Pétalas de uma semideusa escrita por Paper Wings


Capítulo 8
Cap. 7: Os espíritos da tempestade


Notas iniciais do capítulo

Gentee! Primeiro dia do ano! Que 2016 seja um ano top dos tops e tudo de bom e do melhor esteja sendo guardado para vocês curtirem nesse ano! Amo demais vocês e, bom, Feliz Ano Novo! ❤
Agradeço pelos comentários e espero que mais estejam por vir...
Boa leitura. O primeiro capítulo de 2016, a primeira fic a ser atualizada do ano!



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O que acontecia com o mundo? Não era possível que estávamos sendo atacados em pleno ar, era? Bom, na verdade, era mais do que provável... Se eu estivesse na paz e na tranquilidade, desfrutando dos meus tão desejados tacos sem inimigos à vista, eu estaria com um frio constante na barriga, só premeditando piores coisas futuras. Era como se existisse uma cota, e a cada minuto que passava sem algo ruim, essa cota aumentasse e o que aconteceria em breve seria pior do que deveria.

Talvez minha neurose tivesse alcançado proporções mais do que problemáticas e estava na hora de me auto internar em um hospício para o bem maior.

Só sabia de uma coisa: chega de tacos! Deveria ser peça do destino, pois estava mais do que evidente que comê-los me fariam cair dura no chão, provavelmente...

Saímos em disparada do refeitório/cozinha, todos tentando se manter equilibrados pelo chacoalhar desconfortável que o Argo II fazia questão de dar. Estávamos sendo, sim, atacados, e violentamente por sinal.

Quando eu, enfim, consegui chegar no andar de cima sem quebrar minha cabeça pelo caminho com os trancos, pude ouvir um pouco — quase nada — melhor as pragas jorradas da boca do treinador esquentadinho. Ele estava perto de mim e segurava o taco de baseball, dando pequenos saltos para alcançar o inimigo, berrando, pelo que entendi:

— Saiam daqui, criaturas! — Tentou acertar algo, o qual não pude identificar. — Vou fazer rosquinhas de vento de vocês e usar como munição desse navio! Não queiram me deixar mais irritado! Argh!

Os grandes problemas eram: tudo que escutava era abafado por uma corrente de ar concentrada — se é que isso fazia sentido — com uma ventania que provocava sons lamuriosos e deprimentes; e eu não sabia o que batia contra o Argo II, pois era impossível. Uma densa neblina ou... Nuvens, talvez? Bom, independente do que fossem, impedia que eu enxergasse mais que dois metros de distância sem começar a simplesmente imaginar o que poderia estar no lugar. E minha imaginação era uma das coisas mais perigosas em mim. Em um piscar de olhos, já estaria pensando em um unicórnio marombado, vestido de gladiador, o qual agarra um cipó e berra como o Tarzan, vindo em minha direção para me matar... Então, seria bem melhor se eu tivesse plena visualização do que acontecia, antes que eu concretizasse esses tipos de loucuras.

Os semideuses pareciam desnorteados também, mas com certeza controlavam os nervos melhor que eu. Logo, o filho de Hefesto aventurou-se neblina adentro, em direção ao painel de controle, colocando uma mão na fente dos olhos para barrar o forte vento, enquanto Jason e Percy gritavam, em meio ao turbulento barulho, um plano que eu deveria, aparentemente, estar escutando, porém, eu estava ocupada tentando não assistir a uma sneak peek das minhas futuras lições de voo.

O ambiente estava ligeiramente escuro, cinzento, por assim dizer. Respirei fundo e me segurei à balaustrada, guiando-me por ela. Eu tentava alcançar aquela injeção de adrenalina que sentira após ingerir néctar. Viria bem a calhar devido às circunstâncias... E, após uma sacudida tremenda, não senti o chão de madeira por alguns segundos, como se enfrentasse uma turbulência em um avião e ele simplesmente decidisse descer um degrau, deixando-nos com o coração no cu. Ok, isso foi meio mal-educado... Corrigindo-me, com o coração em um lugar não aconselhado pelos médicos.

