Esme Cullen - A História - Short Fic escrita por Ditto


Capítulo 2
Capítulo 1




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Esme encarou a imagem da jovem pálida a sua frente.

— Pronto, terminei a barra – a velha costureira avisou se levantando do chão satisfeita – até que ficou bonito.

Esme voltou a se encarar no espelho, o vestido de noiva branco moldava-lhe bem o corpo, estava bonita, mas apesar disso não conseguia se sentir feliz, com a felicidade radiante de uma noiva típica.

— Obrigada – murmurou em uma resposta automática.

Sua mãe deu algumas voltas, olhou o vestido como um todo e acenou satisfeita aprovando o resultado final. Tirou da bolsa algumas moedas que entregou para a velha costureira que agradeceu.

— Bom casamento menina Esme, seu marido irá adorar o vestido - a costureira disse antes de ir embora.

Esme encheu os pulmões de ar, segurou por três segundos antes de soltar o ar. Era isso. No dia seguinte naquela mesma hora já não seria mais a senhorita Platt e sim a respeitável Senhora Evenson, a mais nova esposa da cidade.

— Ficou bom no final Esme. Sabia que o vestido da sua avó cairia bem, vocês duas tem corpos bem parecidos. Ela também era assim magrinha igual você na sua idade. Só precisava mesmo ajeitar a barra e a cintura um pouco. Sorte a nossa, pedir para a costureira fazer um vestido novo sairia muito caro.

— Tem razão mãe, que sorte a nossa - Esme murmurou apática ainda se encarando no espelho.

— Muito bem, tire o vestido agora para a gente guardar na caixa e você colocá-lo somente amanhã na hora do casamento, não quero que suje.

Esme tirou o vestido branco com cuidado e dobrou antes de colocar na caixa que sua mãe tinha separado. Aquele era um bom vestido, fora da sua avó, da sua mãe, agora era seu e quem sabe no futuro seria de sua filha? Era um vestido bonito, ela não podia negar, as mangas eram de renda e algumas pedrarias estavam costuradas na gola.

— Não lembro se te falei, mas foi sua avó quem costurou esse vestido, ela me disse que gastou dias para costurar manualmente as pedrarias. Bom, valeu a pena no final, o vestido ficou lindo e agora você pode usá-lo.

Esme sorriu forçadamente. O vestido era de fato bonito mas ela não conseguia se sentir bonita vestindo ele. A garota colocou de volta seu vestido azul do dia-a-dia e sua mãe deu leve batidas na cama com a mão, indicando para a filha se sentar ali.

— Imagino que não preciso repetir, mas lembre-se de ser uma boa esposa para Charles Evenson. Você sabe que já está velha, demos sorte, mas muita sorte, em conseguirmos encontrar um noivo. Eles todos preferem meninas jovens de quinze anos e sejamos francas que você já passou dessa idade a muito tempo.

— Se fosse por mim eu não casaria nem agora nem nunca – murmurou consigo mesma.

— Eu ouvi isso Esme! – a mãe respondeu a repreendendo – não sei de onde você tirou essa ideia ridícula de virar professora, mas trate já de tirar isso da cabeça. Isso que dá seu pai ter pago aulas de leitura para você, agora fica com essas ideias mirabolantes na cabeça que tirou dos livros. Ideias ridículas! Ridículas!

— Não são ridículas – a menina se defendeu – eu quero ter liberdade de escolha. O que há de tão errado nisso? E você sabe muito bem que papai concordava comigo, ele dizia para eu seguir meus sonhos e ser quem eu quisesse ser.

— Seu pai era um sonhador e morreu assim, sonhando. Onde já se viu isso? Querer que a filha seja uma solteirona? Você quer ser solteira o resto da vida? Você sabe que todas suas primas estão casadas. Só você, com vinte e dois anos, está aí solteira. Até Johnny que é mais novo que você casou. Eu vou morrer um dia, sabe? E aí? Quem irá cuidar de você? Quem te dará um nome?

— Eu posso cuidar de mim mesma mãe, posso dar aulas, ganhar um salário, quem sabe ir para a cidade grande e começar uma nova vida?

— Ideias ridículas, já disse. Seu lugar é aqui Esme, toda mulher precisa casar, ter uma família. Sempre foi assim.

Esme bufou, tinha tentado convencer a mãe a cancelar o casamento a tempos, sempre sem sucesso. Por que tinha que ficar na sombra de um homem? E pior, por que tinha que ficar nas sombras de um homem que sequer conhecia?

— E mais – a mãe continuou – Charles é um ótimo homem, todos da cidade gostam dele. E ele te escolheu, no lugar de todas essas mocinhas ele te quis, te achou bonita. Então erga esse pescoço e entre elegante amanhã na igreja.

— Mas mãe, eu....

— Pare com isso Esme! Você quer morrer solteira? Vai ficar mal falada na cidade. Eles já falam mal de nós por não termos casado você antes, culpa sua e do seu pai que obedecia suas vontades. Me dizia pra deixar você quieta, que você encontraria o marido na hora certa. Bem, aí está o resultado. Seu pai está enterrado e você com vinte e dois anos ainda é solteira. Mas não mais... não mais, amanhã já não serei mais a vergonha da cidade.

— Não é vergonha. Eu não quero casar com qualquer um. Quero amor, quero um casamento com amor.

— Bobagens, amor vem com o tempo. E agora não falemos mais disso. Já está definido, já falei com o padre e já está marcado. Amanhã é seu casamento e ponto final.

Quando sua mãe saiu do quarto Esme deitou na cama bufando alto. Sua mãe era uma pessoa impossível! Por que era errado sonhar com um futuro que ela escolheria o destino? O que tinha de mal nisso?

Infelizmente, independente de sua vontade no dia seguinte os preparativos começaram cedo. Seu cabelo foi preso em um coque alto, rouge no rosto e batom suave. Sua mãe reclamou aqui e ali mas por fim deu-se por satisfeita com sua aparência e rumaram para a igreja local.

A cerimonia foi breve, algumas pessoas da cidade nos bancos assistindo. Aquilo não era nem de longe igual ao casamento dos sonhos que tinha planejado em sua cabeça quando criança. Quando criança gostava de fantasiar sobre sua festa de casamento e sempre imaginara o lugar cheio de rosas brancas, basicamente um casamento de conto de fadas.

O padre falou alguma coisa que Esme não tinha ouvido por estar distraída.

— Desculpe, pode repetir?

O padre a olhou com um olhar de reprovação mas repetiu a pergunta:

— Você aceita-o como seu legítimo esposo?

— Sim – murmurou baixo.

Após um leve beijo a cerimônia se encerrou. Esme se despediu da mãe e rumou para sua nova casa. A mãe só faltava soltar fogos de artifícios, tamanha a felicidade. Engraçado perceber que a mãe da noiva era a mais feliz dali, mais feliz que a própria noiva.

Quando entraram na casa Esme sentiu o marido desabotoar seu vestido. Era agora, a parte mais amedrontadora de se casar. A noite de núpcias. Receitou na cabeça a dicas de sua mãe: ficar parada, deixar o marido conduzir. Nada de fazer barulhos. Ia doer, mas quanto antes ela ficasse quieta e deixasse ele começar, mais cedo ia terminar.

Torceu os dedos nervosa

Era isso, suspirou, agora teria a famosa noite de núpcias. Mexeu os dedos nervosamente sem saber o que esperar.

— Você vai gostar, esposinha – Charles sussurou em seu ouvido e Esme fechou os olhos em antecipação.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Tentei fazer bem fiel a história original. Bem, até a próxima pessoal!



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