Hopeless escrita por katiclover


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Voltei, dessa vez bem rapidinho!!!
Aí vai um capítulo doloroso e cheio de emoção e lembranças...
Boa leitura, e boa sorte. Separem os lenços de papel! :')



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NOVA YORK

            Três semanas depois...

            Um mês.

            Um mês desde o pior dia de sua vida, o dia em que todos os seus planos e sonhos foram levados de si por uma tragédia que marcaria sua vida para sempre.

            Um mês sem ela. A mulher dos seus sonhos, sua metade, sua companheira, sua parceira. Sua noiva.

            Um mês desde que ele a viu pela última vez, sentiu o calor do seu abraço. Olhou em seus olhos e se perdeu em seu sorriso. Um mês desde que sua felicidade e sua expectativa havia se transformado em luto e dor.

            Um mês, e tudo o que ele conseguia pensar era no quanto a vida estava constantemente brincando com ele. Após ser traído por Meredith, ele acreditava que nunca mais voltaria a amar novamente. Criou a filha praticamente sozinho e no meio do percurso conheceu Gina, o que ele acreditava ser a sua segunda chance de encontrar a felicidade. Mais uma vez, estava errado.

            Divorciado do segundo casamento, desistiu de procurar por um relacionamento. Decidiu então, procurar por diversão. Diversas mulheres em sua cama, e nenhuma em seu coração. Até ela aparecer.

            Com ela, tudo foi diferente desde o princípio.

            Quando o abordou em sua festa, involuntariamente lhe trouxe algo que há muito tempo procurava. Surpresa.

            Durante muito tempo ele esperava que um dia algo de especial e diferente iria lhe acontecer. Algo ou alguém que lhe tiraria da mesmice e da rotina dos seus dias de fama e pegação. E ela conseguiu. Ele não a conhecia, ela não o conhecia, e nunca haviam se visto antes, mas de alguma forma, ela conseguiu.

            No fundo, ele sabia que não seria só aquele caso. Sabia que aquele era só o primeiro de muitos mistérios que eles desvendariam juntos. Por mais que tentasse esconder o verdadeiro motivo pelo qual estava acompanhando a polícia de Nova York, ele não poderia mentir para si mesmo. Ela o encantou desde o primeiro segundo, desde o primeiro olhar. Ele nunca havia admitido isso para ela, mas ele não precisava. Ela também sabia.

            Após meses trabalhando ao lado da linda mulher que ele incessantemente tentava conquistar, um dia ele simplesmente soube. Ele estava se apaixonando perdidamente mais uma vez, e algo lhe dizia que dessa vez era pra valer.

            Kate Beckett possuía um brilho individual, uma força que lhe impressionava a cada dia. Uma beleza que o deixava muitas vezes boquiaberto e encarando-a enquanto ela não estava olhando.

            Quando ele a beijou... Tudo parou. Poucas vezes em sua vida ele havia se sentido daquela forma. Seu coração acelerado, suas pernas bambas e sua respiração falhando quando se separaram. Incrível, como ele mesmo havia dito enquanto se recuperava do choque. A princípio, ficou com medo de deixar a situação entre eles estranha ou desconfortável, o que não aconteceu. A cada dia, a cada mês, eles estavam mais próximos. Seus olhares passaram a falar por si próprios, e toda vez que se pegavam perdidos nos olhares um dos outros, seu corpo estremecia e arrepiava.

            E então, ela quase morreu em seus braços. O mesmo sentimento que sentiu quando a beijara, se repetia. Dessa vez, porém, era o medo que estava no comando. O tempo parou para que ele olhasse firmemente nos olhos dela e lhe sussurrasse as três palavras que há tanto tempo ele queria dizer. Mesmo sabendo que ela iria ficar bem após deixar o hospital, mais uma vez sentiu uma pontada de medo quando ela o pediu um tempo. Quando ela o pediu pra voltar, no entanto, ele não precisara pensar muito antes de dizer sim. Ele sempre diria sim para ela.

            Quando descobriu que ela havia escondido algo tão importante desde o dia do tiroteio, sentiu seu coração apertar em seu peito. Não era possível. Ele estava tendo uma decepção amorosa sem nem mesmo estar numa relação amorosa com ela? Como isso era possível?

            Durante dias tentou esquecer a mágoa e a raiva que carregava, saindo com outras mulheres e tentando de todas as formas ignorá-la  – tarefa que se provou imensamente difícil -, olhando-a nos olhos e transparecendo nada além de indiferença.

            E então, após a pior briga que já tiveram, após confessar seu amor por ela finalmente olhando em seus olhos, tendo-a em pé à sua frente e não morrendo aos seus pés, após admitir que durante anos ele estava ao seu redor em uma tentativa de fazê-la feliz, ela bateu em sua porta. Molhada, machucada e... Linda.

            Ela não esperou por um convite para entrar. Avançou em sua boca e ele nunca havia a visto tão frágil e vulnerável. Ela tremia, parte por causa do frio e da chuva que deixou suas roupas encharcadas, parte por nervosismo, ele acreditava. A afastou apenas o suficiente para olhar em seus olhos e checar se ela estava bem. Ao ouvi-la se desculpar e se aproximar para beijá-lo novamente, um único pensamento surgiu em sua mente antes de empurrá-la em direção à parede mais próxima: finalmente.