Não pude impedir um grito seco, o qual fora suprimido pelo absurdo som do ataque. Senti as investidas do vento, ensurdecendo-me momentaneamente e, estreitando os olhos, vi Hazel empunhar a lança, sob a companhia do namorado, que... Eita, ele acabara de virar um... Leão-marinho?

A garota berrou, dando um pulo para trás, assustada, ao ver Frank "metamorfizado" de um ser aquático e eu ainda tentava acreditar, chocada não só pela surpresa, como também pela confusão de como um leão-marinho, uma criatura rodeada somente por gordura — sem querer ofender esses animais — poderia ser útil além de representar um obstáculo vivo, no meio do navio, ainda mais pela dificuldade de visão ali...

Meu cabelo sacudia e batia contra meu rosto como chicotes e eu sentia que estava em uma montanha-russa sem cintos de segurança. Eu precisava entender o que estava acontecendo ali, o que atacava o Argo II, e logo.

Arquejei, tendo a impressão de que um vulto esbranquiçado passou por mim, deixando um rastro gélido, como um frio cortante. Tentei seguir o rastro deixado pela criatura, mas ele se dissipou, entrelaçando-se ao redemoinho que envolvia o navio.

— Semideuses... — Várias vozes em uníssono, quase sussurradas iniciaram com um tom sombrio, só para serem engolidas pelo vento. — ... desistam dessa jornada. A Mãe Terra despertará, independente de seus esforços. — Prosseguiram. — Entreguem a criança perdida e suas vidas serão poupadas.

Foi como se colocassem uma pedra de gelo nas minhas costas. Por que raios todos me queriam? Eu era apenas uma aluna isolada, que sentava na última carteira do lado da parede, assistindo séries durante a aula; e agora eu era a menina mais requisitada pelas forças malignas de Gaia, a nossa inimiga que dorme.

— Nós só queremos a garota...

Tive a leve impressão de que Percy gritava algo, mas não dava para entender e a neblina não permitia que eu tentasse ler seus lábios, então, eu permaneci agarrada à balaustrada, tentando recorrer aos meus poderes novamente. Tentar acabar com aquela dificuldade de visualização seria muito bom e, quanto antes, melhor. Afinal, por mais legais os meio-sangues pudessem parecer, não queria estar alheia à possibilidade deles me entregarem pelo correio diretamente para a casa da Mãe Terra.

Tentei me concentrar somente nos fatos, esquecendo das vozes, dos sons e... Bom, do leão-marinho Frank. Enxerguei Piper que apontava algo para Jason, o qual parecia tentar controlar o vórtice de pura ventania; o treinador continuava a ralhar com um sorriso maníaco e uma veia saltando em sua testa, bem próxima a um de seus "charmosos" chifres, segurando o taco de baseball, pronto para dar uma bela jogada; lembro de ter visto Annabeth correr em direção a Leo mais cedo, provavelmente para ajudá-lo, e não os encontrei desde então; Hazel e Frank pareciam discutir sobre o que fazer a seguir, o que era estranho, pois do garoto só saiam guinchos agudos de leão-marinho; e, por fim, Percy... Ele tentava manter uma conversa civilizada com quem quer que fosse nosso inimigo atual, mas não parecia estar tendo muito sucesso, ou seja, catástrofe.

Segurei-me no parapeito com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos e, de súbito, senti o meu parentesco semideus surgir. E já não era sem tempo, não é? Caramba...

Por alguma razão, do meu inconsciente, tirei a ideia de me cercar com uma espécie de tubo de corrente de ar, deixando-me estável o suficiente para andar pelo navio sem ter o perigo de ser levada pelo vento por aí. Eu precisava chegar até Jason... Ele manjava daquele tipo de coisa, certo? Ele até voava! Só por conta disso, o loiro já deveria ter um plano para nós... Francamente, o menino voava!

