Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 22
Capitulo 22


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Espero que gostem. Obrigada pelo carinho de sempre.



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   Pov – Daryl

   ─Eu acho que pode estar certa Beth. – Ela abre um sorriso largo. – Mesmo assim ainda duvido um pouco. Sabe que Brooklyn não me chama de tio?

   ─Isso você ensina, se é o que quer. – Claro que é o que quero. É minha sobrinha e isso é mais pessoal. Mais família. Não quero ser o caçador para ela. Isso me torna uma figura distante.

   ─Ela pode escolher.  – Não consigo admitir em voz alta minhas vontades. Beth me encara duvidando.

   ─Já está você aceitando qualquer coisa. Não me escuta mesmo. – Ela toca meu braço. – Mostre a elas o que quer.

   Desvio meus olhos. Beth tem mesmo muita fé em mim. Não poderia dizer nada. Não poderia mostrar nada, eu não sei como fazer isso. Só sei ser esse cara, tudo que faço é mesmo aceitar. Mas elas me dão tanto.

   Hannah é carinhosa, eu é que sou meio tolo, não devolvo. Brooklyn também não é muito carinhosa comigo. Acho que tem o sangue do Merle agindo nisso. O lado Dixon.

   ─E tem mais uma coisa. Aquela casa tem muitos quartos, e o seu tem aquele closet enorme com uma porta para o corredor. Janelas, aquilo vira um lindo quarto de boneca.

   ─Não entendi. – Olho para ela com uma ruga na testa.

   ─Falo de você e Hannah dormirem sozinhos. Eu estou me mudando com a Maggie e o Glenn para a casa ao lado. Pelo que estou entendendo. Rosita, Abrahan e Eugene também vão para outra casa. Tara vai com eles.

   Ficamos nós, Carol, Rick, Mich e as crianças. Faz sentido. Acho que somos bem próximos para dividir a casa. Sobre ficar sozinho com Hannah eu ainda não sei direito. Claro que quero, mas não sei se isso é o que ela realmente quer. Devia perguntar, acontece que não tenho jeito para conversar sobre essas coisas.

   Falamos um pouco depois do pesadelo. Ela disse que sente e quer ir adiante, mas daí a vivermos totalmente sozinhos como um casal. Não sei. Isso é preciso conversar e eu não vou fazer isso, me conheço.

   ─Ela quer. Acredite. – Beth acena e parte me deixando sem saber o que fazer. Ela é inteligente, conhece as pessoas, se diz isso é por que muito possivelmente está certa.

   ─Olha caçador o que eu encontrei. Um balão. Não é bem bonito? – Brooklyn surge ao meu lado.

   ─Gosta? – Ela afirma. Está mais corada. Sem aviso segura minha mão. Seus dedinhos presos aos meus começam a se tornar rotina e eu gosto, a mãozinha quente é aconchegante.

   ─Vamos buscar minha tia Hannah? – Ela me pede com um rostinho saudoso.

   ─Boa ideia. – No caminho encontro com Aaron. Ele me para. Afaga Brook que ergue o olhar com um sorriso. Ela anda cada dia mais receptiva. Não fica mais tão desconfiada quando alguém se aproxima.

   ─Parece que vai ter uma festa para vocês.

   ─Festa? Não gosto disso. Estou indo encontrar a Hannah. Você a viu? – Nem pensar que me enfio em uma festa, era só o que faltava. Essa gente não percebeu que o mundo acabou?

   ─Deixou o arsenal faz pouco. Estava na nossa dispensa. Deanna pareceu ter gostado muito dela e de Maggie.

   ─Pareceu. – Não sei se confio totalmente neles, mas estou disposto a arriscar e isso é apenas por elas.

   ─Gosta de motos? Entende disso? – A pergunta parece estranha.

   ─Muito para os dois casos.

   ─Quer dar um pulo em minha garagem? Que acha de um refresco Brooklyn?

   ─Podemos caçador?

   ─Podemos. – Acompanho Aaron até sua casa. Ele oferece o copo de refresco para Brook, Eric encantado com a pequena, começa a mostrar a ela a decoração.

