Comida escrita por Alice Fitzwillian


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Demorou horrores pra eu postar, porque queria algo fofo, mas que tivesse sensibilidade, algo que soasse como "cuidado". Cutuquei e escrevi!Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664617/chapter/1

Sakura calçou suas sapatilhas brancas com pressa. O cabelo ainda estava meio desarrumado. Assim que ouviu a companhia tocar, a mulher arregalou os olhos e correu para o espelho, chocou-se, mas reteve-se apenas à pegar um elástico rosa claro e prendê-los em um rabo de cavalo baixo. A campainha tocou outra vez e ela desceu gritando.

- Já vai! –E abriu a porta sorrindo –Bom dia! –Exclamou e o rapaz assentiu com a cabeça, sorrindo de canto. Alguns cabelos da mulher escapavam no penteado e ele tentou colocá-los no lugar. Sakura corou, baixando o olhar.

-Penteou os cabelos? –Perguntou com incerteza e ela fez que não, com a cabeça.

-Acordei atrasada. –Confessou. –Sai do hospital muito tarde ontem, tinha uns pacientes mais graves que precisava analisar antes de ir pra casa.

-Já está pronta? –Dessa vez seu tom era de desaprovação. Sasuke não gostava nada de sua prática em exagerar seus turnos no hospital, mas a mulher sabia que ele estava se referindo a outra coisa que ela ainda não tinha feito. Sakura pensou se deveria ou não pentear seus fios, olhando pra cima enquanto refletia, o olhar do homem ainda lhe cobrava algo.

-Sim. –Seu estômago fez um barulho constrangedor quando um transeunte passou trazendo algo em uma sacola plástica. Antes de qualquer coisa o alimento cheirava bem e ela ponderou atacar aquilo com força, antes mesmo de saber o que era.

-Não está não. –Sasuke a olhou incrédulo –Não comeu nada ainda hoje.–Sakura olhava por cima de seu ombro tentando identificar o que o rapaz o desconhecido trazia consigo. Sasuke revirou os olhos e adentrou sua casa, fechando a porta e marchando para a cozinha. A menina voltou pra dentro quando viu Sasuke ir mexer em seu armário.

-Sasuke, não! –Ela se colocou na frente das portas com uma velocidade impressionante. O rapaz parou pra lhe observar, com admiração. Constrangeu-se, não queria que ele visse o vazio nas divisórias do móvel, muito menos criticasse a falta de “comida de verdade” nas gavetas de enlatados. Amava Sasuke de todo o coração, mas explicar a ele que ela não tinha culpa de sua cozinha estar em completo desuso e que ela não se lembrava da última vez que havia usado as próprias panelas somente porque sua vida andava muito corrida e ela amava muito o que fazia para dar uma pausa era realmente frustrante. Desde que fora morar sozinha ela se sentia muito independente, logo, não sabia o que era ser repreendida, exceto, por exemplo, naquele momento, enquanto ele lhe encarava seriamente, ela teve vontade de rir, apesar de estar meio irritada, mas não podia deixar de brilhar certa felicidade em saber que ele se preocupava com ela, embora soasse controlador.

-Meu Deus!-Sem cerimônia, o rapaz abriu a geladeira e ela não podia estar com mais vergonha. Havia algumas frutas meio estragadas, manteiga, doce de leite, ovos e uma vasilha com algo que ela não sabia explicar, e uma caixa de leite deveria estar vencida a séculos. Sakura pensou que era MESMO a hora de fazer compras.- Vamos comer. – A sentença fora proferida com tanta firmeza que ela nem pensou em retrucar. Sasuke segurou sua mão, fechou a porta da geladeira e eles rumaram para a padaria mais próxima. A menina ainda tentou dizer que iria se atrasar, mas preferiu calar ao sentir o calor de suas palmas juntas.

...

Sentados no dito lugar, a menina comia como um mendigo. Sakura devorava cada pedaço dos alimentos como se não visse comida a séculos. Importante frisar: Eles já haviam se beijado várias vezes, se abraçavam e ficavam juntos às escondidas, só porque silenciosamente concordaram em ir com calma, então ele vê-la assim, desesperada era talvez, a coisa mais íntima que ela já tinha se permitido dar e ele, por algum motivo ela não tinha vergonha. Já havia visto Sasuke com fome e ele era “bom de boca”também. O garoto se perguntava mentalmente como ela conseguia manter aquele corpo.

