Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Espero que gostem. Domingo tem mais um.



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   Pov – Daryl

   Nos preparamos para sair. Levo uma mochila nas costas, dentro dela apenas uma garrafa de água, fósforos e lanterna. Nunca se sabe o que pode acontecer lá fora.

   Hannah me observa fechar a mochila sobre a cama. Os olhos preocupados não tornam minha partida mais fácil. Mesmo assim é preciso ir. Só o que vamos fazer é passar o plano, acertar os últimos detalhes e colocá-lo em prática amanhã.

   ─Leva um pedaço de pão. – Ela me estende um pacote feito com papel alumínio. Queria dizer que não demoro e que não precisa, mas parece importante para ela, então eu apenas enfio na mochila.

   ─Obrigado. – Deixo a mochila sobre a cama e caminho até Hannah. Passo meu braço por sua cintura e colo seu corpo ao meu. Hannah sorri quando me envolve o pescoço.

   ─Que pegada! – Tenta brincar, mas no fundo de seus olhos tem alguma tristeza. – Se cuida Daryl.

   ─Eu volto. Você também se cuida. – A mão livre segue para sua nuca e eu a beijo, forço meu corpo contra o dela porque não consigo resistir a Hannah e a quero sempre inteira. Me afasto quando o desejo começa a tomar proporções difíceis de controlar. Sorrimos com a ideia. – É difícil. Cada dia fica mais difícil.

   ─Eu sei. É o mesmo comigo. – Hannah se estica para me beijar de leve.

   ─Vamos. – Puxo sua mão, solto no meio da escada. Esse negócio de demonstrações públicas ainda me assusta. Brook brinca com Lyn sentada no balanço da varanda. Olho para Hannah reprovando. – Sozinha aqui Brooklyn?

    ─Te esperando tio. Quero dar tchau.

   Me abaixo em frente ao balanço. Afasto os cabelos dourados, ela fica com um sorriso suave.

   ─Do lado de fora não pode ficar sozinha Brooklyn. Só lá dentro. É perigoso.

   ─Tio você não foi lá fora matar os zumbis e salvar o Morgan? – Sorrio. – Ele disse que você é um herói.

   ─Morgan é generoso. – No fim foi ele quem me salvou e se um dia for preciso vou saber retribuir. – Eu volto está bem? Cuida da tia Hannah.

   ─Cuido. E volta antes de ficar de noite dessa vez? Minha tia chora.

   ─Volto.

   ─Daryl. – Abe e Sasha me chamam. Me volto para olha-los. – Estamos a sua espera.

   ─Tenho que ir. Se cuida pequena. – Ela me abraça. Envolve meu pescoço num apertado abraço de despedida. Devolvo o carinho a envolvendo também. Agora esses pequenos gestos já me parecem mais aceitáveis.

   ─Tchau tio Daryl. – Ela me beija o rosto. Fico de pé. Toco o rosto de Hannah. Ela fecha os olhos um momento, quando os abre de volta eles refletem seus sentimentos.

   ─Volta.

   ─Volto. – Beijo Hannah rapidamente e depois como um raio eu corro ao encontro dos outros sem olhar para trás. Estou ficando mole isso sim. Daqui a pouco vou estar mais covarde que Eugene. Não, ninguém é mais covarde que Eugene.

   Sigo na frente com a moto até o local combinado. Não sei o que é mais terrível, o cheiro de podre que se espalha pelo ambiente, o som dos gemidos que se expande e parece uma melodia lúgubre ou talvez seja a ameaça iminente, o recado que aquela caravana representa. Esse é o fim de todos nós, eles podem não ser nada sozinhos, mas juntos são devastação.

   O grupo está dividido entre a parte que está apavorada. Os alexandrinos e nós, que sabemos que só tem uma coisa a fazer. Resolver essa droga de uma vez. O plano não é dos mais fáceis.

   Libera-los aos poucos, afasta-los o mais longe possível de Alexandria obrigando-os a nos seguir. É como os texanos e seu gado, não pode ser assim difícil.

   O terreno começa a ceder, a roda do caminhão que mantem os mortos em sua prisão natural patina. Um deles começa a passar e sua pele se descola, outro vem em seguida.

   ─Rick! – Glenn o chama pedindo uma decisão. Fico assistindo aquelas cenas um tanto hipnotizado.

