A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 28
4.6




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"Quando eu envelhecer, eu estarei ao seu lado. Para lembrá-la como ainda te amo. Eu ainda te amo (...) amor da minha vida."

Love of my life - Queen

Quando finalmente nos afastamos, eu não conseguia parar de olhar o seu rosto. Seus olhos estavam mais abertos que o normal, e os lábios levemente mais avermelhados e inchados.

Então eu sorri. Sorri muito mesmo, e Maxon retribuiu imediatamente. Eu já estou prestes a puxá-lo para mim mais uma vez, mas a voz de Rosália ressoa pelo o estúdio e no mesmo instante sinto meu rosto quente e vermelho.

Com relutânca, desvio o olhar para ela. Os olhos castanhos da apresentadora estão transbordando de divertimento.

–Acredito que isso não estava no script. - Maxon fala, tentando fazer piada de uma situação que tinha tudo para repercutir de forma negativa no futuro. Rosália soltou uma risada gostosa e se abanou com um dos papeis que segurava na mão esquerda. A mulher focou em meu rosto e depois no de Maxon, para então encarar uma das câmeras diante de nós.

–Tinha me esquecido que a juventude é isso, impetuosidade e paixão! Vocês me deixaram nostálgica, já tenho o dobro da idade de vocês. - Murmura, lançando um olhar de relance para nós, e então se levanta, puxando sua saia cinza e lápis que ia até os joelhos e estendeu a mão para Maxon, que também levantou-se e lhe presenteou com um sorriso tão lindo que eu tive que me concentrar para me concentrar em Rosália, que já levantava uma mão para me cumprimentar. - Ter essa coragem pode ser uma bênção ou exatamente o contrário, dependendo do que puderem fazer com isso, tenho certeza de que o país apenas sairá ganhando com a candidatura de jovens como vocês. - Rosália focou novamente na câmera e abriu um grande sorriso, que eu já havia me acostumado a ver pela a televisão. - Então, nesta noite tivemos uma entrevista com Maxon Schreave e sua noiva, e na quarta-feira teremos a presença do candidato Aspen Leger e seu pai! Agora fiquem com o documentário sobre o desmatamento da floresta amazônica no Brasil, boa noite e até amanhã!

Rosália lançou uma piscadela e então as luzes do set foram escurecendo, até que se apagaram, segundos depois acenderam-se novamente.

Enquanto pegávamos nossas coisas e íamos de encontro ao Lorde, que nos fitava com os olhos semi cerrados e a mandíbula trincada, apertei a mão de Max contra a minha, esperando que ele não me soltasse mais.

–Vamos conversar quando chegarmos em casa. - Afirmou Lorde Clarkson, já virando as costas e partindo entre as pessoas do set que já começavam a se organizar para poderem ir embora também, eu acho. Não sabia se ele tinha dito aquilo para mim ou para o Maxon, mas a verdade é que eu só estava preocupada com a possibilidade de que Max poderia mudar de ideia quando chegássemos na mansão, ou no outro dia. Tudo está muito confuso para que eu pudesse tirar alguma conclusão.

Como se pudesse ouvir meus pensamentos, ele me puxou pela a cintura e me encarou, sem sorrir, mas sua expressão está serena e tranquila.

–Se não nos apressarmos, acho que seu sogro terá com ataque cardíaco. - Murmura ele, com os lábios a poucos centímetros da minha orelha. Solto o ar lentamente, sentindo que quem poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento era eu. Incapaz de ser normal e pronunciar alguma palavra coerente, apenas assenti com a cabeça e desviei o olhar. Meu estômago tinha sido invadido por centenas de borboletas, quero dizer, essa era a sensação pelo o menos.

Maxon e eu nos despedimos de Rosália e sua equipe, e minutos mais tarde estávamos caminhando pelo o estacionamento, sem dizer qualquer palavra durante o trajeto. Mas quer saber? Eu até achei bom, assim poderia curtir o momento antes que algo desagradável acontecesse e arruínasse minhas esperanças. Não que eu fosse pessimista, mas ultimamente a sorte estava rodando contra mim.

Entramos no carro luxuoso dos Schreave, e Eduardo não demorou nada para dar a partida. Para o meu desespero, o Lorde conseguiu deixar sua expressão ainda mais amarrada do que antes, e eu temi que ele influenciasse Maxon a me deixar ou algo do tipo. De repente, fiquei tensa.

