Only Trust In You escrita por Sra Dragneel


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores.
Então, não tem jeito, os primeiros capítulos são introdutórios mesmo, mas espero que gostem do mesmo jeito.
Um obrigado especial para aqueles que comentaram, favoritaram ou que estão acompanhando. Muito obrigada mesmo por darem uma chance para esse novo projeto meu ♥



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Capítulo II

Responsabilidade






Lucy era um pouco desnutrida, mas não tinha problemas com doenças arteriais e nem o risco de contrair uma, o que me preocupava de verdade, era o fato dela poder acabar desenvolvendo hipoglicemia por causa da falta de nutrientes em seu corpo.

— É que não gosto de forçar ela a comer. — Lisanna falou quando expliquei o que eu achava para ela e Erza. Lucy continuou sentada no mesmo lugar sem se mexer, olhando para o mesmo canto, como se fosse parte da mobília; passava quase que imperceptível pelos meus olhos, se ela não fosse o motivo de eu estar aqui. — Parece errado fazer isso. De qualquer maneira, eu vou ter que viajar até a capital daqui a pouco e ficarei a semana inteira, então quem vai cuidar dos detalhes será a Erza, qualquer coisa fale com ela.

Minha concepção sobre Lisanna não estava muito boa. Apesar de sustentar um sorriso gentil, tinha algo naquele olhar, algo que me faz ficar um tanto afastado. Talvez por ser filho de uma ótima médica, eu tenha herdado o talento de analisar as pessoas; já era algo natural de mim.

Lisanna não me transmitia coisas muito boas, é claro que eu poderia estar errado, mas meus palpites não costumam falhar.

— Eu vou me esforçar — disse Erza quando nos afastamos do quarto e deixamos Lisanna com Lucy novamente. — Mas tenho a casa para administrar, e não sei se vou ter tempo de fazer tudo.

— Se passar a agenda dela para mim, posso cuidar disso. — Erza me olhou atentamente. — Não vim só para passar os remédios e ir embora. Vim para cuidar dela também. Foi pra isso que pediram um enfermeiro, não foi?

Foi como se ela caísse na real. Lucy parecia ser superprotegida por Erza, e tudo precisava de uma supervisão dela.

Erza cruzou os braços e pensou por um instante, franzindo a testa. Ela me olhou desconfiado, como se eu fosse ataca-la a qualquer minuto, depois de algum tempo ela concordou relutante. Talvez Erza tivesse algum pé atrás com enfermeiros, pode ter acontecido algo com outras pessoas que vieram antes de mim, e quem sabe, por esse motivo ela se mantém vigilante a todo instante.

Outra pergunta que fiquei tentado a questionar, mas a mantive dentro de mim.

— Tudo bem, vou pegar a lista de remédios e os horários e te passo. Fica aqui que eu já volto.

Erza entrou no quarto de Lucy de novo e eu fiquei estancado no meio do corredor esperando. Coloquei minhas mãos no bolso da calça e senti o celular vibrar, eu iria pegá-lo, mas nesse instante Erza saiu do quarto e acabei desistindo.

— Que estranho, pensei ter a receita no quarto da Lucy. — ela comentou pensativa com Lisanna assim que saiu do quarto. — Mas não tem problema, tenho uma cópia no meu quarto.

— Ah, sério? — vi Lisanna tremer o lábio levemente não sei o motivo. — Que bom, porque eu não sei onde deixei a receita, mas nem preciso já que tenho os horários guardados na cabeça.

— Bom, a senhorita que sempre quis cuidar dos horários, então não é estranho.

— Sim, claro.

Lisanna dirigiu um olhar pra mim e mais um sorriso e foi até o quarto do lado, provavelmente sendo o dormitório dela. Erza veio até mim e disse que tinha que ir até o quarto dela pra pegar a receita com a lista e horários. Respondi que iria esperar na cozinha dos empregados já que estava quase na hora do almoço e não sei porque ela ficou me olhando estranho de novo. Acho que ela faz isso sem perceber.

Uma das únicas coisas que consigo lembrar dessa casa é onde fica o meu quarto e a cozinha, que são os essenciais, por isso não me perdi no caminho, o resto eu aprenderia com o tempo.

Grandine me disse que geralmente os enfermeiros — ou ajudantes, como preferirem — ficam meses na casa, dependendo do paciente e da doença — e consequentemente a sua fatalidade. É claro que tem aqueles que ficam anos na mesma casa. Analisando tudo aqui, ainda não tive uma previsão correta do tempo; poderia ser dias se dependesse de Erza, ou anos se eu tivesse a coragem de explorar o mundo de Lucy.

