Procurando por Você escrita por vanessa_56


Capítulo 12
Capítulo 12 - Maré de azar


Notas iniciais do capítulo

N/A:

Estou de volta, pessoal. Mil perdões pela imensa demora. Eu andei muito sumida e sinto muito por isso, mesmo. Bom, entro em maiores detalhes na nota ao fim da página.



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PROCURANDO POR VOCÊ

Capítulo XII - Maré de azar

P.O.V. Bella

Eu sabia que algo estava terrivelmente errado no cenário clássico da família perfeita que se desenvolvera ante meus olhos.

Normalmente, eu acreditava que o único elemento que não se encaixava na casa elegante e graciosa que exalava conforto e o "cheirinho de lar" dos Cullen era eu. Todos ali eram ligados pelo sangue ou união entre casais e isso me fazia ter a impressão de que era eu o objeto não pertencente ao grupo. Aquela sensação de que você não encontrara seu lugar no mundo se fazia ainda mais presente que antes nesses momentos e tudo o que eu mais queria naquele instante era sair discretamente e me afundar no sofá do meu apartamento com um pote de sorvete de chocolate nas mãos vendo algum romance sem sentido, lamuriando comigo mesma sobre minha própria incompatibilidade com o mundo ao meu redor.

Toda vez que eu encarava essa verdade sentia-me sozinha e desprotegida, mesmo sabendo que possuía muitos amigos verdadeiros e que poderia contar com eles para qualquer coisa. Não que eu fosse ingrata e não reconhecesse o valor que Alice, Jasper, Emmett e Rosalie - até mesmo Carlisle e Esme - tinham em minha vida, mas eu não me encontrava na mesma sintonia que os demais. É difícil explicar isso para alguém que não está na mesma página que você no grande livro da vida.

Isso tudo é muito dramático - eu sei -, mas não deixa de ser uma verdade incômoda que eu vivencio há algum tempo. Então eu já me acostumara a entrar naquela casa e me sentir como um peixinho fora d'água. Só que algo muito mais complexo e intenso do que meu usual desconforto se fazia presente naquele momento. Aos meus olhos, a visita-surpresa do único membro daquela família perfeita que eu ainda não conhecia - ou era isso que eu acreditava - era ainda mais estranha do que a presença da melhor amiga deslocada.

A verdade era que alguém inimaginável ao meu ver estava ali, sendo cumprimentado por todos tão alegremente. E, acredito eu, que meu cérebro entrou em pane ao reconhecer a distinta pessoa de cabelos cor de cobre e os olhos verde-esmeralda.

Como em um sonho bizarro e assustador, eu visualizei toda a cena fora de mim mesma, assistindo a movimentação ao meu redor como a terceira pessoa narrando uma história. A grande diferença era que meu olhar não era neutro e analítico sobre tudo o que acontecia e, sim, desesperado e aturdido.

Eu tinha uma imagem mental muito elaborada e nítida de como deveria estar meu rosto naquele momento. E ela não era nada normal ou comum.

Minha pele sempre muito clara - em um tom marfim quase translúcido - deveria estar muito, mas muito vermelha enquanto meus olhos esbugalhavam cada vez mais, dando a impressão que saltariam das órbitas a qualquer instante e rolariam pelo chão coberto pelo tapete persa especialmente escolhido por Esme em uma de suas viagens de lua-de-mel à Europa.

Eu não ficaria tão assustada como fiquei se tivesse visto um fantasma sorrindo e acenando para mim com sua aparência aterrorizante - o que, na verdade, não deixa de ser um pouco verdadeiro no contexto - afinal, quando eu era uma criança, adorava me imaginar sendo amiga do Gasparzinho. O diferencial é que o meu fantasma era de carne e osso e apareceu diante de mim quando na verdade ele deveria estar a quilômetros de distância.

O que ele está fazendo aqui?, me perguntei mentalmente pela milésima vez nos últimos segundos transcorridos, embora eu já tivesse conhecimento da resposta.