Olho para o lado, procurando os olhos do meu... noivo, mas ele não fitava em minha direção, parecia perdido em pensamentos.

Assim que entramos, o Lorde nos fuzilou com o olhar. Ele deslizou uma das mãos pelo o seu cabelo, que já começava a ficar ralo, e bufou (não pude deixar de notar que Maxon fazia exatamente a mesma coisa quando estava bravo ou frustrado).

–Posso saber o que foi aquilo? - Pronunciou-se ele, agora cruzando seus braços e nos encarando. Quando demoramos demais para responder, seus olhos focaram e mim. O Lorde apontou com o queixo em minha direção, dando a entender que queria que eu dissesse algo. Juro por Deus que eu quase vi umas fumacinhas saindo de sua cabeça.

–E-eu... - engulo em seco. - Eu esqueci do que dizer, então só falei o que eu achava, o que estava no meu coração.

Clarkson bufou alto, lançando-me um sorriso ameaçador. Automaticamente, me abraço, sentindo-me realmente ameaçada de alguma forma.

–Pare, menina! Você faz parte de um contrato, você tem que fazer o que eu mandar!

Pisco várias vezes, sentindo-me pequena, e viro o rosto para o lado.

–Pai. - Diz Maxon finalmente, repreendendo-o. Sua voz soou fria e firme, mas fui incapaz de fitá-lo.

O Lorde joga seus braços para cima, claramente irritado.

–O que é? - Sua ira voltou-se para o filho. - Seja adulto, Maxon, e encare os fatos. Sua candidatura não é brincadeira.

–Você quer que eu seja adulto? Quer mesmo? Pois você não me dá autonomia para nada. Você quer que eu fique debaixo da sua asa, mas eu tenho as minhas próprias ideias, pai. Se quer que eu cresça, me deixe errar sozinho. Eu sei me virar, é só você que não vê!

Houve uma pausa silenciosa e carregada, meu coração disparou dentro do peito e tudo o que eu queria era sair correndo para o meu quarto e puxar Maxon comigo. Mas fiquei parada, escutando tudo, porque sabia que Max não fugiria da discução, e eu não o deixaria ali.

O Lorde ficou surpreso por algum tempo, e então me pareceu que ele estava prestes a cuspir fogo.

–Que bobagem é essa agora? - Ele desviou o olhar para mim por um instante. - Filho, você sabe que só pelo o fato do seu título, já teria livre acesso ao parlamento, mas você quis se candidatar e ser eleito pelo o voto popular. E eu não te apoiei? Não é nisso que eu venho te apoiando nesses últimos anos?

–Você não me deixa fazer nada, sem que antes passe pela a sua aprovação. Sou claramente capaz de tomar minhas próprias decisões. A partir de hoje, pai, você pode me acompanhar, mas vou deixar claro aqui, que eu sou responsável por mim mesmo. Eu sei o que é melhor para mim.

O Lorde piscou várias vezes e sentou-se no sofá, parecendo atordoado mais do que tudo. Ele lançou um olhar de nojo ou raiva, não tenho certeza, para mim.

–É por causa dela que você está dizendo isso? Filho, não lhe criei para ser manipulado por uma mulher! Muito menos essa aí. Você está confundindo um CONTRATO com alguma coisa real.

–Você não sabe nada sobre os sentimentos que temos um pelo o outro, Lorde Clarkson. - Digo eu, me xingando por dentro pela a minha voz ter saído tão baixa.

–Suba para o seu quarto, garota. Antes que eu perca a paciência e rompa o contrato com o seu pai. - Resmungou, pousando uma mão sobre a testa, suando um pouco.

Hesitante e temerária, dei um passo para a frente, a fim de obedecê-lo... talvez deixá-los sozinhos para se resolverem seja realmente a melhor coisa a ser feita.

Porém, sou impedida de avançar um próximo passo, pois sinto a mão de Maxon em meu pulso, puxando-me para ele novamente.

–Essa aí, se chama America Singer. E eu a amo. Não haverá quebra de contrato algum, já fiz 21 anos, e posso tomar decisões sozinho referente a este contrato que VOCÊ criou sem ao menos me perguntar o que eu achava. Mas eu relevei, durante minha vida toda, eu relevei muitas coisas, pai. Mas chega.

