Broken Glass - Caco de Vidro escrita por Letícia Silveira, Maavi


Capítulo 7
Capítulo 7 - Imprinting




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O sinal bateu e eu dei tchau pra Liza e fui para a minha aula de Ciências. Eu não sabia com quem eu teria essa aula, só sabia que que Liza não participaria.

Cheguei na sala e foi a mesma chatice de sempre. O professor me apresentou para todos os alunos e só então reparei que o Quil tinha a mesma aula que eu.

 

- Posso me sentar aqui, Quil? - Perguntei. Afinal, eu náo sabia se ele tinha dupla. (N/A: vocês podem estar achando a aula dela muito comprida, mas o horário do colégio americano é das 8 a.m. até as 15 p.m., OK? Por isso tem tantos caps! Só pra esclarecer...)

- Ah! Claro, Nessie. - Ele disse, parecendo que antes não havia notado a minha presença.

Me sentei ao seu lado e arrumei o meu material para assitir a aula. A matéria era átomos, uma coisa muito chata.

- Então átomos significa indivisível, mas descobriu-se que pode ser dividido em partículas... - E blá, blá, blá. Sério, aquilo era inútil.

Me desliguei um pouco da aula e só então percebi que Quil dormia serenamente com a cabeça sobre o livro. O professor estava tão entretido em sua própria explicação e seus pensamentos filosóficos, que nem percebera o aluno ao meu lado, quase roncando. Fiquei com pena de acordá-lo, mas os alunos começaram a rir audivelmente e Quil acordou assustado e em um pulo na cadeira, perguntou:

- Quem morreu? - Disse sonolento.

- Shh, Quil. Estamos na aula. - Sussurei e percebi que os alunos nos encaravam, todos rindo. Corei ao ver tantos olhos nos encarando.

- Eu dormi? - Ele perguntou confuso e massageando a bochecha. Acho que ele queria desamassar a cara.

- Não imagina. Eu te dei um soco e você desmaiou. - Brinquei - Fala sério, você não dormia fazia quanto tempo?

- Uns dois dias. E ontem eu fiz ronda! Tô quebrado.

- Mas você é da matilha do Sam né? - Perguntei, querendo entender de uma vez por todas essa divisão da matilha.

- Não. Eu me 'mudei' pra matilha do Jake faz uns dois anos. Eu faço as rondas com o Seth e o Jake com a Leah. - Ele disse e a minha expressão ficou triste. - Ah, desculpa Nessie. - Ele disse e me abraçou.

- Pelo o que?

- Eu não devia ter dito nada. Sou uma matraca mesmo. - Ele disse como quem dava os pêsames: com pena.

- Tudo bem. Eu te perdôo pelo o que você não fez. - Eu disse e sorri. Acho que mais pareceu uma careta, porque ele não se convenceu. Tentei amenizar o clima: - Vamos prestar um pouco de atençao na aula. Mas aposto que com esse professor super ligado, a gente poderia estar jogando truco aqui, que ele nem perceberia. - Acho que funcionou, porque Quil riu.

Prestamos um pouco mais atenção na aula e às vezes eu ria das caretas dele, ao tentar compreender a matéria. Ele fazia umas anotações no caderno, mas logo percebi que não era sobre a aula. Eram frases quileutes que eu não sabia o que significava. Apenas uma palavra me chamou a atenção, porque eu já havia ouvido ela: impriting.

- Quil, o que significa essa palavra? Impriting. - Peguntei e ele parou automaticamente de escrever.

- O Jake vai arrancar o meu couro. - Ele disse e eu fiquei boiando. Que que o Jake tinha haver com aquilo? Por que todos sempre fogem do assunto?

- Que que o Jake tem haver com o impriting? Por que todos sempre fogem do assunto? - verbalizei os meus pensamentos.

- Nessie, eu não sei se eu posso lhe contar. - Ele disse, sussurando.

- Claro que pode. Ou você não confia em mim? - Perguntei e fiquei com raiva dele por fugir do assunto.

