Esme Cullen - A História - Short Fic escrita por Ditto
Isso não era um casamento, isso era tortura! Ela precisava ir embora, agora mais que tudo. Esme passou a mão na barriga preocupada, e se o seu bebê tivesse se machucado quando o marido a bateu? Ela aguentaria quantos ossos quebrados fosse, mas ele não merecia aquilo. Seu pequeno merecia uma vida melhor. Como ia saber se Charles não machucaria a criança quando esta nascesse?
– Vai ficar tudo bem querido – murmurou para a barriga, mesmo sabendo que a criança ainda não a ouvia – eu nunca deixarei alguém te machucar.
Charles não ia mudar. Ela precisava parar de ser sonhadora e achar que talvez ele se tornasse um marido e pai responsável. Todos aqueles anos provaram o contrário, a guerra só tinha o tornado pior.
– Ninguém vai mais te machucar – murmurou de novo, mas não sabia mais se aquilo era uma afirmação para si mesma ou para o bebê.
Era isso. Ela ia embora. Ia fugir de casa e trazer desgraça para a família, como sua mãe sempre afirmara. Sempre pensou em ir mas fora covarde, só que agora tinha um pequeno ser que dependia dela, e ela seria forte, faria o que deveria ter feito a muito tempo.
No dia seguinte acordou cedo e preparou o café da manhã em silêncio, sentou-se na ponta da mesa e esperou o marido acordar e se juntar a ela.
– Bom dia – disse para o marido que respondeu com um resmungo.
Esme ficou olhando Charles comer. Aquela seria a última vez que eles se veriam, após o marido sair ela arrumaria suas coisas e iria também, não voltando mais.
– O que é mulher? – Charles perguntou por fim vendo Esme o encarando – perdeu algo aqui?
– Nada – respondeu – não é nada.
De fato, Charles Evenson nunca fora nada para ela, e sentiu-se tonta por achar que algum dia ele seria.
Esme acompanhou com os olhos pela janela o marido sair de casa e quando ele sumiu de vista, subiu as escadas e começou a colocar rapidamente seus poucos pertences em uma mala.
– Não vamos levar muito – conversou com a barriga – mas o seu macacão irei levar, não se preocupe.
Com tudo pronto Esme saiu em direção a ferroviária da cidade, olhou para a casa que viveu durante os últimos anos e não conseguiu sentir saudade do lugar. Sentia-se livre pela primeira vez.
Lembrava-se vagamente em uma das cartas antigas do primo Johnny que ele agora morava em Wisconsin, em uma pequena cidade chamada Milwaukee. Johnny a ajudaria, certo? Ou ele, assim como sua mãe ia achar que ela estava desonrando a família por ter abandonado o marido?
Sentou-se em um vagão vazio do trem e pelas janelas viu passar por seus olhos a cidade que tinha vivido até então. Columbus agora seria só um borrão em sua memória.
– Eu serei feliz – prometeu para si mesma – ou melhor, seremos felizes.
Curioso perceber o quão apegada já estava ao filho, pouco importava que o pai era Charles. Já podia imaginar um menino gorducho correndo pelo gramado, ou uma menina linda com um laço rosa na cabeça...
Dormiu rapidamente com a cabeça encostada na janela do trem, pela primeira vez em muito anos teve um sono tranquilo.
Depois de alguns dias dormindo desconfortavelmente e comendo mal, Esme finalmente desembarcou na estação. Será que o marido já teria notado sua falta? Iria atrás dela?
Pegou sua mala nas mãos e caminhou até a suposta casa de Johnny. Rezou para que ele não tivesse mudado de casa depois do casamento, ou ela não saberia onde passar a noite.
– Deveria ter planejado melhor – murmurou consigo mesma – mas agora, o que está feito, está feito.
Deu duas batidas fortes na porta da casa e aguardou alguém vir atender.
– Posso ajudá-la? – uma senhora gorducha perguntou ao abrir a porta.
– Sim, por favor. Johnny Platt mora aqui?
– Sim, quem deseja?
– Sou Esme Even... – calou-se, não queria mais aquele sobrenome para si – Platt! Sou Esme Platt. Sou prima dele.
– Me acompanhe por favor – Esme entrou na casa que estava enfeitada com flores silvestres, da mesma forma que ela tinha a sua própria casa quando Charles estava na guerra – pode se sentar aqui, vou chamar o Johnny.
Esme sentou-se na beirada do sofá, imaginando o que Johnny diria quando a visse ali? Cruzou os dedos esperando que ele não a expulsasse.
– Esme? – Johnny apareceu confuso na soleira da porta da sala – o que você faz aqui? Aconteceu alguma coisa?
– Oi Johnny... – Esme falou baixo – Como você está?
Johnny já não era o rapazinho que fazia apostas com ela quando criança. Agora era um homem feito, com barba e bigode.
– Bem, mas... o que aconteceu? Por que você está aqui e não em Ohio e...
– Eu posso passar algumas noites aqui? Juro que não farei bagunça e ajudarei nos serviços domésticos se quiser. – pediu com olhos suplicantes.
– P-pode, claro. Você é família. Mas... aconteceu alguma coisa com Charles? Vocês estão precisando de dinheiro?
– Não, não é isso. Eu só.... eu precisava de um momento meu.
Johnny a encarou desconfiado, sempre fora perceptivo em relação a prima e sabia que tinha coisa errada ali mas achou melhor não discutir agora. Principalmente porque não era bobo e logo notou os hematomas roxos nos pulsos de Esme.
– Tudo bem, vou pedir para a Sra. Bennet arrumar o quarto de hóspedes para você. Tem um banheiro na segunda porta a esquerda se você precisar se lavar. Mas depois iremos conversar, tudo bem?
– Obrigada Johnny – Esme agradeceu.
Esme se instalou no pequeno quarto e sentou-se na cama que seria sua por alguns dias. Johnny não tinha a expulsado, o que era um avanço, mas será que a deixaria ficar depois de saber que largara o marido?
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