– Escolhe, o que preferes, amor ou dor? — ela pediu após me analisar com um sorriso malicioso nos lábios

– Hum... — pensei tentando encontrar as diferenças que de alguma forma sustentassem a minha decisão — Sabes, honestamente eu não vejo grande diferença entre os dois. O amor leva à dor, e vice versa. É impossível amares sem te doer. Ou sem fazer doer.

– Sei... — a malícia permanecia dançante nos seus lábios

– É verdade — respirei fundo — Pensa comigo, não é assim tão difícil. Nunca te doeu a não presença de alguém? Nunca te magou uma palavra mal pensada? Nunca amaste uma visita inesperada? Nunca desejaste um pedido de desculpas? — revirei os olhos após ela se rir — Já vi que não acreditas numa única palavra do que eu disse. Mas é a verdade. O amor e a dor andam em constante luta para ver qual sai vencedor. Não desgrudam um do outro. Se a dor fala-se acho que ela diria que era superior ao amor, pois nesta guerra sai vencedor quem faz mais estragos

– Sim sim, Shakespeare, quase que fiquei emocionada com tal discurso. Mas já agora, deixa-me dizer-te que se o amor fala-se ele diria que de estragos e consertos é ele feito, e que nesta guerra ganha quem sempre prevalece — ela olhou para mim e sorriu vencedora — E obrigada pela explicação, se bem que a minha pergunta era de outro tipo — lá estava o sorriso outra vez