A aula se passou e logo em seguida entrou outro professor. Nesse meio tempo os dois não se falaram mais. Ficavam prestando atenção na aula ou no celular, até que, finalmente, o primeiro dia de aula acabou.

Eduarda tinha arrumado suas coisas mais rápido que Lucas, então se levantou para ir embora. Lucas viu e disse:

_Tchau!- ele sorriu.

_Tchau!– ela também sorriu.

Eduarda foi em direção a saída do colégio. Depois que terminou de arrumar suas coisas e ir ao banheiro João Lucas também saiu do colégio. O motorista já estava o esperando. João Lucas detestava não ter seu próprio carro, ele tinha batido o antigo e seu pai resolveu o castigar por um tempo. Quando ia entrar no carro viu Eduarda olhando atenta para os carros que passavam na rua. Ele resolveu ir falar com ela. Du estava tão concentrada em achar um táxi que nem percebeu a aproximação dele.

_Oi– Lucas falou.

Ela olhou para ele com uma expressão de surpresa e estranhamento.

_Oi.

_Tá fazendo o que aqui parada?– ele sorriu.

_Tô atrás de um táxi.

O motorista de Lucas buzinou chamando o patrão.

_Ô seu Lucas!

_Segura um dez ai!– Lucas respondeu e teve uma ideia.

_Você quer uma carona?– Du fez uma cara de desconfiada, o garoto percebeu - É melhor do que ficar aqui esperando um táxi.

Eduarda tinha que concordar. Ficar ali podia ser perigoso, mas entrar no carro de um cara que ela acabara de conhecer também era.

_Você mora aonde?– Lucas insistiu no convite.

_Meio longe daqui.

_Vem, eu te levo.– ele percebeu a resistência dela - Ou vai me dizer que tá com medo de mim?!– ele fez um ar de riso.

Eduarda estava achando tudo aquilo estranho, mas medo ela não sentia dele.

_Tá bom, vamos– ela falou meio séria - Mas é só porque é meio estranho ficar sozinha aqui mesmo.

_Relaxa! É só uma carona– João Lucas sorriu, ele gostou do jeito marrento dela.

Enquanto eles iam caminhando até o carro Eduarda ficou pensando em qual era a real intenção dele. Ela tinha gostado do jeito dele e agradecia por ter conhecido pelo menos uma pessoa legal no meio de tanta gente metida a besta e esperava não estar enganada. João Lucas também agradecia por ter encontrado uma pessoa legal no meio daquela gente interesseira e como ela tinha um jeito parecido com o dele, ele pensava que até podiam ser amigos.

Os dois sentaram no banco de traz do carro. Eduarda percebeu logo que ele era muito rico. Nunca tinha entrado num carro como aquele. Para que não reinasse um clima estranho no carro, Lucas pediu para Antônio, o motorista, que colocasse as suas músicas preferidas e começou a tocar a faixa do Guns n' Roses.

Eduarda disse seu endereço para o motorista e ficou conversando com Lucas sobre as bandas que eles curtiam, eram praticamente as mesmas.

_É não fazem mais bandas como antigamente– Du comentou.

_Verdade.

_Chegamos senhorita Du.– Antônio falou.

Eduarda morava num prédio em um bairro de classe média.

_Valeu pela carona– Du falou olhando para Lucas e depois para Antônio.

_Até amanhã– Lucas disse.

_Até leki!– deu um tchau com a mão e foi saindo do carro.

Lucas sorriu quando ouviu "leki" e disse quando ela ia fechando a porta:

_Até leki!– sorriu de lado.

Eduarda sorriu e deu um tchau com a mão antes de fechar a porta do carro.

Lucas pediu para Antônio espera-la entrar no prédio antes de irem para casa.

_Bonita a moça seu Lucas, o senhor já esta de olho nela né?!– Antônio brincou. Ele sabia da fama do rapaz e como era um senhor de quase sessenta anos e era simpático e brincalhão com Lucas, o garoto sempre levava na brincadeira o que ele falava.

_Para de bobagem e toca pra casa que eu tô com fome Antônio!– Lucas desconversou, até porque ele não sabia se eles iriam ficar, ele só sabia que ela era diferente e ele tinha gostado do jeito dela.

Eduarda entrou no apartamento da família e foi direto na cozinha beber água e saber se o almoço estava feito.

_Oi Rosa! O almoço tá feito?

_Tá sim Du, quer que eu prepare seu prato logo ou vai primeiro tomar banho menina?

Eduarda sempre comia na cozinha com Rosa, a empregada da família. Ela já tinha seus sessenta anos e Eduarda a tinha como uma avó, pois ela tinha ajudado a lhe criar e lhe dava atenção e carinho bem mais do que as outras pessoas que moravam naquela casa e tinham o mesmo sangue que o seu.

_Vou tomar banho e já venho.

_Foi boa a aula? fez amigos?

_Não prestei atenção na aula– Rosa a olhou com a expressão séria - Primeiro dia de aula é sempre a mesma coisa.

_Eduarda, Eduarda– ela balançou a cabeça - mas você fez amigos? como são as pessoas lá?

_Tem um monte de gente metida a besta, mas acho que conheci um cara legal– Eduarda se lembrou de Lucas.

_Que bom minha menina. Orei muito pra você gostar desse colégio e fazer amigos, não quero que seus pais briguem mais com você.

_Não vamos falar dos meus pais que eu perco a fome– Du fez uma cara séria, estava cansada de tanta briga, Rosa percebeu e tratou de mudar de assunto.

_Me diz esse "cara legal" é bonito pelo menos?– Rosa sorriu.

Eduarda lembrou de Lucas e sorriu.

_Ah! Ele é bonito! Como é que ele é?– Rosa perguntou curiosa, gostava quando a menina ficava feliz.

_Para com isso Rosa, eu heim!– Du ficou meio séria - Vou tomar meu banho que ganho mais– foi para seu quarto.

Rosa já estava acostumada com o jeito dela e por isso não ligou.

O quarto de Eduarda era branco, cheio de posters de seus filmes e bandas favoritos colados nas paredes, um guarda-roupa não muito grande, uma penteadeira cinza com um espelho grande que tinha ganhado de presente de quinze anos de sua avó materna e na qual guardava sua maquiagem e gostava de se arrumar, uma escrivaninha cheia do seu material escolar, um rack com sua tv, dvd, video game e muitos jogos. O banheiro não era muito grande, mas ter uma pequena suíte já ajudava muito na sua privacidade.

Depois que tomou banho e colocou uma roupa mais leve, Eduarda sentou na cama penteando o cabelo, seus pensamentos foram parar no garoto que tinha conhecido mais cedo. Lembrou do que Rosa dissera.

"Ah! Ele é bonito!Como é que ele é?"

A imagem de Lucas veio bem nítida em sua mente. Ele tinha o cabelo bem curtinho, quase careca, era moreno bem claro, tinha os olhos castanhos, era musculoso e tinha um sorriso lindo. Existia alguma coisa nele que ela tinha gostado só não sabia o que era.

_É ele é bem bonito!– Eduarda falou e deu um leve sorriso sem perceber.

Ouviu umas batidas na porta de seu quarto era Rosa.

_Menina Du?

_Pode entrar Rosa.

_Vim te chamar pra almoçar.

_Já vou.

Rosa saiu em direção a cozinha e Eduarda resolveu ir almoçar e aproveitar um pouco a paz que reinava em casa já que seu pai e seus irmãos estavam trabalhando, sua mãe tinha saído para algum lugar qualquer e só estava ela e sua querida Rosa em casa.