Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 54
Capítulo 54


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que eu amo. Desculpem a demora. Esse é o último capitulo, acho que o desejo de continuar mais um pouco contribuiu para a demora. Agora vem os capítulos bônus como prometi. Para quem não sabe são capitulos contando a história desse casal se o apocalipse não tivesse acontecido, então nada de zumbis e fim do mundo. Para quem não gosta muito esse aqui se torna o último capítulo e quero agradecer muito o carinho de todos. Obrigada. Para quem gosta e vai acompanhar nos vemos no próximo.



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Pov – Beth

   Escalar esse muro e me arrastar pelo parapeito até o telhado do prédio vizinho usando essa armadura não é fácil. Meus ombros e braços doem e queimam quando finalmente estou segura.

   Olho para trás a espera de ver Paul no meu encalço, mas não, ele está pendurado no muro ainda. Um zumbi segura seu pé enquanto o outro crava os dentes na armadura que protege sua canela. Sim um arrepio pelo corpo.

   Ele se segura apenas com uma mão, com a outra luta para resgatar a mochila presa a arme farpado que escorregou quando subíamos.

   ̶  Paul! – Grito para chamar sua atenção, enquanto luta pela mochila ele chuta os corpos sob seus pés. – Paul.

   ̶  Só um minuto Baby, estou meio ocupado aqui! – Odeio esse humor sinistro que ele tem e essa completa falta de juízo.

   ̶  Paul quer largar essa droga de mochila! Vai acabar caindo! Vou descer aí!

   Um grupo ainda maior de zumbis vira o quarteirão e logo ele vai ter uma horda sob seus pés. Meu coração bate descompassado, me aproximo mais uma vez do parapeito pronta para descer.

   ̶  Peguei! – Ele grita. – Não desce baby.

   Assim que a mochila vem para suas costas Paul se apoia no parapeito, chuta os zumbis e num movimento elegante está de pé no parapeito, depois ele caminha apressado e sem esforço até o muro e salta para perto de mim.

   Tem um sorriso leve no rosto e um ar tranquilo. Balança a mochila diante do meu olhar reprovador.

   ̶  Queria as fraldas descartáveis para o Hershel. Aqui estão.

   ̶  Não precisava se arriscar.

   ̶  Quando deixamos os muros de Hilltop já estávamos nos arriscando. – Ele coloca a mão na minha cintura, com um sorriso meio de lado e aquele olhar cheio de segundas intensões me puxa para si. Meu corpo cola no seu.

   Ele vem lentamente com o rosto em direção aos meus lábios e eu devia ser capaz de lutar mais, acontece que tem qualquer coisa quente nele que me hipnotiza e quando vejo estou rendida.

   ̶ Não devia usar isso contra mim. Deve ser ilegal.

   ̶ Coloco sempre todas as minhas armas em jogo. – Seus lábios tomam os meus e já me esqueci de todo o resto. Sua mão não consegue se conter, desce por meu corpo ganhando espaço e me deixando arrepiada e quando me dou conta estamos os dois nus em um telhado, trocando beijos e carinhos, com zumbis cercando o edifício.

   Se for agora que morro está tudo bem. É um jeito grandioso de sair de cena. Meu corpo pede pelo dele, arranho suas costas quando o puxo para mim querendo mais, ele desce a barba por meu pescoço, os lábios úmidos beijam meu colo e seios, arquejo de puro prazer, o céu azul é testemunha do nosso prazer.

   Quando nos saciamos Paul rola para meu lado, nós dois encaramos o céu sem nuvens, não acredito no que acabamos de faze. Giro o pescoço para poder olhar para ele. Paul faz o mesmo e nos encaramos. Um sorriso se forma em nós dois para depois crescer e virar uma crise de riso.

   ̶ Nunca mais toque em mim fora daquele quarto. Isso foi...

   ̶ Incrível! Intenso.

   ̶ Inaceitável, perigoso.

