Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 56
Bônus 2


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeeeee
Espero que gostem. Vou fazer o bônus todo por aqui mesmo, não como uma história extra. então esse é o segundo capitulo.



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Pov – Daryl

   ―Você foi mesmo um grande estúpido Merle Dixon. O maior de todos. – Encaro a lápide que mandei fazer com nada além da data e o nome. O que mais havia para se dizer sobre ele? – Ela tem seus olhos, mas nunca vai saber disso, por que não foi vê-la. Prometemos ir e não chegamos a tempo. Agora está aí. Como pode se enfiar numa briga como aquela? Por conta de cartas? Morrer por uma maldita partida de pôquer. Sem nunca ter olhado nos olhos da sua garotinha.

   Olho para a lapide pela ultima vez. Deixo um ramo de flores sobre ela e dou as costas ao passado decidido a recomeçar.

   Eu não podia ter feito o que fiz. Não podia ter dado ouvidos a Charlie e ficado longe. Não podia ter desistido delas quando cheguei a casa e elas tinham partido. Isso foi há quase dois anos e tudo que fiz desde então foi seguir meu irmão. Feito um cão sem dono eu caminhei por essas ruas de bar em bar, de briga em briga até ele terminar assim. Sob a terra, para sempre.

   Podia estar a seu lado, se não estivesse bêbado demais em um sofá rasgado, eu provavelmente estaria com ele e talvez tivesse morrido com ele no meio de uma briga com traficantes por conta da droga de um jogo de pôquer.

   Ando para fora do cemitério decidido a encontra minha sobrinha e recomeçar. Elas talvez precisem de ajuda ou não, Hannah é jovem, responsável, linda e inteligente. Pode ter dado certo na vida. Pode estar casada. Não sei, mas se estiverem sozinhas eu vou achar um jeito de me aproximar delas, vou achar um jeito de cuidar das duas.

   Brooklyn é uma garotinha linda. Tímida, com os olhos do pai e o sorriso da mãe. Eu a vi poucas vezes. A primeira no hospital, logo que nasceu, depois as visitei poucas vezes, sempre escondido de Hannah.

   Ela me odeia e tem todo direito, para ela eu não sou nada e nisso está certa. Não sou. Ela me olha e o que vê é o Merle. Eu sou mesmo apenas isso. Um arremedo de Merle, mas estou tentando, eu vou mudar e me tornar alguém que ela possa confiar.

   Daqui umas semanas Brooklyn completa seis anos. Quem sabe não posso estar por perto? Dar a ela outra boneca? Lyn. Ainda me lembro o nome que deu a boneca assim que entreguei a ela na última vez que eu a vi.

   Charlie me contou que estava morrendo. Confessou amar meu irmão, me fez prometer busca-lo e leva-lo até ela para se despedirem, para apresentar a filha e prometi fazer isso.

   Fiz, viajei dias até encontra-lo, convenci Merle a atender seu último desejo, eu o trouxe de volta e Deus sabe o quanto foi difícil, não chegamos a tempo. Ela estava morta quando chegamos, já havia sido enterrada as pressas e Hannah partido com Brooklyn para sempre.

   Merle não teve qualquer reação e o odiei por isso, ele não quis procura-las e aceitei, feito o cão treinado dele e o segui. Joguei todos os sentimentos num canto qualquer escuro e trancado e o segui mais uma vez.

   Culpado, envergonhado, mas calado. Ainda penso em Hannah e seu ar doce e delicado. Em seu uniforme do Walmart tão linda e tão distante de mim. Não sou nada para ela. Uma garota como ela jamais me daria uma chance. Nem eu saberia o que fazer com ela. Eu não sei demonstrar sentimentos, nunca me envolvi com nenhuma mulher, nunca tive uma noite de amor, sempre apenas sexo barato e rápido, com qualquer mulher disposta a se enrolar com um bêbado. No fundo eu me sinto inferior e Hannah só torna isso mais evidente.

   Agora não importa. Não estou indo atrás dela. Estou indo atrás do que restou da minha família. Da última Dixon. Rezo para que o peso do sangue que corre em suas veias não a torne tão imprestável quanto todos os outros Dixons.

   Dirijo a caminhonete para casa. Na carroceria a moto de Merle. Seu único bem. Tudo que realmente importava a ele, mais do que eu, a filha ou qualquer coisa e pessoa.

