Estavam a um tempão olhando de um para o outro sem falarem absolutamente nada, ainda tentando digerir o que eles tinham ouvido alguns momentos atrás entre os irmãos Logan.

— Vocês acham que eles podem ser os piratas? – Rony finalmente quebrou o silêncio.

— Quem mais eles seriam? Ouvimos aquela conversa estranha entre eles. Eles apareceram poucos meses depois que Hermione e Harry viram os piratas... e eles ainda são bronzeados. – Gina respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Não sei se eles são mesmo os piratas. Vocês viram algum barco? Ou algum indicio que eles são mesmo piratas? – Harry se manifestou.

— Harry, você esqueceu que eles não querem que a gente descubra que eles estão atrás das supostas sereias? Esqueceu que eles acham que somos nós? Quer prova mais real que essa que eles são os piratas? – Hermione questionou.

— Eu ainda acho que eles podem não ser piratas. – Harry insistiu. Pensou um pouco e depois completou. – Pelo menos não todos eles.

— Do que você está falando? – Gina perguntou.

— Rolf parece não gostar do plano envolvendo as sereias. – Harry tentou explicar. – E a mãe deles, pelo que pareceu na conversa, pode ser contra também.

— Harry, onde quer chegar com isso? – Rony questionou.

— Não faço a mínima ideia. Ainda estou digerindo tudo isso. – Harry respondeu soando um pouco frustrado.

— O que vamos fazer agora? – Hermione indagou.

— Por enquanto não iremos fazer nada. Continuaremos com o seu plano, para ver até onde eles vão. – Gina respondeu decidida. – E eu vou tentar trazer o Rolf para o nosso lado. Harry tem razão, ele parece contra. Não contarei nada sobre o que ouvimos para ele, só tentarei fazê-lo se aproximar novamente, ser nosso amigo.

— Fazê-lo se aproximar novamente?! Você ficou maluca? Agora que descobrimos o que eles querem conosco devemos nos afastar. – Rony protestou.

— Assim eles irão desconfiar que sabemos de alguma coisa, Ron. Temos que fingir que nada aconteceu. Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda. – Hermione explicou.

— Então está decidido, continuaremos com o plano da Mione e eu irei conversar com o Rolf. – Gina voltou a falar. – Agora, Mione e eu queríamos discutir uma coisa com vocês dois.

— O que? – Rony E Harry perguntaram curiosos ao mesmo tempo.

— Gina acha que está na hora de Neville e Luna saberem que somos sereias. – Hermione respondeu.

— Também acho uma ótima ideia. Gina e eu escondemos isso deles a muito tempo. – Rony opinou.

— Eu também acho uma ótima ideia, afinal eles parecem já desconfiar que escondemos alguma coisa. – Harry concordou. – E eu definitivamente não sei mentir para Luna.

— Nós percebemos. – Gina comentou rindo, fazendo todos os outros rirem também.

— Então é isso, iremos contar a Neville e Luna que somos sereias. – Hermione confirmou.

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No dia seguinte, no fim do dia, no zoológico aquático dos Weasley’s....

— O que vocês querem mostrar para a gente aqui? – Luna questionou curiosa enquanto saía do carro de Neville. Eles haviam pedido para Neville levá-los até o zoológico aquático.

— Vocês já irão saber. – Gina respondeu abrindo os grandes portões com o molho de chaves que possuía.

Eles entraram e se encaminharam até o aquário dos golfinhos, no centro do zoológico. Luna ficou encantada com eles junto a Hermione. Neville, vendo que Luna não voltaria a realidade tão cedo, virou-se para os amigos e perguntou:

— O que é que vocês querem nos mostrar?

Foi então que Luna voltou sua atenção para eles.

— Bom, antes de tudo, queremos que vocês saibam que queríamos contar isso a vocês há muito tempo. E que decidimos contar agora porque não conseguíamos mais esconder isso de vocês. – Rony começou.

— E que, por favor, entendam o nosso lado. Não podíamos dizer nada a vocês. De verdade. – Hermione continuou.

— Desde já, pedimos desculpas por termos escondido isso de vocês. – Fora a vez de Harry.

— Entenderemos se ficarem chateados conosco, mas realmente não podíamos revelar nada a vocês, por conta da segurança da nossa família. – Gina completou. – Esperamos que entendam.

Eles terminaram de falar e foram para onde geralmente Carlinhos alimentava os golfinhos. Tiraram suas roupas e entraram na água, fazendo com que a transformação acontecesse.

Luna e Neville esperaram eles reaparecerem e os olhos dos dois arregalaram-se em completa surpresa e choque ao verem que seus quatro amigos possuíam coloridas e brilhantes caudas de sereias.

— Meu deus! Vocês... vocês são... – Neville balbuciou quase em choque.

— Sereias! – Luna completou com um enorme sorriso de entusiasmo.

— Já ganhamos a Luna. – Gina sussurrou para Hermione, que sorriu.

— Meu deus! Como...? Como vocês...? – Neville continuava a gaguejar.

— Somos sereias desde que nascemos. – Hermione falou respondendo à pergunta não completa de Neville.

— Nossa família inteira é sereia. – Harry falou.

— Vivíamos no mar até que... – Rony intencionou contar a história, mas não conseguiu continuar.

— Até que houve um ataque ao nosso povo. – Gina completou colocando uma mão no ombro de Rony. – Sobraram poucos de nossa espécie, talvez apenas nós e nossa família.

 - Muitos foram mortos. – Harry se fez ouvir.