   ̶ Estamos num telhado baby. Zumbis não podem subir.

   ̶ Humanos podem. A gente não sabe em que situação está.

   ̶  Eu te amo Beth Greene. A culpa é toda sua. Me deixa maluco. Estava indo bem sozinho. Você atravessou meu caminho.

   ̶ Está me dispensando? – Ele volta para cima de mim, me beija o pescoço e morde meu queixo.

   ̶  Nunca. Temos que ir.

   ̶ Sim. Momento tenso. Estou meio mole. Com as pernas bambas. Melhor esperar um pouco antes. Se precisar correr...

   Paul ri da minha honesta demonstração de fraqueza. Nos vestimos e caminho até a beira do telhado. Encaro as ruas e os zumbis estão ainda lá. Não que seja mesmo um problema. O plano é descer pelos fundos, por onde viemos, correr um quarteirão até a entrada da cidade e pegar os cavalos no momento presos numa sala no que um dia foi um cinema.

   ̶  Acha que um dia vão acabar?

   ̶ As fraldas? – Paul brinca sabendo que não é disso que estou falando. – Esperamos que o pequeno Hershel um dia aprenda a controlar os intestinos né? Acho que Maggie vai trabalhar nisso.

   ̶ Paul você é...

   ̶ Irreverente? – Ele pergunta ajeitando a mochila nas costas e começando a decida pela escada de emergência por onde subimos quando chegamos a cidade.

   ̶ Também. – Desisto de conversar me concentrando em chegar em segurança até os cavalos. Quando chegamos a calçada o primeiro zumbi vindo da rua lateral surge. Encaro a triste figura com seu andar cambaleante, sinto um misto de pena e nojo, me lembro do tempo que sentia um medo estremo e antes disso, quando quase uma menina eu achava que um dia eles seriam curados.

   O celeiro com os zumbis alimentados a galinhas me invade a mente e com a lembrança todos que perdi desde então. O rosto envelhecido do meu pai se destaca, o sorriso generoso e a esperança cheia de fé que jamais o abandonou.

   Um pouco dele está de volta no garotinho de olhos puxados que completa seis meses essa semana. Um pouco dele e um pouco do pai. Em comum Hershel e Glenn tinham a generosidade que eu espero seja característica da criança que cresce cercado pela morte.

   Paul toca meu ombro me tirando do transe.

   ̶  Acorda. Temos que ir.

   Corremos. No caminho ele desvia de um zumbi usando um desses seus movimentos de luta. Depois o chuta e só continuamos. Entramos no prédio onde o cinema funcionava. Os cavalos estão tranquilos. Eles são bons em manter a calma em todo tipo de momento. Desde esperarem fechados em algum lugar segura a enfrentar zumbis pelo caminho. Puxamos os dois pelas rédeas até a porta. Paul abre uma fresta para ter certeza que está tudo limpo.

   ̶ Pronta? – Ele questiona quando ergo minha lança já montada na égua Valentine. Balanço a cabeça concordando e ele escancara as portas duplas. Depois monta e toca o dorso do cavalo que dispara e apenas os sigo.

   Cavalgamos as pressas até deixarmos a cidade e pegarmos a trilha pela floresta. Então diminuímos a velocidade. A rota entre as três comunidades tem dado certo e está segura. Apenas um casal passou por ela e foi acolhido pelo Reino.

   Os zumbis vivem longe e quando algum grupo se aproxima reunimos força e afastamos como quem direciona uma boiada.

   Os dias de fome e frio se foram. O maior risco agora é quando saímos para buscar suprimentos, mesmo assim isso é sempre tão raro que ninguém chega a temer.

   Faz tempo que ninguém morre. A última morte que tivemos foi em Alexandria. Uma idosa que simplesmente descansou. Claro que tinha que ter algum drama e quem a encontrou como um zumbi perambulando sozinha dentro de casa foi Hannah com uma barriga de nove meses.