   Na casa velha de paredes descascando eu junto minhas coisas. Cabe tudo num saco preto de lixo. Meia dúzia de peças de roupas velhas. Nenhuma foto de família, documentos de posses, nenhum objeto que me lembre alguém, um presente de natal importante, nada.

   Nunca tive nada disso, ninguém, nem mesmo meu irmão nunca soube quando era meu aniversário. Jamais tive carinho, cuidados ou presentes. Só uma droga se saco de lixo com roupas velhas. Isso é tudo que eu tenho. É tudo que eu sou.

   Coloco atrás junto com a moto. Entro na caminhonete e não sei bem para onde ir. Por onde começar a procurar por elas. Suspiro me encostando no banco do carro. Tateio o banco do carona e pego uma cerveja presa a mais meia dúzia de garrafas. Abro e tomo um gole.

   ―É assim que vai se apresentar a uma garotinha? É assim que vai caça-las rastreador? Bêbado?

   Pego todas as garrafas e atiro na lixeira próxima a casa. As garrafas se quebram fazendo um barulho estridente.

   ―Assim está melhor. Vamos ver se agora sem seu irmão você se torna um homem finalmente.

   Resta saber para onde ir e como começar. Hannah sempre pareceu tímida e solitária, mas Charlie não. Charlie era cheia de amigos, amigas.

   Donna era garçonete junto com ela. Talvez tenha ido aos funerais, pode saber para onde Hannah foi. Por que demorei tanto? Isso me crava o peito como uma culpa sem fim. Quase dois anos sem notícias.

   Donna ainda trabalha no mesmo lugar, está servindo mesas quando abro a porta de vidro e caminho até o balcão, Ben me serve um café. Quando Donna se aproxima do balcão para encher sua bandeja eu decido falar de uma vez.

   ―Donna. Tem um minuto? – A mulher sorri, os cabelos pintados de amarelo milho, o batom tão vermelho que dá agonia de olhar.

   ―O que o bonitão mais calado da cidade pode ter para falar comigo?

   ―Charlie. Se lembra dela? – Ignoro o modo atirado com que se dirige a mim.

   ―Sim. Somos amigas. Éramos. Não me acostumo a falar dela no passado.

   ―Eu sei.

   ―Não dá para acreditar que ela e Merle morreram. Eles viveram como se a vida fosse eterna.

   ―Conheceu a irmã dela? Hannah. Foi aos funerais da Charlie. Tem ideia de para onde as duas podem ter ido?

   ―Foi um funeral simples. Não tinha quase ninguém. Eu fui por um momento apenas. Falei rápido com a irmã dela. Nunca nos falamos. A garota você sabe, é o oposto da irmã.

   ―Ela disse que estava de partida? Disse para onde, deixou um endereço?

   ―Não deixou endereço, nem eu pedi, mas ela disse que tinha se transferido para um Walmart. Espere. Eu vou me lembrar. Cynthiana. É isso. Hannah estava se mudando para lá. Parece que a loja fica na beira da estrada e ela vai morar lá.

   É isso. Tão simples e demorei quase dois anos, com um movimento de cabeça agradeço a informação. Pago pelo café e sigo para o carro. Dirijo pelo resto do dia. De noite aproveito para deixar o carro num acostamento e entrar na floresta para fazer uma fogueira e descansar. Levo apenas minha besta.

   Quando amanhece eu pego de novo a estrada. A loja fica na entrada da cidade. Como um convite de boas-vindas. Diminuo a velocidade pensando em Hannah. Não sei direito como vou aborda-las, mas sei que mesmo que as encontro hoje não vou me aproximar até ter me estabelecido. Vim ajudar e não pedir ajuda.

   Me acomodo em uma pensão. Tudo que tenho nos bolsos no momento são duzentos dólares.

   Deixo as coisas no quarto e saio para uma volta na cidade. É pequena, mas muito agradável. Evito os bares, é fácil para alguém como eu detectar os piores lugares, é onde Merle se enfiaria e onde não pretendo mais entrar.