–Maxon Schreave. - Reeprendeu o Lorde, agora levantando-se lentamente do sofá com um olhar mortal para o filho. Fito o rosto de Max, e ele ficou tenso de repente, ficou claro que ele não estava a vontade em desafiar o pai, e com certeza nunca o tinha feito. - Está me desafiando?

–Não. Só estou avisando que, a partir de agora, eu tomo as rédeas da minha própria vida profissional e pessoal. Você quer que eu seja um adulto, e eu serei.

–Maxon, vamos para o escritório, quero conversar com você a sós, sem ninguém para escutar o que tenho para lhe dizer. Por favor. - Sua voz ainda soou fria e dura, mas estava vários tons mais baixa.

Max me olhou, e eu o abracei.

–Prometo que vou ir te ver mais tarde. - Sussurrou em meus ouvidos, dando-me um beijo na testa antes de seguir o seu pai para a ala norte da mansão.

E então eu fiquei ali, sozinha. Parada e perdida, absorta em um emaranhado de emoções e pensamentos que não me levavam a lugar algum. Meio cambaleante nos primeiros passos, parti em retirada até o meu quarto e fechei a porta sem trancá-la. Se Maxon realmente cumprisse o que prometeu, ele iria me ver mais tarde.

Mas ele não veio.

Na manhã seguinte assim que acordei desci para o térreo, sentindo meu coração apertado. Encontro Madame Amberly lendo algo sentada no sofá quando chego na sala, ela apenas desvia o olhar do que está lendo por um breve segundo, para sorrir para mim.

–Bom dia, querida. - Cumprimenta. Sento-me ao seu lado.

–Bom dia, Amberly. Sabe onde Maxon está?

Ela deixa o jornal de lado, dando-me mais atenção.

–Ele saiu bem cedo com o Clarkson hoje.

Engulo em seco.

–Foi... foi pra resolver alguma coisa sobre a candidatura? - Eu quis saber.

Madame Amberly me encara por um instante, parecendo me avaliar, e então sorri.

–Você está preocupada sobre o que aconteceu no jornal ontem a noite? - Ela soltou uma gargalhada. - Querida, não se preocupe com isso. O jornal de hoje comentou sobre o beijo da noite anterior, mas lhe garanto que as críticas foram mais positivas do que negativas. - E então piscou para mim.

Desvio o olhar para as minhas unhas pintadas de vermelho. Mordo meu lábio inferior, me perguntando se ela sabia sobre a discussão entre Maxon e o Lorde.

–Tudo bem... eu só queria saber se ele vai demorar para voltar.

Ela apertou minhas bochechas, exatamente como minha mãe fazia quando era viva. E eu senti um nó na garganta.

–Não sei dizer, mas garanto que quando ele voltar nada irá ter mudado entre vocês.

–E se mudar? - Fui incapaz de controlar minha boca, quando dei por mim já tinha pronunciado as palavras.

E se o Lorde o convenceu de que eu não era uma boa pessoa para se apaixonar? Que casar comigo seria o maior erro da vida dele?

Solto um suspiro pesado.

–Se mudar não era de verdade. O amor não acaba assim, do nada, querida. - Diz com a voz terna e um pequeno sorriso nos lábios avermelhados.

Encolho os ombros.

–Eu só quero que ele chegue logo, só isso. - Murmuro e, para a minha surpresa, Amberly me puxa para um abraço, afagando minhas costas de forma carinhosa.

–Tudo tem seu tempo. Um dia a mais, um dia a menos não irá desmanchar o que vocês já construíram, America.

Algumas coisas importantes haviam acontecido nos dois dias seguintes. Bom, como o de costume, não pude ver Maxon durante este tempo. O Lorde não deu sinal de vida para me incomodar. O casamento tinha tido sua data modificada para amanhã.

Amanhã. A mansão estava fervendo! Todos estavam surpresos com a atencipação, de poucos dias, era verdade, mas que iria exigir certa habilidade para que tudo desse certo. Pessoas corriam de um lado para outro, alguns eu conhecia, outros nunca tinha visto na vida. Quando a costureira trouxe o meu vestido, chamei Marlee e May ver o último teste antes do Grande Dia.