   Foi sorte Shiva atravessar uma janela no último minuto e proteger Hannah. Desde então ele ganhou ares de herói e tratamento de rei. Claro que o susto levou Hannah a dar a luz ao nosso Samuel Dixon. Felizmente o doutor estava lá de prontidão há quatro dias e deu tudo certo. Tudo isso foi há quatro meses. Desde então nada mais de tensão. Nada mais de grave.

   ̶  Acha que um dia vamos expandir a rota? – Questiono Paul enquanto cavalgamos lado a lado.

   ̶  Você diz mais comunidades? – Balanço a cabeça confirmando.

   ̶  Sempre acho que existe muito mais a nossa volta. Estamos voltando a tomar nosso espaço. Conseguimos. Muito mais gente deve ter vencido. Eles não são mais tantos.

   ̶  Penso nisso também. Que muita gente conseguiu. Me lembro que no começo um zumbi, um único, era assustador, matava antes que a pessoa pudesse perceber. Hoje lidamos com hordas deles. Apenas montados em cavalos.

   ̶ Hershel está crescendo. – Paul comenta se abaixando para passar sob um galho de árvore. – Tenho pensado muito sobre sairmos como eu fazia antes. Está disposta? Procurar pessoas, lugares. O que acha?

   ̶  Convite tentador. – Sorrio com a ideia. Eu Beth Greene a garota indefesa que precisava ser protegida o tempo todo, que não servia para nada além de ninar um bebê agora pode deixar os muros e ir em busca de aventuras. – Me deixa pensar um pouco. Falar com a Maggie. Talvez daqui mais uns meses. Pelo menos quando Hershel estiver andando e falando. Maggie passa o tempo todo com ele.

   ̶  Tudo bem. Vamos esperar tudo vai ficar bem. Nem sei realmente se é boa ideia. Quem procura acha. Vai saber o que existe por aí. Que tipo de pessoas podemos acabar trazendo para perto. Vamos conversar nas comunidades.

   ̶ Ótimo. Uma decisão em conjunto. É disso que precisamos. É assim que fazemos agora.

    Os portões se abrem. A primeira pessoa que vejo é Maggie com Hershel no colo a minha espera. Seu sorriso de alivio toca meu coração. Somos tudo que restou daquela família grande e feliz.

   Nos abraçamos, beijo o rosto alegre de Hershel que logo é roubado de Maggie por Paul que se mostra um tio cada vez mais carinhoso. Ele leva Hershel para junto dos cavalos.

   ̶ Cada dia mais bonito. – Eu comento com Maggie que passa o braço por minha cintura.

   ̶ Quem? Hershel ou Jesus?

   ̶  Os dois? – Eu pergunto rindo. Maggie me sorri de volta. Finalmente ela pode voltar a sorrir. Seu primeiro sorriso verdadeiro veio no exato momento em que ouviu o choro forte do nosso pequeno assim que nasceu.

   ̶  O dia está manso. Gosto de dias assim. Eles têm se repetido e me sinto tão feliz que tenho até medo.

   ̶ Pode se acostumar. Tenho pensado muito nisso e acho que já vencemos a pior parte.

   ̶  E você? Como foi lá fora? – A primeira coisa que me vem a mente somos eu e Paul no telhado nos entregando ao desejo. Desvio meus olhos dos dela, Maggie me conhece bem demais e não consigo olha-la sem revelar segredos.

   ̶ Tudo bem.

   ̶ Beth Greene. Olhe para mim. – Maggie me vira pelos ombros e me obriga a encara-la. – Está brincando? Onde? Não acredito. – Ela ri. Reviro meus olhos, suspiro e depois encaro seus olhos risonhos.

   ̶  Num telhado. Quando vi... ele sabe me seduzir. A culpa é toda dele.

   Nós duas olhamos para ele ao mesmo tempo. Paul ergue Hershel nos braços, o bebê puxa sua barba enquanto ele ri adorando a brincadeira.