   Paro em uma lanchonete, peço um prato rápido e fico no balcão mesmo, prefiro comer assim a me sentar em uma mesa e ser observado. Depois de comer ando pelas ruas em busca de um possível emprego e uma casa descente. Se Hannah me der qualquer chance de me aproximar da minha sobrinha quero ter uma casa para recebe-la mesmo que por pouco tempo. Só umas horas por semana. Dou um jeito de aprender a lidar com uma criança. Já passou da hora de eu aprender a conviver com gente.

   Uns quarteirões depois da lanchonete encontro uma oficina. Tem uma placa de precisa-se e uma moto encostada na porta.

   Um homem chuta um carburador e pragueja atirando o pano longe. Sorrio. Esse é o tipo de gente com que sei lidar.

   ―Boa tarde. – O homem se vira, olha para porta.

   ―A menos que saiba consertar um carburador de moto não será uma boa tarde.

   ―Nesse caso acho que a tarde vai ser ótima. – Caminho até o carburador, recolho do chão e vasculho em busca da moto, ela está nos fundos da loja. Aponto e ele apenas balança a cabeça confirmando.

   Caminho até o fundo da loja, examino o carburador, uso estopa para limpar, não precisa de nada além disso e começo o trabalho de montar. O homem observa por um tempo, depois o telefone toca nos fundos da loja e ele me deixa ali.

   Vejo muito mais tarde ele se enfiar em baixo de um carro e depois sair de lá mais uma vez para atender ao telefone. Parece um pouco perdido entre ferramentas e motores, como se não fosse seu lugar.

   Os cabelos compridos e a longa barba também não lembram em nada um dono de mecânica. Termino o trabalho, testo a moto e depois limpo as mãos. Ele se aproxima.

   ―Cara salvou minha vida. Estou completamente perdido aqui. Como acho que percebeu.

   ―Não é sua? A mecânica não é sua, quer dizer não parece mesmo que saiba o que fazer.

   ―Realmente não sei. Na sobreloja funciona minha academia de artes marciais. Montei a mecânica para um gerente administrar e trabalhar. Ele sumiu, foi embora, desistiu do negócio e deixou a cidade, tenho esse monte de carros e motos para entregar e não sei como fazer isso.

   ―Eu sei como fazer isso e preciso do trabalho.

   ―Paul. – Ele me estende a mão. – Meus amigos me chamar de Jesus. – Ele passa a mão na barba como se isso explicasse o apelido e explica. – Que acha de uma experiência?

   ―Feito.

   ―Calma. Não fiz a proposta ainda.

   ―Seja qual for eu aceito.

   ―Bom. Você resolve todos esses carros, entrega, recebe, sei lá. Faz o trabalho, no fim do mês dividimos os lucros, meio a meio. Daí decide se quer ficar ou não. Meu trabalho é lá em cima. Você sabe. Jesus, gosto de trabalhar no andar de cima. – Sorrio, ele ri da própria piada. – Eu sei, piada ruim.

   ―Nem sabe meu nome e me oferece um tipo de sociedade?

   ―Não tem a tal da lei da oferta e da procura? – Balanço a cabeça confirmando. – Então, essa é a lei do desespero. Esses carros e motos, tudo de gente que conheço, alunos meus. – De novo ele aponta o andar de cima. – É a única mecânica especializada em sei lá o que na cidade.

   ―Olha, acabo de me mudar, quero mesmo esse emprego. Sou Daryl Dixon. – De novo apertamos as mãos.

   ―Bem-vindo. Eu vou subir para minha próxima aula. Abre a hora que quiser, fecha a hora que quiser, só entrega os carros, o dono da moto vem pega-la as seis. Deixa seu endereço aí.

    Ele me deixa como um raio e fico surpreso. Olho em volta, vou até a mesa onde fica o telefone e remexo papéis até achar os papeis de entradas dos carros e motos, demoro quase uma hora para entender a bagunça, coloco em ordem de entrega e decido colocar a mão na massa.

   No fim do dia, depois de entregar a moto receber, lavar as mãos e começar a apagar as luzes, Jesus surge.

   Tento entregar o dinheiro e o molho de chaves, ele não aceita nenhum dos dois, me mostra onde guardar o dinheiro e me avisa que tem suas chaves e que aquelas devem ficar comigo.

   Quando me deito na cama da pensão nem acredito que já tenho um emprego. O rostinho delicado de Brooklyn abraçada a boneca me vem a mente. Estamos perto. Ainda não estou pronto para procura-las, mas não demora e faço isso.  