May parecia não caber em si de tanta felicidade. Sua criação estava sendo vestida por mim e seria, com certeza, notícia em várias revistas e jornais, era muito orgulho para era. E para a minha pessoa também. Marlee chorou, e claro que choraria. O posto de manteiga derretida ainda era dela.

E eu estaria muito, muito feliz, caso não fosse essa ausência de Maxon que já começava a me deixar maluca. O que ele teria decidido no final? Será que ele sabia que o casamento tinha sido antecipado?

Algumas horas mais tarde, enquanto eu tomava café (já falei que eu amo café?), Madame Amberly e May conversavam como se fossem amigas há anos.

–Não gosto de chá, não tem gosto de nada! Por que os ingleses gostam tanto disso? - Quis saber May, frazindo o cenho. Amberly sorriu.

–É gostoso, você deveria experimentar este que eu estou bebendo. - Ela estendeu a xícara de porcelana branca para a minha irmã. - Pegue, acho que irá gostar desse.

Hesitante, May pegou a xícara e observou o líquido em seu interior, colocando a língua para fora.

–Tem cor de... xixi. - Falou, corando levemente, com certeza se arrependendo do que disse. Mas Madame Amberly pareceu não se importar, tanto que começou a rir alto, e a risada reverberou pelo o jardim, contagiando à mim e à May.

Não havia percebido a presença de Silvia, mas ela estava ao meu lado com o telefone em mãos.

–Senhorita? - Me chamou, fazendo com que eu parasse de rir um pouco.

–Ah, oi, Silvia. Algum problema? - Pergunto, olhando de relance para o aparelho em sua mão.

–É o senhor Maxon.

Antes que eu pudesse voltar a respirar, Amberly já tinha pego o telefone de Silvia.

–Filho! Que saudade de você! Onde está? E o seu pai? Ele me ligou hoje, mas você sabe que ele tem que tomar o remédio para a pressão, não deixe com que ele esqueça, querido! - O seu sorriso era do tamanho do mundo. - O quê? Ah, sim... mas eu - ela escutou o que ele dizia por alguns segundos. - Querido, sou sua mãe... não estava com saudade de mim também? - Mais uma pausa. - Oh, sim... posso superar isso. - Amberly agora focou seus olhos castanhos em mim, sorrindo tanto quanto antes, e me entregou o telefone. - Ele quer falar com você.

Por um momento esqueci de como fazia para movimentar meus músculos. Inspiro profundamente e solto o ar tão devagar quanto, antes de pegar o telefone que ela me oferecia.

–Oi, Max. - Digo eu, me afastando com passadas largas e rápidas, querendo me distanciar o máximo possível dos olhares maliciosos e curiosos de May, Amberly e até mesmo de Silvia. - Como você está?

Houve uma pequena pausa, e quando ele falou, dava para perceber que sorria.

–Eu estaria melhor se você estivesse comigo, mas estou bem na medida do possível.

Me sento em um dos bancos, adornados com flores rosas e brancas para o casamento, e fito a piscina pouco utilizada. Solto um suspiro aliviado.

–Fiquei com medo. - Confessei, sentindo meu rosto corar mesmo ele não estando ali, na minha frente.

–Aconteceu alguma coisa? Alguém te fez algo? - Sua voz soou rápida e nervosa, e eu sorri.

–Você sabe que a única pessoa que pode fazer algo contra mim é um tal de Maxon Schreave.

–Então você está com sorte.

–Estou? Por quê?

–Porque ele te ama tanto, que seria mais provável que fizesse algo contra si mesmo, do que contra você.

–Por quê? - Perguntei para ele, soando frustrada até para mim.

Ele riu um pouco do outro lado da linha.

–Por que o quê?

–Por que você é tão... assim? Não consigo parar de me apaixonar por você. Então, por favor, pare de fazer isso.

Agora ele gargalhou alto, fazendo com que eu abrisse ainda mais o meu sorriso, que já era enorme, por sinal.

–De fazer isso?

–É, de ficar me seduzindo toda hora.

–Mas é justo. Você não saí da minha cabeça, e muito menos do meu coração. Acho que estou aliviado por conseguir te seduzir tanto assim. Você me tem na palma da mão, America.