   ̶  Esse seu marido não é só um presente para você. Hershel está adorando esse tio. Tive medo que longe assim da família fossemos nos sentir sozinhas demais.

   ̶ Alexandria está cada dia mais perto. – Eu comento e ela concorda. – Quer mesmo ir? Acha que já podemos viajar com ele?

   ̶ Devemos, eu não aceito que o Samuel e o Hershel ainda não se conhecem. Eles afinal vão dominar o mundo. Junto com a Judy a Brook e o tigre. – Nós duas rimos. Parece mesmo um mundo muito diferente do que crescemos. Crianças e tigres é algo no mínimo inusitado, mas os mortos caminham. O que pode ser estranho?

   ̶ Preciso de um banho e comida. Suas fraldas. – Balanço a mochila. Ela pega da minha mão.

   ̶ Obrigada. Vou dar banho no meu bebê e coloca-lo para uma soneca.

   Ela pega Hershel do colo de Paul. Ele beija a cabeça do pequeno, depois passa o braço por meu ombro e ficamos olhando Maggie se afastar.

   ̶ Preciso de um banho.

   ̶ Uhm. Isso foi um convite?

   ̶ Desde quando precisa de convite Paul?

   ̶ Amo você Baby! – Ele sussurra em meu ouvido e depois seguimos para dentro. Aceno para as pessoas, sorrio aqui e ali. Hilltop é agora possível. Está além do sonho de um lugar pacifico, é real, é nosso recomeço.

   Pov – Daryl

   ̶  Então fica decidido assim. Maggie vem passar uns dias aqui e Jesus deve acompanha-la. Hershel vem junto. – Digo a Rick que sorri só com a ideia do nome do bebê. – Eu sei, vai ser bom e doloroso olhar para o garotinho. Quando ela chegar decidimos se essa feira de troca entre as comunidades é mesmo viável ou não. Morgan concorda.

   ̶ Morgan e Carol. Quem diria. – Rick brinca colocando com a minha ajuda mais um saco de farinha na prateleira. É o último e ao mesmo tempo batemos as mãos para tirar a farinha. – Mas só mesmo Morgan e suas ideias para substituir Ezequiel.

   ̶ Estranho é a Carol estar na mesma onda. – Eu digo enquanto caminhamos para a rua. Rick concorda. – Pelo menos ela está em paz. Tive medo dela fazer alguma tolice. Uns meses atrás ela estava completamente perdida.

   ̶  Morgan salvou Carol. – Seguimos os dois pela rua voltando para casa. O sol do fim de tarde tinge vidraças de dourado e dá a Alexandria um ar de paraiso que não está longe de como tenho me sentido.

   Quando nos aproximamos da casa de Rick, Carl surge correndo. Ele está totalmente adaptado a vida com apenas um olho, já não é mais tão amargo, Mich tem tirado um pouco a tristeza do seu olhar.

   ̶ Oi pai. Estou indo levar essas coisas para a antiga casa da Maggie. Minha mãe mandou. É para recebe-las bem. Enid vem. Recebi o recado. Ela deve ficar um pouco mais. – Ele tira do bolso da camisa xadrez um envelope. – Carta dela.

   ̶ Que bom. Seja responsável garoto! – Rick toca seu ombro. Carl se irrita um tanto tímido com a insinuação, revira os olhos e se afasta apressado. Rick me olha e trocamos um sorriso. Aperto sua mão e sigo em frente enquanto ele sobe os degraus de sua casa.

   Ainda escuto o ranger da porta e a voz doce de Judy gritando papai. Volto a sorrir. Não vejo a hora de ouvir Sam me chamando assim. Ele é a coisa mais linda que já vi. Não me lembro de um dia ter estado mais inteiro e feliz.

   Shiva está deitado no batente da porta quando chego. É um tigre, mas as vezes pensa que não passa de um gatinho. Aos poucos as pessoas se acostumaram com ele. Brook o ama mais que tudo e todos, acho mesmo que eu e Hannah perdemos um pouco de espaço em seu coração.