   ─Vamos colocar o plano em ação! – Rick determina. – Daryl. Fica pronto. Sasha, Abe! – Afirmamos. Subo na moto ainda ouvindo os protestos de parte do grupo que teme o plano falhar. – Todo mundo sabe o que fazer. Vamos! Agora.

   Se tem que ser feito que seja de uma vez. Pior vai ser esperar as barreiras caírem e esse mundo morto se espalhar em nossos muros.

   Tudo começa a acontecer rápido. Logo eu estou pilotando minha moto enquanto um grupo gigantesco de zumbis me segue ávido. Não chega a dar medo. O cheiro se perde ao ar livre, os sons são abafados pelo motor da moto. Rick está no radio comigo e parece que tudo está bem. Glenn foi fazer sua parte, nós estamos fazendo a nossa e basta que tenhamos paciência e coragem.

   Sasha e Abraham estão num carro ao meu lado. Vez por outro emparelho com eles. A moto chama mais atenção dos zumbis. Eles querem minha carne. Seguiriam o carro, pelo menos por algum tempo até que algo lhes chamasse mais atenção, mas a moto, o barulho e meu cheiro é um convite que eles simplesmente não sabem recusar.

   Os primeiros quilômetros seguem como o combinado. Nos aproximamos da barricada que preparamos para proteger Alexandria. Esse é o momento mais crítico. Penso em Hannah e Brook.

   Elas estão lá dentro. Não sabem dos perigos do lado de fora. Que o que começou com um teste terminou com o plano sendo colocado em ação. Se der errado eles vão ser pegos de surpresa.

   Diminuo a velocidade para deixar que se aproximem o máximo que podem. Do lado de dentro da barricada Rick, Michonne e Morgan devem disparar sinalizadores para distraí-los da ideia de tentar entrar.

   Passamos. Sinto o alivio começar a me dominar quando começamos a nos afastar de Alexandria. Vou guia-los cinquenta quilômetros pelo menos, para não ter risco de voltarem. Depois disso Deus proteja quem estiver no caminho deles.

   É a maior horda que já vi. Uma buzina dispara a quilômetros de nós. O som começa a dispersa-los. Algo aconteceu em Alexandria.

   ─Rick! – Chamo pelo rádio. Meu coração acelera quando penso em minha família.

   ─Daryl vá em frente. Estamos indo para Alexandria. Alguém disparou uma buzina.

   ─Eles estão se dispersando! – Sasha fala no rádio.

   ─Não parem. Rick pede. Vamos conter eles pela floresta. Coloca-los de volta na estrada. Continuem.

   Sigo na frente dos mortos, minha mente distante. Basta pegar o retorno. Sasha e Abe conseguem sem mim. Hannah não está esperando por isso. Elas vão ficar em perigo. Brook em perigo.

   Boa parte dos mortos deixou a estrada em direção a Alexandria. Quanto o tempo o muro pode segura-los? Nunca testamos, fico me lembrando das cercas da prisão, de quando eles se grudavam a elas e de tudo que tínhamos que fazer para conte-los.

   Elas são tudo que tenho. São minha vida e eu fiz uma promessa. Como posso deixa-las agora? Se me perder de Hannah. Se eles entrarem e ela não puder proteger Brooklyn sozinha? Se algo acontecer a culpa é minha. Por que eu as deixei.

   Minha mente fica criando cenas devastadoras. Hora elas estão sendo devoradas, hora estão perdidas pela floresta fugindo dos mortos. Minha culpa. Minha culpa. Eu tinha que protege-las. Elas tinham que ser prioridade.

   Olho para trás, os mortos nos seguem. O retorno está perto. Eu volto. Aviso a todos, chego primeiro que os outros que estão a pé pela floresta. Reforço a segurança, luto com elas, não me importo de morrer, não me importo em cair, mas não posso permitir que isso aconteça com elas longe de mim.

   Diminuo até emparelhar com Sasha e Abe. Os dois tão tensos quanto eu.

   ─Vou voltar. – Aviso. Os olhos de Sasha cintilam de raiva. Talvez seja fácil para quem não tem mais nada a perder. Já estive em seu lugar. Agora eu tenho todo um mundo, eu dependo desse mundo, ele é tudo que me importa. Tem nome e rosto.

   ─Daryl não. Precisamos de você.

   ─Vou voltar. Impedir que entrem em Alexandria.

   ─Como?

   ─Vou pensar em alguma coisa.