Fico sem reação por uma eternidade. Quer dizer, nessas situações onde fica óbvio que você tem que dar uma resposta, e essa resposta não vem de fato, e você só fica sorrindo feito uma boboca, sim, alguns segundos parecem uma eternidade.

–America, volte a respirar. - Exigiu ele, dando uma risada em seguida.

–Ta bom, vou tentar. Maxon?

–Sim?

–Quando você vai voltar?

–Amanhã.

–Ah, sim. Não sei se você sabe, mas claro que deve saber... que o casamento é amanhã de tarde. Você jura que vai estar aqui?

–Você realmente acha que eu iria perder de te ver de noiva? - Houve uma pausa curta. - Na verdade, eu que antecipei a data do casamento, acredito que não precisamos esperar mais. Você me ama?

–Amo muito, você sabe. - Sussurrei.

–Então é só disso que precisamos, minha cara.

–Mas sério, se você não aparecer... vou te matar.

–Só se for pra me rescussitar com beijos depois!

Agora eu que soltei uma gargalhada.

–Muitos beijos.

–Posso me acostumar com isso.

–Max..., seu pai... ele ainda me odeia?

–Ele não te odeia.

Bufo alto.

–Ta bom, então. - Digo eu, enquanto reviro os olhos.

–Não importa o que ele acha de você. Vamos nos casar, e é isso. Estou disposto a esquecer tudo o que vivi antes de te conhecer, e eu espero que você faça o mesmo, America. Vamos começar do zero, vamos pular desse penhasco escuro sem nos importarmos com o que estará aguardando por nós no final.

–Não tenho mais medo de pular.

–Eu também não.

Infelizmente a ligação começou a cortar e Maxon teve que desligar. Eu me sentia nas nuvens. Só quem já se apaixonou sabe do que estou falando. Nunca me senti dessa forma antes, e agora que tudo estava dando certo para nós, sentia-me praticamente invencível. Conversei com Marlee logo depois, e ela também estava apaixonada, mas estava com medo de que não fosse recríproco. Baseada em toda a minha história com Max, a aconselhei a ser sincera com o seus sentimentos e com o relacionamento com Carter. Não queria que ela sofresse como eu sofri nesses últimos tempos.

Na manhã seguinte eu me sentia... especial. Sei lá, era uma sensação tão boa, e que fazia meu coração bater acelerado dentro do peito. Bater forte. Torci durante todo o período da manhã que Maxon chegasse logo, mas no final das contas, não chegou. De tarde, cerca de 4 horas antes do casamento, Marlee e eu fomos levadas a um dos quartos da mansão, onde fora instalada um spar improvisado. Com direito a massagistas, cabelereiras, maquiadoaras, banho de banheira com essências tão perfumadas que eu quase começava a me imaginar como uma flor.

No momento em que nos chamaram para lá, eu achei um exagero começar a me preparar para o casamento tão cedo, mas agora que estou aqui, constatei que deveria ter sido chamada até 8 horas antes! Bem, eu não me importaria se fosse o caso.

Estava me sentindo uma princesa, e Marlee também.

Porém, quanto mais perto da hora do casamento, mais eu me sentia submersa em um poço de ansiedade. Eu queria muito ver Maxon antes, mas eu já estava vestida com o vestido de noiva. Não que eu fosse supersticiosa, mas não queria correr riscos.

Ok, eu era supersticiosa sim.

Observei o relógio do quarto, tequetaqueado rápido e barulhento, rumando para às 17:30 da tarde. Arrisco uma bisbliotada para o jardim através da janela da sacada, e me impressiono com a capacidade e habilidade dos funcionários para deixar tudo perfeito em pouco tempo. Aperto os olhos, tentanto vislumbrar algum homem de cabelo louro escuro, alto, forte, com um sorriso encantador de dentes brancos, mas não vi ninguém assim. Respiro fundo.

Algum momento depois, enquanto eu arfava sentada no sofá do quarto, ouço batidas na porta.

–America? - É voz de papai.

Ergo um pouco o vestido para que não acabasse pisando na barra sem querer e abro a porta. Não precisei contar para o meu pai sobre o que estava acontecendo entre mim e Maxon, ele já parecia compreender tudo muito bem. E estava radiante, elegante, e muito feliz, com certeza.