No início, foi meio difícil de estabilizar a placa cilíndrica ao meu redor, tanto é que devo ter feito umas caretas memoráveis, mas, enfim, consegui parar de fazer papel de palhaça e testei minha caminhada, como se eu fosse a primeira pessoa a andar na Lua. Os primeiros passos, admito, foram hesitantes, porém, ao perceber que eu não seria engolida pela minha própria invenção, passei a andar com confiança e poderia até jogar o cabelo para trás do ombro, "like a boss", só que isso não era muito aconselhável de acordo com nossa situação, portanto, tirei isso da cabeça.

Alcançar Jason não foi o maior problema, sinceramente, talvez desviar das tacadas que o treinador dava fosse. Ele estava descontrolado e, ao me aproximar dele o suficiente, quase encenando uma parte do filme "Matrix", consegui escutar novamente o que ele berrava.

— Ventus! — Ralhou, dando uma gargalhada. — Vou fazer vocês comerem meu taco de baseball, entenderam? Vocês ainda não conheceram Gleeson Hedge! — Continuou a sorrir em desafio. — Ninguém me segura agora! Finalmente um pouco de diversão, paspalhos de vento!

Nossa, ele não estava bem. Alguém precisava dar-lhe um sedativo antes que o ser metade bode, metade humano — deveria me lembrar de perguntar qual era sua espécie — nocauteasse um de nós. Aquele taco parecia estranhamente ameaçador.

Com bastante esforço, passei por Hedge, inteira, e postei-me ao lado de Piper e o filho de Júpiter. Ambos tentavam se equilibrar precariamente, então, expandi minha proteção a eles, cobrindo-nos com aquele véu meio turvo pela corrente incessante de ar.

— Por favor... — Respirei fundo. — ... me diga que vocês já têm um plano.

Jason pareceu analisar por um instante minha ideia de usar um escudo contra as rajadas cortantes de vento e acenou, impressionado, porém, retomou a compostura de liderança em um instante.

— Se pudéssemos abrir uma brecha... — O garoto olhou para cima, vendo a camada cinzenta espessa. — Espíritos da tempestade podem ser bem chatos às vezes, mas eles não são os mais espertos.

A filha de Afrodite suspirou, concordando com o namorado.

— E eu pensando que estaríamos livres deles por um bom tempo...

Um tranco violento fez com que eu perdesse momentaneamente o controle do tubo de ar ao nosso redor. Se continuássemos à mercê das investidas dos tais espíritos da tempestade, um rombo poderia surgir no casco do Argo II e, não sei o resto dos semideuses, mas eu não achava isso uma boa ideia. Por consequência, imaginei se conseguiríamos fazer a brecha mencionada pelo ex-pretor, caso alguém distraísse o inimigo por um tempo, para que Leo pudesse equilibrar o navio.

— Jason! — Eu praticamente gritei com um tom agudo e, só depois de ouvir minha própria voz alta e desesperada e ver as expressões assustadas dos dois a minha frente, notei que já estávamos protegidos pelo escudo de ar. — Desculpe... Ahn, Jason... — Reiniciei calmamente. — Acha que consegue controlá-los por um tempo?

Ele franziu a testa, tentando entender meu raciocínio, e assentiu.

— Na teoria, sim, mas não está dando certo. — O garoto bufou. — Eles estão extremamente fortes. Esse vórtice que criaram impede que eu os atinja.

Ok, ok... — Fiz um gesto com a mão, como se aquilo não importasse. — Se aleatoriamente alguém... — Fechei os olhos por alguns segundos, ciente de quem seria. — ... desconcentrasse esses espíritos da tempestade, você conseguiria controlá-los?

Piper abriu a boca para falar algo, porém, fechou logo em seguida, abrindo um sorriso de lado em compreensão.

