“Aconteça o que acontecer, ficarei de olhos bem abertos com James de hoje em diante.” Era tudo que eu conseguia pensar. Marina me deixou com dúzias de pulgas e carrapatos atrás da orelha.

 Saí do banheiro e tanto Cee Cee quanto Gina me olharam com aquela cara de “não disfarce, sabemos que você estava mediando.”, então Gina disse:

- Como foi? Ela não vai te dar um tempo?

- Tempo? Ah, não, fantasmas são apressadinhos. Eles querem ir logo para o tal além, e se cansam rápido de vagar entre nós...

Então o assunto dá uma guinada quando um par de mãos quentes segura meus ombros.

- Suze! Está me seguindo ou o quê? – Disse Paul ao pé do meu ouvido.

Ok, é o Paul, mas não vou dizer que aquele hálito quente em meus pescoço não me fez sentir coisas. Seria mentir demais.

- Paul, o que você quer? – Perguntei.

- Cee Cee! Que prazer tê-la em Nova York! Está gostando da cidade? – Perguntou ele à Cee Cee, ignorando totalmente minha pergunta, enquanto estendia aquela mão grande e bonita em direção à ela. E ela corou bastante. Corou até demais para o meu gosto, mesmo tendo a coisa toda dela ser uma albina, e corar com certa facilidade. Mas ela não simplesmente corou, ela corou, corou, se é que me entende, daquele tipo que as meninas coram quando os amores de suas vidas as convidam para o baile de primavera, ou coisa pior, tipo quando eles as pedem em casamento.

Imaginei Paul no altar e Cee entrando na igreja vestida de noiva. ECA. Primeiro, Paul e igreja não combinam nem um pouquinho. Quero dizer, eu fiz macumba (um tipo de ritual vudu brasileiro) uma ou duas vezes, e tudo mais, mas ainda sou uma pessoa totalmente pura perto dele.

Paul é totalmente endiabrado.

E eu só enxergava os olhos lilases de Cee Cee brilharem cada vez mais. Ela não podia estar se apaixonando por Paul. Não, ela já estava se apaixonando por ele.  

- Ah... (risos) Eu? (risos) Bem, eu vim (risos) a NY (risos) pelo jornal (risos) para cobrir (risos) a sua festa! (muitíssimos risos) – disse Cee Cee a Paul. – E estou (risos) adorando (risos) a cidade! (risos) Exceto pelo (risos) frio cortante! (risos)

- Mas o frio não é um problema assim tão grande... Venha à minha festa amanhã à noite e traga Suze e Gina, e eu prometo que te aqueço a noite inteirinha... – disse Paul piscando para Cee. Ele estava FLERTANDO com ela. Nitidamente.

E aquilo estava me irritando.

Porque ele só podia flertar COMIGO!

Certo, eu não podia demonstrar ciúmes. Não podia nem SENTIR ciúmes daquele garoto. Eu precisava pensar no Jesse! Isso, Suze, mentaliza, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse, Jesse...

Ok, não estava dando certo. Eu AMO o Jesse, mas meu orgulho não permite que eu aceite Paul dando em cima da minha amiga. Porque eu simplesmente era vaidosa demais para isso. E tinha também o Adam. Adam sim ama Cee de verdade. Ele ficaria destruído se ela e Paul... Porque simplesmente Paul não se contentaria com beijos. Adam ficaria furioso até mesmo se fossem apenas beijos. Mesmo que eles estejam, digamos que, temporariamente brigados.

E me dei conta de que Gina havia desaparecido, até que meus olhos pousaram sobre um casal aos beijos do outro lado do corredor. E eu reconheci Gina e James. De agarramento. No meio do shopping.

Eu preciso ir a esta festa. Este James cheira a confusão, e eu preciso impedir Paul de “aquecer” Cee Cee, se é que me entendem.