   ─Me acompanha até a garagem? – Aaron me convida. Olho para Brooklyn. – Eric faz companhia a ela. É só um momento. – Ela está tão distraída olhando as estantes que acho que tudo bem.

   Eu o sigo. A garagem está cheia de peças de motos, dá para montar mais de uma. Passeio olhando tudo, tocando aqui e ali, verificando as condições do material.

   ─Posso montar uma boa moto com o que tem aqui. Pilota?

   ─Não. Você sim. Que acha de montar para você?

   ─Se tem uma coisa que aprendi nessa vida é que nada é de graça.

   ─Eu tenho buscado encontrar pessoas, você sabe. Eric sempre foi meu parceiro, mas tenho pensado que ele precisa de um descanso, está muito arriscado. Você me parece ler bem as pessoas. Por que não vem comigo?

   ─Arriscar o meu pescoço. – Nada é mesmo de graça, não era antes, não seria agora.

   ─Eu sei, mas também sei que vai ter dificuldade de ficar aqui dentro, isso não parece você. – Não sou difícil de enxergar, ele está certo sobre minha adaptação, eu realmente não sei se me acostumo a esse lugar.

   ─Não posso ficar tanto tempo afastado.

   ─Sua família? – Vendo por esse lado. É isso mesmo, eu tenho as duas agora e não posso me afastar tanto assim. Balanço a cabeça confirmando. – Podemos começar não indo muito longe, apronte a moto e depois a gente vê. Ninguém está desesperado aqui.

   ─Uma moto seria bom. Sobre sobreviventes pensamos em outro momento.

   ─Caçador a gente já tem que ir ver minha tia. – Brooklyn surge na porta da garagem.

   ─Vamos Brooklyn. Vou pensar sobre isso. – Brook segura minha mão e depois de acenar com um olhar para Aaron eu me retiro.

   Ainda é cedo, não é meio dia ainda. Brook aperta minha mão, me olha com um sorrisinho leve no rosto.

   ─Com fome? – É bom saber que temos o que dar a ela para comer.

   ─Sim. Uma fominha. Olha minha tia. – Hannah acena abrindo um largo sorriso. É tão linda e esses dias aqui, seguros e tranquilos a deixaram ainda mais bonita.

   Como se fosse a coisa mais natural do mundo, Hannah me beija os lábios, depois se abaixa para beijar Brooklyn. Está leve e sorridente.

   ─Estavam indo me ver?

   ─Sim. Vamos levar Brooklyn para comer? – Ela afirma.

   Carol tirava algo do forno quando chegamos, ela parece uma simples senhora do lar, não lembra em nada a guerreira que o apocalipse a tornou e me diverte vê-la encenando.

   ─Almoço! – Ela sorri, depois aponta os lugares à mesa. Comemos em silencio, vai ser um pouco difícil nos acostumarmos a essa vida. Almoço em família em torno de uma mesa limpa com louça fina, não parece nada comum a nenhum de nós.

   ─Vou passar a tarde em casa, dar uma voltinha com a Judy. Quer ficar conosco Brook? – Carol convida. Brooklyn olha para mim. Me espanta um pouco que espere de minha autorização e não da tia.

   ─Posso?

   Carol está pronta para defende-las com a própria vida. É esperta e forte, fica claro que nada vai dar errado sob seus cuidados.

   ─Claro. Podemos sair um pouco Hannah. O que acha?

   ─Acho que é bom. – Ela responde tranquila. – Se importa Carol?

   ─De jeito nenhum. Ficar com as meninas vai ser bom. Quero conhecer melhor as pessoas por aqui.

   ─Então podemos sair sim. Daryl.

   Quanto mais ela estiver em ação, menos isso vai afeta-la. O pesadelo da noite passada deixa claro o quanto enfrentar esse mundo a assusta. Só tem um modo de se acostumar. Indo lá fora, olhando nos olhos do inimigo e enfrentando. Por mais difícil que seja.

   Hannah tem um talento natural, ela aprende rápido, talvez o medo a afete de modo diferente, enquanto algumas pessoas paralisam ela enfrenta. Se deu muito bem com seu facão. Foi firme quando precisou. Logo será completamente capaz de lutar.