   ─Daryl, vamos perder mais deles. Precisamos de você.

   ─Vocês dois dão conta. – Não discuto mais. Apenas acelero e pego a estrada secundaria a caminho de casa. Hannah e Brook precisam de mim. Acelero sem saber bem o que fazer. Apenas que preciso fazer algo.

   No meio do caminho o som de tiros no rádio me assusta. Paro a moto.

   ─Rick! Rick! – Ele demora a responder. Não podemos perder ninguém, preciso saber onde ele está para ajuda-lo. – Rick.

   ─Está tudo bem. Estou bem. Continuem. É o que temos que fazer. É o certo. Vamos continuar com nosso plano. É assim que protegemos os nossos. Eu sei que querem voltar. Sei que tem pessoas com quem se importar. Voltar seria covardia. Não somos covardes. Nem as pessoas que deixamos lá são. Eles vão aguentar e nós também. É por eles. Por eles.

   Desligo o rádio. Ele está certo. Tirar os mortos do caminho é meu trabalho. Eu preciso ser forte. Acelero de volta ao encontro de Sasha e Abe. Hannah e Brook vão ficar bem. Os muros não vão ceder. Deixamos os mortos, retornamos e no fim tudo acaba bem. Se estiverem cercados ainda podemos junta-los e recomeçar o trabalho de guia-los para longe.

   O que quer que tenha disparado a buzina já foi contido. Não é tarde. Encontro o comboio e sigo em silencio na frente. Sasha e Abe não dizem nada. Acho que no fundo eles me entendem.

   Seguimos até onde combinamos, minha mente ainda mantem os mesmos medos, apenas me conformo com a sina de viver em busca de mais uma chance.

   Pegamos a estrada seguinte e deixamos os mortos seguindo seu curso. Acelero seguido por Sasha e Abe. Depois de um tempo relaxo. Estou voltando. Fiz o que tinha que fazer e estou voltando para Hannah e Brook.

   Tiros me desequilibram. Sempre o inesperado. A moto derrapa quando desvio. Me perco de Sasha e Abe fugindo dos perseguidores. Entro pela floresta. Acabo ferido, a moto cai para o lado e me deixo cair também.

   A respiração pesada. Quero desesperadamente voltar para elas. A floresta está queimada. Ao meu lado um corpo carbonizado. Procuro buscar meu ar. O gemido ao lado me desperta e me arrasto para longe.

   ─Merda.

   Tiro o colete, gotas de sangue escorrem pela mão. O ferimento no ombro me irrita. Arde. Coloco a moto de pé. Preciso achar um jeito seguro de voltar.

   O destravar de uma pistola me paralisa. O dia não pode parar de piorar?

   ─Fica parado. – Obedeço. A besta longe demais para ser usada. Então sinto um baque na cabeça e apago. Acordo amordaçado, as mãos amarradas. Abro os olhos ainda um tanto tonto. Vou acabar com esses idiotas.

   Um homem e duas garotas. O cara se aproxima. Se ajoelha diante de mim. Me ameaça. Faz perguntas como se eu soubesse do que fala.

   ─Não sou quem você pensa. – Acho que eles fogem de alguém. A mulher me aponta a arma. O homem me obriga a ficar de pé, em algum momento eu vou me livrar deles. Vamos caminhando. Odeio ficar assim na dependência deles. Tento conversar. Não tem assunto.

   Dwight é o nome do cara. Elas já o chamaram pelo nome. O cara não parece disposto a me matar. Quer de todo modo me interrogar. Como não consegue suas respostar me deixa amarrado e desaparece. Deixa minhas coisas ao meu lado.

   Me solto a tempo de acertar um maldito zumbi. Fico de pé, a ideia de persegui-los e acertar as contas é interessante, mas penso nelas e decido apenas voltar.

   Vozes se espalham na floresta. Me encolho sem saber quem são e os riscos que corro. Hoje nada mais é seguro. Dwight e o seu pequeno grupo estão encolhidos, desarmados, dois dos homens se aproximando.

   Eu não tenho que ajuda-los, Só tenho que ir embora e que se virem. Não sei como dizer isso a Hannah depois. Uma das garotas me lembra Beth. É jovem e frágil. Não consigo dar as costas e me acabo por caminhar para ajuda-los. Faço sinal para que fiquem em silencio. Entrego a pistola ao homem surpreso.

