Baile de aniversário da primeira escola de Karakura. Som altíssimo, apenas poucos pontos de luz. Muitos corpos perdendo o controle e se entregando ao ritmo da música. Esquecendo-se das notas baixas, os problemas com os pais, problemas amorosos, decepções amorosas e psicológica.

Outras, apenas querendo arranjar alguém mexendo o quadril excessivamente, descendo até o chão e perdendo o controle do ridículo. E sem contar no olhar intenso em uma pessoa, tão intenso que era impossível não perceber o olhar da pessoa em cima dela.

“Que ridícula.” Rukia pensou alto encostada numa parede. Uma garota quase engolia o ruivo que vinha em sua direção com dois copos de ponche.

“Disse algo?” Ichigo perguntou alto e se pôs ao lado dela, se acomodando na parede.

“A Senna.” Respondeu no mesmo tom dele. O ruivo riu e procurou a mesma com os olhos. A morena de olhos âmbares que dançava ridiculamente até o chão o fitava de forma realmente ridícula. “Está fazendo papel de puta pobre na frente da escola inteira.” Deu um gole no líquido rosa e fez uma careta quando o líquido desceu pela garganta.

“Ela só quer me seduzir poxa”.Falou perto de seu ouvido para não precisar falar alto.

“Ridícula. Ela me odeia por simplesmente eu ser sua amiga.” Deu mais um gole, nem se incomodou com a queimação na garganta.

“E você a odeia mais ainda por ela dar em cima de mim.”

Ichigo não a fitou, e sim a garota no meio da pista que sorria feliz por receber um pouco da atenção dele.

“É!” Concordou sem pensar. Ichigo a olhou, segurando o riso. “NÃO! Claro que não! Pouco me importa com quem você fica, ou deixa de ficar!” Rukia agradeceu pelo lugar estar escuro e ele não ter a visto corar. Alisou o vestido azul, liso, tipo tomara-que-caia e um rodado no estilo lolita e ficou quieta bebendo do seu ponche.

“Então, já que não se importa...” Começou. Intercalou seu olhar com o de Rukia e para Senna no meio da pista.

“O quê?” Perguntou indiferente terminando de beber o ponche num gole só.

“Vou ficar com uma garota que me quer, já que quem eu quero... não me quer.” Falou no ouvido da morena, com o intuito de fazê-la corar, e arrepiar-se.

Saiu de perto da morena e caminhou em direção à pista de dança, onde Senna parou de dançar quando reparou que ele caminhava em sua direção. Ela tinha um sorriso de orelha a orelha nos lábios, como se tivesse ganhando um troféu precioso. Afinal, era Kurosaki Ichigo.

Saiu da pista, e caminhou ao encontro dele, com o sorriso de vitória na face.

A baixinha fitava a cena com uma das sobrancelhas erguida, querendo não acreditar no que via. Ele ia se rebaixar a ponto? Ele ia mesmo fazer essa ceninha medíocre? E, aliás, Rukia não deixaria ele ficar com aquela tribufu.

Caminhou apressadamente, batendo o salto violentamente no chão em direção ao ruivo. Seus dedos só alcançavam o tecido da manga da camiseta pólo preta, mesmo assim, a puxou e agarrou o braço do ruivo o fazendo se virar para si. Os olhos púrpura se encontraram com os castanhos que tinham um brilho peculiar e único.

A baixinha retribuiu o sorriso do ruivo antes de ficar na ponta dos pés e lhe beijar os lábios com uma pressa estranha para ela mesma. Para ela, era para ser apenas um roçar de lábios, só para fazê-lo mudar de idéia. “Mas isso poderia não acontecer mais”.Ambos pensaram.

A morena entre abriu os lábios e permitiu que o ruivo aprofundasse o beijo. A música alta que latejava em seus ouvidos passou a se distanciar aos poucos, ao som de Empire state of mind, Ichigo se permitiu largar o copo de ponche no chão, não importava onde ele caísse, ou quem escorregaria na bebida. Suas mãos se perdiam desde a cintura da morena à suas costas. Ela se enlaçou no pescoço do ruivo e a música começou a ficar mais distante, quase inaudível aos dois.

Não foi por causa da falta de ar, e nem pela falta de fôlego. Tinha de parar, mesmo contra a sua vontade, tinha de atiçá-lo, fazê-lo mudar de idéia. Mordiscou o lábio inferior de Ichigo, ele avançou para os seus lábios mas ela desviara os lábios ao seu ouvido e sussurrou:

“Reveja seus conceitos de ‘quem eu quero não me quer’, ok?” Soltou-se do pescoço dele e deu um beijo na bochecha do ruivo, desviou-se do ponche derramado no chão e se perdeu no meio de tanta gente, deixando o ruivo e Senna com cara de  tacho.

Ele sorria torto e mordeu os próprios lábios. Saiu sem nem olhar para a garota que assistira tudo exclusivamente, e foi procurar a baixinha que finalmente -um pouco, lentamente-  se tornara “sua”.