–Já está na hora? - Perguntei, minha voz soando desafinada.

Papai concordou com a cabeça.

–Estou muito feliz por você, Meri. Muito mesmo.

–Eu sei, pai. Você sempre foi babão por May e por mim!

Ele riu e me abraçou, beijando minha testa.

–Vamos? Maxon já esta esperando. Todos estão esperando, na verdade.

Ponho uma mão sobre o peito.

–Como ele está? Digo, Maxon... ele está sorrindo?

–Ele, com certeza, está sorrindo. Parece que puxaram o canto de seus lábios e costuraram na altura das orelhas. - E então meu pai começou a rir eu eu também. Lhe dou um tapa de leve no braço.

–É sério? - Pergunto.

–Muito sério.

Como quando no ensaio, engatei meu braço no de papai e nós descemos as escadas lentamente. Assim que chegamos nos últimos degraus, a atenção de todo mundo voltou-se para nós. E os Flashs começaram ainda mais intensos, eu não sabia quantos fotográfos haviam contratado, mas sério, tinha muitas câmeras. Dessa vez não precisei fingir estar feliz e muito menos fingir um sorriso. Ele estava lá, naturalmente, sem que eu o forçasse ou algo do tipo. Parecia até que eu tinha nascido sorrindo.

Quando saímos para a área aberta, onde o casamento aconteceria de fato, avistei Maxon parado próximo ao padre. Seus olhos em nenhum momento saíram do meu rosto, e ele dava a impressão de que a qualquer momento saíria correndo para me encontrar logo. Bom, a culpa não é minha se a marcha nupcial era mais lenta do que gostariamos! Tive que me concentrar nos meus pés, mas a todo momento minha atenção vacilava para o sorriso de Maxon, e Deus... que sorriso. Assim que finalmente papai me entregou para Max, eu praticamente me joguei em seus braços. Pude ouvir a risada das pessoas ao nosso redor e, corada, me afastei um pouco dele. Parecia que ele era um imã e eu feita de metal. Era impossível ficar perto dele sem encostar.

Maxon inclinou-se para baixo e me beijou no pescoço. Lhe lancei um olhar de advertência, e ele riu um pouco antes de arquear as sobrancelhas.

–Que foi? - Perguntou com a voz inocente.

–Vamos deixar isso para a lua de mel. - Retruquei, sentindo meu rosto ferver.

–Você está vermelha. - Observou, sua expressão divertida e maliciosa.

Reviro os olhos.

–Que que tem?

–Eu amo essa cor em você. - Respondeu, me puxando pela a cintura.

Não havia reparado, mas todos estavam olhando para a gente com ar de riso. Só fui perceber o motivo quando o padre pigarreou, e eu sei lá quantas vezes antes ele já tinha feito isso, para nos chamar a atenção. Com relutância, nos afastamos para dar vez ao que já havia sido ensaiado. Arrisquei um olhar para o lado, e vislumbrei Marlee e Carter de mãos dadas. Fiquei feliz por eles, parecia que tudo estava caminhando para o lugar certo, finalmente! Do lado oposto, estava meu pai e May, o Lorde e Madame Amberly. O Lorde não parecia zangado, mas tampouco transmitia qualquer tipo de emoção. Quero dizer, ele sorria... mas era aquele sorriso que aprendi a identificar. O sorriso Barbie Plastificada.

O restante do casamento transcorreu sem maiores constrangimentos. Fiquei surpresa quando Maxon leu algo que ele próprio havia escrito, e eu me emocionei e acabei chorando. Era de se esperar. Quando chegou a minha vez, lancei um olhar para Marlee, que me entendeu imediatamente. Ela aproximou-se de mim rapidamente e me entregou um envelope pardo, e em seguida voltou para o seu lugar de madrinha.

Maxon me olha curioso, um sorriso brincando nas extremidades de seus lábios. Rasguei o envelope e peguei a carta que eu mesma escrevi hoje pela a manhã. Cuidadosamente e sem me importar pelo o fato de que minhas mãos tremiam violentamente, comecei a ler:

–"Querido Maxon,

Eu amo você. Mas você sabe disso. E eu sei que você também me ama, e eu sou grata por isso. Durante muito tempo desejei conhecer alguém como você, mesmo não tendo consciência disso. Maxon, você é um princípe, e eu não me canso de dizer que não há garota na Terra que não caia de amor por sua beleza, ou por sua personalidade. Tenho tanta sorte por ter me escolhido. Tanta sorte. Não vou me estender muito nesta carta, mas só quero dizer que tudo pelo o que passamos... mesmo antes de nos conhecermos, apenas serviu para que nos amassemos mais, e eu vou te amar pra sempre.