— Até mesmo Alguns familiares. - Hermione falou em seguida.

— Quem fez essa coisa horrível com vocês? – Luna questionou agora soando indignada.

— Piratas. – Gina respondeu com certo desgosto. – Eles odeiam nossa espécie somente porque são cabeça de vento o suficiente para seguirem nosso canto e acabam perdendo uma tripulação inteira afogada.

— Não é culpa nossa que eles se encantam com nosso canto. – Hermione disse em defesa das sereias. – Azar o deles que passam quando estamos cantando.

— Nos odeiam também por que não queremos nos deitar com eles. – Gina continuou. – Na nossa lei, não podemos ficar com humanos, eles nem ao menos podem saber de nossa existência. E mesmo sem as leis, nunca me deitaria com um daqueles homens repugnantes.

— Enfim, eles nos odeiam e destruíram boa parte de nosso povo, só sobrando a gente. – Hermione completou.

— Que história triste... – Luna comentou apenada.

— Sim, minha amiga, muito triste. Até hoje temos pesadelos com aquele dia. – Gina falou concordando.

— Percebemos que algumas vezes vocês ficavam tristes do nada e passavam o resto do dia assim. – Neville conversou.

— Sim, era esse o motivo. – Rony falou.

— Depois do incidente, viemos viver junto aos humanos. – Gina continuou. – Depois de anos de calmaria, eles voltaram. Hermione e Harry viram eles, os piratas.

— Onde? – Neville e Luna questionaram ao mesmo tempo.

— Vimos o barco deles na água há uns dois meses. – Hermione respondeu.

— Achamos que Rolf e Tom tem algo a ver com eles. – Gina prosseguiu contando tudo para os dois.

— Por isso que vocês não chamaram ele, não é? Estava me perguntando o porquê já que somos amigos. – Neville concluiu.

— Sim, foi por isso. – Harry respondeu.

— Se eles têm algo a ver com os piratas, porque Rolf se afastou de nós então? – Luna indagou.

— Ele parece não concordar com o plano de pegar as sereias. – Rony explicou. – Nós iremos descobrir se ele pensa isso mesmo, se ele está do nosso lado.

— Como irão fazer isso? Podemos ajudar? – Neville questionou solicito.

— Estamos seguindo os passos dos dois. Até que está dando certo, ouvimos uma conversa entre eles que nos fez achar que Rolf não gosta de pegar sereias. – Gina respondeu.

— Vocês têm certeza que querem ajudar a gente? – Hermione questionou, não querendo que os amigos se envolvessem se eles realmente não se sentissem bem com aquilo.

— Óbvio! É para isso que servem os amigos. – Luna respondeu animada outra vez.

— Certo. Então faremos assim... – Gina começou a falar enquanto saía da água junto aos outros três.

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Mais tarde, na casa dos Weasley’s, no quarto de Gina...

— Alô? Rolf? – Gina falou deitada em sua cama.

— Gina? – Rolf respondeu do outro lado da linha.

— Sim, sou eu. Eu queria falar com você agora. Pessoalmente. Pode ser? – Gina pediu.

— Agora, Gina? – Rolf falou não muito animado para sair de casa, mas permaneceu calado por uns segundos até que voltou a falar. – Tudo bem. Onde você quer que eu te encontre, na sua casa?

— Não exatamente. Na praia tem uma pedra enorme próxima a minha casa. É onde eu vejo o pôr do sol, podemos conversar lá. Não tem erro, é só ir para a praia em direção a minha casa andar um pouco e logo você encontrará uma enorme pedra. Estarei lá em uma hora. – Gina respondeu.

— Está bem, estarei lá. – Rolf concordou e se despediu. – Tchau, Gina.

— Tchau, Rolf.

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Uma hora depois...

Não fazia nem um minuto que Gina se sentara ali no seu habitual local de ver o pôr do sol, que agora apenas se via o mar refletindo a enorme e bela lua cheia do céu, quando Rolf subiu na pedra e sentou-se ao seu lado.

Eles ficaram alguns minutos apenas observando a beleza do local.

— É tudo muito lindo aqui. – Rolf quebrou o silêncio.

— Realmente, é tudo muito lindo. – Gina respondeu concordando.

— Gina, eu não posso contar nada para você, eu já te disse isso. – Rolf falou não querendo rodeios. – Eu sinto muito, de verdade.

Ele fez menção de se levantar quando sentiu a mão de Gina em seu braço o puxando para baixo.

— Eu te chamei aqui para dizer que entendo se você não puder me falar agora, mas saiba que um dia eu vou querer saber a verdade. Por enquanto, quero que volte a ser nosso amigo e que volte a sentar conosco no refeitório. – Gina pediu deitando a cabeça no ombro de Rolf.

Ele olhou para ela e viu a beleza que toda sereia possuía e que ele torcia para que fosse apenas beleza de uma humana normal. Não queria que nenhum Weasley ou Potter fossem sereias, não queria ser obrigado a contar ao seu pai. Afinal, acabou se afeiçoando àquelas pessoas que se tornaram seus primeiros amigos de verdade.

— Tudo bem, Gina. Quem sabe um dia eu te conto. Só não agora, está bem? Eu voltarei a ser amigo de vocês e sentarei junto a vocês no refeitório. – Rolf concordou deitando sua cabeça na dela em seu ombro. E Gina, mesmo com suas suspeitas, sorriu.

O que eles não sabiam, é que estavam sendo observados por uma pessoa que faria uma bela surpresa para o Potter.