Essa era a única coisa que se passava em minha mente naquele momento. Não importava que todos estivessem felizes e emocionados com a chegada de Edward à cidade, eu estava focada demais no apocalipse que parecia atingir minha cabeça e exterminar de uma vez por todas a sanidade do meu mundo. Isso ainda parecia surreal demais para ser realidade.

- Edward, meu filho! - disse Esme, emocionadamente.

Ela pulou do sofá que estava sentada ao lado de Carlisle e correu em direção a Edward com um sorriso imenso nos lábios e os olhos banhados em lágrimas. Ainda meio perdida eu vi Edward abrir os braços e envolve-los ao redor de Esme dizendo a todo o momento que também sentira sua falta.

Carlisle se aproximou de ambos e deu um meio abraço em Edward, dizendo que estava muito feliz de vê-lo na cidade. Alice se mexia sobre seus calcanhares, dando pequenos pulinhos no chão de tão empolgada que estava. Ela ria a toda e qualquer palavra que sua mãe dizia a ele e, parecendo não se controlar, abraçou a ambos.

- Abraço em família! - gritou Emmett, pulando da poltrona e correndo em direção aos outros.

Edward penas levantou os olhos para rola-los dramaticamente enquanto o filho mais velho dos Cullen dava uma de criança carente e apertava a todos em um abraço apertado, fazendo Alice gritar que estava sendo esmagada e Esme rir deliciada.

Edward, o gostoso da boate, era o mesmo Edward, filho de Esme e Carlisle? Irmão de Alice e Emmett?

Não sua burra, ele é na verdade o ajudante do Papai Noel que veio checar a lista de presentes!

Todas as peças se encaixavam perfeitamente agora quando a verdade estava diante de mim, mas nem em meus sonhos mais loucos - algo na qual eu tenho um vasto campo de experiências - eu imaginaria que o Edward fosse o Edward. Deu para entender?

O sotaque inglês do gostoso e Edward, que mora em Londres há sei lá quantos anos...

Os mesmos olhos verdes de sua irmã e minha melhor amiga...

Os nomes iguais...

O cabelo de cor distinta que eu já notara nas fotos de família que Esme adorava compartilhar com todos, elogiando com um tom nítido de orgulho seu querido filho...

Mas como eu iria imaginar isso? Nem que eu tivesse a mesma intuição que Alice tem para essas coisas eu poderia imaginar que isso aconteceria. E se pudesse, eu definitivamente não deixaria as coisas ocorrerem de tal maneira, não mesmo. A maior vantagem de toda a loucura que eu cometi na madrugada de sábado naquele quarto de hotel era o fato de que eu nunca o veria novamente, afinal quais eram as chances de isso acontecer? Ao meu ver, seria mais fácil eu ganhar o prêmio máximo na loteria duas vezes consecutiva do que ter Edward parado diante de mim novamente. Mas, ao que tudo indica, meu azar estava disposto a dificultar minha vida e não me deixar esquecer sua existência.

Eu estava tão perturbada com a presença daquela criatura no mesmo cômodo que eu que minha mente declarou loucura total. Ela gritava comigo como se fossemos duas unidades distintas de mim mesma. Em minha cabeça eu via a Bella responsável e centrada, aquela que regia minha vida desde o momento em que eu me entendo por gente; e a Bella inconseqüente, a culpada por aquela noite sem sentido onde eu coloquei de lado todo e qualquer limite auto-imposto durante os anos.

Eu podia visualizar o meu eu responsável com a postura séria e ameaçadora, apontando o dedo ferozmente enquanto gritava impropérios para o meu eu inconseqüente, que gargalhava da minha desgraça a tal pondo de cair no chão e soltar lágrimas de divertimento.