Prometo que essa será a última carta que vou escrever na minha vida, e eu quero que ela seja dirigida à você, para lhe mostrar o quanto você é importante para mim.

A partir de hoje, vou te dizer o quanto o amo pessoalmente. Todos os dias. Ninguém melhor para escrever e dar fim a minha velha saga e tentação com as cartas, do que você.

Com amor,

America Schreave Singer."

Assim que terminei, os lábios de Maxon já estavam colados com os meus. Sua língua explorava a minha boca, enquanto eu me derretia, como sempre, em seus braços. Vagamente, escuto a voz do padre, acompanhada com sua risada.

–Já pode continuar a beijar a noiva.

Não prestei atenção na reação dos convidados, estava entretida demais beijando o amor da minha vida.

Algumas horas mais tarde, depois de comer, beber, rir, dar entrevista, nós pegamos duas pequenas malas para passarmos um ou dois dias no melhor hotel de Londres. Maxon se desculpou várias vezes por não podermos viajar para algum lugar mais interessante, mas eu lhe assegurei de que eu não estava nem aí para onde iriamos passar a lua de mel, desde que estivessemos um ao lado do outro.

Durante o caminho de cerca de uma hora até o hotel, Maxon e eu ficamos em silêncio. Aquele tipo de silêncio tão gostoso que seria um pecado romper. Deitei-me em seu ombro, e embora minha boca estivesse fechada e quieta, meus pensamentos se agitavam na minha cabeça. Certo, nunca tive medo de sexo, na verdade eu sempre fiquei curiosa e ansiosa para quando esse momento chegasse. E agora que ele estava ali, batendo na porta, eu não conseguia manter a calma. Maxon já teve outras mulheres, com certeza a maioria mais experientes do que eu. E se ele me achasse... ruim? Balancei a cabeça, enquanto meu coração ameaçava a sair pela a boca.

De repente, sinto a mão de Maxon afagar a lateral do meu rosto.

–Algum problema? - Ele quis saber, inclinando a cabeça para baixo, tentanto encontrar os meus olhos.

–Não, está tudo bem. - Menti. Maxon permaneceu me encarando por um instante, provavelmente se perguntando o motivo do meu corpo estar tão tenso. Porém, não me questionou mais.

Quando chegamos ao Plazza, eu me senti em um castelo de contos de fadas. Havia luzes em todo o seu interior, vidros, quadros, pinturas e espelhos. As pessoas bem vestidas e elegantes, flores lindas em vasos lindos e enormes.

–É maravilhoso. - Sussurrei ao pé do ouvido de Maxon, me aproveitando dos saltos enormes que usava para facilitar que meus lábios chegassem - e até roçassem um pouco - na sua orelha. Maxon se arrepiou e me olhou de forma intensa, parando de caminhar por um momento para focar seu olhar no meu.

–Eu ou o Plazza? - E então sorriu.

Finjo pensar por um momento.

–O Plazza. - Respondo, dando de língua.

Max arqueou as sobrancelhas e seu sorriso se acentuou.

–Quando chegarmos ao quarto, você irá mudar de ideia. - Me diz, piscando de um jeito que fez um calafrio de nervosismo percorrer o meu corpo.

Minha cabeça estava girando. Entrei em modo automático, mal me lembrava de como havia chegado ao elevador, e muito menos em como havia chegado até o quarto luxuoso que Maxon reservara.

Só sei que de repente minhas malas estavam no chão, e eu parada diante da cama enorme. Meu coração batia tão forte que imaginei que talvez Maxon também o estivesse escutando tão bem quanto eu.

–Você... está bem? - Ele me perguntou, mordendo o lábio para esconder o sorriso. - Você está um pouco verde.

Desvio o olhar para o chão.

–Estou bem, sim.

Maxon se aproximou de mim e me abraçou forte.