Aquele olhar, ainda estou pensando nele. Esperança, dor, vitalidade, morte. Pensei ter visto tudo naquele olhar, pensei ter sido drenado e todas as minhas defesas de repente sumiram. O que terá acontecido com ela? Algum trauma? Uma perda? Minha cabeça girava com as hipóteses. Depressão? Sim, mas de quê? Uma separação com o namorado? Difícil. Não tenho ideia.

— Natsu?

Uns dedos estralavam na minha frente por alguns minutos, mas só me dei conta agora. Estava na cozinha para funcionários, sentado no balcão. A cozinha era grande, mas a mesa nem tanto, caberia no máximo oito ou nove pessoas, o que me surpreendeu já que a mansão tem milhões de pessoas trabalhando.

— Está se sentindo bem? — era Jellal com uma mão sobre meu ombro. — Nossa, só agora percebi como é estranho perguntar isso para um enfermeiro.

Eu ri sinceramente, Jellal é um cara simpático.

— Estou bem. Estou esperando-

— Minha deliciosa comida, é claro.

— Na verdade eu ia dizer a Erza, mas não quero te deixar triste. — percebi que tinha a chamado pelo primeiro nome, e agradeci aos céus por ela não estar perto já que poderia me causar problemas com isso.

— Ainda bem que não disse, não é? — nós dois rimos. — Minha comida é das melhores, você vai ver.

— É nada! — uma figura de cabelos incrivelmente longos entrou na cozinha, sendo seguido por Levy.

O cara parecia um daqueles caras que curtem Heavy Metal e gostam que ninguém fale com eles. Se enchem de maconha, dizem que tem vinte e quatro anos para entrar em festas para maiores, mas não completaram nem dezoito, e reclamam da vida e de todos dizendo que são incompreendidos.

Minha mania de analisar de novo; vou acabar me ferrando algum dia desses, além de ser bem preconceituoso da minha parte.

É por isso que ninguém é perfeito.

— Aliás, eu sou Gajeel. — me apresentei e apertei sua mão. — O novo enfermeiro, hm?! Eu sou um tipo de faz tudo aqui, a baixinha quer que eu seja colocador de cortinas agora.

A baixinha com certeza era Levy.

— Eu só quero que você me ajude a colocá-las. — Levy surgiu do nada do meu lado e respondeu. — São pesadas.

— Só tá dizendo isso porque não consegue pendurar elas, já que você não alcança.

Levy não respondeu, mas por seu rosto estar vermelho era verdade o que Gajeel dizia. Eu e Jellal rimos genuinamente. Apesar de parecer arisca, Levy tinha profundo conhecimento e desgosto sobre seu tamanho.

Meu celular vibrou de novo, e dessa vez eu o tirei da calça e vi que tinha duas mensagens.

"Preciso te contar uma coisa."

"Você deve este no trabalho, mas assim que puder, me ligue ok."

As duas eram do Gray, meu melhor amigo. O cabeça oca deve ter brigado com a Juvia de novo — e eu não tinha noção de como ela o aguentava. O problema era que Gray tinha um orgulho que não caberia nem na mansão Heartfilia, então, muitas vezes eles discutiam por motivos bestas e sem nexo. A verdade era que Juvia tinha toda a paciência do mundo, e o amava muito para deixar apenas uma briga acabar com um relacionamento de anos.

Aquele apartamento em que eles viviam juntos por algum tempo, era testemunha de tudo que já aconteceu nesse namoro. E como bom amigo que eu era, sempre apartava as discussões e fazia com que Gray se desculpasse.

— É a sua namorada? — percebi que Jellal era do tipo curioso. — Que foi? Os dois brigando ali começa a ficar chato depois de um tempo.

Gajeel e Levy batiam boca e eu nem havia reparado. E continuaram assim até cada um se sentar e não olhar para a cara um do outro. Balancei a cabeça, me lembrava de Gray e Juvia.

— Não, é um amigo meu. Ele deve ter brigado com a namorada de novo.

— Ah, o amor. — suspirou. — Tão legal e horrível ao mesmo tempo.

Concordei com a cabeça.

— Então — me pronunciei olhando a mesa pequena. — Essa mesa não deveria ter dez vezes mais cadeiras? Tem muita gente que trabalha aqui.

— Não, não. — Jellal explicou como se já estivesse habituado. — Os empregados tem suas próprias casas, eles têm sua própria cozinha. Só come aqui quem dorme no grande palácio Heartfilia.