A Bella ajuizada - aquela que assumia o controle de mim mesma nesse momento - resmungava sobre minha total capacidade de atração para o azar e os possíveis insultos que poderiam ser dirigidos a Bella louca que pudessem qualificar o quão idiota eu fora por estar naquela situação improvável, porém não impossível.

Fiquei tão chocada; tão alheia a tudo e qualquer coisa que não fosse a discussão que eu tinha comigo mesma, que a realização de que eu ainda estava engasgando com o vinho tinto que degustava a pouco só foi realmente notada quando minha visão começou a ficar embaçada e a tontura tão familiar ocasionada pela ausência de ar nos pulmões me tirou dos meus delírios internos.

Eu comecei a tossir desesperadamente em busca de oxigênio e isso despertou a atenção dos gêmeos sobre mim. Jasper, que estava sentado ao meu lado no sofá impecavelmente branco da sala de estar, rapidamente virou seu rosto para me fitar, tentando descobrir o motivo da tosse.

Sua expressão curiosa e confusa com minha atitude rapidamente mudou, assumindo a máscara de preocupação com uma pontada leve e discreta de divertimento. Ele sempre me acudia quando eu estava tendo uma dessas crises de tentativas inconsciente de suicídio; agindo como um irmão mais velho agiria com sua irmã caçula.

Ele pegou em minha mão e me puxou para ficar de pé em um movimento rápido. Em seguida, tapas fortes, porém necessários, foram distribuídos ritmicamente no meio de minhas costas enquanto eu tossia a procura de ar.

Para minha sorte - considerando a poça de azar na qual eu caí de cara e me afogava atualmente -, a família Cullen estava tão envolvida com a emoção do reencontro que minha cena de quase morte só foi notada por Jazz, que ficava mais aliviado a cada segundo ao notar que eu voltei a respirar normalmente - ou tão normalmente quanto possível na minha atual situação; e Rosalie, que mantinha os lábios cheios e perfeitamente pintados de vermelhos firmados em uma linha reta atípica, evidenciando o riso que ela tanto se esforçava para segurar.

- Você está bem? - perguntou-me Jasper, o rosto ainda com traços de denotavam sua preocupação.

- Estou sim, não se preocupe.

Minha voz, sempre estável e ligeiramente aguda, estava muito rouca e se quebrou no meio da frase, gerando mais uma pequena rodada de tosses e arruinando por completo a minha afirmação. E eu ainda precisei pigarrear quando fui falar "preocupe" porque minha voz simplesmente sumiu ao final dela. Jasper olhou para mim, obviamente não acreditando em minha mentira e esfregou suas mãos em círculos em minhas costas até que eu estivesse realmente melhor.

Quando a morte por asfixia não era mais uma opção real - embora terrivelmente atraente nas atuais circunstâncias - eu tentei me focar na situação altamente embaraçosa na qual eu me encontrava.

Recapitulando: eu estou na casa dos pais dos meus melhores amigos assistindo o retorno do filho pródigo deles que, por ironia do destino, karma ou apenas a minha constante maré-de-azar (dependendo do ponto de vista) era o gostoso desconhecido que eu agarrara na boate dois dias atrás e que tirara minha "pureza" - não que eu me arrependa ou esteja reclamando.

Respirei fundo duas vezes não querendo entrar em desespero...

Mas já era tarde. Uma súbita vontade de chorar se apoderou de mim, anunciando o provável ataque de pânico que surgiria. Para uma pessoa que tem horror a ser o centro das atenções e valoriza acima de tudo a discrição, eu estava de frente com uma situação potencialmente embaraçosa junto aqueles que ela mais tem carinho. Eu já posso imaginar a reação de cada um de meus amigos.

Alice, depois de gritar escandalosamente, iria me bater por não ter contado que eu havia transado com seu irmão, sem nem ao menos me dar uma chance de dizer que eu não sabia que Edward era, de fato, seu irmão.

Rose ficaria com uma cara de choque por quase um minuto inteiro antes de abrir sua boca para pedir detalhes sórdidos.