   O tigre não é diferente. Ama Brooklyn acima de tudo, parece ter por Sam o mesmo amor. Não que fique um segundo que seja sozinho com meu garotinho, mas quando estão no mesmo ambiente eu simplesmente confio.

   ̶  Boa tarde Shiva. Chega por hoje? – Pergunto abrindo a porta. Ele se põe de pé preguiçoso. Entra na minha frente e se deita sob a janela já aberta para sua fuga noturna.

   A sala está vazia e silenciosa. Da cozinha vem um perfume suave de comida bem temperada. Sorrio para a ideia da dona de casa que Hannah se tornou. Nunca vi mulher como ela. Hannah pode ser a garota tranquila que cozinha e nina bebês a minha espera.

   Quem a vê assim não imagina que é ela a dirigir e domar esse lugar. Ser dura com um tigre, resolver questões sobre tudo e todos. Educar Brooklyn e ainda ser a mulher ardente quando estamos sozinhos.

   Talvez isso seja no fim coisa de mulher. Todas elas têm esse poder de se multiplicar e ser muitas em uma. Subo as escadas seguindo o som do riso de Brook.

   ̶  Olha tia que lindo. Ele está rindo. – Sam é dono de todos nós, Brook começou um tanto tímida, tinha nela algum medo de perder seu espaço, ficou manhosa e arteira, tudo para chamar nossa atenção até o exato segundo em que colocou seus olhos em Sam. Aí simplesmente se rendeu apaixonada. – Você quer falar é? Olha tia. Ele está fazendo um barulhinho. Acho que quer dizer alguma coisa.

   ̶  Ele deve estar tentando dizer que te ama muito. – Paro na porta do quarto. Sobre a cama de casal a banheira onde Hannah banha nosso pequeno garotinho. O vapor sobe contrastando com os raios de sol, traz com ele um perfume suave de ervas.

   Me encosto no batente da porta e fico ali assistindo Hannah banhar nosso bebê enquanto Brook brinca com a água e o primo que quero que cresça como seu irmão.

   Hannah ergue o olhar e me vê. Olhos brilhantes e delicados a boca se dobra num sorriso saudoso. Sorrio de volta me lembrando do desespero que senti enquanto segurava sua mão na hora do parto.

   Nunca estive diante de tanta coragem. Nunca amei tanto alguém. Eu caminho até ela. Brooklyn se volta e me sorri.

   ̶  Olha tio que coisa mais linda o Sam tomando banho?

   ̶ Estou vendo outra coisa linda. Minha sobrinha linda. – Beijo o topo de sua cabeça. Ela sorri orgulhosa. – Oi. – Sorrio para Hannah. Ela me encara um momento.

   ̶ Pronto meu anjinho. Está limpinho. – Me apresso pegando a toalha. Hannah me entrega Sam. Enrolo meu menino na toalha e beijo sua testa.

   ̶ Oi filho! – Coloco o pequeno na cama. Hannah se afasta levando a banheira, começo o trabalho de seca-lo.

   Demorou umas semanas para aprender a vesti-lo, no começo tinha medo das minhas mãos brutas machuca-lo. Brook se deita ao lado e fica acariciando seu rostinho.

   Hannah retorna e se senta ao meu lado. Assiste meu trabalho com seus olhos cheios de amor.

   ̶ Os olhinhos dele são iguais aos meus né tio Daryl? Ele também puxou meu pai. – Brook constata e Hannah ri. Me olha carinhosa. Acaricia meus cabelos e depois encara a sobrinha.

   ̶ Ele puxou o pai dele Brook. Assim como você o Sam tem os olhos do pai. – Nos olhamos um momento, ela se aproxima e beijo seus lábios. – Amo você. – Ela me lembra como sempre faz, depois olhamos para nosso bebê. – Jantar pequeno?