— Eu poderia criar a brecha e possivelmente os controlaria... — O romano completou. — Pode funcionar. Pips, pode avisar os outros?

A jovem assentiu e, ao fazer menção de sair, segurei seu braço e recebi um olhar confuso em resposta.

— Não sei se conseguirei manter a proteção ao seu redor. — Revelei como em um pedido de desculpas. — Eu...

— Ah, relaxa... — Ela sorriu. — Vamos todos ficar bem... Preocupe-se apenas com o plano, o resto nós damos um jeito.

Engoli em seco, sentindo-me mais calma e, não sei bem o porquê, mas pensei que fosse culpa da menina. Ela, por outro lado, deu um sorriso maior ainda, encorajando-me de que tudo daria certo, e passou pela membrana de ar, sendo engolida pela neblina.

Permaneci um tempo piscando, despertando de um transe, e recebi uma fitada meio preocupada de Jason.

— Ela é filha de Afrodite, sabe? — O loiro deu um riso anasalado, explicando. — Não estranhe, ela tem uma coisa chamada charme... Acredite, Pips acaba de fazer um favor para você. Sente-se mais preparada agora, não é?

Lentamente, acenei em concordância.

— Ótimo, então... — Novamente o adolescente exalou liderança. — Quando você quiser, Lorelai Tate.

Arqueei a sobrancelha, dando um sorriso bem forçado. Era agora ou nunca: eu estava prestes a me dar como presente de aniversário de não-sei-quantos-anos dormindo para Gaia, e nunca imaginei que tivesse a capacidade de fazer algo tão estúpido e heroico ao mesmo tempo.

— Não me deixe ser levada por eles, Jason Grace. — Avisei, encarando sua expressão de "Eu prometo.". — Vamos.

Acabei com o escudo de ar para não desperdiçar energia, sentindo imediatamente o vento chicotear meu rosto, e de relance, vi o loiro ir para o lado oposto, criando uma proteção para si mesmo.

Eu precisava encontrar Percy naquela confusão acinzentada. Da última vez que o avistara, o garoto estava batendo boca com os espíritos da tempestade perto da balaustrada a minha direita, se meu senso terrível de direção não estivesse pior do que o normal. Decidi começar por lá, seguindo quase cegamente e tentando me esquivar de novo do taco de baseball ambulante.

Nem sei como enxerguei o filho de Poseidon, mal lá estava ele... Gritando e segurando uma espada brilhante. Dei mais alguns passos vacilantes, escorregando um pouco para trás por ir contra a ventania, e toquei em seu ombro.

Percy virou e me viu. Sua cara foi uma das melhores: com os olhos verdes arregalados e um "O que você está fazendo aqui, garota?" estampado na testa. Engoli a vontade de rir, pois o que faria a seguir era arriscado demais para manter um ar calmo e amigável, como se fôssemos simples amigos que decidiram se divertir em um mar de vento, com direito a seres com nomes duvidáveis e um sequestro comandado por Gaia.

— Nós temos um plano! — Berrei, fazendo uma concha ao redor da boca, semelhante a quando contamos um segredo, sendo a única diferença a altura do meu timbre, que em normais circunstâncias, já teria deixado o jovem surdo. — Entre na onda, ok?

Ele franziu os lábios, porém, mostrou o polegar, indicando que entendeu.

Eu poderia até ter rido pelo infame trocadilho que acabara de fazer: um filho de Poseidon entrando na onda, sacou? Tudo bem, isso foi horrível e até eu admitia, mas foi muito sem querer, juro... E por que eu estava pensando nisso, quando eu estava praticamente me colocando nas mãos de nossa inimiga dorminhoca? É claro que tinha que ser eu a única criatura capaz de fazer piadinhas em momento tão inoportuno.

Suspirei, tomando coragem.

— Ei! Vocês não estavam procurando por mim, não? — Anunciei só imaginando as infinitas chances de tudo dar errado. — Eu sou Lorelai Tate, filha dos Três Grandes, a criança perdida!