Jasper... Bom, ele ficaria na dele como sempre. O máximo de reação que teria seria de surpresa, porém guardaria sua opinião para si.

Emmett... Deus! Ele acabaria com minha paz de espírito, sendo capaz de passar a eternidade a lembrar disso. Eu já podia ouvir as piadas e insinuações sem fim chegando!

E, para piorar, seria na frente de Carlisle e Esme, que são como meus segundos pais. Isso seria o ponto máximo do constrangimento.

Como isso foi acontecer? Impossível! Como é que com tanta gente no mundo afora, eu tinha que agarrar e ... er... ... dar para o filho dos Cullen? Isso não deveria estar acontecendo. Ele devia estar em um avião voltando para seja lá de onde eu achava que ele veio e nunca mais aparecer na minha frente!

Calma! Vamos pensar!, Bella1 - a responsável - continuava a trabalhar furiosamente, buscando uma saída possível para essa situação e ignorando o sorriso sarcástico do meu outro eu.

Pode ser um sonho, uma parte pequena de mim considerou por um instante a primeira hipótese que surgiu e que parecia a mais provável diante das chances inexistente de tudo isso acontecer. Talvez tudo não passasse de um terrível pesadelo. Eu poderia estar nesse exato instante deitada em minha cama, revirando por toda sua extensão como geralmente acontecia nesses casos. Já conseguia até mesmo sentir a fina camada de suor frio que revestia meu corpo e um grito sufocado se formando em minha garganta.

Mas havia um grande problema nessa teoria genialmente absurda: como eu faço para acordar?

Belisquei-me discretamente e não houve alteração alguma no cenário diante de mim.

Desesperada como nunca, eu tentei mais uma vez, só que com mais força. Reprimi uma careta de dor chegando a conclusão de que isso era real - embora pareça um terrível pesadelo para mim - e que, além de tudo, ainda teria outro hematoma para esconder amanhã.

É, eu estou fodida!, Bella1 concluiu.

Não, você foi fodida, querida, Bella2, a dona do meu lado perverso, corrigiu soltando uma risada de escárnio no final. Maravilhosamente fodida, para ser mais específica.

Ok, isso era mais do que certo.

Pensa, pensa, pensa,... Ah! Fugir, essa é a resposta.

Claro que isso é uma atitude de covarde, mas eu nunca me achei uma corajosa mesmo. Eu só precisava sair dali sem que ninguém percebesse. Não ia ser tão difícil assim; todos estavam com os olhos colados no momento de reencontro entre mãe e filho, onde Esme o abraçava tão forte quanto podia e falava ao pé de seu ouvido com a voz chorosa e o rosto vermelho e molhado pelas lágrimas. Com certeza uma amiga não faria falta e, quando percebessem minha ausência, eu já estaria bem longe daqui. Depois era só inventar alguma desculpa para minha ausência, mesmo que ninguém fosse acreditar em mim pelo simples fato de eu ser uma péssima mentirosa. O importante era sair dali, as conseqüências eu lidaria mais tarde.

Porém, assim que pensei no meu plano alternativo, Rosalie - parecendo ler meus pensamentos e disposta a acabar com minha fuga - aproximou-se de mim e Jasper, aparentemente deslocada no cenário familiar, mas ainda exibindo um sorriso de diversão por meu momento de quase morte. Pode rir, Rose. Pode rir que eu deixo, afinal "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

- Você sabia que ele vinha? - perguntou ela, entrelaçando seu braço no meu; me senti sendo algemada naquele momento.

- O que? - Droga! Por que minha voz tinha que sair tão esganiçada?

Procurando corrigir meu erro antes dela ter tempo para analisar minha estranha reação e tentar arrancar de mim a verdade, eu pigarreei, falando na voz mais calma e tranqüila que pude.