   Meu filho coloca a mão pequena na boca, mastiga os dedinhos e faz Brook rir. Hannah se ajeita na cama, pego Sam e entrego a ela. Fico assistindo encantado enquanto ela o alimenta. Ele suga seu seio cheio de fome e pressa.

   O amor que emana dela se espalha e toma o ambiente. Ela o ama. Hannah ama nosso filho, se amasse apenas essa pequena parte de mim já seria o bastante para que eu a amasse acima de tudo, mas seu amor se estende e ela ama além dele, me ama, ama Brook, ama porque dela o amor surge fácil. Esse deve ser seu maior talento.

   Brook vem assistir sentada no meu colo, ela adora isso. Charlie não amamentou a filha. O vicio o impediu. Não se lembra e sobre isso mentimos sem dor na consciência. Quando questionou se a mãe fazia o mesmo dissemos que sim. Por que magoar seu coração com um passado que está agora enterrado?

   Sam adormece. Hannah o tira do seio e me entrega nosso bebê. Descemos todos em direção a perfumada cozinha. Quando chegamos com a noite caindo Shiva já partiu para sua caçada noturna. Quando o dia amanhecer vai estar de volta ao seu tapete sob a janela.

   Janto com Sam em meu braço. Os dias tem sido de muito trabalho. Alexandria cresce a pleno vapor. Expandir requer esforço e estamos todos empenhados.

   Não saio para além dos portões desde o dia que meu filho nasceu. Não tenho coragem de me arriscar lá fora sem necessidade. Hannah, Brook e Samuel precisam de mim e é com eles que quero estar.

   Matei muito, cacei muito, lutei muito, tenho direito a viver esse momento de paz ao lado da minha família. Todos entendem isso, ninguém questiona.

   Conto sobre o dia e a proximidade da chegada de Maggie e Beth. Todos nós saudosos de nos reunirmos.

   ̶ Acha que Hershel se parece com Glenn?

   ̶ Posso apostar que tem os olhos puxados do pai. – Respondo e Hannah sorri.

   ̶ Sinto falta delas. É bom sentir falta de alguém que ainda está vivo. Achei que esse sentimento jamais voltaria a existir. Tanta falta de quem não volta mais.

   ̶ Esse tempo acabou. – Digo convicto. Não sei de onde vem toda essa certeza, talvez do bebê em meus braços.

   Me curvo para beijar Sam, depois me estico para beijar Brook. Hannah ri.

   ̶  Ainda não me acostumo com isso. Com esse Daryl capaz de demonstrar sentimentos.

   ̶ Prometeu me ensinar e conseguiu. Aprendi. Aprendi a amar. A demonstrar.

   ̶ Eu também te ensinei não é tio? – Brook se pronuncia.

   ̶ Muito. – Ela sorri levando uma nova colher a boca. Galinha cozida e batatas. Uma refeição que achei não se repetiria.

   A louça vai para pia. Ajudo Hannah enquanto Brook segura Sam e ficamos entretidos entre lavar pratos e ouvir o monologo animado de Brook. Depois da cozinha arrumada subimos.

   Colocamos Brook na cama, depois de um beijo de boa noite ela fecha os olhos e logo está adormecida. Tem esse delicioso talento de apagar em segundos. Então eu troco a fralda de Sam e o coloco em seu berço ao lado da cama.

   Ele vai dormir até quase o amanhecer, depois resmunga e estou de pé para leva-lo até ela. Hannah o amamenta e não resistimos a deixa-lo entre nós até a hora de levantar.

   ̶ Toma banho comigo? – Convido envolvendo sua cintura quando nosso menino dorme tranquilo.

   ̶ Agora mesmo. – Ela diz passando o braço por meu pescoço. Beijo seus lábios. – Senti sua falta hoje, não veio nenhuma vez nos ver.

   ̶ Isso para ganhar umas horas a mais. Amanhã tenho a manhã toda livre com você.