— Então por que tem uma cozinha tão grande aqui se praticamente ninguém come? — eu poderia ter guardado um pouco da minha curiosidade, mas se Jellal estava disposto a responder...

— Bom, geralmente tem muitas reuniões aqui que o Senhor Jude faz com os sócios. Por isso uma cozinha grande. Nós preparamos a comida e colocamos na mesa de negócios que é onde ele faz os acordos das finanças.

— Ele discute negócios comendo?

— Eu não sei se ele come, mas é uma ótima jogada, porque todos saem felizes e com contratos assinados. Chocante?

— Um pouco. Eu pensei nele como um homem sério.

— Ele é. São raras as vezes que ele sai do escritório, e um dos únicos momentos em que ele fala com um empregado é só com a Erza.

Jude Heartfilia. Esse sim é um grande mistério pra mim. Nunca ouvi falar muito sobre ele, só sei que é rico, empresário e ex-marido de uma famosa bailarina: Layla Heartfilia. Mas dela eu só soube que se aposentou faz alguns anos e que sumiu no mundo, deixando a filha com o pai.

Eu até que entendendo o ponto de vista dela: tendo que carregar um sobrenome de peso no mundo dos negócios e na sua própria carreira; talvez fosse demais pra ela aguentar, não que isso justifique ela ter abandonado a própria filha, ou Jude Heartfilia pode ter ganhado a guarda de Lucy. Talvez outro motivo desconhecido também seja a causa.

— Você já a conheceu? — perguntou Jellal.

— Quem?

— Lucy. Que por acaso é a sua paciente.

— Ah, sim. Conheci.

— E então?

— Não sei. Só vi ela uma vez, e... Não sei.

— É sempre assim, ninguém sabe o que dizer.

— Eu imagino o porquê.

— Ela deve estar pálida de tanto que fica naquele quarto.

— Um pouco, e está magra.

— Magra? Sempre faço uma sopa reforçada pra ela.

— Ela gosta de sopa?

— Sim.

Como você sabe? Quis perguntar.

— A prima dela diz que não gosta de forçar ela a comer.

— Ela é bem fiscalizadora mesmo, a prima dela. Ela quer sempre tudo nos mínimos detalhes.

— Ela não parecia tão preocupada com o peso da Lucy.

— Não é surpresa pra mim. — ele olhou ao redor como se esperasse que todos os empregados da casa estivessem prestando atenção na nossa conversa. Depois, falou em um tom mais baixo: — Erza não gosta que eu fale isso da Lisanna por ela sempre estar cuidando da Lucy e tal — revirou os olhos. — Mas eu não gosto dela. Não sei, algo nela não me cai bem.

Sorri. Também penso isso.

— Pode ser, pode ser.

— Ei, isso não é negligência médica? Quer dizer, você falar sobre um paciente?

— Você anda assistindo novela?

— Só quando não tenho o que fazer.

Dei risada. Gajeel e Levy voltaram a brigar, apenas fitei aquilo, não querendo me intrometer — o que seria estranho de uma pessoa que acabou de chegar na casa —, e voltei a olhar Jellal.

— Bom, se for prejudicar o paciente, é, isso é negligência. Ou espalhar o estado dele publicamente, também é negligência.

— Então por que está me contando?

— Porque você não vai fazer nenhum dos dois. Você trabalha aqui.

— Cara esperto. — ele me deu dois tapinhas nas costas. Acho que isso foi o começo da nossa amizade. — Você é legal.

— Obrigado.

— Não vai dizer que sou legal?

— Você é legalzinho.

— Legalzinho? Você só pode tá brincando.

Ri disso. Bastante.

— Certo, certo. Você é um cara legal.

Ele sorriu como se dissesse "É, eu sou mesmo" pra si mesmo. Nesse momento Erza chegou, finalmente. Ela trazia nas mãos a lista.

— Desculpa a demora, estava no fundo de uma bolsa minha.

Disse que não era nada com um simples aceno de mão em descaso. Peguei a lista e dei uma olhada, e minha primeira impressão era que Lucy estava daquele jeito — aérea; olhando nada em particular — porque simplesmente estava chapada. Na minha cabeça, apareceria apenas alguns antidepressivos e nada mais. Mas não era só isso, tinha dois calmantes fortes aqui. Eu queria saber o porquê. Lucy é agressiva? Não parece o estilo de uma pessoa depressiva.

— Alguma pergunta? — Erza já estava prontamente posta para me responder qualquer coisa.

— Por que ela toma esses dois calmantes? São um tanto fortes pra ela.

