Linda mentira escrita por SweetHana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Atualizei a história! :0 Espero que gostem do resultado.



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O menino com sangue de demônio encarava seu retrato nas águas turvas de Veneza. A cor de sua pele, branca e pálida como o véu que cobre um fantasma, contrastava com o céu negro pincelado de estrelas. Os únicos e pequenos pontos que combinavam com o cenário sombrio da cidade do amor eram a cor seus olhos; tão escuros quanto a morte.

Sebastian ainda não acreditava que sua irmã quisesse realmente ajudá-los, mas sabia que, por Jace, ela faria qualquer coisa. Além disso, Clary era sua irmã, afinal; a única que poderia continuar o legado Morgenstern junto a ele e, para completar seu objetivo, Sebastian precisava dela sentada ao seu lado quando governasse os dois mundos. Pelo motivo que fosse pelo menos ela estava lá, com ele.

Sua vida sempre fora solitária e vazia. Não que ele não gostasse do silêncio, mas causar o estardalhaço, o caos, o desespero era o que o fazia permanecer vivo, era sua essência. Com Clary, o caos acontecia dentro dele, o desespero e o estardalhaço explodiam em sua cabeça, o fazendo obsessivo e imprudente. Por um tempo, havia se iludido pensando que fazia tudo isso para causar a agonia em sua irmã, mas era nele que a droga agia. 

Estava tão imerso em seus pensamentos que não percebeu quando um papel trazido pelo vento desfez a pintura que encarava, pousando levemente na água borrando o retrato. Sebastian assustou-se com o que viu. De uma forma estranha o papel era portador de um desenho não mais que inusitado: um menino curvado sobre as águas do córrego como se observando seu próprio reflexo sob as estrelas que brilhavam em um céu negro e denso.

Sebastian segurou o frágil, e agora molhado, papel entre os dedos cadavéricos e nesse momento ouviu uma voz melodiosa gritando atrás dele:

— Por favor! Não olha esse desenho!- ele virou-se e viu uma menina com cabelos que desciam como cascatas castanhas até seus quadris correndo em sua direção. De onde estava, parecia uma fada, mas conhecendo fadas como conhecia, logo concluiu que não era uma delas, apenas possuía a mesma beleza.

— Tarde demais. – um sorriso torto brincou em seus lábios.

A menina arrancou o desenho de seus dedos e fixou os olhos assustados e envergonhados nele.

— Me desculpe… - começou. - Eu não queria desenhar você. Eu só estava distraída… - enquanto falava dobrava o papel entre os dedos nervosos.

— Não precisa se desculpar. Nada fora do normal você querer desenhar alguém com a minha beleza. E, se me permite dizer, conseguiu retratar muito bem meu impressionante semblante. - levantou o queixo com um ar orgulhoso.

— Nossa! Como é modesto. - a menina revirou os olhos. -Se eu soubesse como era humilde, não tinha me dado ao trabalho de desenhá-lo.

— O importante é que desenhou. - colocou a mão no queixo- Você desenha muito bem, moça. Minha irmã também desenha, mas os desenhos dela são… como posso dizer? Mais vivos, talvez. - riu da própria ironia. Esticou o braço magro para ela. - Posso ver essa obra de arte novamente?

Com uma risada sarcástica, a menina pousou o desenho em sua mão. No momento em que uma pequena parte de seus dedos encostou-se na mão do menino, sua expressão mudou de risonha para assustada. Não, não assustada, e sim... Com medo?

— Eu preciso ir. – a garota virou-se, correu em direção ao outro lado da rua e entrou em uma pequena casa.

Pela primeira vez em muito tempo Sebastian se sentia confuso. Não apenas pela atitude repentina da menina com rosto de fada, mas pelo o que ele próprio vira ao sentir a fina camada de pele dela recostar-se na sua.

Uma lembrança ou uma visão do futuro surgiram na sua frente naquele momento, como um presságio, um agouro de uma vida paralela e intangível. Nela, Sebastian tinha profundos e intensos olhos verdes. Era feliz com Clary, sua irmã, nada mais que sua pequena irmã de cabelos cor de fogo. Mas tinha mais alguém lá… uma pequena e delicada moça com rosto de fada encantava e iluminava o sonho dando significado para a palavra felicidade.

Mas aquela era a vida de um estranho jogada na cara de Sebastian como uma tapa. O menino na visão não possuía sangue de demônio correndo em suas veias, uma maldição irreversível dada pelo seu próprio pai. Aquele estranho, não tinha sido violado e corrompido ainda na barriga de sua mãe.

O que quer que tenha sido aquela imagem era uma linda mentira que nunca aconteceu e nunca poderia acontecer.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido!



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