   ̶ Que bom. – Vamos caminhando abraçados e trocando beijos em direção ao banheiro. Tropeço no móvel, o enfeite balança e Hannah o impede de cair, ergo uma sobrancelha orgulhoso e surpreso. – O que foi?

   ̶ Reflexos cada dia mais rápidos. Fico me perguntando onde vai parar senhora Dixon, já manda em tudo e todos, é mãe, valente e forte, estou achando que tem planos de dominar o mundo.

   ̶ Tenho planos muito mais ambiciosos no momento. – Ela revela desabotoando minha camisa. – Planos de despir meu marido e ser despida por ele. E o resto são histórias que se conta por aí.

   ̶  Vamos dar a ela tudo que quer. Prefeita de Alexandria. – Hannah ri. É como as pessoas costumam brincar sobre seu jeito de dirigir as coisas.

   Logo sinto a pele livre colada a minha e a água morna a molhar meu corpo e me aquecer.

   ̶  Te amo. – Sussurro em seu ouvido antes de meus lábios descerem pela pele macia. Hannah geme se colando a mim, eu a ergo em meus braços, nada foi mais difícil do que todos os dias que tivemos que nos evitar, longos dias de espera e quando finalmente estávamos livres foi como da primeira vez.

   Toco o seio farto, ela procura meus lábios para um beijo ardente. A cada dia desejo ainda mais Hannah. Isso parece nunca acalmar. É bom e me dá forças para seguir adiante.

   Meu corpo e o dela se conhecem, sabem onde ir, como fazer, desde o começo foi perfeito e o tempo só nos ensinou mais, não importa se temos muito ou pouco tempo para nós, quando esse tempo chega, quando somos apenas eu e ela então é perfeito.

   Meus olhos cravam nos dela enquanto Hannah mergulha os dedos em meus cabelos, nos movimentamos juntos, trocando beijos e nos olhando, ela é linda e quando suas pupilas se dilatam de desejo por mim eu a amo mais que tudo.

   O prazer vem todo de uma vez, cola nossos corpos ainda mais e se acalma em um longo beijo que mais uma vez sela nosso amor.

   Quando nos deitamos em silencio para não acordar as crianças Hannah vem para meus braços. Eu a envolvo. E ela me beija antes de se aconchegar.

   ̶  Se não fosse o apocalipse. Teria um dia procurado a garota do Walmart? – Ela pergunta baixinho e fico olhando para ela. Penso a respeito.

   ̶  Quero acreditar que sim. A questão é se a garota do Walmart teria me aceito por perto. Será que as pessoas que éramos teriam dado um jeito de terminar assim? – Ela suspira pensativa assim como eu.

   ̶  A garota do Walmart tinha lá seus sonhos secretos com o arruaceiro Dixon mais novo, acho que eles podiam ter dado um jeito. – Ela se encosta em meu peito. Me abraça como se lembranças a dominassem. – Eu precisava de você, estava com tanto medo.

   ̶  Eu também precisava de você. Estava tão perdido.

   Hannah ergue o rosto e me olha um momento, sorri, beija meu peito e depois se estica para alcançar meus lábios. Eu a beijo apaixonado como sempre.

   ̶ O que tudo aquilo importa? Estamos aqui.

   ̶ Vencemos a escuridão. Ela me trouxe vocês, é isso que me importa. A família que o apocalipse me deu.

   ̶ Amo você Daryl Dixon.

   ̶ Também te amo. – Ela me beija. Depois se aconchega em meus braços, olho para o berço onde meu filho dorme, aguço os ouvidos para o silencio do quarto de Brook, só então posso fechar meus olhos tranquilo e me dar o direito de adormecer. Acumular energias para a vida que agora finalmente eu tenho e ela me deu. Minha Hannah.


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Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Espero que tenham gostado, amei demais escrever mais essa aventura com nosso Dixon. OBRIGADA!!! Prometo colocar os comentários em dia e agradecer o carinho de todas.



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