Era o dia do casamento de uma garota completamente desastrada, bobinha, tímida e inocente, ela seria uma perfeita protagonista de um anime shoujo. Durante um bom tempo, Jung Eum ficou sem namorar por esses traços de sua personalidade, para os homens dos quais ela se interessava, ela era uma “idiota” qualquer que se seria “divertido” usa-la – eles sempre desistiam, pois “o esforço não valia a pena”. Porém ela não era tão garota assim, já era uma mulher – como dizia sua mãe, quase idosa – de 30 anos e de acordo com sua família, já havia passado da hora de se casar e ter filhos. Então, quando ela conseguiu um namorado, seis meses depois havia noivado.

O vestido era uma espécie de releitura dos tradicionais Hanboks com os vestidos de noiva ocidentais brancos e longos. Ela usaria um vestido estilo anos 80, porém, como tinha uma amiga que fez um curso de Corte e Costura com ela, que havia criado uma loja que vende essas releituras, sua amiga quando soube o que ela ia usar, deu um dos seus vestidos como presente de casamento. O cabelo longo, que até então era a marca registrada dela, estava intacto, absolutamente nada enfeitava o cabelo ou o prendia. E ela usava um salto cheio de glitter vermelho – que lembravam os de Dorothy de O Mágico de Oz – que não combinava com o vestido, mas desde que tinha sete anos, ela dizia que se casaria com aquele salto que era de sua mãe – mesmo estando apertado e machucando.

- Vamos lá? – O pai de Jung Eum apareceu, com um sorriso de orelha a orelha, na porta enquanto suas amigas retocavam a maquiagem.
- Certo! – Ela respondeu tentando não transparecer o nervosismo que estava sentido
- Jung Eum, posso falar com você antes de irmos? – Ayumi, que é uma de suas amigas, sussurrou puxando-a pelo braço.

Ayumi havia levado Jung Eum para um banheiro a fim de conversarem, o que pode parecer estranho para as outras pessoas, para elas – tanto para elas, quanto para outras duas amigas que estavam na sala – significava que a conversa era muito séria e/ou confidencial. Essas conversas sérias aconteciam desde o colegial, quando o assunto sério era sobre garotos, as notas, segredos descobertos, segredos que precisavam ser contados e etc.

- Sei que já é tarde para você mudar de opinião, mas eu não vou desistir! – Ela respirou fundo e continuou – Vai mesmo se casar com um cara que praticamente acabou de conhecer?
- Vou! – Disse Jung Eum abriu um lindo sorriso e fazendo um gesto de que iria abrir a porta mostrando que não queria ouvir o resto
- Você acabou de conhecê-lo! Não tem medo de que ele não seja o cara certo? Que esteja envolvido com atividades ilícitas? Vocês precisam se conhecer melhor. – Ayumi segurou a porta com o próprio corpo
- Como eu não pude ter um contato “físico” com ele e como ele trabalhava muito e o nosso namoro era quase a distancia, eu o conheci muito bem, obrigada. E eu não posso esperar mais, minha família vive dizendo que eu estou velha.
- E ele? Ele conhece tão bem como você diz conhece-lo? – Ela viu que Jung Eum tinha ficado pasma com a pergunta então não esperou a resposta e continuou – E eu acho que sua família mesmo querendo que você se case logo, eles preferem que você tenha um bom casamento com alguém que eles e você saibam que é o certo, mesmo esse cara sendo o certo, que existe um tempo para tudo.
- E-eu... – Ela foi interrompida
- Precisamos ir. – Ayumi suspirou se dando por vencida

De sua casa até o carro, ela conseguiu tropeçar 50 vezes e em um dessas vezes, ela ralou o joelho, porém Jung Eum estava tão anestesiada com a adrenalina por causa da maior “loucura” que já fez na vida que não sentiu a dor esperada e nem fez um escândalo como era de costume. No carro, Ayumi não falou uma palavra a mais com JungEum, só observava ela pelo espelho, sentada no banco traseiro.

O carro estava chegando perto do estacionamento da Igreja e a garota com um longo Hanbok estava quase pulando para fora do carro sem mesmo ele ter parado. E quando ela pode sair, ela correu em direção à porta, mas foi quando os sapatos mostram que podiam machucar ainda mais: uma parte do sapato cortou o pé dela e o corpo dela reagindo inconscientemente ao corte, chutou o sapato, ele enrolou no longo vestido fazendo-a tropeçar, bater a cabeça em uma porta de vidro. Quando ela bateu a cabeça, a porta se soltou quebrando em sua cabeça a fazendo desmaiar.

~

Depois de duas semanas, ela havia finalmente acordado.

Ela ficou olhando por muito tempo um corte no teto azul, tentando imaginar como conseguiram fazer aquilo. Logo depois de ter imaginado uma pessoa louca jogando facas para o alto, ela olhou para baixo tentando saber onde estava se faria sentido aquela teoria.

JungEum olhou para uma senhora que parecia espantada por ela está acordada e soltou sem perceber:

- Quem é você?