-Que foi? –Ela disse, de boca cheia. De repente, sentiu-se meio recriminada. Corou, mastigando e engolindo.

-Nada. –Ele entortou a boca, tentando sorrir. Sakura adorava isso, demonstrava o quanto ele era péssimo interagindo, mas era fofo. E Sasuke teve a resposta de sua pergunta mental:

-Eu não como algo que preste faz muito tempo. Desculpa! –Explicou-se. Passando fome, era assim que ela se mantinha em forma. Sasuke preocupou-se. Ela não podia trabalhar ao ponto de deixar de comer.

-Como pretendia salvar vidas hoje se não se quase não se colocava em pé? –Perguntou, quase como se estivesse interrogando na ANBU.

- Hum- Ela limpa a boca e engole os últimos pedaços incríveis de seu café da manhã.- Eu estava de pé sim! E vou continuar- riu.- Eu apenas não tenho muito tempo pra fazer esse tipo de coisa descentemente esses dias! Estamos tenho uma demanda insuportável com crianças e velhos, são casos de emergência, eu preciso está lá.- Ela explicava, a cara o mais preocupada e apaixonada pra ele.

- Sakura, esse tipo de coisa- ele quis rir- é almoçar, jantar, comer! Você não pode adiar isso. –Ele disse, lhe olhando nos olhos, profundamente. Sakura seria capaz de morrer de anorexia se fosse pra observar aquelas bolas pretas lhe admirando daquela forma. Porque Sasuke não conseguia conversar com ela sem que seus olhos não brilhassem, sua boca não se esticasse reprimindo um sorriso pelas “inconveniências” da amiga futura namorada e por fim, ela não percebesse tudo aquilo e ficasse deslumbrada. O beijaria se não estivesse em um lugar tão público.

-Não precisa desse drama, vou comer uma fruta depois do meio dia. –Sorriu, enorme, enorme. Sasuke bufou e levantou-se, a garota correu pro caixa antes dele.

-De jeito nenhum você vai pagar a conta!- O Uchiha balançou a cabeça me sinal de reprovação.

...

Meio dia e a doutora Haruno sentia fome, mas não largava o estetoscópio.

-Diga “AH”.- A menininha abriu a boca. Perto da língua, intensa vermelhidão. –Vou lhe passar antibióticos. Se a febre persistir, volte- Disse a mãe da garota. Tirou do pote ao lado de suas anotações uma bala de menta e deu à garota.

Depois da menininha, vieram mais 2 pacientes e uma emergência. Ela teve de sair correndo de sua sala para a UTI e quando voltou, aliviada e ainda mais cansada, notou um pacote sobre sua mesa. Chegou perto com cuidado, poderia ser uma armadilha.Mas havia um bilhete, a letra bonita e bem desenhada formava breves palavras:

“ Coma. Por favor.

Por: Uchiha Sasuke”

Sakura desconfiou, em todo esse tempo ele nunca fora de se apegar a detalhes. Mordeu a língua! Na mesma manhã tinha deixado claro que comer não era detalhe. E se fosse uma brincadeira de algum moleque?

-Doutora? Um ANBU veio aqui e lhe deixou isto. A senhora não estava na sala na hora, então deixei sobre a mesa. Estranhei porque não sabia que estava esperando encomendas.–Uma enfermeira lhe interrompeu os pensamentos entreabrindo a porta do consultório. A felicidade parecia querer fazê-la flutuar.

-Pode me dizer qual a máscara? –Ela só quis confirmar.

-Um falcão. –Ela sorriu enorme, enorme.

-Tudo certo, obrigada Yumi, pode ir.- A menina se retirou.

No primeiro dia, ela comeu o almoço. À noite, soube que o mesmo ANBU tinha solicitado sua escala de horários no hospital. E conforme os dias se passavam os bilhetes e pacotes se repetiam, com eles se vendo descentemente aos fins de semana. “Não ouse devolver” era o que dizia o segundo dia. E ela não o fez. “Coma antes das 15h”, religiosamente ele mandava nos mesmo horários. “Verifiquei seu horário, depois das 18h vá pra casa” e às vezes era controlador. Mas era Sasuke, afinal.