   Um zumbi está preso a um carro. O homem caminho caçando. Eu reconheço esse jeito de agir. Mexo nos galhos de uma árvore. O homem segue em busca do som e acaba por ser mordido. Não é um caçador. Outro se junta a ele quando os gritos se espalham. Sem cerimônia corta seu braço.

   Com um membro do grupo ferido eles desistem das buscas e partem numa picape. Os três me olham surpresos pela ajuda.

   ─Por que nos ajudou? – Dou de ombros. Sou um idiota só pode ser isso.

   Seguimos caminhando juntos. Eles me contam sobre todo tempo que ficaram na floresta de como queimaram os zumbis e junto a flora da região. No meio do caminho uma pequena casa surge. Uma estufa queimada e dentro dela dos corpos.

   Os três parecem conhecer aquelas pessoas. A mocinha se aproxima e quando menos se espera é atacada pelos corpos que ela imaginou estarem realmente mortos. Nenhum de nós chega a tempo. Ela termina mordida. O sangue jorra de sua jugular tão rápido que um instante depois está tudo acabado.

   Sinto pena. Eu ainda consigo sentir isso. O casal inconsolável começa a abrir uma cova. Eu ajudo. Devia ir para casa, mas não resisto a ajudar. Eu posso leva-los. Está claro que são bons. Eles estão fugindo de algo, mas quem não está?

   Tiveram chance de me matar, não fizeram. Faço as perguntas de praxe. Quantos zumbis mataram, quantas pessoas mataram e por que.

   Falo de minha casa. Que somos um bom número e que são bem-vindos, eles começam a me acompanhar. Preciso pegar a moto, e encontrar Sasha e Abe.

   Recolho a moto. A besta nas costas. Relaxo. Levo os dois comigo e no fim tenho certeza que os muros vão aguentar.

   O clique da arma surge mais uma vez nas minhas costas. Não acredito que baixei a guarda.

   ─Solta a besta. – O aviso é claro. Obedeço. Agora deixa a moto. A mulher pega a moto. Minha besta e partem me deixando de mãos vazias no meio da floresta. Um dia vamos ficar frente a frente e vou acabar com eles.

   Me concentro em retornar. É isso que preciso fazer. A sorte parece mudar quando vejo a placa no chão. Me abaixo para limpar. Combustível. Ergo os olhos, sob os arbustos um caminhão está escondido.

   Abro a porta e abato um zumbi. Espero que ainda funcione. A carga está completa e tudo que precisamos é mesmo de combustível.

   Não é difícil encontrar Sasha e Abe. Eles deixam muitos rastros e pistas, tudo de propósito. O carro deles também foi perdido e partimos juntos com armas que os dois conseguiram e um caminhão de combustível.

   Levamos os zumbis, voltamos com um bom material. No fim não podia ser melhor. Homens sobre motos fecham a estrada. Paramos. Não se pode comemorar.

   Descemos, tem todo um discurso de terror sobre um tal de Negan e tudo pertencer a ele. Um dos homens me arrasta para os fundos do caminhão em busca do que temos.

   O grandão é duro de abater. Mas eu aproveito que estamos sozinhos e enfio minha faca em sua garganta. Ele cai. Os homens ainda ameaçam Abe e Sasha. Eu armo o lança chamas. Agora é só atear fogo nesses bundões e voltar para Hannah.

   A explosão manda tudo pelos ares, Cabeças e corpos voltam ainda pegando fogo para o chão. Não me importo. Estou sem minha besta. Aquele desgraçado a tirou de mim, assim como a moto que montei peça por peça.

   Dirijo para casa. Não estou confiante. Não depois de tudo que passamos, mesmo assim, apesar do atraso eu sei que vai estar tudo bem.

   ─Os muros estão seguros Daryl. Vão aguentar. Estamos voltando. Chegamos ao anoitecer e vai dar certo. – Olho para Sasha. Ela nunca foi o tipo esperançosa. Volto a me concentrar na estrada. Se não estivesse tão tenso riria de Abe e seu uniforme impecável de militar.

   Meus olhos se fixam na noite chegando no horizonte. Elas têm que estar bem. Atrasei muito. Perdemos tempo demais. Agora só me resta torcer para terem suportado.


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Notas finais do capítulo

Foi um resumo dos acontecimentos, necessário para o rumo da história. No próximo vamos ver o que acontece com Hannah e Brook. Essa parte vai fugir um pouco dos rumos da Série.
BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSs