*Chloe*

Nos deitamos de frente uma para a outra. Seus olhos estavam marejados.

— O que houve?- perguntei preocupada.

— É só que amanhã você vai voltar a falar com a Melissa, irão se resolver, e eu não acho que eu deva te ligar ás 3 da madrugada novamente.

— Becs, por hoje, esqueça de tudo.

Ela assentiu. E então fechou os olhos, e eu sabia que tudo passava em sua cabeça como um canhão. Beijei a ponta de seu nariz, querendo transmitir leveza. Seus olhos continuaram fechados. Joguei seu cabelo para trás e depositei beijos no canto de sua boca. Depois fiz com que ela deitasse de barriga para cima e com que eu pudesse ter acesso a seu pescoço. Meus lábios passaram por todo o seu corpo. Queria que ela parasse de pensar no amanhã, que ela focasse no agora, que nem havia feito antes de nos deitarmos uma de frente para outra. Vi ela superar um gemido quando beijava seu pescoço e punha a mão em seu seio.

— Chlo?

Parei o que estava fazendo e olhei em seus olhos, ainda com meu corpo sobre o seu.

— Oi?

— Eu não vou aguentar passar uma noite sem te ter dessa forma.

Meu coração pareceu sorrir.

— Pequena, eu não sei se posso me entregar novamente sabendo da maneira que poderei ficar depois.

— Eu sei, mas é que eu estava decidida a te mostrar aos poucos, mas não tem como, eu preciso de você a todo o instante.

— Eu sei bem como é isso, mas precisamos tentar nos afastar um pouco, preciso ver o quão pronta estou.

— Isso não vai dar certo.

Queria poder dizer que era daquilo que precisávamos, que as duas tinham que pensar melhor, mas eu sabia que ela estava certa.

Não disse mais nada, apenas a beijei. Um beijo carregado de amor, tristeza, leveza, fogo e paixão.

— Acha mesmo que consegue se afastar de mim?

Não, definitivamente não.

— Você não colabora também! Onde já seu viu, me dar um beijo desses?!

— Foi você que me beijou!- ela protestou.

Dei um sorriso.

— É tudo tão difícil.

— Eu estava pensando, e acho que estou de boa, pois sei que você não vai aguentar.

— É claro que vou!

— Então por que veio quando eu te liguei?

Ela pegou pesado.

— Não sabia quais eram as suas intenções, nem que você era safada desse jeito!

Sua risada ecoou pelos meus ouvidos.

— Então você achava que eu queria apenas conversar?

— É claro!

— Nossa, como se você fosse santa.

— Ei!

Ela riu.

— Obrigada por ter vindo.

Sorri. Quem deveria agradecer era eu.

— Vou indo tomar banho.- falei me levantando.

— Não!- ela segurou meu pulso.- Fica aqui.

Olhei o horário no meu celular.

— São 4 horas já, pequena. Vou dar mais uma descansada antes de me levantar.

— Amanhã você dorme até tarde. Vamos, Chlo! Amanhã não poderemos se beijar e nem nada, porque “precisamos de um tempo”.- falou me imitando.

— Ficar sem um beijo te mata?

— Você não está entendo o quanto.

Eu já estava sentada na cama pronta para me levantar, e ela, deitada ainda, entrelaçou as pernas em minha cintura e me puxou para junto de si.

— Você não leva jeito!

— Para que eu sei que você gosta.

Eu permaneci deitada, com uma pequena em volta de mim, entrelaçada com suas pernas.

— Será que alguém vai sentir a nossa falta se ficarmos aqui o dia inteiro?

Sorri com sua pergunta.

— Provavelmente. Fora que eu tenho uma namorada!

Percebi que sua perna me apertou mais.

— Que por pouco não sou eu.

— Becs...

— Relaxa, não vou fazer drama. Mas vou te fazer implorar por mim!

Soltei uma risada.

— Certo.

Ficamos um tempo em silêncio.

— Chlo?

— Diga?

— Me beija?

Sorri.

Não respondi. Quer dizer... não com palavras.

Ela afrouxou a perna que me prendia e me soltei. Segurei sua nuca com as duas mãos e a beijei, a beijei de um modo que queria que ela sugasse tudo o que eu tinha, que sentisse tudo que me habita. E posso dizer: esse foi um dos melhores beijos que já demos.

— Precisamos vestir roupa!

— Ah, e não precisamos mesmo! Olha para você! O seu corpo... Poderia ficar assim o dia todo!

Corei.

— Beca!

Ela sorriu.

— Caramba, menina! Me beija de novo!- falei não aguentando ver tamanha fofura.

E ela o fez, me beijou com intensidade que nem sempre faz, e a paixão que parece se renovar a cada toque.

Nosso beijo acabou com uma mordida no meu lábio inferior. Beca sabia como me deixar louca.

— Preciso tomar banho.

— Olha que coincidência, eu também!- falou com um sorrisinho malicioso.

Não pude deixar de gargalhar.

— Então você espera eu terminar, ok?

Ela suspirou.

— Ok, Senhorita Chloe, ok.- falou revirando os olhos e se jogando na cama.

Eu fui para o banheiro e tomei o banho que eu tanto queria.

*Beca*

Eu não sei o que estou sentindo. Chloe ainda me ama, mas tem consideração por Melissa. Nós transamos, mas ela e Melissa também. Nos beijamos, mas ela disse “fora que eu tenho uma namorada”. Sei que gosta de mim, mas não acho que ela vá terminar com Melissa.

Fiquei por um bom tempo perdida em meus pensamentos. Até que vejo Chloe sair do banheiro.

— Posso ir agora?- perguntei com sarcasmo.

— Deve!

Sorri e entrei para o banheiro.

            Quando saí, gostei de ver que ela ainda estava no quarto. Seu corpo descansava sobre a cama. Percebi que dormia. A beijei. Seus olhos tentaram se abrir.

— Pode dormir.- falei num sussurro.

Olhei o horário: 5:48.

Ainda bem que amanhã é sábado, se não, eu estaria ferrada.

Vi que tinha uma notificação. Era uma mensagem de Luke.

“Poderíamos começar a escrever a musica hoje?”

Me lembrei do que meu chefe havia nos pedidos.

Não queria trabalhar no sábado. Olhei para a Chloe. Eu precisava provoca-la.

“Pode vir aqui em casa ás 14:00?”

Obtive uma resposta rápida.

“Claro”

“Caramba, já acordado?”

“Estava em uma festa, rs...”

“Hahahaha, sei...”

“E você, chefinha?”

“Não te interessa!”

“Hahahahahahahaha, eu não espera isso de você...”

“Lembrando que eu não disse nada!”

“Ok...hahaha”

Fiquei mexendo em meu celular por um bom tempo. Não estava com sono.

Ás 6:30 o despertador da Chloe tocou. Me deu dó de vê-la acordar.

— Você não dormiu?

— Não...

Ela esfregou os olhos.

— Não conseguiu?

— Não estou com sono. Você não quer dormir mais um pouquinho? Eu fico aqui com você.

Sentei na beirada de sua cama.

— Não precisa, eu preciso levantar.

Senti uma ponta de culpa.

— Desculpa por ter te acordado de madrugada.

Ela sorriu.

— Foi uma das melhores coisas que você já fez.

Beijei sua testa.

— Não quer mesmo dormir?

Antes dela responder, alguém bateu na porta, parecia estar estressado.

Fui até lá e abri.

— Melissa?