A única coisa que passava na minha cabeça, enquanto eu parecia estar no controle, era: "O que raios estou fazendo?'', só que de alguma maneira, consegui chamar a atenção gradativa dos espíritos da tempestade. O vórtice ao redor do Argo II foi sumindo e as investidas violentas também, então, o navio não chacoalhava mais...

— A criança perdida... — Senti a gélida presença sussurrante de alguém nas minhas costas, assim como Percy. — A Mãe Terra ficará muito satisfeita...

Engoli em seco, dizendo:

— Vocês falaram que poupariam as vidas dos outros...

— Fique quieta! — O garoto ao meu lado passou a encenar também, interrompendo-me. — Nós daremos um jeito juntos. Juntos, ouviu?

— Não posso permitir que Gaia mate vocês por minha causa! — Arquejei, perplexa não só pela atuação como também por perceber que acreditava nas minhas próprias palavras. — Só porque ela me quer!

Eu até conseguia ver o restante dos semideuses de relance e o treinador parecia levemente desapontado que a adrenalina estava abaixando. Leo e Annabeth trabalhavam a todo vapor no painel de controles e o Argo II velejava, estabilizado agora. Jason não estava lá, provavelmente já estava voando por aí como um super-herói e, detalhe, Frank não era mais um leão-marinho...

— Não faça isso, Lorelai!

Parecia Hazel, a qual já deveria estar ciente da ideia de dar mais credibilidade a minha rendição.

— Desista dessa loucura, Lorelai! — Piper suplicou. — Por favor!

Tudo bem, sinceramente a filha de Afrodite precisava diminuir um pouco os níveis de charme, porque quase falei: "Quer saber? Você tem razão... Dane-se minhas tendências suicidas" e dei meia-volta. Imaginem!

— Prometam! — Sibilei, sentindo preocupação pela mínima possibilidade dos outros saírem machucados indiretamente por mim. — Prometam que pouparão a vida deles!

Eu não tinha notado o quanto ficaria arrasada se alguém morresse, quando eu poderia ter feito algo, mesmo se fosse entregar minha vida. Não era justo com os meio-sangues, era? Na verdade, seria egoísmo e covardia se eu permitisse tal coisa, esconder-me atrás de sete jovens e de um cara, metade humano, metade bode... Ali, então, constatei que estaria disposta a me entregar de muito bom — nem tanto, é claro — grado se significasse salvá-los, mesmo com tão pouco tempo que nos conhecíamos. E algo me dizia que aquele era o primeiro de muitos ataques em que nossas almas estariam sendo pesados em uma balança.

— Tem a nossa palavra, criança perdida... — As vozes em uníssono revelaram com um tom vitorioso e sombrio. — Por agora, serão poupados.

Eu não poderia reclamar, afinal, não teria mais que aquilo se Jason não fizesse o favor de aparecer logo, controlando aqueles espíritos da tempestade e impedindo que eu fosse levada para o covil secreto de Gaia. Bom, pelo menos ele deveria ser bem confortável, considerando o tempo que a Mãe Terra permaneceu desacordada.

Senti, cedo demais, a minha gola da camiseta sendo agarrada e fui puxada para cima sem dar tempo para o filho de Poseidon tentar impedir. Na minha cabeça, pipocavam uns "Putz, estou ferrada" e "É, minhas ideias iriam para o ranking do Guiness Book como "As ideias mais cagadas da história mundial".

Nossa, nem tive a oportunidade de gritar ou recorrer ao meu parentesco divino, mesmo sentindo minhas mãos tremerem, contendo a vontade de atingir um raio em quem quer que fosse o indivíduo, o qual me segurava. A razão? Milagrosamente o líder loiro surgiu a minha frente e começou a fazer gestos que me lembravam um filme de Kung Fu. Ok, não literalmente Kung Fu, ele levantou os braços e... E eu parei de subir, não importava qual era a daquele golpe silencioso, funcionara. O romano controlava os espíritos a partir daquele momento.