            Beijou-a de volta intensamente, deixando que todos os seus sentimentos e o desejo de tê-la tomassem conta do momento. Ela era incrível, era tudo o que conseguia processar. Seu beijo era doce e suave, sua pele macia e quente sob seu toque, mesmo com a tempestade que havia enfrentado há minutos atrás. Quando ela o guiou para o quarto com suas mãos entrelaçadas, ele achou que seu coração pudesse saltar para fora de seu peito. Tantas vezes havia sonhado com o momento, imaginado como seria finalmente poder chama-la de sua, provar a ela o quanto a amava e desejava durante tantos anos, e agora estava acontecendo.

            Juntos, haviam vivido uma das melhores noites de suas vidas naquele dia. Entre carinhos, juras de amor e suspiros apaixonados, dormiram abraçados e com os corpos cansados após se perderem nos braços um do outro durante horas.

            Os dias e meses seguintes daquela noite foram sem duvida além de suas expectativas. Ela o fazia feliz de todas as formas, em todos os sentidos. Ele a protegia de todos os males, de todas as ameaças. Eles se amavam como nunca haviam amado alguém antes. Entregavam-se sem barreiras, sem limites. Aproveitavam cada segundo que passavam juntos. Todos os jantares, os passeios, as viagens. Sua parceria ia muito além de horas no trabalho colocando assassinos atrás das grades, ela era não somente sua parceira no crime. Era sua parceira na vida.

            Quando ela aceitou o seu pedido de casamento, mais uma vez ele sentiu seu coração parar. Mais um passo. Mais um degrau que eles subiam. Um futuro sendo construído aos poucos, com certezas e incertezas, seguranças e medos. Juntos, eles sabiam que enfrentariam qualquer coisa, cruzariam qualquer fronteira, sobreviveriam qualquer tempestade.

            Eles não imaginavam que não teriam tempo de oficializar seu relacionamento. Alcançar mais uma conquista. Dar mais um passo, o mais importante de todos. Declarar seus votos.

            Ele não teve tempo para chama-la de sua esposa, carrega-la em seus braços até o local onde passariam sua noite de núpcias e em seguida sua lua de mel.

            A morte os separou antes que eles pudessem ouvir “até que a morte os separe.”.

            Castle se levantou da cama com uma dor de cabeça insuportável.

            Lançou um rápido olhar para o relógio na mesinha ao seu lado.

            2 horas da tarde.

            Permanecia dormindo no sofá do escritório, já havia se acostumado com as dores musculares e com o desconforto, que ele sabia, seria muito maior se deitasse em sua cama sem tê-la ao seu lado.

            Pensou em tomar um banho e arrumar pelo menos parcialmente a bagunça de seu quarto e escritório, mas como em toda manhã, pensou melhor e mudou de ideia. O banheiro estava muito longe, o closet mais ainda, e sua dor de cabeça estava muito grande.

            Arrastou-se até chegar à cozinha e abrir a geladeira. Alcançou a garrafa de água na porta. Avistou a garrafa de cerveja ao lado. Mudou de ideia mais uma vez.

            Optou pela garrafa de cerveja e tomou quase tudo de uma vez. Foi até o sofá e se sentou. Havia um calendário na mesa de centro – que ele não fazia ideia de como havia ido parar ali, e nem quando. Não era importante -, ele sabia que dia era hoje. Não precisava de calendário ou algum tipo de lembrete. Aquela data ficaria marcada em sua vida para sempre. Ele só não queria pensar nisso. Na realidade, não queria pensar em nada. Queria ignorar. Queria esquecer. Afinal, nada mais importava.

            Finalizou a garrafa de cerveja rapidamente. Depositou-a na mesa ao lado do sofá, onde já não havia mais espaço para mais uma em meio as que já estavam ali pertencentes aos dias anteriores, o que fez com que três delas caíssem no chão ao mesmo tempo.

            - Droga! – xingou.

            Se inclinou e se preparou para juntar os cacos de vidro, parando e mudando de ideia – mais uma vez.

            Voltou a se acomodar no sofá.

            Não era importante.

            Permaneceu durante vários minutos deitado, encarando um ponto fixo em algum lugar da grande sala. Ele estava sozinho, Alexis saía cedo para a faculdade e sua mãe para o trabalho.

            Durante dias – semanas – elas vinham o dizendo para abandonar a bebida por um tempo, tentar se recuperar e encontrar algo para distrair-se.

            Esposito e Ryan apareciam de vez em quando também, dizendo a mesma coisa. O convidavam também para sair para jantar, ir em suas casas ou até mesmo até a delegacia, porém aquele era o último lugar que ele queria estar. Era muito doloroso adentrar a unidade de homicídios e encontrar a mesa de Beckett sendo tomada por outro detetive qualquer e a sua cadeira não mais no lugar que permaneceu por mais de cinco anos.

