Primeiro os corvos.

Um verdadeiro bando deles.

Este era o sinal que eu precisava para saber que estava perto. Olhei para o corvo que pousara em meu ombro, ele virou a cabeça algumas vezes na minha direção antes de levantar voo.

Olhei de relance para o garoto de olhos azuis gélidos que me fitava fazia algum tempo. Ele esticou a Mao para mim antes de pularmos dentro do lago. A água era fria, mas de um jeito agradável, parecia simplesmente deslizar por meus braços e não precisei de esforço para movê-los com agilidade até a outra margem do lago.

Ele ainda dava as última braçadas no água quando me ergui torcendo o cabelo, notando que meu vestido azul turquesa havia se colado de uma forma provocante no meu corpo.

Senti sua respiração na minha nunca e vire-me para fita-lo. Tinha uma aparência angelical que contrastava com seu corpo esbelto. Tinha o cabelo preto e os olhos azuis gelo salpicados de um dourado espesso que me faziam vibrar a cada toque, ele deslizou a mão pela minha cintura apertando-me contra si, enquanto me beijava gentilmente. Seus lábios eram macios e serenos. Ele afastou uma mecha do meu cabelo ruivo para o lado trilhando um caminho de beijos até o meu pescoço, mas foi interrompido quando segurei sua cabeça para que pudesse fita-lo. Aqueles olhos que me refletiam mil vezes como um sala repleta de espelhos, sabia que era sincero.um sentimento invadira meu coração agora, eu o amava. Era tudo o que eu sabia.

Ele sorriu quando eu acariciei seu rosto com o polegar.

Ele deslizou a alça do meu vestido para baixo e meu corpo gritava de desejo. Senti suas mãos firmes deslizarem pelas minhas costas....

-Anna!!-minha mãe agora arrancara o cobertor com determinação. Seus olhos verdes quase saltando das orbitas e seu cenho franzido me diziam que eu me atrasara

“E isso ai, ela sempre estraga a melhor parte.”

Sentei na cama e esfreguei os olhos algumas vezes antes de me por de pé e apontar para a porta do banheiro deixando claro que já estava indo me aprontar para a escola.

-você tem 20 minutos-- foi a última coisa que ouvi antes de entrar no banho.

Liguei o aquecedor e esperei a água esquentar enquanto escovava os dentes fazendo caretas no espelho. Desde que eu completara 13 anos meus cabelos passaram de castanho para ruivo, minha pele clara e meus olhos verdes eu herdara da minha mãe. Por sorte herdara o sorriso de meu pai e a personalidade relaxada, acho que a presença de dupla lerdice deixava minha mãe duplamente irritada também. Não pude conter o riso quando ela apareceu com “aquele olhar” de mãe na porta deixando claro o que aconteceria se eu não parasse de enrolar.

Terminado o banho vesti meus jeans escuros surrados e meus coturnos novos. Sentei de frente a penteadeira e fiz um rabo de cavalo alto nos meus cabelos recém escovados. Passei lápis escuro e hidratante labial. Não era nada” oi, sou uma garota bonita.me amem” mas dava pro gasto. Poderia ser até um “oi, tomei banho hoje”

Devidamente arrumada peguei a mochila na cadeira e desci as escadas correndo dando um beijo rápido no rosto do meu pai que lia o jornal na bancada e um beliscão em Scott meu caçula irritante que apenas fez uma careta engolindo uma fatia de pão.

-Anna, seu pai e eu estamos tentando nos adaptar a nosso novo cotidiano. - Minha mãe começou-Você sabe que com a mudança de meu emprego pra Tókyo tudo agora e muito novo, tente ser mais madura e evite problemas escolares-ela falava enquanto mexia com agilidade os ovos na frigideira de aço Inox que ganhara de presente de Minha avó paterna.

-hunrrum... -resmunguei baixinho e ela me fitou por alguns segundo decidindo se acreditava ou não em mim.

-Emma, ela já tem 16 anos. Não acha que deva dar uma colher de chá a ela agora que já e quase uma mulher feita? –meu pai perguntou sorrindo e piscando pra mim por cima do jornal

-Peter... não seja ingênuo. Minha mãe sorriu

-que feio mamãe, duvidando da minha boa índole-me fiz de ofendida e ela me deu um beijo na testa. Após alguns minutos meu pai já estava estacionando o carro na frente da nova escola.

Sai do carro e fiquei parada observando o prédio por alguns minutos e acenei pra meu pai antes de entrar.

-boa sorte amor, estarei no mesmo lugar as 3 divirta-se-ele gritou antes de sumir curva a dentro no Fiat prata

Sorri-ficarei bem...- sussurrei para mim mesma mas como reconforto do que por convencimento

Era uma escola comum, com grandes portas de vidro e muitos compartimentos. Na escadaria central várias garotas usando minissaia e barriga de fora faziam círculo ao redor dos caras do time. Uma delas se parecia muito comigo em aspectos físicos, e não pude deixar de sentir uma ponta de náusea no estomago só em me imaginar naqueles trajes.

Quase não notei que estava parada no meio da escadaria até que um desses veteranos retardado passou correndo e me derrubou escada a baixo. Ele riu algumas vezes antes de correr até mim e perguntar se eu estava bem. Levantei-me disposta a dar umas boas lições de moral no bad-boyzinho de calça apertada que por sinal era cego. Mal abri a boca e fiquei estática com a visão que tive.

Quase não podia respirar ao olhar dentro daqueles olhos....

Acho que devo ter batido a cabeça na queda, por que a última coisa que lembro era da cor da grama verde salada roçando meu rosto antes de apagar completamente com os profundos olhos em mente

Próximo capítulo:

“Eu não sei quem você é, mas sonho com você todas as noites.”;