- Claro que confio. - Ele pareceu pensar e assentiu para si mesmo. - Ok,! o impriting é um fenômeno que ocorre com nós, transmorfos, e é quando encontramos a nossa alma gêmea. É como se fosse amor à primeira vista, só que muito mais forte. E nós podemos encontrar o nosso impriting em qualquer fase da vida, onde poderemos ser apenas amigos, irmão mais velho, namorado, amante... Mas às vezes pode ser apenas um extinto de proteção. Você conhece um caso onde o impriting se submeteu ao encanto. O caso da Emily. Sam sofreu impriting com ela ainda quando namorava Leah. Por isso ela é assim...

Ele disse e eu permaneci em choque. Apenas abri um pouco a boca, deixando-a entreaberta, sem acreditar no que eu estava ouvindo.

- O Ja... Jake.. - Eu não conseguia fazer as palavras sairem da minha boca. Senti uma dor aguda no meu pulmão, que me impossibilitava respirar. Imagina se Jake tivesse encontrado o seu impriting?! A sua alma gêmea! E se fosse Leah! Depois desses pensamentos, só percebi uma penumbra e tudo ficar escuro.

Eu estava no colégio, e vi Leah descendo da moto do Jacob. Ela o abraçou e sussurou no seu ouvido:

- Meu impriting! - Eu me arrepiei toda e vi tudo ficando vermelho, foi quando eu acordei...

Eu inalava um cheiro forte, algo parecido com álcool e logo acordei. Abri os olhos assustada e me deparei com um par de olhos verdes me encarando.

- Está bem menina? - Perguntei o que eu deduzi ser a enfermeira.

- Só estou um pouco tonta. O que aconteceu? - Perguntei me sentando na maca onde eu estava e colocando a mão na cabeça, cuja estava muito confusa.

- Você desmaiou na aula de Ciências, pois estava muito fraca e não havia comido nada hoje de manhã. Querida, você precisa comer, está tão magrinha. - Ela disse e me olhou com preocupação. Logo lembrei da minha conversa com o Quil e eu senti um aperto no peito, muito forte.

- Quem me trouxe para cá? - Eu perguntei com os olhos marejados. Mas eu não podia permitir chorar novamente, principalmente pelo Jacob. Ele nunca foi seu, Nessie. Nunca. Esse pensamento assombrava a minha mente e a única coisa que eu consegui fazer, foi libertar as lágrimas. A enfermeira me olhou assustada e logo abriu a porta.

- O senhor Black que a trouxe, querida. - Ela olhou pra fora e disse: - Pode entrar, Black.

Eu não consegui negar, mas sabia que eu não podia mais encará-lo. Se eu olhasse novamente naquelas duas pérolas negras, aposto que me perderia naquele mar negro. É claro que Leah havia sofrido impriting com ele. Ou ele com ela. Mas o caso é que ele devia estar perdidamente apaixonado por ela, enquanto eu sofreria desse amor impossível que eu sinto por ele.

- Nessie! - Ele disse feliz, logo me abraçando. Eu não retribui o abraço, apenas apoiei a cabeça em seu ombro e inspirei aquele odor que eu sempre sonhei em ter ao meu lado, mas sabia que não teria. - Que susto que você me deu, pequena! - Ele disse e sorriu, ao desfazer o abraço. Eu não queria fitá-lo, então olhei para as paredes brancas do quarto, o qual devia ser a enfermaria.

- Desculpe, Jake. - Eu disse e só então ele percebeu que eu chorava. Ele fez uma cara de interrogação, como se não soubesse o porque de eu estar chorando. Mas ele não saberia.

- Por que está chorando, Ness? Está doendo? Por que você desmaiou? - Ele metralhou perguntas, enquanto retirava as lágrimas de minha face e suas feições assumiam uma expressão preocupada.

- Jake... O Quil me contou. - Eu disse, em prantos. Sério, eu podia ter enchido uma piscina com tantas lágrimas, que saiam sem nem ao menos eu perceber.

- Contou o que? - Ele perguntou confuso.

- Sobre o impriting.