            Lanie o visitara também, algumas vezes acompanhada dos meninos, outras vezes sozinha. Sentava ao seu lado e muitas vezes não dizia nada, apenas segurava sua mão e afagava suas costas, o que o fazia concluir que a visita dela era a que mais gostava. Ele não precisava falar ou discutir, ouvir mais uma voz lhe dizendo incessantemente para levantar da cama, ou do sofá, ou largar as bebidas, ou trocar de roupa. Ele estava cansado.

            Aquele dia em especial, não seria diferente. A televisão estava ligada desde a noite anterior, ele não havia se incomodado em desligar antes de ir dormir. O noticiário local transmitia ao vivo um memorial às vitimas de um acidente de avião que hoje completava um mês. Velas acesas, pessoas ajoelhadas, algumas chorando, algumas sorrindo. Flores, bichos de pelúcia e objetos aleatórios tomavam conta do local.

            Ele estava cansado. Ele não queria saber. Não queria ouvir. Ele só precisava que a televisão desligasse, a imagem sumisse, o som desparecesse.

            Levou o braço até o controle remoto que repousava na mesa em meio ás garrafas.  Alcançou-o e derrubou-o em seguida, xingando mais uma vez. Sentou-se, segurou uma das garrafas e em meio a um grito ensurdecedor, arremessou-a em direção ao monitor que rapidamente perdeu a cor e o som.

            Finalmente o silêncio.

            Assim estava melhor.

            Levantou-se bruscamente, foi em direção ao pequeno bar próximo à lareira. Encheu o copo de uísque e como de costume, virou em um só gole. A bebida descia queimando sua garganta. Depositou o copo na mesa, repetindo a ação de novo. E de novo.

            Estava sentado no chão, as costas encostadas na pedra gelada ao redor da lareira. Mais uma garrafa vazia à sua esquerda, uma cheia à direita. Sua visão embaçada, sua cabeça latejando e suas mãos trêmulas. Uma situação que havia se tornado comum em sua rotina.

            Lançou um olhar ao relógio em cima da bancada da cozinha.

            Sete e meia.

            Já era noite, e Alexis provavelmente estava chegando.

            No fundo, seu celular tocava incessantemente, largado no braço do sofá. Longe. Muito longe.

            Alcançando a garrafa ao seu lado esquerdo, levou-a a boca. Estava vazia. Arremessou-a longe, acertando um vaso que caiu espalhando flores e terra em um grande circulo no chão.

            - Merda. – disse sua voz rouca em um sussurro.

            Moveu sua mão para seu lado direito, dessa vez capturando a garrafa certa e levando-a a boca.

            Deitou-se desajeitadamente, afastando a bebida e fechando os olhos. Permaneceu assim por alguns minutos até que a porta de entrada foi aberta, despertando-o.

            - Pai? – perguntou Alexis. Ela traçou o olhar ao redor da casa e se assustou com a imagem que viu.

            Um grande buraco no televisor e vidros espalhados para todo lado. Garrafas quebradas em um lado do sofá, mais vidro e sujeira espalhados pelo chão do outro lado.

            - Pai! – disse com a voz mais alta e seu coração começando a disparar.

            Adentrou o cômodo, percorrendo-o com os olhos em busca de seu pai. Encontrou-o à sua esquerda, deitado aos pés da lareira. Mais garrafas à sua volta.

            - Ai meu Deus! Pai! – gritou, correndo na direção de Castle e ajoelhando-se ao seu lado. – O que aconteceu aqui? – perguntou, levando suas mãos para acariciar o rosto do pai.

            - Ela está morta. – respondeu, abrindo os olhos e encontrando o olhar apavorado de Alexis. – Ela está...

            - Eu sei pai. – interrompeu. – Eu sei. Sinto muito. Vem, segura minha mão. – disse, levantando-se e trazendo-o junto consigo. Enroscou um dos braços dele ao redor de seu pescoço e segurou na cintura de Castle, caminhando com ele até o sofá.

            Colocou-o deitado e depositou uma almofada embaixo de sua cabeça. Alcançou o telefone do pai, procurando o nome de Esposito na lista de contatos.

            Mantendo o olhar fixo nele, aguardou. Foi atendida no terceiro toque.

            - Castle? Está tudo bem? – perguntou.

            - Javier, é Alexis. Preciso que venha até aqui, preciso de ajuda. Vovó vai demorar a chegar, estou sozinha com ele. Por favor, eu não sei o que fazer, eu...

            - Alexis, escute! Fica calma, estou indo. Chego o mais rápido que conseguir. Mantenha a calma. – disse Esposito, já se movendo para pegar as chaves do carro.

            - Tudo bem. – respondeu Alexis. – Obrigada.

            Não obteve resposta, ele já havia desligado.

            Ainda segurando firmemente no aparelho, ajoelhou-se lentamente ao lado do pai.

            Permitiu que as lágrimas descessem pelo seu rosto silenciosamente enquanto aguardava pela ajuda.


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Notas finais do capítulo

Espero os sobreviventes nos comentários hahaha



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