— Parem! — Ele ordenou. — Vocês vão colocá-la no convés do Argo II em segurança e darão o fora daqui!

— Filho de Júpiter... — Praguejaram em conjunto. — Os deuses passam por grandes apuros, Jason Grace. A criança perdida não ajudará vocês. A era de Gaia terá início em breve e...

— Agora.

O semblante do meio-sangue era extremamente sério e sua voz era comedida, como se não quisesse escutar as palavras do inimigo, mesmo morrendo de curiosidade para fazê-lo.

Lentamente, o chão de madeira passou a ficar mais e mais próximo e, enfim, meus pés tocaram a superfície sólida, deixando-me impressionada com o loiro. Até que as chances do plano dar certo eram altas, afinal. Ainda bem...

— É, melhor fugirem mesmo! — O treinador sacudiu o taco de baseball, dando pequenos saltos revoltados. — Sorte de vocês que não tiveram que enfrentar Gleeson Hedge!

Os semideuses rodearam-nos pouco a pouco, recebendo-me e a Jason, o qual retornava também, como se descesse uma escada rolante invisível. Respirei fundo, dando um leve assobio, e estendi a mão a ele.

— Bom trabalho. — Arqueei a sobrancelha. — Muito, mas muito obrigada por não me deixar ser sequestrada pela Sra. Maligna... Na verdade, agradeço a todos vocês... — Fitei cada um dos integrantes da tripulação, sentindo minhas bochechas esquentarem. — Vocês poderiam simplesmente ter me jogado nos braços dos espíritos da tempestade para se salvarem, porém, ficaram do meu lado.

Alguns sorrisos surgiram. Até Annabeth, a qual eu tinha plena certeza que ainda desconfiava de mim, acenou com a cabeça, sorrindo de lado.

— Que isso, Princesa Avatar... — Leo ergueu o queixo com um amplo sorriso. — Você já faz parte da equipe "Bota Tudo para Quebrar: Semideuses e Sátiro de Plantão". — O garoto piscou. — Não abandonamos quem faz parte da equipe.

Encarei o chão com os olhos ardendo um pouco. Por que eu queria chorar? Eu não era tão sensível assim normalmente... Se bem que eu não poderia dizer que normalmente eu passeava em navios voadores e era quase sequestrada por espíritos, certo? Ou talvez fosse uma reação atrasada, referente à soma de todos os recentes acontecimentos! Ou a TPM chegando... Droga.

— Ai... — Piper fez uma misturado de careta desconcertada e sorriso. — ... não chore, não.

Forcei uma pontada de alegria surgir em meu rosto.

— Sério, gente... — Iniciei, meio embargada. — Sei muito bem que ataques desse tipo voltarão a ocorrer e não quero que, em um instante sequer, pensem que não estou pronta para me sacrificar pelas suas vidas. Exatamente como vejo vocês fazendo: arriscando-se por mim. — Suspirei, tentando sorrir. — Valdez, você falou que faço parte da equipe, não é? Bom, então saibam que é para valer... Gaia virá com tudo. Só quero que tenham em mente que estou pronta para fazer escolhas em prol do bem maior. — Franzi a testa, travando o maxilar. — Cara, essa frase ficou terrivelmente ruim...

Arranquei uns risos e deixei uma ou duas lágrimas caírem antes de gargalhar com eles. Estava preparada para defendê-los do que der e vier futuramente. Eu precisava estar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Foi um capítulo mesclando ação e feelings...
Espero muito que tenham gostado e comentem, por favor! Cada palavrinha me deixa extremamente feliz!
Amo demais vocês, até os leitores-fantasmas que estão lendo isso agora mesmo ~estou de olho nessa malandragem, hein~, e mais uma vez desejo Feliz Ano Novo a todos! ❤
Xxxxxxx



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