ter outro bebê! – Completou vovó saltitante.

Gina e Cee Cee vieram me dar os parabéns, e eu meio que fiquei feliz, afinal, um bebê sempre é bem vindo.

Mas e Andrew? Ele é o pai, certo? Ele não gostaria de saber que a ex-mulher está grávida, e praticamente do outro lado do país.

Corri até o banheiro, e minha mãe estava com os cabelos presos em um coque, e a cabeça enfiada na privada.

Após alguns “arghs” e “urghs”, ela sentou no chão, exausta.

- Suzinha! Sua avó já te contou? Vai ganhar um irmãozinho, querida! Um irmãozinho de verdade!

Não que Soneca, Dunga e Mestre não fossem meus irmãos, de consideração, quero dizer, mas tipo, agora eu terei um irmão cujo sangue é o mesmo, e vai sair da mesma barriga que eu saí. Isso é realmente grande!

- Sim, mamãe, estou muito feliz! – Falei. – E o que Andy disse quando o contou?

- Contar a ele? Está louca? Eu não quero mais olhar na cara dele, nem tampouco ouvir a voz dele, quanto mais dizer a ele que estou esperando um filho dele...

Mamãe só podia estar pirada. Completamente pirada.

Não se pode esconder de um cara que ele vai ser pai. Não se pode esconder essas coisas de ninguém, por mais que ele tenha “vacilado” como marido (o que eu, particularmente, duvido que tenha acontecido, conhecendo como eu conheço a personalidade da minha mãe, e receio que a culpa seja toda dela).

- Mamãe, eu não posso permitir que esconda isso dele.

- Como assim, mocinha? Eu sou sua mãe, você não pode me trair!

- Ah, posso. Posso e vou!

Então, agindo por impulso, fui até o telefone da sala e disquei o número de minha antiga casa, na Califórnia.

O próprio Andy atendeu, ofegante (provavelmente depois de reconhecer o telefone de minha avó na bina).

- Alô? Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Andrew? Sou eu, Suze. Estou ligando apenas para contar que você vai ser pai, porque minha mãe não tinha coragem de ligar para contar.

- Sua mãe está grávida! Que maravilhoso! Mas vocês têm certeza disso? Ela está bem?

- Sim, o resultado do exame chegou hoje. E ela está, bem, enjoada. Mas nada grave.

E a sombra de minha mãe se projetou sobre a mesinha de telefone. Ela pegou o aparelho de minha mão e começou a conversar com Andrew.