- Não, acho que era para ser uma surpresa - e, acredite, foi uma bela surpresa!, completei mentalmente, cada palavra tingida do mais puro sarcasmo.

Ela assentiu de leve e deu de ombros antes de sua voz se transformar em um sussurro conspirador.

- Ele é muito gostoso, você não acha? - olhei para ela com os olhos arregalados e ela logo completou, ainda olhando para Edward - Eu amo o Emm e ainda prefiro a ele, isso é óbvio, mas isso não me impede de apreciar um gato daquele.

Eu olhei novamente para ele, e não pude deixar de concordar com Rose. Ele era muito lindo... Realmente lindo. Mais ainda do que eu me lembrava. Suspirei baixinho enquanto minha mente invocava a última imagem que eu tinha de Edward, onde ele estava deitado sobre a imensa cama do quarto de hotel; os lençóis amassados denunciando a bagunça que fora feito com eles durante a noite. Estirado sobre a superfície macia com suas costas descobertas expondo os arranhões feitos por minhas unhas e um lençol branco e fino enrolado em sua cintura. O rosto perfeito afundado no travesseiro e o cabelo mais selvagem e rebelde do que nunca.

- Se eu fosse solteira, cairia matando em cima dele. Sem sombra de dúvida os anos na Inglaterra o favoreceram.

Com certeza favoreceram. Isso porque ela não o ouviu sussurrar com aquela voz rouca e sensual, com o sotaque carregado em seu ouvido a noite toda o quanto ele a desejava enquanto penetrava seu corpo cada vez mais rápido e forte. Céus! É impressão minha ou a sala ficou um pouco abafada de repente?

Concentra, Bella. Você está em apuros! Não está na hora de ficar excitada.

Droga. Certo, basta apenas raciocinar. Fugir está fora de questão então não há outra opção em vista a não ser esperar e ver no que isso vai dar. Com um pouco de sorte - esperança é a última que morre e a minha ainda é cheia de vida -, quem sabe, ele não se lembre claramente de mim. Ele estava um pouco alto, então existe uma possibilidade de que as lembranças da noite passada estejam nubladas ou completamente esquecidas em sua mente. É a minha única chance de escapar de um total constrangimento na frente de todos.

Com isso em mente, cantando internamente "Não se lembre de mim, não se lembre de mim" como se fosse um mantra, eu esperei pelos poucos segundo até que Alice se lembrou que existiam outros seres naquela sala.

Um gritinho junto de um sorriso imenso, ela correu até o lado de Jasper entrelaçando seus braços e o conduziu até a roda em que Edward estava, apresentando a ele seu cunhado. Jasper, reservado e educado como sempre fora, estendeu a mão para um cumprimento formal, enquanto sua irmã Rosalie se aproximava de Emmett, que envolveu um braço ao redor de sua cintura. Quando Jasper terminou de cumprimenta-lo, Emmett foi o próximo a seguir as apresentações.

Com um sonoro grito "Essa é minha Rose" e um cochicho alto o suficiente para que até eu que estava afastada escutasse, ele disse com uma mão cobrindo a boca para evitar que os demais ouvissem:

- Não te falei que ela era gostosa?

Como resposta a isso, Edward soltou uma gargalhada alta, deliciando meus ouvidos como a voz de uma sereia enfeitiça um pescador, onde o encanto só foi quebrado pela repreensão de Esme, que chamou o nome de Emmett com aquele tom que só uma mãe sabe usar, e o som do tapa forte que Rose deu em seu namorado, tão forte que o barulho pareceu ecoar pelo ambiente.

Resmungando como uma criança, Emmett esfregou o local acertado pela namorada soltando gemidos falsos de dor para despertar a culpa de Rose e, como prêmio, ganhando um beijinho estalado de minha amiga. Era sempre a mesma coisa; até hoje não descobri se ela é realmente enganada por ele com essa atitude de vítima ou se Rose simplesmente o deixa acreditar que convenceu alguém com seu teatrinho.