   Nas semanas seguintes eu descubro que o antigo gerente e único mecânico era no mínimo atrapalhado, coloco tudo em ordem, entrego tudo no prazo, recebo os pagamentos, organizo as coisas do meu jeito. Conheço o xerife da cidade. Rick Grimes, ele parece ser um bom homem.

   Sinto vontade de pedir ajuda para encontrar minha sobrinha e a tia, mas não quero fazer isso ainda. Não antes de ter certeza que o emprego é meu. No primeiro dia do mês me reúno com Jesus. Fechamos as contas rápido, tudo está em ordem e ele se surpreende.

   ―Tudo isso de grana? Cara acho que aquele safado me roubava. Nunca tive tanto lucro com esse lugar, só mantinha porque pagava o aluguel do andar de cima. – Ele divide cinquenta, cinquenta como prometeu. Não me lembro de ter tanto dinheiro na vida.

   ―Acho que no próximo mês, com todos os carros que peguei deve ser no mínimo a mesma coisa.

   ―Bom, então é isso Daryl. Você fica?

   ―Fico.

   ―Vai procura-las? Agora que se fixou vai procurar por elas? – Cai na besteira de contar a ele sobre os motivos que me trouxeram e todos os dias ele repete a pergunta.

   ―Pode ser. Só preciso achar uma casa para viver. Não quero apresentar um quarto de pensão para minha sobrinha.

   ―Isso é fácil de resolver. – Ele escreve um endereço em um pedaço de papel. – Aqui. Esse cara tem umas casar que aluga. Mobiliadas, bem conservadas, vai encontrar o que precisa. Diga que eu o mandei. Vai conseguir o que precisa.

   Aceito o endereço. Com o dinheiro que tenho posso até pagar adiantado. O homem me mostra três casas. Confortáveis, bem localizadas, uma delas tem um pequeno jardim nos fundos e está próxima a entrada da floresta. O aluguel é um valor digno, são dois quartos, posso quem sabe deixar um quarto para Brooklyn?

   Às vezes acho que estou sonhando muito alto. Será um longo caminho até quem sabe com muita sorte Hannah confie em mim.

   Faço minha mudança. Deixo tudo ajeitado e decido que é hora de ir em busca de Brooklyn e Hannah. Fico pensando em como me aproximar. Como encontra-las nem é difícil. Posso só esperar Hannah no trabalho e me aproximar.

   Na sexta-feira, fecho a mecânica um pouco mais cedo. Dirijo até o Walmart. O estacionamento dos funcionários fica nos fundos. A velha caminhonete dela está lá. Não acredito que aquela coisa ainda funciona. Quem sabe ela me deixa dar uma olhada nela um dia? Aposto que deve ter muitos reparos a serem feitos.

   Vejo quando Hannah sai apressada, toco a porta, meu corpo gela e não tenho coragem de descer e me aproximar. Assisto quando o carro se afasto e decido apenas segui-la.

   Faço de longe, ela para na porta da escola primaria. Aperto o volante quando vejo Brooklyn sair e correr para abraça-la. A garotinha cresceu. Elas entram no carro e vejo quando descem em frente a uma casa simples, depois que entram eu ainda demoro na esquina sem saber como me aproximar.

    Sem saber ou ter coragem mais uma vez eu desisto. Volto para minha nova casa. Isso me parece tão estranho. Acho que nunca tive uma casa. Não assim. Limpa, com móveis inteiros, utensílios domésticos que nem sei para que servem. Me deito no sofá olhando para o teto. Como vou fazer para me aproximar? Eu não tenho ideia do que dizer.

   No sábado aproveito para caçar. Me embrenho na mata por todo o dia, só volto quando o domingo amanhecia. Me lembro que é aniversário de Brooklyn. Nunca mais me esqueci a data.

   Custei a convencer Merle a dar um pouco do dinheiro que tinha ganho em algum de seus negócios sujos para Charlie. Levei a ela e claro que ela usou para beber e acabou adiantando o parto. Me senti culpado, se tivesse tido coragem de entregar direto a Hannah nada disso teria acontecido.

   Passo o dia todo perambulando pela casa pensando em procura-las. Talvez hoje não seja um bom dia. Quem sabe não estão dando uma festa? Não quero criar nenhum mal-entendido bem no dia do seu aniversário.