Ele nunca falava nada sobre esses feitos, o que fazia sua gratidão ficar reprimida e junto com ela, aumentava a necessidade de agradecer e conversar sobre “o que eles eram”, além é claro, de cativar verdadeira fascinação com este pequeno gesto. Sasuke podia mesmo ser sensível afinal.

Tempos depois ela já esperava feliz seu prato chegar. Até que decidiu separou um tempo e correu em um restaurante perto, encomendando comida pra unidade de administração da ANBU. Escreveu um bilhete antes:

“À noite, venha jantar comigo. ♥

Por: Sakura H. ”

O homem recebeu, comeu e devolveu com outro bilhete: “ Vou. E saberei se você não tiver almoçado.”, fora a expressão carrancuda que ela imaginou, alegrou-se porque eles quebrariam sua íntima tradição de se verem somente aos sábados, já que era uma maravilhosa quarta feira.

...

A campainha tocou e ela gritou pra ele entrar, enquanto tirava uma panela do fogo. Sasuke vibrou ao perceber que o vestido simples que ela usava, gostava daquele tipo de roupa. Elegante e natural. Ficou feliz outra vez quando percebeu o cheiro: Molho de tomate!

-Você é muito irritante! Não é justo que eu avalie suas habilidades culinárias quando você cozinha algo que é naturalmente bom.-Ele sentou-se, sentindo-se muito a vontade. Sakura riu.

-Hey! Eu sou capaz de alimentar alguém perfeitamente! –Gabou-se enquanto ajeitava os cabelos.

-Qualquer pessoa menos a si mesma. –Ele recordou os episódios anteriores de sua trajetória quase infantil.

- Eu até podia responder, mas lhe chamei pra fazer uma surpresa. –Ele a encarou, quase... sem pudor.

-NÃO é isso Sasuke! –Ela percebeu as segundas intenções ocultas, impensadas em sua frase.

-Estou ansioso. –Proferiu.

-Abra meus armários e geladeira. –Ela pediu. Ele se levantou e o fez. Nada de enlatados ou comida instantânea, nada de pacotes de biscoito vencido ou poeira. TUDO estava limpo, arrumado e havia, enfim, comida de verdade nas prateleiras de Haruno Sakura. E haviam muitos tomates nas gavetas da geladeira. Sasuke explodia de felicidade. Sua garota estava tentando ser menos irritante.

-Tentando me atrair pra cá com isso? –Apontou os tomates da gaveta, lógico que faria uma piadinha. –Você já apelou menos. E já foi mais criativa.

Beijou Sasuke, beijou muito, beijou desesperada, com vontade, com fome e com muito amor, nas bochechas, no nariz, na testa. Nos lábios, demorou-se.

-Obrigada pela comida esse mês todo. Guardei todos os bilhetes e fiquei emocionada. Eu te amo.–Abraçava-o, mas o aperto era confortável. Ele retribuiu o enlace.

-Pensei que tivesse de mandar sinais o resto o ano. –Confessou, beijando a têmpora da sua garota.

-O seu flerte é uma delícia, literalmente, mas eu nunca sei o que fazer em relação a você, seu irritante enigmático. –A voz dela soou tediosa, Sasuke era uma pessoa estranha mesmo.

-Eu que fiz aquela comida.- Revelou. Sakura quase teve uma síncope. Primero, Uchiha Sasuke estava cozinhando pra ela esse tempo todo e ela não sabia. E o cretino realmente era melhor que ela nisto. Droga. Sentia-se amada, feliz, mas uma péssima dona de casa.

-Quero casar com você hoje. E te escravizar para continuar cozinhando pra mim o resto da vida. – Sasuke riu com um pouco mais de vontade e indignou-se pela forma aproveitador e descarada com que sua garota se pronunciava.

-A gente resolve a parte parte do compromisso agora. –Ele respondeu, ainda meio chocado.

-De que forma? –Inqueriu, desafiando.

-Seja minha.- Beijou sua testa.

- Sua o quê? –Por um momento, a mente apressada de Sakura quis que ele respondesse “noiva”.

-Noiva. –E ele respondeu, sentando na mesa e começando a se servir. Ela chorou, agarrou-o de novo e finalmente começou a comer junto com ele. Dali pra frente dividiriam muito mais do que refeições.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente gente, incentiva nosso trabalho :)
Até a próxima!