- AAAAAAAAAAAAAAAHHHH! - gritou Alice, assustando todos na sala e me fazendo pular no lugar em que eu estava.

- Você lembra da melhor amiga do mundo que eu tanto te falei? - perguntou ela, recebendo um "Hei!" de protesto por parte de Rose ao não receber o cargo de melhor amiga e deixando-me apavorada com o que eu sabia que se seguiria.

- Claro. Humm... O nome dela era Isabella, certo?

- É, mas a Tsu atende mais por Bellinha - respondeu Emmett com um sorriso orgulhoso em seu rosto, como se ele fosse a criatura mais esperta que nós conhecíamos pelo simples fato dele se lembrar que odeio ser chamada de Isabella tanto quanto odeio os apelidos sem-noção que aquele filho-de-gigante me dava.

- Tsu? - Perguntou Carlisle, Esme e Edward simultaneamente, enquanto Rosalie e Alice rolavam os olhos pela idiotice que ele soltaria a seguir.

- Depois o Emmett te explica esse apelido horroroso e sem sentido - interveio Alice, dando língua para seu irmão mais velho e puxando Edward pela mão, impacientemente - Vem que eu vou te apresentar a ela. Bellinha já é da família e você tem que conhece-la.

Dizendo isso, ela virou seu rosto de fadinha para todos os lados enquanto seus olhos verdes brilhantes esquadrinhavam a sala de estar da casa de seus pais a minha procura, sem noção alguma que ela estava me empurrando para a situação mais constrangedora imaginável - sendo superada até mesmo pela vez em que Emmett invadiu meu quarto em uma manhã qualquer e me encontrou cantando com a voz desafinada a música 'Girlfriend' da Avril Lavigne, apenas de calcinha e sutiã e meu cabelo uma bagunça caótica após dez jogadas de cabelo estilo Joelma.

Sabe quando você está assistindo em um filme de ação aquela cena crucial onde tudo passa em câmera lenta? O mocinho provavelmente correndo para salvar o mundo ou a namorada das mãos dos bandidos e vilões? Você provavelmente já viu isso mais vezes do que é capaz de lembrar. Acredite, isso só acontece em filmes, assim como aquela história de que você vê toda a sua vida passando em flashs diante dos seus olhos quando se está morrendo. Eu, com uma vasta experiência no campo de acidentes fatais, posso afirmar que isso não ocorreu nenhuma vez na minha vida.

Mas isso era completamente diferente. Eu sentia o desespero correndo por minhas veias, praticamente me incentivando a cavar um buraco no chão para enfiar meu rosto no instante que os olhos de Alice me encontraram e ela bailou graciosamente até mim puxando seu irmão pelo braço.

Ele ainda olhava para trás por cima dos ombros quando começou a andar. Três passos foram dados e sua cabeça virou na direção em que ele seguia. Um par de olhos esbugalhados e duas piscadas rápidas; suas pálpebras adornadas por cílios longos e espessos escondendo de mim, por uma mísera fração de segundos, seus olhos verde intensos.

Seu rosto lindo e atraente exibiu para mim em expressões claras todos as emoções que ele sentira quanto seus olhos se focaram nos meus. Confusão, descrença, reconhecimento, surpresa, diversão... Seria demais esperar que ele não se lembrasse de mim.

Apesar de ainda estar incrédulo, seu rosto agora foi tomado por uma nova emoção. O sorriso torto estupidamente sexy que ele usara durante aquela noite se fez presente e a coisa que eu mais queria era arrancar aquela expressão convencida de seus rosto - fosse isso com um forte tapa ou um beijo devastador pelo qual meus lábios imploravam.

OMG, isso não vai prestar!

- Bellinha, esse é o Eddie - disse Alice, arrancando uma careta involuntária de seu irmão pelo apelido - Eddie, essa é Bella.