   Deixamos Alexandria a pé. Quem sabe em direção a pequena cidade. Ela precisa estar pronta para invadir casas. Vasculhar em busca de proteção e comida. Nunca se sabe o que a vida reserva.

   Passo por dois zumbis antes de pegar a pequena estradinha que leva a cidade mais próxima. Ignoramos os dois, estão longe e é muito bom que ela aprenda que ás vezes basta desviar deles.

   Hannah caminha mais solta. Não parece tão tensa quanto no dia anterior.

   ─Soube que os Alexandrinos já estiveram aqui muitas vezes, não tem muitos zumbis, também não tem mais muito que não foi revistado, mas é bom dar uma olhada.

    Assim que entramos na cidade o cenário de destruição se apresenta como de costume. Carros largados pelas ruas, lixo, restos de corpos, zumbis caídos pelo chão. Os prédios começam a mostrar o que a ação da natureza e a falta de manutenção causam.

    Paredes descascadas, vidros quebrados. O caos em todos os seus detalhes.

   ─Ás vezes parece que foi há mil anos, outras parece que foi ontem. Todo aquele barulho, todo aquele pânico. – Hannah afirma, anda ao meu lado com o facão na mão.

   ─Sempre me pergunto se fomos presenteados com a sobrevivência ou castigados com ela.

   Hannah tem razão. Em momentos como esse, que caminho a seu lado, sabendo que Brook e toda a família está bem sinto que é um presente, mas já invejei os mortos muitas vezes.

   ─Entendo o que quer dizer, hoje acho um presente. – Ela me sorri. Se move um passo em minha direção. Os cabelos balançam com uma lufada de vento e fica incrivelmente viva e bonita. Sem pensar muito procuro sua mão para prender a minha.

   Não demora para os gemidos de um par de zumbis chegar a nossos ouvidos e soltamos as mãos. Deixo a besta nas costas e uso a faca para acertar o cérebro do primeiro. O outro tentava desviar do carro para nos alcançar.

   Hannah caminha até ele e o acerta. Quando se volta para me olhar uma mão vinda de dentro do carro agarra seu braço, felizmente a manga longa protege sua pele. Tento correr até ela quando uma boca podre avança em direção ao braço faminta. Hannah ergue o facão e corta o braço do zumbi num movimento rápido e preciso. Fico surpreso pela rapidez de pensamento e reação. Ela enfia a faca no cérebro do morto-vivo e se afasta.

   ─Que susto infernal! – Meu coração está batendo sem freios. Hannah parece bem.

   ─Você está pálido. – Ela me diz com um sorriso.

   ─Claro! – O que ela pensa que eu sou? Quase morro do coração, eu a abraço numa demonstração de alivio. ─ Vem.

   Continuamos a caminhar, mais uns metros e vejo um pequeno prédio. Parece um conjunto de escritórios. Bato na porta e esperamos por barulhos internos.

   ─Daryl acha produtivo? O que pode ter aí?

   ─Segurança, é bom pensar nisso, ninguém pensa em entrar num lugar como esse, por outro lado pode ser também que algumas pessoas tenham tentado se proteger ficando em lugares como esse e quem sabe conseguimos suprimentos?

   Abro a porta, a única luz é a que vem de uma claraboia sobre uma longa escada. Caminho na frente com a besta em punho. Hannah me segue com seu facão. O lance de escada é íngreme. No topo um corredor com portas dos dois lados.

   A maioria está fechada. Nos olhamos antes de tentar a primeira. São apenas duas salas, um tipo escritório. Não tem nada ali além de computadores e móveis.

   A segunda e a terceira porta são iguais. Somente escritórios. Seguradora, psicólogo, dentista.

   No fim do corredor um banheiro e uma cozinha. Hannah vasculha os armários e a pequena geladeira. Dois potes de bolachas velhas, água no bebedouro. Hannah enche um copo e bebe, depois me oferece outro copo.