–Você é a mulher mais linda que eu já vi. - Ele pegou minha mão e colocou sobre o seu peito, como já havia feito uma vez. - Está sentindo?

E eu realmente senti. Seu coração martelava tão forte e alto quanto o meu.

–Estou. - Sussurrei.

–É assim que eu fico toda vez que você está tão perto de mim. - Me informou, fazendo com que um sorriso surgisse em meu rosto.

–Vamos acabar morrendo do coração qualquer dia desses. - Falo eu, ao esconder o meu rosto em seu pescoço.

–Ninguém morre de amor, não fisicamente. Mas no nosso caso, vamos é viver de amor.

–Todos dias, certo?

–Até quando estivermos bem velhinhos.

Maxon inclinou-se para mim, mas eu me afastei, lançando um olhar divertido em sua direção.

–Comprei algo pra hoje. Quero que você veja.

Max coçou com o indicador o seu queixo, onde a barba rala começava a nascer novamente.

–Você nua deve ser mais interessante.

–Maxon! - Repreendi, corando violentamente.

Ele riu.

–Estou curioso. - Afirmou ao começar a desabotoar a camisa que usava. Fiquei parada, olhando para o pedaço de pele que já começava a despontar em seu peito. Resisti ao impulso de ajudá-lo a retirar a camisa.

–Já volto. - Falei, pegando uma mala pequena e entrando no banheiro.

O banheiro era todo branco com dourado, o espelho era adornado por flores com cor de cobre, e a pia de madeira rústica e escura. Mas eu não prestava atenção.

Meus olhos estão quase arregalados, e minha pele assumiu um tom avermelhado nas bochechas, e um sorriso insistia em repuxar os meus lábios para cima. Ergo as mãos para desmanchar o meu coque alto, deixando com que meus cabelos caíssem em ondas pelas as minhas costas. Estou prestes a pegar a langerie que Marlee me ajudara a escolher, quando escuto o som de vozes vindo do outro lado da porta.

Era Maxon e outra pessoa. E a outra voz era assustadoramente familiar.

Sem pensar muito, abro a porta e dou de cara com uma cena improvável. Tudo acontece muito rapidamente. Em um momento, Aspen estava com uma arma apontada para a testa de Maxon, e no minuto seguindo o revólver caiu no chão enquanto Maxon partia para cima de Aspen. Com um surto de adrenalina, me jogo atrás da arma que caíra próximo à geladeira, minhas mãos tremendo de leve. Eu não conseguia pensar, aquilo não podia estar acontecendo. Meus olhos voltam-se agora para os dois brigando no outro extremo do quarto, mas agora a situação já havia sido modificada novamente. Aspen segurava Maxon contra si, e em sua mão um pequeno canivete estava sendo pressionado de forma perigosa. Ambos estavam com a pele do rosto machucadas.

–Solte a arma, America. - Falou Aspen, fazendo um gesto com a mão, dando a entender que não tinha medo de enfiar o canivete na veia de Maxon.

–Solte o Maxon primeiro. - Digo eu, tremendo ainda mais do que antes e sentindo as lágrimas queimando em meus olhos. - Aspen, solta ele!

–Larga a arma, Meri. - Murmurou, a voz arrastada e fria. O que estava acontecendo com ele? O Aspen que eu conheço jamais faria uma coisa dessas!

Ergo a mão com o revólver. Eu não fazia a minima ideia de como se utilizava isso, mas mesmo assim eu a apontei em direção ao Aspen. A cada segundo que passava minha mão tremia a tal ponto, que fui obrigada a segurá-la com as duas mãos.

–Você não atirar em mim, solte isso. - Rosna Aspen. As lágrimas desceram pelo o meu rosto finalmente.

–Se você não soltá-lo, vou atirar. - Digo com a voz vacilando. Maxon se remexeu, mas Aspen o imobilizou de tal forma que seria impossível ele escapar sem se ferir. No entanto, ele tentou, e imediatamente Aspen fez menção em cravar o canivete em sua pele.

E eu não pensei muito em fazer isso. Apenas apertei aquele gatilho, antes que não tivesse mais coragem de fazê-lo.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pela a demora em postar, e desculpem pelo o capítulo que não ficou tão bom quanto poderia... Im sorry :/
Bom, até o próximo capítulo!