Mais um dia chegava ao fim. A ainda abafada Miami não trazia o espírito esperado para tal época do ano.

Dezembro. Natal.

A morena suspirou. Segurou na cortina e a abriu lentamente. Não queria acordar os outros. Apesar das pequenas luzes que brilhavam ao seu lado, admirar a grande cidade sempre a fascinou. Miami estava ainda mais brilhante. Luzes coloridas eram vistas por todos os cantos. Azul, vermelho, amarelo, verde.

“Os anos passaram...” Pensou nostálgica.

Já não estava mais na for da idade. O peso da idade estava recaindo sobre seus ombros. As rugas já estavam começando a aparecer, apesar de ainda estar na casa dos trinta. O trabalho árduo e cansativo era uma realidade em sua vida. Mas apesar de tudo, não se arrepende de nada.

Lembranças passavam com rapidez pela sua cabeça.

Altos e baixos, felicidades e tristezas. Inícios e fins.

A garota ouviu um passar pesado e não pode deixar de sorrir. Braços apertaram sua cintura e uma respiração calma soprou sua nuca.

-Querida... o que está fazendo aqui? Você sumiu.

A morena voltou-se para seu marido ainda sonolento e encaixou a cabeça em seu peito.

-Ah, Austin... vendo as luzes na cidade, relembrando.

O loiro levantou o queixo da esposa e a beijou com ternura.

-Relembrando o que?

-Nós, nossa vida, nossos amigos, nossa carreira.

O homem suspirou.

-Mamãe, papai, o que está acontecendo?

A garotinha agarrou a perna do pai com um braço e com o outro apertava Dezy, seu ursinho.

-Apenas... estamos vendo as luzes, querida.

Respondeu a mulher.

-Realmente, Amor, tudo mudou.

Concluiu Austin.

-Tudo. Menos uma coisa.

-O que, Querida?

-As luzes.

“Feliz, feliz Natal, que nos traz de volta as ilusões da infância, recorda ao idoso os prazeres da juventude e transporta o viajante de volta à própria lareira e à tranquilidade do seu lar.” – Charles Dickens