Alice parecia estranhamente orgulhosa por me apresentar seu irmão, sem ter a mínima ideia de que nos conhecíamos muito além do que se era suposto. Ela, que sempre enxergava quando havia algo de errado comigo, estava estranhamente alheia a minha cara de desespero. A excitação que sentia por ter seu irmão ao seu lado estava vendando seus olhos e não permitindo que ela visse o óbvio estampado em meu rosto.

Bom, eu também não estava no meu estado normal. Tudo naquele momento me parecia distante. No exato segundo que encontrei aqueles orbes esmeraldas me encarando com uma malícia explícita e uma dose concentrada de divertimento - na certa pela expressão cômica em meu rosto - tudo que não fosse ele era algo em segundo exemplo claro disso era a voz de Alice, que parecia cada vez mais baixa, como se ela estivesse falando comigo de um longo corredor e sua voz se perdesse na metade do caminho.

Foi com muito esforço que desviei meu olhar do seu, piscando diversas vezes e resistindo ao impulso de balançar a cabeça para clarear meus pensamentos da espessa neblina de deslumbramento que me envolveu.

- Prazer em conhecer você, Edward - disse com a voz inacreditavelmente calma e estendi minha mão para cumprimenta-lo.

Vagamente, perguntei-me se mais alguém na sala notou a ênfase dada na palavra. Um rápido olhar para os demais me disse que talvez eu tivesse sido sutil o suficiente para que apenas Edward entendesse. A forma como sua sobrancelha se arqueou levemente mostrou que ele captou a mensagem, só me restando agora rezar a todas as entidades divinas que eu conhecia para que ele atendesse ao meu pedido.

Antes que eu me desse conta, sua mão firme e larga agarrou a minha e a levou na altura de seus lábios, dando um singelo beijo. Um simples e inocente toque como aquele fez meu corpo estremecer de uma maneira conhecia há pouco tempo. Desejo.

A pequena sensação de formigamento em minha pele no local onde seus lábios fizeram contato percorreu meu corpo prazerosamente e se estabeleceu em meu baixo ventre, que pulsou de uma forma um pouco desconfortável. Como alguém podia ter tanto poder sobre o corpo de outra pessoa? Eu me sentia incapaz de ter controle sobre mim mesma ao lado dele e isso, definitivamente, é ruim. Muito ruim, mesmo.

- O prazer é todo meu - respondeu educadamente, com minha mão ainda próxima a seus lábios e seu hálito quente soprando baforadas de ar em minha pele.

Como se o simples fato de tê-lo tão próximo e me tocando ou sua escolha de palavras remeterem minha mente aquele maldito quarto de hotel onde eu cometi a loucura mais prazerosa de minha vida já não me abalasse, Edward fez questão de exibir aquele malditamente sexy sorriso torto nos lábios; meus joelhos, subitamente trêmulos, oscilaram, me fazendo acreditar que a qualquer momento se transformariam em gelatina e eu iria direto de encontro ao chão.

Puta merda! Hoje será o meu fim.


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Notas finais do capítulo

N/A:

É de se supor que, depois de escrever que sinto muito pelo atraso, eu explique o motivo de meu desaparecimento por tanto tempo. Eu gostaria de dizer que estive ocupada estudando, trabalhando, ou até mesmo viajando, mas para ser sincera com vocês isso seria apenas mentira. A verdade, por mais triste que seja, era o meu maldito bloqueio criativo. Eu tinha o esboço desse capítulo pronto em minha mente desde que eu começara a fic, mas tudo o que eu escrevo parece incompleto e sem sentido, como se as malditas peças não se encaixassem.

Estou muito insatisfeita comigo mesma, não apenas pela demora, mas também por esse capítulo, que não ficou como eu esperava. Então, só resta pedir para vocês duplas desculpas por tudo.

Agora só resta me despedir de vcs. Tomara que não tenham esquecido de mim.

Muitos beijos e abraços, mais um voto de desculpas e au revoir.