   ─Vamos ver as outras portas. – Convido e seguimos para as três portas seguintes. Na segunda porta escuto passos do lado de dentro. – Se afasta. – Peço a ela. Hannah obedece com o facão erguido. Empurro a porta e um zumbi surge. É uma mulher com longos cabelos, vestido curto e uma mordida no braço direito. O corpo em decomposição avançada. Acerto sua cabeça.

   ─Tem uma pistola. – Hannah pega a arma sobre a mesa. No chão, lençóis e restos de comida podre. O cheiro é devastador. Abro gavetas e encontro uma caixa com munição. Balanço e Hannah me sorri. Entrego a ela que coloca na mochila junto com a arma que encontrou. – Por que ela terminou assim se tinha arma e munição?

   ─Não desistiu. Você desistiria? – Pergunto quando deixamos a sala fechando a porta. Hannah parece pensar um longo momento.

   ─Eu não sei. Talvez quando a febre chegasse... Não tenho ideia. – Ela estremece. Balança a cabeça afastando a ideia e eu me aproximo.

   ─Esquece essa tolice. Não vai acontecer. – Puxo sua mão e vamos para a última porta.

   Forço e parece trancada. Olho para Hannah. Tento mais uma vez, nada. Puxo minha faca. Quando me aproximo do trinco Hannah coloca sua mão sobre meu braço.

   ─Daryl, não precisa. Está trancada então só vamos esquecer essa porta.

   ─Pode ser justamente aqui que encontraremos algo de bom. Por que estaria trancada se nada mais estava? – Insisto. Ela parece apreensiva demais.

   ─Estou com mal pressentimento. – Nunca fui de me importar muito com isso. Hoje em dia tudo pode acontecer o tempo todo. Ninguém pressente coisas boas desde o começo do apocalipse.

   ─Não consigo resistir. – Digo enfiando a faca no trinco e destravando a porta. Seguro o trinco. Encaro Hannah mais uma vez e empurro a porta com um único movimento.

   Escuto um barulho, um fio de náilon passa por sobre uma mesa e algo atravessa minha perna na altura da coxa. O liquido quente escorre em quantidade. Dois zumbis estão ao fundo, tentando passar pelas cordas e arames.

   ─Merda! – Grito colocando a mão na perna. O sangue jorrando grosso.

   ─Armadilha. – Hannah da um passo em minha direção no minuto que os zumbis começam a caminhar trazendo com eles os fios e os objetos presos a eles. Tudo começa a desabar. Algo acerta minha cabeça. Tonteio. Sinto fraqueza.

   Vejo quando Hannah passar por cima de um móvel, acertar o primeiro zumbi. Puxo a besta ainda presa a mim quando o segundo vem em sua direção pelas costas, acerto seu queixo, não consigo firmar a mira. Ela se vira a tempo de passar o facão arrancando uma parte da cabeça daquela coisa morta.

   Quando acaba com os mortos ela corre para mim.

   ─Daryl! – Meu corpo começa a enfraquecer, não sei se é o sangue ou a pancada na cabeça. – Vem.

   Ela passa o braço por minha cintura, me ajuda a caminhar até a sala ao lado, me deixo cair sobre um sofá pequeno de couro.

   ─Conter o sangue. – Hannah diz meio que para si mesma olhando em volta. Não posso morrer justo agora desse jeito estupido e larga-la aqui sozinha. Ela arranca o cinto de seu jeans, prende em minha perna. – Calma Daryl. Pensa Hannah. Pensa! – Ela diz enquanto seu rosto vai sumindo e voltando. – Daryl! – Ela diz me balançando. ─ Abre os olhos. O sangue estancou. Dentista! – Ela diz em voz alta. – Fica quietinho. Eu já volto.

   Seguro seu braço, ela não pode sair de perto de mim, só precisa fechar a porta e esperar que eu fique bem.

   ─Não. Fica. Já vou...

   ─Estou bem. Fica acordado. Não dorme. – Ela pede se soltando de mim. Vejo quando deixa a sala, depois disso minha mente que está nebulosa se rende a escuridão. É só um momento para relaxar e vou ficar bem. Levar Hannah de volta para Brooklyn.


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Notas finais do capítulo

BEIJOSSSS
Continuo amanhã.