— Bom — suspirou. — Ela tem problema de insônia e fica muito inquieta nessas horas. Eles são um reforço pra ela.

Isso explica em parte, mas não me convence.

— Eu vou adicionar fibra alimentar por causa do peso dela. Você tem uma caneta? — Jellal pegou uma em alguma gaveta ali e me deu. — Uns suplementos até ela melhorar o peso, e você Jellal, chega de sopa. Comida reforçada de verdade.

Ele fez continência e engrossou mais a voz.

— Sim, senhor.

— Eu vou anotar e já te devolvo o papel. — disse para a Erza.

Enquanto subia a escada que dava para o quarto, tirei o celular do bolso e aproveitei para ligar para o Gray. Ele atendeu no primeiro toque, acho que estava esperando do lado do telefone a minha ligação. Isso significa uma coisa: ele foi expulso de casa.

— O que você fez? — perguntei diretamente.

Ele não respondeu, a coisa parece séria.

— Gray?

— Oi Natsu.

— O que aconteceu? Outra briga?

— Sim e não.

— Gray, fala rápido.

— Não consigo. É um tanto difícil de engolir.

— Vocês brigaram ou não? A Juvia tá aí?

— Tá, mas eu não sei se ela está no estado de falar.

Agora eu estou preocupado.

— Passa o telefone pra ela.

Ouvi uns ruídos no fundo e depois a voz da Juvia.

— N-Natsu?

Ela estava chorando. Eu vou matar o Gray.

— Juvia, o que aconteceu?

Ela demorou alguns segundos pra responder, mas a resposta, bom, eu esperava qualquer coisa menos isso:

— Acho que estou grávida.

Isso me calou completamente. Grávida? Não pode ser.

— Natsu?

Gray é um tanto irresponsável, mas eu acredito que ele tenha se cuidado. Ou pelo menos tentado.

Parece surreal, mas talvez tenha acontecido. Não é o primeiro caso de gravidez acidental que já foi relatado, e nem vai ser o último. Mas mesmo assim, penso nos problemas que isso pode causar. O bebê vai ser bem vindo, é claro, mas será que os dois estão prontos? Prontos para uma verdadeira responsabilidade? Juvia talvez, mas Gray.... Não sei o que pensar. Acho eles muito novos para enfrentar isso, mas se já aconteceu, então não tem como impedir mais nada.

— Natsu, fala alguma coisa, pelo amor de Deus.

Estava segurando o celular na orelha por algum tempo. Balancei a cabeça e tentei me concentrar.

— Você tem certeza? — perguntei.

— Bom, minha menstruação está atrasada, mas eu tenho quase certeza.

— Você fez um teste ou um exame?

— Não.

— Então vocês me ligam, me fazem ficar preocupado, por alguma coisa que vocês têm quase certeza?

É, eu estou bravo.

— Eu não tenho certeza mas — ela falou um pouco mais baixo. — Eu sinto, sabe, coisa de mulher.

— Não me diga.

— Eu estou falando sério, Natsu.

— Eu também.

Ela suspirou do outro lado. Não quero nem imaginar o estado do Gray.

— Faz uns exames de farmácia, e depois me liga falando o resultado.

— Mas você sabe que pode dar errado, que nem sempre o resultado é conclusivo.

— Então compre testes o suficiente pra ter certeza.

Desliguei o celular e continuei andando para o meu quarto. Por que eu estava indo pro quarto mesmo? Olhei minha mão e vi a lista de horários e os medicamentos.

Lucy. Remédios. Anotar.

Lembrei agora.

Anotei tudo em um papel e grampeei junto com a minha ficha da Lucy, onde eu tinha controle sobre as informações dela.

Quando voltei à cozinha, entreguei a lista de volta para Erza e me sentei para comer a comida de que tanto Jellal se orgulha. Ela é realmente boa, mas meus pensamentos se voltavam para Juvia e Gray, e a mudança que poderia acontecer na vida deles em alguns minutos.

Quando terminamos o almoço, Erza foi levar a comida de Lucy e eu recebi a ligação de Gray. Depois que desliguei, minha cara devia estar estranha, porque Levy perguntou:

— Aconteceu alguma coisa, Natsu?

Me virei pra ela com o pensamento um tanto confuso.

— Sim... Parece que eu tenho um afilhado a caminho.







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Notas finais do capítulo

Qualquer erro, critica ou elogio, me digam nos comentários ;)
Eu finalmente decidi uma programação pra postar os capítulos, e vai ser sempre nos dias 15 e 30 de todo mês.
Até o próximo o/