O despertador toca, são cinco da manhã. Eduarda acordou assustada em seu quarto, tateou com a mão até achar o celular em cima do criado-mudo, desligou o despertador, fechou os olhos novamente e só aí lembrou que era o seu primeiro dia de aula. Ela estava um pouco chateada porque seus pais resolveram mudar ela, de novo, de colégio. Esse novo colégio tinha muito filho de família da alta sociedade e seus pais queriam que ela andasse com gente assim. Eduarda, que já tinha seus 17 anos, achava tudo aquilo um saco e torcia pra chegar logo a maioridade.

Eduarda não estava com muita vontade de sair da cama, mas sabia que se não levanta-se e se apronta-se para ir ao colégio seus pais iriam brigar tanto que ela iria arrepende-se de ter ficado em casa. Iriam brigar, mas não era porque se importassem com ela, e sim, porque não pegava bem para a família Botticelli ter uma filha sem formação superior, já que os filhos mais velhos, Carlos e Guilherme eram, respectivamente, um engenheiro e um advogado bem sucedidos. Então ela levantou da cama, foi até o banheiro, despiu-se e tomou um banho. Depois que o banho terminou enrolou-se na toalha e foi procurar o uniforme no guarda-roupa. Ela não gostava de uniformes, queria usar a roupa que quisesse, mas o colégio era de filhinho de papai, como ela chamava, então ira ter que usar aquela farda. Achou a calça preta e a blusa branca com as iniciais do colégio em cima do peito direito e colocou sobre a cama, se secou com a toalha, vestiu a calcinha e o sutiã pretos e foi pentear os longos cabelos vermelhos. Aqueles cabelos foram motivo de uma briga feia quando ela chegou, na hora do jantar, e a família viu. Eduarda até hoje ri quando lembra da mãe se engasgando com a macarronada e seu pai ficando roxo de tanta raiva. Depois que terminou de ajeitar os cabelos foi fazer a maquiagem. Delineou bem os olhos, passou um pouco de blush, colocou um cordão com pingente de caveira que tinha e, finalmente, colocou o uniforme e o all star cinza e desceu para tomar café da manhã.

No outro lado da cidade João Lucas também tinha acordado super cedo, bem ele não acordou sozinho, Silviano, o mordomo da família Medeiros de Mendonça e Albuquerque, tinha entrado no quarto avisando que seus pais o esperavam para tomar o desjejum e o seu pai tinha mandado dizer que ele tinha que se apressar pois só irresponsáveis é que dormiam até tarde e além disso era o seu primeiro dia de aula e ele não iria admitir atrasos.

João Lucas, que já tinha 17 anos, não estava afim de confusão logo de manha, sua cabeça ainda latejava da briga com o pai, porque chegara em casa de madrugada e cheirando a álcool. Então ele resolveu fazer o que o pai lhe pedira. Levantou, tomou banho, vestiu o uniforme e foi tomar café da manhã.

-Que surpresa ver o João Lucas acordado de manhã tão cedo. José Pedro, seu irmão mais velho, o provocara.

-Ah! Vê se me erra!

-Ei! Parem com isso já! Sente-se Lucas, tome logo seu café! José Alfredo, seu pai, mandara.

-Lucas, até que você ficou lindinho com esse uniforme! Clara, sua irmã do meio, elogiara.

-Ficou com cara de gente né?! Porque, sinceramente, aquelas roupas que você usa Lucas são...

-Melhor do que parecer um pinguim puxa saco como você! João Lucas revidara.

-Parem com isso! Já mandei! José Alfredo intervira novamente.

-Obedeçam o pai de vocês! Não sei a quem puxaram esse lado barraqueiro, só pode ter sido de você Zé! Foi a vez de Maria Marta, a matriarca, se manifestar.

-Não comece Marta! Zé Alfredo falou, mexendo no seu bigode. E você Pedro, já terminou o seu café, vá logo para a empresa.

José Pedro queria ser o dono da Império, empresa da família, e não escondia isso de ninguém, nem mesmo do pai,mas claro, ele tinha o apoio incondicional da mãe.

José Pedro se levantou e saiu para a empresa. Maria Clara, fazia faculdade de design e já estagiava com o pai, ela era a princesinha dele, levantou-se e foi para a sala espera-lo para irem juntos a Império.

Lucas terminou o seu café, foi no quarto, pegou a mochila depois seguiu para o novo colégio.