Jake ficou sem reação. Fixou o seu olhar acima de minha cabeça e assim ficou durante algum tempo. Ele nem piscava, nem fechava a boca, que estava entreaberta.

- Ai, mas eu acabo com aquele moleque! - Ele disse se levantando em um pulo.

- Jake, não precisa se preocupar, eu já sei de tudo. - Eu disse, tentando sorrir. Minha cara recussava-se a sorrir, era como se houvesse um bloqueio. As lágrimas ainda jorravam pela minha face e eu tentava desesperamente ver a face de Jake, mas minha visão estava embaçada.

- Nessie, olha eu posso explicar. - Ele disse sentando-se novamente ao meu lado.

- Não precisa Jake. - O interrompi. - Eu sei que você sofreu impriting e que você não me deve explicações! Não precisa ter pena de mim, - se ficou tão na cara assim que eu gostava de você pensei. Continuei: - Mas quer saber? Eu não preciso saber sobre a sua vida pessoal, então não precisa me explicar nada. - Notei que ele apenas permanecia mortificado, com cara de tacho. - Desejo sorte com o seu objeto de impriting. - Eu disse e saí correndo da secretaria. Percebi os olhares assustados da enfermeira para mim, mas eu estava correndo na velocidade vampirica, então não entendi. Fui correndo para o pátio, onde encontrei o Seth, sentado em um banco.

- Seth! - Eu disse abraçando-o, nota-se: ainda em prantos, ou seja, encharquei outra camisa dele. O cheiro que ele exalava era tranquilizante.

- O que foi Nessie? - Ele perguntou assustado.

- Eu descobri, Seth! Aquilo que todos me escondiam! - Eu disse e só então percebi a posição em que eu estava agarrada a ele. Ele me parecia um porto seguro, então eu havia o agarrado para não fugir. Corei, ao ver que eu estava com os braços cruzados em seu pescoço e com as minhas pernas sobre a sua cintura. Me desfiz do abraço e olhei para o chão, só então percebi que não chorava mais.

- Descobriu o que, Ness? - Ele perguntou coçando a cabeça, confuso.

- Sobre o impriting! Aquilo que todos me escondiam!

Ele arregalou os olhos e entendeu os braços sobre o seu corpo, como quem fica surpreso.

- Co.. Como assim? - Ele disse, depois de um pequeno gaguejo.

- Eu descobri. Na verdade, o Quil me contou, por isso eu fui parar na enfermaria. - Eu disse, e uma lágrima escorreu pela minha bochecha.

- Entenda, Nessie, ninguém escolhe ter impriting e quando é para isso ocorrer, entende? Não chora, Ness. - Ele disse e se aproximou, limpando as minhas lágrimas.

- Seth, se eu te perguntar uma coisa, você jura que nunca conta pra ninguém que eu te perguntei? Nem pensa nesse assunto quando estiver transformado? - Perguntei, querendo tirar uma dúvida, mas não queria que Jacob ficasse sabendo.

- Juro, Nessie. - Ele disse. - Palavra de lobo.

- Seth, o Quil me contou sobre o impriting, mas não disse quem sofreu. - Ouvi Seth suspirar de alívio. - Quem foram os que sofreram impriting, Seth? - Perguntei e o sinal tocou. Ótimo, estava na hora de ir para casa e Seth nem chegou a me responder!

- Bem, Nessie. Eu prometi e agora terei de responder. O Sam, o Quil, o Jake, o Paul e o Jared sofreram impriting. - Ele disse e confirmou as minhas suspeitas. Duas lágrimas escaparam novamente dos meus olhos e eu percebi que já havia um grande movimento no estacionamento. Vi o carro nem um pouco chamativo de tia Rosalie estacionado. Sim, eu fui irônica! Era um audi TT conversível, lançado esse ano! De que cor? Vinho!

- Tchau, Seth. - Eu disse tentando prender o choro, mas não funcionou muito bem, pois logo eu já estava derramando algumas lágrimas.

 

 


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Notas finais do capítulo

Review? Indicaçoes? Por favor, façam uma autora feliz. Kiss