   Vou para cama decidido a ir a casa delas pela manhã. Que se dane. Eu preciso fazer isso. Simplesmente preciso ir de uma vez ou vou arrumar uma desculpa por dia. Chego cedo e espero para me aproximar quando estiverem saindo para a escola.

   Só depois da decisão tomada eu consigo adormecer e quando acordo muito cedo a decisão ainda está firme. Me visto e dirijo até a esquina. A casa parece fechada, espero umas casas para baixo começar alguma movimentação. Para minha surpresa eu vejo o carro de Hannah chegar.

   Desço e caminho para perto delas. Hannah desce do carro, tomo coragem de chama-la.

   ―Hannah. – Quando elas me olham eu sinto um baque. Primeiro e isso está acima de tudo são elas, estou diante de Hannah e Brooklyn e simplesmente sei que nada vai ser capaz de me afastar delas de novo. Mas esse não é o único ponto. Algo ruim aconteceu a elas, algo grande e assustador. Está nos olhos apavorados das duas, no sangue seco preso a elas, no modo como se abraçam feito dois animais. Sem me reconhecer talvez, dou um passo e as duas se encolhem mais.

   ―Não toca nela. – Hannah me pede. Os olhos marejados.

   ―Está tudo bem. Eu não vou machucar vocês. Sou eu, Daryl Dixon, irmão do Merle.

   ―Eu sei quem você é? – Brooklyn está com tanto medo que mesmo sem saber o que se passa dá uns passos para trás, a boneca cai. Para minha surpresa é a boneca que dei a ela. Lyn. Podia sorrir se não estivesse tão preocupado e intrigado. Cuidadoso para não assusta-las ainda mais eu me abaixo e recolho a boneca.

   ―Deixou a Lyn cair Brooklyn. Aqui está. – Ela pega a boneca da minha mão e a abraça. São mesmo os olhos do Merle, ou os meus. Estranhamente. Sinto falta do meu irmão.

   ―Como sabe? Como sabe o nome da boneca?

   ―Fui eu que dei a ela. Na última vez em que fui visita-la.

   ―Você? Você visitava Brook? Foi você que deu aquele dinheiro?

   ―Visitei Brooklyn desde o hospital quando nasceu. Sim fui eu que levei o dinheiro. Está tudo bem Hannah. Quero ajudar.

   Ela olha para casa, quero abraça-la, quero cuidar dela como quero cuidar da minha sobrinha. Não sei como fazer isso, como ganhar sua confiança, mas está claro que elas precisam de mim.

   Vejo manchas de sangue na porta. Gotas que vão da calçada até a porta. É delas? O que diabos aconteceu?

   ―Estão machucadas? Esse sangue? – Esse suspense, o modo desesperado com que Hannah parece me olhar, as lágrimas correndo. Não sei o que fazer. Como ajudar. – Hannah de quem é esse sangue?

   ―Assalto... dois homens. Morreram... – Ela aponta a casa. Só então percebo que sob as marcas de sangue em seu rosto tem manchas, eles a machucaram. – A polícia veio, levou os corpos, está sujo, não consigo entrar, não sei o que fazer.

   ―Precisa confiar em mim está certo? Moro aqui perto. Entro com você, pega roupas limpas para as duas e te deixo na minha casa, depois volto aqui e cuido da sujeira.

   ―Merle...

   ―Ele morreu Hannah. – Olho para Brooklyn, não sei se é o jeito certo de dizer a uma garotinha que seu pai está morto. Só que não tem outro modo de fazer isso e talvez ela não se lembre. – As chaves. Me dê. Vou na frente.

   Ela me entrega, sua mão está gelada e tremula. Meus olhos encontram os seus e sinto aquela mesma coisa que sempre senti. Um tipo de atração que me desconserta e assusta, mas dessa vez não me sinto pequeno, dessa vez olho para ela e me sinto da mesma altura. Um igual. Isso é bom, só assim posso ajuda-las. Sei que está aceitando apenas por que não tem escolha, mas é um modo de começar e não vou recusar a chance.


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Notas finais do capítulo

jesus e Beth fizeram tanto sucesso que achei que eles mereciam algum destaque no bônus, então vou adaptar um pouco deles também.
Obrigada. BEIJOSSS



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